Fiquei olhando pra TV, enquanto Armin mexia nos botões do joystick feito um louco. Na tela, o personagem do jogo matava uma horda de zumbis.

— Headshot! — comemorou e voltou a se concentrar no jogo. Peguei um punhado de salgadinhos do pacote e dei um na boca dele, comendo os restantes. — Desse jeito eu vou acabar me acostumando — disse após terminar de engolir e abriu um sorriso pra mim.

— Não acostuma com essas mordomias, não. — Coloquei mais um punhado na boca e engoli antes de responder. Armin ainda jogava. — Senão você vai ficar muito folgado.

Meu namorado riu e comemorou em seguida, pois passou de fase no jogo.

— Bati meu recorde nessa fase — vibrou e eu sorri, enquanto olhava pra TV, que estava numa tela de carregamento. Armin pegou alguns dos salgadinhos da minha mão e comeu.

— Ei, seu folgado! Tem mais ali. — E joguei o pacote aberto nele.

Pro seu azar, o lado aberto estava virado pra ele. O restante dos salgadinhos e o farelo caíram nele e no sofá.

— Olha o que você fez! — ele reclamou e eu comecei a rir feito uma condenada.

— Deixa que eu dou um jeito. — E fui catando os salgadinhos que estavam nele e comendo. Armin riu.

— Deixa um pouco pra mim. — Pegou um da minha mão e comeu. Reclamei, pois tinha mais em cima dele. Começamos a comer os que estavam nele e no sofá, enquanto ríamos e competíamos por quem conseguia pegar mais rápido.

Os salgadinhos acabaram e só sobraram os farelos. Joguei-os no chão.

— Por que você tá sujando sua própria casa? — Armin perguntou sem entender nada e eu me levantei.

Lavei as mãos e fui até a área de serviço. Peguei um aspirador de pó e levei até a sala, começando a limpar a sujeira que fizemos.

Armin voltou a jogar, totalmente concentrado, e só ergueu os pés para eu passar o aspirador.

— Assim você vai engordurar o joystick, seu... — Me olhou rapidamente e deu de ombros com um sorriso. Ele não tomava jeito... — Dá pausa nisso aí e vai lavar as mãos, senão vai engordurar tudo.

— Okay, mãe. — Deu pausa no jogo e se levantou. Parei com o aspirador para que ele passasse.

— Armin, para! — Ele começou a passar as mãos sujas de salgadinho pelo meu pescoço. — Eu vou te fazer limpar depois.

— Por mim tudo bem — brincou e saiu rindo divertido.

Ri e terminei de limpar a bagunça. Deixei o aspirador na área de serviço e retornei pra sala. Armin voltara a jogar. Então sentei no meu lugar, com o braço apoiado no encosto do sofá, enquanto o observava. Uma das poucas vezes em que ele se concentrava dessa forma era quando jogava.

Comemorou mais uma vez e eu olhei para a tela rapidamente, vendo que ele passara mais uma fase.

— Quer jogar? — ofereceu de repente e eu estranhei. — Ué, você tá aí, com a maior cara de tédio. — Tentei contestar que não estava e que me divertia ao vê-lo jogar. — Vem, passa só essa fase. Só pra você ver como é legal. — E estendeu o joystick na minha direção.

— Armin, eu não sei jogar esse negócio de zumbis.

— Não seja por isso, vem cá!

Ideia brilhante? Terminei sentada entre as pernas de Armin e com o joystick na mão, com a promessa de que seria só aquela fase.

Corei, ao sentir o contato da minha pele, já que eu usava um short, com seu jeans. Ele pareceu não se importar. O tecido da calça dele pinicava um pouco, mas ignorei.

Armin começou a me ensinar quais botões eu deveria apertar. E então deu start.

— Ah! É muito zumbi! — Em poucos segundos, o personagem foi morto. — Desisto. Não sei jogar esse negócio.

— Fica aí. — Ia me levantar, quando Armin segurou meu pulso com sua mão quente. — Quero ver se agora você não vai passar de fase.

Simplesmente segurou o joystick comigo. Com uma firmeza nas mãos que ele guardava para momentos como esses.

Começamos a jogar os dois, com ele apertando os botões que eu não conseguia, com uma agilidade incrível. Era divertido aquela bagunça de dedos e uma sensação gostosa quando as peles se encostavam. Armin tinha a pele suave e quente. Ao contrário de mim, que normalmente estava com as mãos frias. Era um contraste interessante.

— Aeeee! — comemorei, quando finalmente terminamos aquela fase. — Passa pra próxima. — E acariciei suas mãos que seguravam o joystick.

— Ué, gostou? — Ele apertou start e apoiou o queixo na minha cabeça, dando um beijo bem rápido nos meus cabelos.

— Digamos que foi de outra coisa que eu gostei.

Armin soltou uma risada gostosa e continuamos jogando a tarde toda.