I'll be good escrita por Morgiana Scarlet


Capítulo 3
Desconfiança


Notas iniciais do capítulo

Eu não vou mentir dizendo que não procrastinei. xD foi infelizmente o que eu fiz, e se alguém lê mesmo essa história, eu gostaria de me desculpar pela demora também.



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Kyle Prince abriu os olhos, ainda um pouco atordoado. O corte em sua barriga já começava a cicatrizar, mas ele manteve-se alerta e tentando concentrar-se na cura.

— Ei, irmãozinho.

Disse Jonathan Prince, encarando os olhos azuis do mais jovem. Kyle se sentiu nervoso, não porque Jonathan fosse uma ameaça. Ele era um fracote, na verdade. Kyle quis matá-lo, mas escondeu o fato. Ele não estava preso, como imaginou que estaria. Esticou-se, porque os músculos estavam travados. Jonny não precisou reagir. Sabia que o outro Prince não teria o menor interesse em tentar fugir. Aquilo significaria algo maior, uma guerra silenciosa entre os Aliados de K e a família dele.

— O que você quer, Jonathan? — Questionou o albino, oferecendo um sorriso que mais lembrava ao homem de cabelos castanhos um desafio. Aquilo era quase proposital.

— Está querendo brigar, criancinha mimada? — Provocou o mais velho, mesmo tendo noção de que era o mais fraco. Os dois ativaram a Auma ao mesmo tempo, como se fizessem aquela coisa haviam anos.

— Vamos lá.

Uma aura de eletricidade cobriu o corpo do mais novo, e era possível notar que o poder se alastrava por toda a sala, como se fosse inesgotável. Infinito. Avançou primeiro, fazendo os raios, que lembravam a claridade dos que aconteciam durante uma chuva forte. Quando Kyle piscou, Jonathan apareceu logo atrás dele, na intenção de empurrá-lo, o que o albino rapidamente impediu ao dar-lhe uma cabeçada no queixo e atordoar a ele com o golpe. Jonathan caiu, e K bateu com o joelho no peito dele para que ele não se levantasse.

— Dez vitórias para Jonathan, cem para mim. — Gabou-se o jovem Prince, pronto para acabar com ele com um raio, o qual o faria dormir para que o garoto azul não perdesse a quinta aula quando uma voz masculina e forte ecoou na sala.

— Kyle Prince! — Bradou Robert Prince, o patriarca da família. Ele tinha cabelos e olhos negros, uma barba rala e um sorriso projetando-se para a direita do rosto, fazendo-o parecer dez anos mais jovem, parecia um homem absurdamente frio por natureza. K fez uma longa mesura, por reflexo. O sorriso de seu pai morreu, e Kyle soube que estava ferrado.

— Onde você esteve?

Perguntou o homem, e Kyle engoliu em seco, enquanto assistia Jonathan se levantar. Empurrou ele de volta para o chão, como se fosse um inseto. Encarou os olhos negros do pai, assistindo enquanto sua mãe aparecia ao seu lado, com Kayla apoiada em si. Parecia mais doente do que da última vez que a vira. Lilian no entanto sorriu para os filhos, entrando no cômodo e deixando a filha na cadeira onde seu filho mais jovem estava antes. Robert voltou os olhos para o filho, caminhando na direção dele como se fosse a figura mais perigosa do recinto. Sua presença trazia uma aura de mortes.

— Você conhece a banshee, não é?

Perguntou o patriarca, e Kyle fez um aceno simples como se a informação fosse quase banal. Fez uma careta, fingindo que ela não lhe era importante. Se seu pai soubesse que ele estava se metendo com uma raça tão suja, o mataria.

— Vamos precisar dos poderes da mãe dela. Queremos sua ajuda para sequestrá-la. — Kyle pressionou os lábios, confuso com a situação. O que a mãe de Yale poderia ter de tão especial? Afastou o pensamento com facilidade quando sua mãe começou a explicar a situação.

— Ela poderia nos impedir de morrer, Kyle. Sabe que não temos muito mais tempo. — Disse Lilian, seus olhos tinham um brilho misterioso. Um brilho de liberdade.

— Mas uma banshee não tem poderes assim. — Protestou o albino, suas mãos se movendo sempre. Estava nervoso, e aquilo sempre o deixava hiperativo.

— Ela quebrou leis sobrenaturais com a qual não devia mexer. Deve ter passado isso pra filha suja dela. — O desgosto na voz de Robert deixou Kyle desconfortável, mas ele entendia que aquilo era para o bem de sua família.

— Tudo bem. O que vocês querem que eu faça?

Perguntou ele, a contragosto. Lilian Prince ficou radiante, assim como Jonathan. Kyle não entendia as razões dele para tal.

— Você acha que pode convencer ela a vir? Apenas a tentativa de persuadir ela é uma opção. Ela não é culpada dos pecados da mãe.

A voz de Kayla soou em seus ouvidos, e Kyle jurou que explodiria em riso, Kayla a mataria apenas se colocasse os olhos nela. Seu pensamento se projetou para distante da mansão da família. Ele não a conhecia bem como Lilith ou Leybrand, mas uma parte dele se preocupou que aquilo pudesse ser sua culpa. Eu sou o relâmpago. Ele lembrou a si mesmo, acenando com a cabeça. Eu destruo tudo que estiver no meu caminho. Esticou os braços, sentindo o arder da eletricidade correndo por seus pelos. De repente, ele não estava mais na casa dos Prince, e sim no portão do colégio de Blossom Hills. Yale vinha ao lado de Lilith e Leybrand. O que ele estava prestes a sacrificar por sua família? Não pense nisso, ele se lembrou. Seja implacável.

— Onde você estava, Kyle?

Perguntou Lilith, o sorriso suave escondendo a preocupação que seus olhos azuis emanavam. Kyle sorriu, um sorriso forçado e nervoso. A garota Teach provavelmente percebeu que algo estava errado, pois deixou que seus dedos encontrassem os seus em um ato para confortá-lo. Estou prestes a sequestrar a melhor amiga dela e ela está tentando me confortar, o pensamento veio como um lampejo em sua mente, ele tinha que parar de se preocupar. Aquilo era pelo bem-estar de sua família e de nada mais. Lilith cheirava a água do mar e seu toque era leve como líquido, como se estivesse ali e em outro momento, não estivesse mais. O pensamento o desconfortou, ao invés de tranquiliza-lo.

— Preciso falar com Yale a sós.

Foi o momento em que ela levantou os olhos verdes do livro para olhar para ele. Engoliu em seco, mas ela somente sorriu para seus olhos azuis, como se não tivesse nenhuma noção de suas reais intenções. Talvez realmente não tivesse. Kyle pensou, ali, parado observando por míseros segundos o rosto dela, que era a garota mais bonita que ele já tinha visto. Mesmo com seus dentes da frente grandes demais, ou as coxas muito grossas, ou o rosto levemente rechonchudo.

— Está tudo bem.

Yale disse, finalmente quebrando o silêncio entre eles. Leybrand olhou para ela, imaginando se aquilo era realmente certo. Talvez não fosse. Talvez o gêmeo de Lilith devesse implorar para ficar, para ouvir o que era tão importante para o Prince mais novo. O Prince olhou para cima, vendo Ian fazendo um aceno displicente, como se dizendo que ele não tinha escolha. Kyle esperou, querendo que Lilith olhasse para trás, que ela o parasse, mas somente a assistiu se afastar, iniciando um diálogo que ele não entendia com, ele reconheceu, Gerard Carrow Starrk. Sua mente se distraiu quando ele imaginou que Gerard e Jonathan se dariam bem. Eram dois caras com leves tendências antissociais. Seu devaneio foi interrompido com facilidade pela voz dela. Passou um pouco mais de dez segundos até que ele tivesse finalmente entendido as palavras.

— O que você precisa de mim?

Yale o questionou diretamente, seus olhos verdes despindo sua alma e suas mentiras. De repente, o garoto azul se sentiu sufocado pela ideia do que estava prestes a fazer. Ele provavelmente a mataria se a levasse até sua família. Não quero machucá-la, ele se pegou rezando, para uma entidade inexistente. Os Aumanil não tinham crenças. Por um segundo, desejou que ela desaparecesse. Vá embora, vá embora, vá embora. Respirou fundo. O que deveria dizer? O que ele estava fazendo? Nem estava preparado o suficiente para convencê-la.

— Você poderia vir comigo. Preciso da sua ajuda.

Ele disse, percebendo o quanto as palavras soavam metálicas em sua boca. Ele dividiu um toque singelo com ela, ciente do que teria que fazer se ela dissesse não. Diga sim. Mesmo que eu não seja nada mais do que um monstro, Yale. Diga. Por favor. Não importava o quanto pedisse. Yale Ackerman não era uma mulher idiota. Conseguia enxergar padrões ou coisas que alguém pouco observador não poderia. Kyle percebeu, quase culpado, que ela não havia negado seu toque. Assistiu enquanto ela estreitava os olhos verdes.

— Não posso. Sua família provavelmente já sabe sobre a minha mãe. E querem matá-la. Eu posso ser idiota, mas não tanto assim.

Kyle pressionou o pulso dela, repetindo desculpas para os nós dos dedos a sua frente. Ele nunca havia feito isso. Seguia ordens sem pestanejar. Será que estava doente? Simplesmente não lhe parecia certo que ele fosse o único ali a sentir demais. A eletricidade os envolveu, e o contato físico impediria a banshee de se desintegrar. Apareceram na mesma sala onde Kyle estava haviam apenas alguns minutos. Sua mãe fez um movimento com a mão, e ele soube o que significava. Não poderia ter feito nada, mas Yale adormeceu, sendo apoiada por Jonathan, que quebrou o elo entre o toque deles. Estava feito. Ele escrevera os últimos dias de Yale ao levá-la a mansão dos Prince. Ele a havia matado mesmo sem intenção.


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