Narrador Onisciente

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Jacob estava prestes a contar o que acontecera antes do acidente. Porém, a insegurança falava mais alto em seu ser. Uma gota de suór escapou de sua testa e ele a limpou rapidamente. Este até estranhou suar, mas, nas condições que se encontrava, não duvidava de nada.

Embry não queria sair do quarto, mesmo Jacob pedindo que o fizesse. Fitava Renesmee com um olhar suplicante. Ele a desejava, ainda que não admitisse a si mesmo para não arrumar nenhuma tipo de confusão com Jacob. A vendo ali, tão frágil e indefesa, desejava afagar-lhe os cabelos dourados e encaracolhados, sussurando para que ficasse tranqüila. Ele não queria vê-la sofrer com os últimos acontecimentos antes do acidente, então decidiu-se sobre a dívida interna e resolveu colocá-la em prática.

- Jake, será que eu posso ficar no quarto? Tenho uma revelação a fazer sobre o acidente. - Disse firmemente, enquanto Seth, Paul e Quil retiravam-se da sala.

Jacob o fitou estranhamente, com dúvidas cercando os seus pensamentos. O que seria de tão importante para Embry falar? Esse era o pensamento que passava-se pela mente de todos os presentes, principalmente para Renesmee. O que teria acontecido de tão importante antes do acidente?

- E por qual motivo eu deixaria você ficar? Essa conversa deve ser apenas entre Nessie e eu. - Jacob murmurou irritado, com os nervos já explodindo, devido ao casaço. Ele sentia-se mau por tudo que acontecera, além da culpa que pesava-lhe nas costas. Esperava não fazer Renesmee sofrer novamente, pois na última vez não restaram-lhe os "felizes para sempre".

- Desculpe, Jake. Eu só queria explicar alguns fatos que aconteceram. - Embry esclaresceu, erguendo os braços e pedindo calma ao seu amigo, quase um irmão para ele.

Jacob segurou a mão de Renesmee e a apertou fortemente. Murmurou uma concordância a Embry, enquanto fitava os olhos castanhos e amendoados de sua amada. Afagou-lhe a bochecha e suspirou pesadamente. Estava na hora de contar-lhe a verdade.

- Ness, nós estávamos namorando. Resolvemos ir ao cinema, pois era uma nova aventura para você. Nunca havia ido e estava tão animada. - Disse Jacob, concluindo com um sorriso morto, sem vida, no final da frase. - Então, uma menina que era da minha escola, há dezesseis anos atrás, a Roberta, me encontrou lá. - Ele engoliu seco, ao ver a expressão confusa de Renesmee. A mesma, ao forçar a memória, sentiu novamente uma leve tontura. Pôs a mão sobre a cabeça e fez a pergunta que tanto queria fazer.

- Roberta? Vocês tiveram algo juntos?

- Bem, aí é que está. Eu nunca tive nada com ela... Nada oficial. Nós já havíamos ficado em algumas festas que o Seth me levava, assim como os meninos da matilha. Quando você sumiu, eu procurava afagar as mágoas com mulheres e bebida. Pelo amor de Deus, Nessie, não chore. - Jacob implorou ao ver lágrimas derramarem dos olhos dela.

Renesmee sentiu um aperto no peito. Ela não tinha muito conhecimento sobre a relação humana, o que acontecia quando as pessoas se amam ou apenas querem descarregar essa energia negativa ou positiva do corpo. Ela não sabia direito sobre as relações sexuais, mas sabia, através da freira Maria Tereza (que a criara), que, quando as pessoas amam, acabam partindo para algo mais íntimo da relação.

- Vo-você.. - Ela tentou falar, mas o bolo em sua garganta a impediu. Seu coração apertou-se mais uma vez, causando uma imensa dor em seu peito. Ela amava Jacob com todas as suas forças, sem dúvidas. Porém, ao imaginá-lo com outra, ao invés de ciúmes, ela sentia dor. Ela não achava-se bonita ou algo do gênero, e isso a causava insegurança.

Rapidamente e repentinamente, Jacob a beijou. Apenas um leve selinho, para tranqüilizar a sua amada. Embry sentiu o seu pulso fechar-se com força, como se não quisesse aquilo. Ele estava muito indeciso e não sabia se era ele que causava as próprias reações. Por um lado, ele ficava feliz pelo amigo ter reecontrado o seu grande amor. Ver Jacob sofrer causou desde lamentações até choros na matilha, pois eles eram uma família. Claro que Leah fora a que mais sofreu com tudo, mas já havia achado o seu grande amor. Embry sorriu ao constatar que talvez houvesse alguém tão perfeito para ele, como John é para Leah.

Por outro lado, ele sentia o seu coração bater mais forte por Renesmee. Fora apenas há algum tempo para cá que começou a sentir reações estranhas ao se aproximar dela. Percebera o quão profundo e iluminado era o seu olhar; assim como o seu jeito delicado que o enfeitiçara. Desde o dia do penhasco, onde quase a beijara, que a imagem dos lábios dela não sai de sua mente. Abanou a cabeça negativamente, tentando retirar tais devaneios, ao mesmo tempo que se achara louco ou bipolar por, em um momento, estar rindo e em outro criticando-se.

Porém, Renesmee e Jacob não repararam em nada que Embry fizera. Nem em seu dilema interno. Novamente, ficou na dúvida, mas descartara a opção de prejudicar o seu amigo. Vê-lo sofrer, mais uma vez, no hospital, o fez repensar.

Renesmee ainda chorava e Jacob beijava carinhosamente as lágrimas derramadas.

- Por favor, não chore, amor. Juro que não acontecera nada demais entre nós. Mas, no cinema, ela deve ter pensado que tínhamos algo ainda. Não sei porquê, mas ela me beijara. E, claro, por ironia do destino, você viu. Então, tudo complicou-se. Você saiu correndo, desesperada, sem deixar que eu explicasse-me e o pior aconteceu: o acidente. - Jacob concluiu sussurando, perdendo as forças para falar ao lembrar da cena fádica do acidente.

- Jacob, vo-você beijou outra na minha frente? - Renesmee perguntou incrédula, com um misto de medo e incredulidade.

Ele abaixou a cabeça fitando as mãos, que se encontravam juntas a dela. Isso era um sinal de reendição e, Renesmee entendendo isso, afastou as mãos de perto das de Jacob.

- Espere! Não entenda errado, Renesmee! - Embry quase gritou, desesperado para que não visse uma lágrima ser derramada dos olhos de seu amigo, assim como não queria ver Renesmee sofrer mais ainda. Ele levantou-se e andou para perto da moça na cama, querendo ter um momento de despedida quase. Isso porque ele não queria aguentar o momento de melação entre Jacob e Renesmee e, só de pensar nisso, o seu coração apertava-se. Contudo, era o certo e ele sabia disso. - Eu que planejei tudo! - Exclamou convicto.

- Como assim? - Jacob perguntou totalmente desnorteado com tal afirmação vinda de Embry. Imaginava que ele falasse qualquer besteira, menos essa!

- Eu paguei para a Roberta ir ao cinema na mesma hora que vocês! Ela me cobrou caro, mas eu queria separar o casal feliz. Renesmee, eu te amo e faria qualquer coisa por você. - Embry disse sinicamente, interpretando gestos com as mãos ao falar e deixando os outros dois presentes na sala assustados. Apenas a última frase fora verdade, ele a amava.

Indignado, Jacob levantou-se de ímpeto e ameaçou avançar em Embry. Porém, Renesmee agarrou a sua mão, impedindo-o.

- Jake, não. Eu estou muito confusa, mas, por favor, não faça nada com Embry. Ainda não sei o que pensar e não quero julgá-lo antes do tempo. - Renesmee explicou, enquanto um grande sorriso estampava-se no rosto de Embry. Ela o defendera e para ele, mesmo aquela grande mentira, valera apena.

Jacob sentou-se em uma cadeira próxima à cama de Renesmee e ali fitou os seus olhos. Suspirou e tentou aliviar a tensão de seu corpo. Ele queria tanto bater em Embry, mas tinha que se conter... Por sua amada.

Rapidamente, Embry se retirou do cômodo do Hospital, a fim de que não apanhasse, afinal, não podia revidar um soco ou um golpe do seu Alfa. Com cuidado, fechou a porta, inutilmente, pois Jacob e Renesmee perceberam a sua saída "silenciosa".

Jacob permanecia incrédulo. Como seu irmão pudera fazer algo do gênero? Não acreditava que Embry havia planejado tudo e nem havia como ele ter pensado em tudo aquilo sozinho. Aquela cabeça de vento nunca pensaria algo assim! Concluira Jacob.

Renesmee estava com pensamentos muito conturbados. Como acontecera tudo aquilo? Como ela não lembrava dos piores fatos? Ela estava certa em confiar em Jacob? Essas, além de outras questões, cercavam a sua mente, deixando até zonza.

- Jake, eu preciso dormir. - Sussurou, fechando os olhos levemente, totalmente levada pelo sono.

- Tudo bem, amor. Pense em tudo o que Embry revelou e - Jacob hesitou - pense com carinho. Eu nunca lhe traí, Ness. Lembre-se disso! - Pediu, levantando-se e dirigindo-se à porta.

- Espera! É verdade que o Embry me ama? - Perguntou ela nervosa e confusa ao mesmo tempo, lutando contra as pálpebras que pesavam sobre os seus olhos.

Incômodo, Jacob coçou a nuca, demonstrando o quão desconfortável estava com aquela pergunta.

- Nessie, eu não sei. Sinceramente, espero que não, mas não sei mais o que se passa na cabeça daquele maluquinho. - Murmurou com um sorriso torto em sua face morena, enquanto aproximava-se de Renesmee e dava um beijo em sua bochecha. - Boa noite, Cinderela.

- Você me dopou? - Perguntou ela sonolenta.

- Claro que não. Apenas quero que durma com os anjos... E, provavelmente, o seu avô lhe dopou mesmo. - Falou rindo e saindo do quarto. Ela dormiu rapidamente e voltou para o maravilhoso mundo dos sonos.

Enquanto isso, Jacob e Embry discutiam na recepção, onde o clima não estava nem um pouco receptivo.

- COMO ASSIM? - Berrou Jacob ao dar de cara com Embry, já o empurrando no corredor.

Várias pessoas reclamaram do barulho e uma enfermeira os repreendeu. Ela apontou para uma placa onde estava escrito: "É extremamante necessário fazer silêncio". Embry pediu desculpas, enquanto Seth e Paul tentavam acalmar Jacob, que faltava apenas jogar fogo pelas ventas.

- Meu Deus, Jacob! Acalme-se! O que o Embry fez dessa vez? - Perguntou Paul divertido ao ver o cunhado tão fora de si.

O Black limitou-se a trincar o maxiliar e, sem forças para falar - se não gritaria -, apontou para o quarto de Renesmee. Seth, totalmente surpreendido com o gesto, assim como Paul, voltou a perguntar.

- Como assim? Embry, poderia nos contar? - Porém, este negou com a cabeça. Ele não queria ter que mentir novamente, mesmo sabendo que seria mais violento ao ouvir as palavras da boca de seu amigo Jacob. Suspirou e sentou-se em uma cadeira, onde os visitantes do local ficavam.

- Jake, desembucha. Qual foi a besteira que o Embry disse agora? - Perguntou Seth, ansioso e curioso para descobrir o que o amigo aprontara.

- Ele ama a Nessie. Ela é minha! Minha! - Jacob exclamou furioso, enquanto Paul e Seth surpreendiam-se. Incrédulos, viraram-se para fitar Embry e Seth logo tratou de repreendê-lo.

- Como fez algo assim, cara?! A Nessie é o imprinting do Jacob!

- Mas ela não é obrigada a ficar com ele! - Indignou-se Embry, mesmo sabendo que não estava certo ao contrariar o amigo. Sim, ele a amava, porém era um amor proibido.

- Vocês ainda não ouviram o pior. - Jacob falou pausamente, enquanto tentava respirar fundo para se acalmar.

Nesse meio tempo, Edward e Bella entravam no quarto de sua filha Renesmee. Cuidadosamente, Bella afagou os cabelos de sua filha delicadamente e carihosamente, cuidando para não acordar a moça que ressonava sobre a cama.

Edward, um pouco atordoado com as enxurradas de pensamentos, principalmente os de Embry e Jacob, sentou-se em uma cadeira no canto da sala, procurando relaxar.

- O que houve, amor? - Perguntou Bella preocupada, enquanto via um sorriso abrir-se nos lábios finos e delinhados de Renesmee. Sorriu ao perceber que a sua filha estava salva. Mesmo com esse acidente horrível, ela conseguiu sobreviver a mais uma reviravolta da vida.

- O Embry. - Edward disse, esfregando repetitidamente as têmporas.

- O que aconteceu? - Bella refez a pergunta.

- Ele apaixonou-se pela Renesmee, só que mentiu ao seu melhor amigo, para não ver nem a sua amada nem o seu amigo tristes... Entendeu? - Respondeu Edward, em seguida fazendo outra pergunta.

- Claro! Ele disse que fez o quê? - Perguntou Isabella.

- Ele mentiu dizendo que havia pago para aquela menina beijar o Jacob. Mas, na verdade, eu li os pensamentos de ambos. Eu sei que ela o beijou porque tiveram algo no passado, de acordo com Jacob. E vejo nos pensamentos de Embry que ele mentiu ao dizer aquilo. Estou percebendo o quão doloroso é para ele mentir seguidamente as pessoas mais próximas dele. A matilha é a segunda família dele e isso está fazendo com que uma dor excruciante cresça dentro dele. Ao pensar no seu amor, na Renesmee, próxima do Jacob, já lhe causa um aperto no peito. E mentir para causar essa aproximação é pior ainda. Ele está sendo quase masoquista... - Edward sussurou incrédulo, abanando a cabeça sequentemente. Pelo menos duas pessoas sabiam a verdadeira história por trás de tudo.

- Acho que eu conheço alguém que faria o mesmo, não? - Bella falou brincalhona, tentando diminuir a tensão que existia no corpo de Edward ao fazer uma massagem com suas mãos gélidas nos ombros rígidos dele.

Um riso sem muita alegria ecoou pela sala, vindo da boca de Edward.

- Você acha que eu deveria contar ao Jacob o que Embry fizera? - Perguntou indeciso.

- Não. Se foi a escolha de Embry, deixe-o. Assim que ele decidir mudar o que escolheu, deixe-o. Não há porquê interferirmos. - Bella filosofou quase, recebendo palmas de Edward. Claro, não muito altas para não acordar a Renesmee.

Porém, isso não foi preciso e logo ela acordou, pois o efeito do anestésico já havia passado. Entreabriu os olhos sonolenta e se deparou com duas figuras pálidas a encarando.

- Mãe, pai! Bem que eu desconfiei. Esse seu toque gelado, mas gentil é reconhecível até quando se dorme! - Renesmee murmurou alegre, totalmente alheia a infelicidade de seu pai, que suspirou.

- Que bom, filha. Vejo que o seu humor está ótimo. Ainda bem que os exames terão resultados logo. - Bella murmurou na expectativa.

- É. - Renesmee limitou a sussurar.

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CONTINUA

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