O nome dela é Ayori escrita por Vanellope Doll


Capítulo 1
Trial


Notas iniciais do capítulo

Essa é uma continuação de "Meu nome é Katrina" se você chegou aqui por acaso, sugiro que leia ela primeiro.

O nome da música é All of me - John legend.

Boa leitura ^^



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“What would I do without your smart mouth
Drawing me in and you kicking me out
Got my head spinning, no kidding
I can't pin you down
What's going on in that beautiful mind
I'm on your magical mystery ride
And I'm so dizzy, don't know what hit me
But I'll be alright”

Aquele julgamento de classe não seria fácil principalmente porque Katrina não havia investigado nada, só sabia que a morta era Miya porque ouviu os cochichos dos sobreviventes.

 

Não havia sobrado muitos de nós, Yuuto, Aiden, Kyosuke e Ayori. Essa última em especial estava a evitando desde que descobriu que ela não era apenas uma bailarina.

 

Uma semana antes…

 

Abigail estava morta, no dia seguinte o trial iniciaria de maneira intensa, Miyuki estava inconsolável e Ayori estava agindo mais estranho do que o normal.

 

Por isso ficou surpresa quando ela pediu um minuto para conversar a sós, desde que as portas se abriram que  elas não conversavam.

 

Quem diria que a maneira mais fácil para se ter a atenção de uma garota era quase morrendo trancada em um quarto?

 

—  Você quer entrar? Podemos tomar um chá e eu acho que ainda tenho rapidez de Nutella que Abigail me deu.  - informou segurando sua mão para abrir a porta do quarto. —  Eu vou só girar você, para que não se machuque.

 

—  Eu acabei de comer, tô legal. - Ela diz abanando com a mão livre, levemente surpresa porém não se afastou de Katrina. —  Tem que entrar dançando, precisa?

 

—  Se não quiser, apenas evite pisar no meio.  - Pediu soltando de Ayori, com um salto pequeno porém firme entrou no próprio quarto.

 

Se sentando na ponta da cama, observou Ayori soltar a bolsa no canto perto da porta.

Foi uma surpresa agradável para Katrina ver Ayori girando em seu eixo, mesmo que indicasse que ela não fazia aquilo a muito tempo, soltou o ar batendo palmas assim que ela parou no limite da porta.

 

—  Tão precisa quanto um relógio.  - Disse com sinceridade, a espiando observar todo o seu quarto com seus belos olhos castanhos atentos.

 

—  Então ficou presa aqui todo esse tempo.   - Katrina fez que sim com a cabeça, atenta a maneira como ela fechava a porta e se encostava nela. — Eu tenho uma pergunta simples pra te fazer. Digamos que seja a minha... "Prova", por mais que eu tenha tido uma ótima prova também.

 

Ayori parou de falar por alguns segundos, enquanto ela fazia o mesmo. A xícara de chá voltando ao seu colo de maneira calma enquanto ela esperava a pergunta.

 

—  Qual a sua relação com a inteligência Russa?   - A pergunta a pegou de surpresa, não tanto quanto os passos de dança da relojoeira, mas mesmo assim era inesperado.

 

—  Eu já me apresentei para alguns chefes de estado com o grupo de dança da minha mãe em Kirov.  - A resposta não era de todo mentira, mas queria saber de onde havia surgido aquela pergunta. Era esse o motivo de estar sendo evitada?

 

—  Não creio que seja só isso, o lugar onde achei essa informação tinha material bem sensível.     -  “Sensível” repetiu a palavra dela mentalmente terminando o seu chá, seus olhos cravados na maneira nervosa com que ela batia com os dedos na perna.

 

—  Se você tem a informação que acho que tem, deveria fazer perguntas mais concretas. O que você quer realmente  saber?   - Perguntou largando a xícara vazia sobre o cômodo, seus dedos trançando uma mecha fina do cabelo, viu Ayori negar veemente com a cabeça uma expressão preocupada em seu rosto.

 

—  Nada.  Esse mundo não me interessa, não vale a pena arriscar minha cabeça por um pouco de conhecimento.   Tudo o que eu preciso é de uma confirmação, essa informação procede?

 

Katrina encarou Ayori por alguns  minutos, os olhos castanhos, o cabelo desbotado, a pele delicada por mais que precisasse de mais cuidados de sua dona e o corpo bonito bem na sua frente. Sentiu-se quase ofendida com a insinuação de que iria feri-la.



—  Eu sou uma bailarina, mas também  sou uma espiã e eu não mataria você. Eu tenho uma dívida e eu sempre pago as minhas dívidas.  Você cuidou de mim mesmo que fosse para o seu bem e não o meu.

 

— Era isso que eu temia. - Ela fecha os olhos com força, passando a mão pela testa, a cada segundo mais, se pergunta como Ayori havia conseguido aquelas coisas. —  Se você ser uma espiã é real, o resto também deve ser. Com Abigail morta eu sou a única pessoa com essa informação. Eu não quero que se espalhe ou ele vai saber, mas você está acostumada com informações perigosas, e se eu morrer também todos vão estar em perigo.

 

—  Primeiro você não  vai morrer, não enquanto eu estiver viva, até que eu pague a minha dívida.  Segundo quem é ele e o que você quer que eu faça?   - Ela enche a garota de perguntas, apesar da voz calma seu coração batia freneticamente, Ayori saber o que ela era não parecia certo.

 

—  O traidor, eu descobri quem é o traidor. Não só pistas ou deduções, mas um nome e um rosto. Motivos e tudo.   - arregalou os olhos levemente incrédula,  não sabia se sentia orgulho ou se temia por ela. Fez os dois de uma única vez.

 

Ayori disse que não se importava com quem o traidor era ou quem ele matava desde que não fosse ela, particularmente esse pensamento era o mesmo que o de Katrina. Mas, ao contrário da bailarina, ela tinha um plano em mente.

 

Iria jogar o traidor aos lobos no fim do trial, ver se alguém o matava assim se livrando do perigo já que quem matasse o traidor não seria julgado por isso.

 

Katrina ofereceu-se para protege-la, mesmo que não fosse uma guarda real como Abigail, ela poderia se ela deixasse. Mostrou como aquele plano poderia não dar tão certo, que até mesmo poderia ter matado ela caso fosse em outra ocasião, mas ela estava decidida foi então que a  facada extra em seu peito ocorreu com sua declaração.

 

—  Pra ser honesta eu quero viver, eu quero muito viver, mas se me matasse agora, você morreria.  Eu apostei nisso, sou uma apostadora razoável  e eu sei que você ia querer saber qual era a fonte pra ninguém mais descobrir. Eu não vou dormir aqui ou cobrar sua vigia. Podem matar você ao invés de mim. Quero saber se você quer essa informação pra não ficar só comigo.

 

—  Se quiser me contar, eu aceito a informação.   - Disse se levantando de uma vez, caminhou até Ayori e puxou a garota pela mão pra se sentar ao seu lado na cama. —  E não é nada disso, eu só quero que você saiba que se não quiser dormir sozinha, tem um lugar seguro,pode dormir aqui….comigo.

 

—  Eu não sei se você sabe, Pretty, mas eu sou uma relojoeira. Posso não ter ido para guerra, mas vivia praticamente em uma armadilha gigante.  - Ayori explica recuperando o ar confiante que ela já estava começando a sentir falta. —  É o Aiden. Ele passou meses caçando a si mesmo e quando descobriu a verdade surtou.

 

—  Aiden… - repetiu o nome. Ela havia conversado com ele quando encontrou o corpo de Abigail junto com Miyuki que estava arrasada. —  Ele não me pareceu perigoso, só lerdo. Eu não vou impedi-la de fazer isso, mas é perigoso. Hm… agora você sabe mais de mim do que eu de você, não como me sentir sobre isso.

 

—  Eu não tenho mais certeza que ele tem a personalidade dividida, porque se o símbolo na cena do crime não for falso, foi ele que fez e ele não podia já estar preparado pra isso. - Ela diz balançando os pés de maneira infantil enquanto olhava para cima, seu perfil parecia calmo apesar do que as duas estavam conversando. —  Que quer saber? Não conto o tamanho do meu busto.

 

Aquilo a fez rir e perde a concentração por alguns segundos.

 

—  O tamanho do seu busto, moy dorogaya?   Eu não pergunto essas coisas, eu geralmente as vejo pessoalmente.  - indicou, a olhando bem o sorriso diminuindo uma centelha. —  No momento a única coisa que quero saber é porque continuou vindo me alimentar, mesmo quando eu disse que não queria? As outras coisas vou descobrindo depois, vamos ter tempo.

 

Ayori permaneceu encarando o teto, parecia ponderar o que contar para ela, ou se deveria. Pareceu demorar horas até que ela falou.

 

—  Você me lembra alguém. Alguém que se quebrou, e… - Seu olhar finalmente se voltou a Katrina. —  Foi culpa minha.

 

—  Ah… - Foi tudo o que deixou escapar de imediato, ela se parecia com alguém importante para Ayori. Uma irmã, amiga ou até mesmo namorada ela não saberia e não iria perguntar naquele momento.—  Eu não sou ela, é bem difícil que eu me quebre, não se preocupe.    - A diz tocando a mão dela com a sua e a apertando de leve. —  Eu vou estar bem aqui quando decidir o que quer fazer, ya?  - Perguntou sorrindo verdadeiramente, seus olhos se fechando em meias luas, não se recordava da última vez que havia sorrido assim pra alguém.  —  Spacibo por me contar.



—  Eu sei que é forte. Ao menos agora eu sei, mas sabe quando você não consegue se impedir de fazer algo mesmo que seja inútil?   - Ela pergunta virando a sua mão, para segurar palma com palma. —  Eu vou contar para eles amanhã, o que decidirem fazer não me importa. Foi a última coisa útil que Abigail fez.  - A expressão séria se abrandou um pouco porém se mostrou triste por alguns segundos. —  Eu acho melhor não te incomodar mais, porém caso hajam perguntas. Assim como você e Aiden,  Abigail tinha motivos sim para desistir de tudo até da vida. Não esqueça disso.

 

—  Eu não vou esquecer.  Agora você está bem com isso? Eu não sou uma das pessoas mais sensíveis, mas não quero ver você triste pelos cantos. Miyuki está a ponto de romper e eu não quero assistir.   

 

Murmurou a última parte apertando sua mão com mais força.

 

—  Hey Hey, i’m Strong and Pretty.  - Ayori a respondeu piscando com um sorriso êxitante. —  Eu admito que algumas coisas… como os meus motivos me pegaram desprevenida, mas agora que eu já vi uma vez, não me pegar de novo.

 

—  Eu fico contente em ouvir isso. - Disse beijando a mão que segurava de Ayori, em seguida deixou a mesma sobre sua coxa. Não tinha pressa podia fazer aquilo de maneira delicada para que ela não fugisse de Katrina novamente. —  Vai ficar tudo bem no fim. - Murmurou aproximando o rosto do dela devagar, seus olhos claros  encontrando os de Ayori enquanto se inclinava para beijar os dois lados de seu rosto de maneira demorada, a encarou novamente  a vontade de tocar os lábios nos dela fazendo seus pensamentos se nublarem por alguns segundos, tinha certeza que se quisesse beijá-la naquele segundo Ayori não recusaria porém, não parecia justo já que a garota parecia tensa com coisas que não havia lhe contado. Sorriu sentindo as bochechas queimaram por estar a olhando por muito tempo tão perto e beijou sua testa, como se faz com alguém da família.

Levantou-se no segundo seguinte indo pegar chá pra disfarçar o quanto estava sem graça, corando ainda mais ao ouvir Ayori resmungar “Você não ajuda nem um pouco.”

Se virou encostando o quadril no móvel tomando um longo gole de chá sem encará-la.

 

— Hm…. Aquele inútil do  Shiro ainda está no seu quarto, certo?  - Perguntou a observando por cima da xícara, atribuiria ao vapor do chá por estar vermelha, mas era o olhar de Ayori nela.

 

—  Ele está, mas se você chamar ele vem.   - Katrina fez um movimento negativo antes de falar.

 

—  Eu não o quero aqui. Você gosta de bolo e ele ta apaixonado por você, é melhor que fique contigo, talvez mantenha Aiden afastado.

 

—  Ele não pode interferir, tá nas regras dele. Então eu o uso como parte das armadilhas.  - Ela lhe explica, sua cabeça pendendo de lado para ver seu rosto. —  O que meu bolo tem a ver com isso?

 

—  Não é nada demais mesmo. Eu não sei cozinhar.   - Disse de maneira casual, deixando a xícara de lado.

 

—  Eu sei me virar na cozinha, mas eu prefiro não cozinhar se tiver essa opção.    - Ela ergue as mãos delicadas na sua direção. —  Tive uma queimadura de óleo uma vez  e tive que ficar sem trabalhar.

 

—  Eu não sou um desastre total na cozinha, eu e ela só não somos íntimas. Vou me lembrar de manter suas mãos preciosas, bem longe de mim quando estivermos na cozinha.

 

—  Eu não consigo segurar uma ferramenta com uma bolha no caminho, se for pra fazer mal feito e sujar meu nome, prefiro não fazer. - Ela explica se levantando da cama. —  Mas, liguei o fogão várias vezes esses últimos dias.  - Ela diz casualmente seguindo para a porta ao redor da área onde estava a armadilha. —  Eu acho que disse tudo que com dizer a não ser que tenha alguma outra pergunta.

 

Katrina a seguiu com os olhos até a porta, ainda absorvendo a informação que ela tinha arriscado sua preciosidade por ela, queria dizer para ela ficar mais um pouco não precisava falar, apenas ficar porém sabia que não deveria insistir.

 

—  No momento eu só tenho a mesma pergunta de sempre.  - Disse abrindo a porta para a garota na sua frente. —  Pode me dizer as horas antes de partir?

 

A garota parou junta à porta, apoiando a mão no batente ao olhá-la, lhe dando um sorriso sincero à pergunta. —  Nove horas, cinquenta minutos, oito segundos.

 

Katrina sorriu de volta sem nem ao menos perceber, observar a maneira como Ayori sorria a fazia queimar por mais partes do corpo do que qualquer outra coisa no mundo. Despediu-se dela daquela forma muito mais leve do que no início.

 

No dia seguinte durante o trial Miyuki e Ayori estavam implacáveis a cada prova demonstrada, quando ficou claro que Abigail havia se matado Ayori aproveitou o gancho para acusar Aiden que começou a rir de maneira histérica e se declarou como Ryuu.

 

O rapaz de dupla personalidade deixou claro que Ayori era pura e que ela venceria aquele Killing game, o modo como ele tratou Miyuki a deixou ainda mais revoltada.

 

À execução de Aiden/ Ryuu parecia transmitir toda a raiva que o rapaz disseminou por onde passava, não sobrou nada dele.

 

"How many times do I have to tell you
Even when you’re crying you’re beautiful too
The world is beating you down, I’m around through every mood
You’re my downfall, you’re my muse
My worst distraction, my rhythm and blues
I can’t stop singing, it’s ringing, in my head for you"



Um par de coisas aconteceu após a morte de Aiden, até mesmo a ressurreição do rapaz completamente desfigurado.

Katrina ofereceu-se para cuidar dele antes que Ayori o encontrasse e fizesse uma besteira, mas o rapaz sumiu de seu quarto como mágica.

 

Miyuki tirou a própria vida antes disso e agora Miya estava morta de uma maneira tão misteriosa quanto tudo que a cercava.

 

Havia sido uma das primeiras a chegar na sala do julgamento, Yuuto e Kyosuke chegaram logo após acompanhados  de Ayori, ela notou que Shiro e Monokuma pareciam acordar do sono fingindo assim que a relojoeira entrou, mas tentou não ficar alarmada apesar do seu coração traíra. Bocejou, decidindo que se iria morrer seria com um pouco de dignidade.  

 

— Bem, como Kyosuke está dormindo em seu lugar e provavelmente não sabe de merda nenhuma para variar, Ayori conte-nos o que sabe.  -  Ela pede com um sorriso que em qualquer outra ocasião seria completado com um beijo, estava feliz de estar no mesmo ambiente que a relojoeira, não faria questão de esconder aquilo, seu sorriso aumentando ao ver Ayori pigarrear, ela causava algum efeito na garota pelo menos.

 

— Eu não olhei muito porque o Yuuto pediu pra olhar, para resumir a causa da morte foi um corte estranho, não achamos a arma. Ela tava na sala av em cima de um computador ligado. E tinha fotos abertas no computador. Não achei mais nada na cena, eu acho. Nada que aponte para alguém.

Geralmente ela não falava muito em julgamentos, gostava de ouvir as pessoas. Yuuto não falou absolutamente nada mesmo com a deixa de Ayori e ninguém mais parecia disposto a fazer perguntas. Então faria daquilo, a sua chance de conversar com Ayori, talvez fosse sua única chance já que não fazia ideia de quem poderia ter matado Miya.

 

— Você chegou a ver o que tinha no computador, como era o corte?   - Debruçou-se na bancada enquanto perguntava, jogando seus cabelos para o lado. — A propósito porque mesmo  você está fugindo de mim a dias?

 

— Eu vi, eram duas fot... - Ayori começou a explicar, até que sua boca parou de se mover e ela parecia um computador processando arquivos. — Eu não estou fugindo de você!

 

“Ah...finalmente uma resposta” pensou ignorando a forma como Monokuma dizia sobre estarem no meio de uma briga de casal, ela bem que queria na verdade.

 

—  Eu não te vejo a um tempão, ya? E se você não me fala as horas significa que está zangada.   - Informou com um meio sorriso tirando um fio de cabelo do rosto, deveria manter o trial ativo apesar de achar a conversa com ela mais importante. —  O que tinha nas fotos nos conte… Hm.. Monokuma ela está expondo as provas não seja chato.

 

Debochou de maneira sutil, observando Ayori. Ela parecia tão bonita naquele dia, era assim que aqueles caras do balé se sentiam quando ela entrava em um lugar.

 

—  Tá com pressa? Eu não tenho pressa. Se vamos todos morrer no fim do trial eu tenho menos pressa ainda.Uma das fotos era a Miya eleita como esperança. A outra tinha ela e um garoto pisando na esperança. Como se fosse tudo uma farsa.   - Seu olhar encontra o dela de maneira menos ríspida. —  Uma hora, vinte minutos, três segundos.

 

Não sabia ao certo se era notável, porém ao ouvir o som de sua voz entoando as horas, seus ombros relaxaram automaticamente.  Ela não estava zangada com Katrina, mas ainda estava estranha.  

 

—  Não dava para reconhecer o menino na foto?  Hm...estranho que todo mundo anda morrendo depois de encontrar algo no computador.  Você acha que foi suicídio de novo?  Miya era uma garota muito doce e meio boba, acho que ia ser um choque pra ela se ver assim.  - questionou desviando o olhar por um segundo, no seguinte estava suspirando por um pensamento contínuo não concretizado.  —  Sabe...tava pensando se a gente for morrer mesmo, a gente podia pelo menos se beijar né? Posso tentar fazer um bolo, mas já disse que não sei cozinhar.

 

O rosto de Ayori ganha cor, sua expressão é tão confusa e ao mesmo determinada que a vontade crescente em seu peito parece que vai romper a qualquer segundo.

 

— Era um corte no tronco... Grande demais para suicídio. Não foi suicídio. - Afirma, batendo as pontas dos dedos no queixo bonito, ela queria morder aquele queixo com força o suficiente para Ayori gaguejar. Imagens de Ayori gaguejando o seu nome, a distraíram por alguns segundos.  —  Não parecia com nenhum de nós... E... Acho que a gente não teria tempo para um bolo.

 

Sua voz a chamou de volta a fazendo corar novamente.

 

—  Sem tempo para bolo. - Ela morde o lábio se concentrando no julgamento novamente. —  Tinha muito sangue no local?

 

—  Não muito.  - Ela responde negando com a cabeça junto. —  Vamos ficar dando voltas e volta não é?



—  Acredito que sim. Quer votar logo? - Perguntou obviamente ignorando todas as outras pessoas ali, queria mais um tempo a sós com Ayori.

 

—  Não vou nem ter aquele beijo?   - A pergunta de maneira brincalhona pegou Katrina despreparada, se perguntava internamente se a menina estava pensando o mesmo que ela. Queria que a resposta fosse sim. O olhar dela abaixou para o botão e voto e ao encontrar seus olhos novamente, Katrina simplesmente começou a se mover enquanto a ouvia. — Está com medo de morrer?

 

— Eu não tenho medo de morrer, só não queria desperdiçar seu tempo. Eu voto no que você votar, porque eu estou obviamente perdida aqui. - respondeu com sinceridade, se aproximando dela.

 

—  Eu tenho. Eu tenho muito, muito medo de morrer. Sempre tive. - Sua voz é tão baixa que se não estivesse tão perto não ouviria. Katrina sentiu os dedos pinicarem, a vontade de aconchegá-la nos próprios braços era algo que seu corpo parecia implorar, como nunca antes em toda a sua vida. —  Mas ultimamente algumas coisas me fizeram pensar que tem destinos piores que a morte.  - Sua voz aumenta um pouco, seu corpo inclinando contra o seu, os lábios de Ayori tocando os seus em um beijo roubado. Seus olhos se fecharam naquele momento, seu corpo colado ao dela como um ímã poderoso e quente. Ayori afastou seu rosto alguns centímetros. Katrina não compreendia a expressão triste quando ela mesma se sentia tão feliz. —  Sozhaleyu. Ya tebya lyublyu.

 

Arregalou os olhos castanhos surpresa pela declaração, ela a amava e tinha dito aquilo com todas as palavras em russo, seu coração parecia transbordar e era culpa de Ayori. Porém não compreendeu o pedido de desculpas até ver em quem ela havia votado ao encarar o rosto no botão de voto, viu o sorriso encrenqueiro e confiante que estava acostumada. Tudo fazendo sentido, ela havia matado Miya, por isso ela estava com medo. Ela era a culpada. Ela a amava, era isso que ouvia.

A cada segundo em que o cenário da morte de Miya se abria como um leque, ouvia a voz de Ayori repetindo as palavras em russo.

Segurou o rosto da garota entre suas mãos, encarando seus belos olhos por alguns segundos antes de tomar uma decisão.

Durante toda a sua vida ela havia sido a melhor em tudo o que queria, a perfeição em forma de bailarina. Não deixaria ninguém se aproximar demais, na única que vez que queria a chance de fazer aquilo, iriam tirar aquilo dela. Ninguém nunca tirava algo dela.

 

—  Eto normal'no. Eto budet luchshe, takim obrazom, ya lyublyu tebya!   - Respondeu por fim, com a certeza de que estava falando a verdade, amava Ayori de maneira absurda. Preencheu o espaço mínimo entre as duas, tomando a garota para si como queria ter feito desde que a teve em seu quarto, apreciando o gosto, a intensidade e o calor de ter a pele dela pressionada contra a sua. Satisfeita por sentir a respiração de Ayori agora tão acelerada quanto a sua.  

Afastou-se por alguns segundos apenas para votar em si mesma, seria um empate se ninguém votasse em Ayori e ela ficaria viva mesmo que ela não pudesse ficar junto com ela.

Notou o jeito como Ayori reagiu ao beijo, ao seu voto e a tudo.

 

Ayori não estava entendendo ainda, estava pagando sua dívida. Iria deixar ela viver, porque era o que Ayori mais queria no mundo, viver. Ela não lhe privaria disso mesmo, que custasse sua vida. E dizer que a amava significava que não iria viver em um mundo sem Ayori, então não precisava viver se era isso que significava.

 

—  Qu... Não! Você não... Não outra vez!   - Ela parece tão confusa, nunca a vira daquela forma. Retornou para ela, envolvendo seu corpo no dela de maneira aconchegante. Iria aproveitar seu pouco tempo o máximo que pudesse nem mesmo prestava atenção em Monokuma, Shiro e os outros. Aquele trial acabaria em morte e ela não se importava com mais ninguém. — Hey, vai ficar tudo bem. Já te disse que somos fortes, se você vai, eu vou também.  - Incentivou com um sorriso beijando sua testa. —  Não vou deixar a unica coisa que me  dá sentido, ir sozinha por aí.

 

—  Eu quero ir com você, mas mesmo se eu for...Acho que não nos veríamos de novo.   - A ouviu sussurrar ao mesmo tempo que a maquiagem bonita escorria com suas lágrimas e ela tentava secar em vão. Outra coisa bonita, Ayori era linda até mesmo com a maquiagem borrada. —  Eu não queria machucar você outra vez. Eu nunca quis... Ela me obrigou. Eu não me lembro como ainda... Mas ela me obrigou.

 

—  Shiiiu... Não importa!   - Murmurou beijando cada parte de seu rosto que alcançava, incluindo sua boca que parecia mais atraente enquanto ela chorava. — Você se formou, está livre agora.  Tem que me prometer que não vai ser tão malvada com a próxima bailarina que conhecer.  Sabe como foi difícil, me aproximar de você?  Você é durona. Prometa que vai dar uma chance para ela e que quando Monokuma me levar. Não quero que me veja morrer apenas me diga as horas e tudo ficará bem, ya?   

 

Katrina pediu acariciando seu rosto com o indicador, guardou cada detalhe perfeito de Ayori em sua mente.  Não iria chorar, mesmo que sentisse que queria fazer aquilo. Não iria tornar a experiência pior do que já era.

 

Os grilhões a prenderam em questão de minutos, monokuma fazendo questão de arrastar cada um deles até a área de execução.

 

Ao notar onde estava riu de maneira quase boba.

 

De todas formas que um dia pudera imaginar morrer, um relógio ceifar sua vida era uma das grandes ironias de sua vida.

 

Não sentia desespero algum ou raiva naquele momento enquanto as engrenagens do aparelho se moviam de maneira lenta, conseguiu apreciar o tic tac fora de ordem, o som das peças se unindo pouco a pouco nem mesmo o som dos ossos e da carne de seus amigos sendo esmagados estragava o momento.

 

Recordou-se do tic tac da sala de música, seu relógio de bolso parando de funcionar e de Ayori. Quando seu pedestal se uniu a outra peça de encaixe, fechou seus olhos ouvindo a voz da relojoeira dizendo em um tom relaxado.

 

“Duas horas, vinte dois minutos e trinta e sete segundos.”

 

“Cause all of me, Loves all of you
Love your curves and all your edges
All your perfect imperfections
Give your all to me
I'll give my all to you
You're my end and my beginning
Even when I lose I'm winning
'Cause I give you all of me
And you give me all of you

I give you all of me
And you give me all of you oh”


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Notas finais do capítulo

moy dorogoya = Minha cara, minha querida, minha amada.

Spacibo = Obrigada

Eto normal'no. Eto budet luchshe, takim obrazom, ya lyublyu tebya! = Tudo bem. Tudo vai melhorar, eu amo você!.

Sozhaleyu. Ya tebya lyublyu. = Desculpa, eu amo você.

(TUDO PELO GOOGLE TRADUTOR. ENTÃO SORRY SE NÃO FOR ISSO.

Obrigada por ler ♥



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