Minha Vida não é Nada sem Você escrita por Letícia Silveira


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Olá! Seja super bem vindo(a)! Espero que goste e que entenda que a minha escrita mudou muito, por isso a grande mudança no estilo literário. Desculpe-me qualquer coisa. Beijos :*



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"Se você não se atrasar demais, posso te esperar por toda a minha vida".

Oscar Wilde


Minha vida era rodeada por coisas estranhas. Talvez fosse impressão que a mais vasta possibilidade de ser feliz estava tão inalcançável assim. Talvez fosse uma miragem as paredes foscas do lugar em que me encontrava. Talvez nada do que eu vivesse fosse realidade. Talvez eu não quisesse que fosse. Estava, porém, convicta de que nada poderia trazer-me felicidade, palavra tão inutilizada em meu vocabulário. Verdadeira e certamente, o meu dicionário não era muito desenvolvido, até porque, mesmo habitando a Inglaterra, tinha sotaque americano. Um fato tão engraçado e sem graça ao mesmo tempo quanto a minha vida.

Vivia em um orfanato desde que eu lembrava-me, mas o que as freiras daqui diziam era que eu viera para cá com uma aparência de três anos.

Não me recordava de muita coisa sobre a minha infância. Sabia que a minha família abandonou-me ainda quando criança, e eu sempre guardei muito rancor deles. Sabia que eu era masoquista, pois lembrava-me de cortar as minhas pernas com a tesoura da cozinha. Bebia o meu sangue dali, e o mesmo possuía um gosto muito suculento . Mas, quando descobriram que eu mutilava-me, fiquei afastada por seis meses das outras crianças. Prenderam-me no sotão do orfanato, onde eu ouvia vozes em minha cabeça. Sempre achei que estava enlouquecendo, mas nunca pude dizer nada às madres. A freira Maria Tereza era a mais simpática entre estas. Sempre tentava interferir nos meus castigos e sempre me protegia. Sentia-me confortável próxima a ela, mas nada parecia aplacar o vazio em meu peito.

Recordava-me de que crescia mais rapidamente do que as outras crianças. Mas isso fora apenas nos primeiros meses, quando eu cheguei aqui. Uns três meses depois, se eu não me enganava, já crescia normalmente. Lembrava, porém, que assustara muita gente aqui.

Ao longo de minha vida, nunca tive amigas, pois eu era a estranha naquela lugar. Mas sempre senti falta de um ombro amigo para ter em quem me apoiar. Solidão era um sentimento tão comum em meu peito que eu quase esquecera de mencioná-lo.

Logo nos primeiros meses aqui, eu sonhava com uma voz de um anjo. Cantava uma melodia em outra língua, a qual eu não compreendia. Só sei que era uma canção de ninar muito linda.

Atualmente, eu, Renesmee (não possuí sobrenome, pois não conhecia a minha origem), tinha dezoito anos aparentes. Todos diziam que eu era muito bela; e a madre Tereza, que eu chamava de Maria, implicava que as outras meninas não gostavam de mim por inveja. Mas eu não me achava bonita. Quando pequena, eu tinha os cabelos em um tom dourado, cacheados nas pontas. Mas atualmente eu tinha os cabelos castanhos, pois escureceram com o tempo e com a falta de sol da Inglaterra.

Tinha um corpo muito bonito e esguio. Não era para achar-me, mas tinha a pele mais macia e sedosa do que as outras que se encontravam aqui. Nunca tive namorado ou qualquer coisa do tipo, pois tal orfanato era só para meninas, onde as freiras cuidavam delas.

Mas, no dia seguinte, eu deixaria esse lugar e já sentia falta da Madre Tereza, que era como uma mãe para mim. Deixaria o orfanato, pois só era permitido alguém ficar aqui com mais de dezoito anos se se comprometesse a virar freira. Mas eu sentia que eu tinha uma alma gêmea em algum lugar e queria aproveitar a vida antes.


Estava arrumando a minha mala quando Maria Tereza bateu na porta:

– Querida, queres ajuda? Eu já sinto a sua falta. - Ela falou com os olhos marejados.


– Não chore, madre. Eu também não queria deixá-la, mas eu preciso fazer isso. Não quero continuar aqui onde todos me desprezam. - Isso era verdade.

– Querida, você já vai amanhã?


– Sim. - Minha voz era quase inaudível devido às lágrimas. Tossi rapidamente e retomei o timbre correto: - Mas, madre, tenha em mente que eu sempre me lembrarei de você como a minha mãe.


– Mas onde você irá ficar? Se hospedar?

– Eu vou a Londres - o orfanato encontrava-se nos arredores da capital do país - e lá usarei as minhas economias das faxinas que eu fiz no sotão para me hospedar em um hotel. Logo procurarei emprego e então arrumarei a minha vida.


– Mas, querida, você poderia levar uma coisa minha com você? - Ela perguntou com o punho fechado estendido. Abriu-o, e eu vi um colar.


– Maria, não é o colar que você ganhou de sua mãe? A única coisa que sobrou do incêndio que aconteceu com a sua família? - Eu perguntei chocada. Maria viveu a vida toda neste orfanato após perder o pai, a mãe e a irmã em um incêndio; onde ela me confessou que preferia ter morrido no lugar deles. Meus olhos já transbordavam lágrimas; sem nem, ao menos, eu controlá-las.


– É sim, querida. Mas quero passar para minha filha, que é você. - Ela disse pendurando no meu pescoço. Pela primeira vez, eu reparei que era uma cruz de madeira em um tom avermelhado. Era simples, porém incrivelmente belo.


– Eu nem sei o que eu faria sem você, Maria. - Disse, abraçando-a.


– Amanhã você terá que sair cedo daqui, então termine de arrumar as coisas que eu servirei a janta aos demais.


– Ok, Maria. Não esqueça que eu não te esquecerei, ok? - Perguntei, e ela riu diante de minha frase.


– Claro, sweetheart. Nunca a esquecerei. - Ela sorriu amavelmente, com um sorriso terno. - Agora vá dormir, que amanhã terá um grande dia.

Já haviam passado-se dois dias desde de minha despedida de Maria, a única pessoa em quem eu confiei na minha vida. Eu estava ainda procurando emprego e aceitaria qualquer coisa, pois as minhas economias estavam acabando. Eu poderia trabalhar em qualquer ofício desde que eu arranjasse dinheiro.


Entrei em um bar onde havia vaga para garçonetes e fui falar com um moço que se encontrava no bar das bebidas. Era recém uma hora da tarde, então o bar estava vazio.

– Moço? - Perguntei, percebendo que ele estava destraído, com alguma coisa em suas mãos.


– Ah, sim. Posso ajudá-la? - Ele perguntou e sorriu malicioso. Não sei por quê, mas corei.


– Claro, vim me inscrever para a vaga de garçonete. - Sorri amigavelmente.


– Claro! Eu sou o gerente daqui e pode crer que você já está contratada. - Ele disse olhando descaradamente para o meu corpo. Cruzei os meus braços na altura do busto, lembrando-me de que estava apenas com um vestido com um decote, vamos dizer, desnecessário. Era um dos raros dias de sol no subúrbio Londres.


– Obrigada. Que dia eu começo? Ah, prazer sou Renesmee. - O comprimentei, lembrando que nem tinha apresentado-me.


– Pode começar hoje à noite e venha com menos roupa do que isso. Sou Renan. - Ele piscou o olho direito pra mim. Eu só não o bati ali mesmo, porque tinha modos.


– Eu virei com a roupa que eu quero! - Eu disse, tremendo de ódio. Como alguém ousa ser tão tarado assim? No orfanato, nós éramos educadas para não aguentar cantadas de cafajestes; e era isso o que eu estava fazendo.


– Calma, linda. Vou chamar o chefe. Espere um minuto, e ele verá o dia em que você começa e a hora.


– Obrigada. - Sorri falsamente para ele. O meu sorriso amarelo pareceu passar despercebido por ele.


– Nahuel, há uma possível garçonete aqui. Venha ver, ela não é de se jogar fora. - Eu ouvi Renan dizer na sala onde ele entrou, próxima ao bar.


– Ok, já vou indo. Mas me descreva ela. E qual é o nome dela? - Ele perguntou, e sua voz apontava desinteresse e tédio. Ouvi barulhos de papéis mexendo-se.


– Ela é linda. Tem um corpo de violão, uma pele macia e branca. Parece perfeita. Possue um número razoável de busto e uma bunda gostosa. Pelo vestido dela, deu pra ver as suas cochas torneadas. - Eu fiz uma careta para o que o cara havia falado. Que nojo um estranho pensar isso de mim!


– Humm. - Eu achava que fosse Nahuel murmurando.


– Ah e o nome dela é Renesmee. - Os papéis que estavam sendo remexidos pararam de fazer barulho. O silêncio foi algo incômodo, e a respiração de um dos homens na sala tornou-se irregular.


– Renesmee? Não é um nome incomum? - Ele perguntou com a voz entrecortada.


– Também achei. Quem é que daria o nome pra filha de Renesmee? - O ''cavalheiro'' do Renan disse.


– Não pode ser! Mande-a entrar, já! - Ele falou, parecendo ansioso para ver-me.


Renan saiu da sala e veio ao meu encontro.


– Nahuel quer lhe ver. Vê se o trata com respeito, menina. - Ele disse rabugento, como se fosse muito mais velho do que eu. Na verdade, porém, aparentava ter uns vinte anos.


Estava abrindo a porta quando reparei que era um escritório todo feito por uma madeira escura. Percebi um par de olhos negros fitando-me e, só então, notei a beleza estonteante do homem sentado na cadeira de rodinhas preta.


Ele possuía cabelos curtos em tufos irregulares, como se o corte tivesse sido feito a mão. Ele sorria um sorriso brilhante com os seus dentes brancos, e percebi que usava uma camisa formal verde que realçava o tom da sua pele morena.


– Olá. Prazer, sou Renesmee.


– Renesmee de quê? - Perguntou ele interessado. - Pode se sentar, senhorita.


– Obrigado. - Me sentei em uma das poltronas em frente a sua mesa, também preta. - Ah, é só Renesmee, senhor.


– Pode me chamar de Nahuel. Mas como assim "é só Renesmee"? - Ele perguntou interessado, fitando-me intensamente.


– Eu não tenho sobrenome, senh... Nahuel. - Sorri. - Na verdade, não sei qual é o meu sobrenome; mas é claro que eu o tenho.


– Gostaria de me explicar, ou estaria sendo rude? - Ele perguntou com um brilho no olhar.


– Não me importo de falar sobre isso. - Sorri amigavelmente. - Eu cresci em um orfanato, onde fui abandonada pelos meus pais, por isso não tenho sobrenome. - Tentei evitar que os meus olhos marejassem, mas era inevitável. Só de pensar que meus próprios pais rejeitaram-me, sentia uma grande dor no coração.

– Desculpe-me pela pergunta indiscreta que fiz, mas saiba que isso tudo é uma grande mentira. - Ele disse, olhando fixamente para mim.


– Como assim? Você não sabe nada sobre a minha vida! - Eu disse alterada. Já mencionei que era bipolar? Pois é, eu tinha sérias dúvidas.


– Sei mais do que você. - Ele disse, dando um sorriso torto.


– Vou repetir a pergunta: como assim? - Eu disse brava, tentando não me derreter com o seu sorriso.


– Eu a conheci quando pequena: é uma longa história. - Ele disse, deixando-me confusa e atordoada ao mesmo tempo devido ao seu sorriso torto encantador.


– No orfanato? - Perguntei curiosa. Não me lembrava de ter visto ele, nem quando pequena no orfanato. Lá só iam os meninos quando visitavam as primas ou as tias que viraram freiras.


– Não. A conheci quando você ainda vivia com a sua família. - Ele disse, e eu instantaneamente congelei em meu lugar.

Ele conhecia a minha família?


"Se procurar bem, você acaba encontrando. Não a explicação (duvidosa) da vida, mas a poesia (inexplicável) da vida"

Carlos Drummond de Andrade




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Notas finais do capítulo

Espero que GOSTEM e RECOMENDEM! o/
Kisses & Hughs
-
P.s.: se voce começar a ler a fic com os capitulos já postados, eu vou adorar receber reviews em TODOS os capítulos.