Felicity só queria ir pra casa e dormir, dormir por infinitas horas, mas com Thea Queen transformar esse desejo em realidade é impossível, neste momento ela está em uma galeria de lojas massacrando seus olhos com diferentes peças de roupas muito, muito coloridas.

— Eu não sei quantos anos acha que tenho, mas eu não vou usar isso. – ela aponta para o vestido de fio nylon, rosa e de barra frufru que a menina segura a sua frente.

— Tem certeza? Acho que vai ficar um arraso, não vão tirar os olhos de você. – Thea olha para o mesmo quase inocentemente, quase.

— É claro que não vão, por que vou ser a atração da festa e chamar mais atenção que a noiva. – ironiza tirando o vestido das mãos de Thea e devolvendo ao cabideiro.

— Então é não.

— Exato, vamos – ela puxa Thea pela mão em direção a saída –, não tem nada para mim aqui.

Do lado de fora ela olha para um lado e outro pensando qual a próxima parada quando mais uma vez ela se depara com Tommy e Laurel, ela não consegue evitar se prolongar o olhar no casal chamando a atenção de Thea.

— Que foi? – a menina pergunta olhando para Felicity seguindo o olhar da amiga ela também ver os dois e franze o cenho – Humm! Tommy e Laurel juntos, de novo. – sussurra – Você acha que estão juntos? – olha para Felicity esperando uma resposta sincera.

Felicity abre a fecha a boca pensativa – Você se incomodaria se estivessem?

— Não sei, acho que ela tem direito de seguir a vida dela, ainda mais depois do que meu irmão fez, mas com o Tommy? É estranho. – conclui e olha novamente para a dupla que finalmente notaram sua presença, ela acena e eles devolvem o cumprimento e ela o recebe como um convite para se aproximar – Vamos lá. – avisa e sai andando deixando Felicity para trás, atordoada.

— Hey, espera! – ela pede ao andar apressadamente atrás da menina.

Quando ela alcança a menina esta já está trocando cumprimentos com Laurel.

— Eu também senti saudade Thea, me desculpe por como você diz ter sumido, mas a faculdade e o estágio estão tomando muito meu tempo. – a morena está a explicar e Thea olha especulativa dela para Tommy, não acreditando na desculpa.

— Boa tarde Laurel, senhor Merlyn. – Felicity intromete-se antes que a menina dê alguma resposta que constranja o casal.

— Senhorita Cutler. – Tommy é saudoso ao dar um aceno de cabeça.

— Hey Megan.

— Laurel, Megan? – Thea indaga olhando de uma mulher a outra – desde quando vocês tem tanta intimidade?

— Megan e eu nos encontramos por acaso outro dia, tivemos uma boa conversa. – Laurel responde sorridente.

— Humm! Que bom. Mas o que fazem por aqui? – Thea não esconde sua curiosidade.

— Tommy...

— Eu... – o par acaba respondendo ao mesmo tempo – Laurel olha para Tommy permitindo que ele continue – Eu precisava de ajuda para comprar o presente de aniversário de uma amiga.

— E nós estamos procurando um vestido para Megan ir ao casamento da mamãe – Thea informa, animada – falar nisso você vai né Laurel, sei que mamãe a convidou. – Thea está esperançosa e Laurel olha para Felicity e Tommy com pesar.

— Lamento Thea, mas não vou poder. – diz acabando com a alegria da menina.

— Por favor, Laurel... – a menina começa a argumentar, mas é cortada por Felicity.

— Thea, tenho certeza que Laurel tem muitas ocupações da faculdade ou ela não faltaria ao casamento. – intervém em favor de Laurel que sorrir agradecida.

— Tudo bem. – a menina diz num muxoxo fitando Laurel, suspeitosa.

— É melhor eu ir, né. – a morena se remexe desconfortável e começa a se despedir da dupla e de Tommy insinuando que tem várias coisas a fazer ainda.

— E você, vai não vai? – Thea se volta para falar com Tommy.

— Claro que vou baixinha. – ele desliza o indicador na ponta do nariz dela com carinho – Não se preocupe, eu vou estar lá com você.

 - Você é o melhor. Fico tão feliz em saber que posso contar com você para qualquer coisa. – ela sorrir brilhantemente ele franze o cenho desconfiado.

— Eu conheço esse sorriso, em que pretende me meter?

— Nada demais, é só que... – ela olha para Felicity e a loira advinha o que ela vai pedir.

— Theeeea!

— Vamos lá Felicity, nós estamos há um tempão fazendo isso e não chegamos a lugar nenhum, quem sabe com a ajuda de Tommy...

— E como o senhor Merlyn pode me ajudar com um vestido? Ele preci... – fala nervosamente.

— Na verdade eu acho que posso. – Tommy diz rapidamente.

— Tá vendo el... – ela para ao se dar conta do que ele falou e volta a atenção pra ele – Pode?

— Sim, quero dizer, não sei muito de vestidos, mas com certeza sei quando uma mulher fica boa nele. – explica e ela cora com as implicações de suas palavras – Vamos lá moças, temos uma grande missão pela frente. – ele brinca e sai andando abraçado a Thea e Felicity sorrir com brincadeira. Ela sempre soube que Thomas Merlyn fosse bem humorado, mas ela nunca pensou que teria a chance de viver esse momento, com um Tommy mais leve e cheio de vida.

Dentro do provador Felicity respira fundo enquanto se avalia pelo espelho, faz uma careta ao alisar o vestido branco com bolinhas pretas e flores amarelas, e cinto de tecido que se agarra ao seu corpo. Ganhando coragem ela sai e logo encontra Thea e Tommy sentados no confortável sofá de couro vermelho.

— E então. – ela pergunta apreensiva.

— Eu pensei terem dito que era para o casamento. – Tommy pronuncia-se, um olhar crítico sobre ela.

— Eu... – ela começa apenas para calar ao notar a expressão de desgosto no rosto dele.

— Pode deixar que eu escolho o próximo. – Thea adianta-se prestativa.

— Tudo bem. – ela diz resignada – Mas para mim este está perfeito. – murmura ao entrar novamente no provador. A verdade é que ela não está animada para o casamento e não se importa com o vestido.

— Experimenta esse.— Thea diz do lado de fora enfiando um vestido preto midi longuete renda. Ela não consegue conter a careta.

— É para um casamento ou uma boate? – Tommy cruza os braços, reprovador.

— Ah, não ficou tão mal. – Thea palpita.

— Não, não ficou, mas não serve para um casamento. – ele balança a cabeça e gesticula com a mão para que ela volte para o provador.

Os minutos seguintes eles passam entre trocas de vestidos e comentários sarcásticos de Tommy em relação às escolhas de vestidos de Thea.

— Sim, vamos escandalizar os convidados.— espalhafatoso demais.

— Sim, vamos fazer com que acreditem que ela é uma das garçonetes — simples demais

— Vai ser o patinho feio esperando se transforma num cisne. – ridículo demais

A cada novo comentário ela engasga impedindo-se de rir das expressões incrédulas de Thea.

— Se você continuar a aceitar as sugestões de Thea nunca vamos sair daqui. – ele diz enquanto procura entre diversos vestidos.

— E desde quando você virou o expert sobre como se deve vestir em um casamento? – Thea indaga sentindo-se ofendida.

— Eu já estive em mais casamentos do que você pode contar com todos os dedos das mãos e dos pés. – ele replica ao retirar um vestido azul marinho colado, saia solta, laço e decote em v nas costas – Esse. – entrega a Felicity sem olha-la, sua atenção voltada para Thea – E caso não se lembre, foi você quem pediu minha opinião. – ele volta para o sofá e ela sai resmungando atrás dele.

— Alguém anda prestando mais atenção às convidadas que as noivas hem! – Thea implica sentando-se ao seu lado.

— Bem... – ele a olha para em seguida retornar a atenção para onde Felicity sairia a qualquer momento – Eu não... – ele para abruptamente quando Felicity sai do provador – Maravilhosa. – sussurra chamando a atenção de Thea que olha na mesma direção que ele.

— Uau! – a menina exclama de boca aberta.

Felicity cora com os olhares em cima dela, sentindo-se exposta ela olha para baixo e alisa a saia do vestido tentando manter a postura.

— E então? – ela questiona levantando o olhar.

Tommy está de pé, seu olhar afiado sobre ela – Não ficou bom? – ela pergunta após o repentino silêncio que se instalou no ambiente.

— Ficou ótimo. – ele aproxima-se e pega a mão dela trazendo-a para si e fazendo-a gira-se sobre os próprios pés – Perfeito.

— Tommy tem razão, ficou perfeito.

— Ficou lindo, você está linda. – Tommy acrescenta e Felicity dá um meio sorriso, envergonhada com os elogios, ela percebe que ele ainda segura a sua mão e a solta rapidamente e alisa mais uma vez a saia do vestido disfarçando.

— Então é esse. – afirma antes de voltar para o provador.

Após a tarde cheia de troca de vestidos Felicity suspira satisfeita enquanto senta-se ao lado de Thea e Tommy em um Café a galeria de lojas em que estivera por quase quatro horas. Ela ri disfarçadamente por cima de seu café mocha enquanto Thea continua a zombar de Tommy e sua familiaridade com vestidos.

— Não, eu não saio por aí na calada da noite usando vestidos Thea. – ele bufa quando a menina insinua que ele tem fetiches por vestidos.

— Estraga prazeres. – Thea resmunga após tomar um gole de seu Cappuccino – Eu já estava imaginando, Thomas Merlyn em um sexy vestido rosa tubinho. – ela começa a gargalhar e Felicity não se contém ao imaginar a cena.

— Desculpa, é que... Que eu fiquei imaginando a cena. – Felicity diz entre risos para Tommy que a olha exasperado.

— Espera, espera! – Thea exclama quase sem fôlego – Será que iria combinar com os terninhos chiques que Laurel usa? – indaga pensativa não se dando conta que o riso cessara.

— Não sei o que Laurel tem a ver com isso. – ele profere cruzando os braços.

— Eu só pensei que com essa nova onda de casais combinando roupa... – ela dá de ombros como se não fosse nada demais.

Felicity olha de Thea para Tommy percebendo que a garota falara demais e que Tommy não tinha gostado nada.

— Rrrruumm... Rrrruumm. – ela limpa a garganta chamando a atenção dos irmãos para si – Olha o adiantado da hora. – ela finge olhar em um relógio que não existe – Preciso correr ou vou chegar atrasada. – ela levanta-se sem dar tempo que qualquer um conteste.

— Então deixe que eu a leve. – Tommy se dispõe levantando-se junto a ela e Thea faz o mesmo.

— Não precisa, é melhor que leve Thea. – rejeita, mas aliviada por ter mudado o foco da conversa.

— Posso leva-la e depois a Thea.

— Mas eu não vou pra casa agora. – os dois falam ao mesmo tempo – Deixe que Tommy a leve, tenho que encontrar Roxie agora. – Thea conclui.

— Thea! Olha a hora. – Felicity repreende – Não pode andar por aí sozinha a essa hora. – explica.

— Senhorita Cutler tem razão Thea, deixaremos ela no trabalho e depois te levo em casa.

— Mas não é preciso. – Thea contesta – Roxie mora perto daqui, em dois dias ela irá viajar e hoje é o único dia que podemos nos ver, vá leve Megan ou ela irá se atrasar, não está tão tarde assim, depois eu peço que mamãe mande o motorista para me buscar. – é veemente e Felicity assente derrotada.

— Tudo bem, vem cá. – puxa a menina para si e beija a sua fronte – Cuidado e avisa quando chegar a casa da sua amiga e na sua casa.

— Tá legal. – revira os olhos com gesto da amiga – Tchau seu bobão. – despede-se de Tommy abraçando-o e dando um beijo estalado no rosto.

— Vai lá baixinha, se cuida.

— Você realmente não precisa fazer isso. – Felicity se manifesta a primeira vez após o que ela pensou ser um longo tempo de silêncio.

— Sem problema, é o meu caminho de casa mesmo e além do mais foi nossa culpa que se está atrasada.

— Não é sua culpa, não é culpa de ninguém e também, não estou tão atrasada assim. – assume mordendo os lábios e retorcendo os dedos sobre o colo.

— Não? – ergue a sobrancelha inquisitivamente, sem desviar o olhar dos carros a sua frente – Então... Desconfiei quando olhou para seu relógio invisível. – zomba com um meio sorriso e Felicity solta um riso nervoso. Céus! Ela é tão patética.

— Tá! Me pegou nessa. – recosta-se no assento escondendo o rosto entre as mãos.

— Megan Cutler, você é uma piada. – Tommy diz num tom de brincadeira e Felicity sente o rosto aquecer ainda mais, mortificada.

— Que bom que eu te faço rir. – murmura, o rosto ainda escondido entre as mãos.

— Ah, vamos lá. – retira as mãos dela do rosto – É brincadeira, você é adorável, sim é a palavra certa. – sacode a cabeça alargando o sorriso – Admito, você já me fez rir mais que em um ano inteiro. – diz desmanchando o sorriso e estacionando quando chegam em frente ao Big Belly Burger – Por isso te acho cativante.

— Obrigada. – ela diz olhando-o nos olhos pela primeira vez sem constrangimento. Sim, a fase de ‘Felicity acha Thomas Merlyn sexy’ passou para ‘Felicity vê Thomas Merlyn como um bom amigo’.

— Enfim – ele desvia o olhar para olhar pela janela do carro – chegamos.

— Chegamos. – ela repete ainda o olhando por alguns segundos.

Percebendo que não poderia adiar a partida por muito tempo ela retira o cinto e faz menção de sair, até lembrar das sacolas de compra no banco de trás do carro.

— Merda! – esbraveja e Tommy olha para ela – as sacolas de compra. – lembra desanimada.

— Ah, pode deixar que eu levo ao ap para você.

— O que? Não, como você vai entrar? – indaga confusa.

— O ap é meu, lembra? Eu tenho as chaves. – bate no chaveiro com a chave do carro ainda na ignição.

— A certo, bom se é assim, tudo bem. – balbucia desconcertada – Obrigada, de novo. – ela sai do carro apressadamente e dá a volta no mesmo em direção a lanchonete.

— Megan? – ouve Tommy chamar e paralisa com a primeira vez que ele a chama pelo nome. Ela se volta para ele com a sobrancelha arqueada – Laurel e eu não somos um casal. – ele esclarece, ela abre a boca sem saber o que falar e ele sai antes que ela possa formular qualquer palavra.