A Garota do Futuro escrita por JosiAne


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Oi, oi, ahhh de volta com mais um capítulo e preciso dizer, estou muito feliz com a recepção de vocês, eu não costumo dar nomes, mas, sério gente receber favoritos no primeiro capítulo é emocionante, alguns podem dizer, ah grandes coisas, mas pra mim que não sou tão reconhecida é maravilhoso, então, muito obrigada Larih, Lorena Santos, Amanda Avila e Regina Rhodes Merlyn pelos favoritos e agradeço também, de todo coração aos comentários e acompanhamentos.

Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/748597/chapter/2

— Só para ter certeza, Megan Cutler é seu nome verdadeiro, né? – Thea questiona, o envelope amarelo em mãos.

— Só para ter certeza, você não os conseguiu por meios ilícitos, não é? – Felicity ergue uma sobrancelha em advertência.

— Me diga, quando foi que você viu documentos falsos serem conseguidos por meios lícitos? – Thea respira fundo e entrega a ela o envelope.

— Huph! – Felicity expressa em desgosto – Não tenho como contestar quanto a isso, eu só quis dizer, a pessoa com quem conseguiu, não é nenhum criminoso de marca maior ou é? Alguém com quem não deveria estar envolvida. – explica, dadas as informações sobre o tipo de pessoas com que a pequena Queen se envolveu após a suposta morte do irmão, ela não pretende ser mais uma causa para que a menina se enfie ainda mais no mundo do crime, se possível enquanto ela estiver ao lado da menina pretende afastá-la cada vez mais da beira do penhasco.

— Nah. Não se preocupe, eu nem precisei lidar diretamente com esse assunto, um amigo o fez. – a garota esclarece jogando-se no sofá. Felicity senta-se na poltrona ao lado retirando os documentos do envelope e analisando-os minunciosamente. Perfeitos, se não soubesse diria que são originais. Pensa em apreciação. Não, não vou ter problemas.— Então, qual é? – ela sobressalta-se ligeiramente confusa com a pergunta da menina.

— Quê?

— Seu nome. – Thea estala os dedos com impaciência.

— Ah, isso, bem, como eu já disse, é Megan.

— Hum, sei... – Thea murmura desconfiada – e eu sou a chapeuzinho vermelho. – desdenha fazendo Felicity rir.

— Que diferença faz esse ser meu nome ou não?

— Muita diferença – diz enrolando uma mecha de cabelo no dedo –, é estranho te chamar de Megan sabendo que esse não é o seu nome. – diz estreitando os olhos.

— E o que a faz ter certeza que esse não é meu nome. – Felicity indaga novamente começando a ficar ansiosa, e a se ver ficar sem saída se Thea continuar a fazer perguntas.

— Eu não sou ingênua Megan – ajeita-se no sofá, ficando sentada encarando Felicity de forma séria –, primeiro, você se enrolou no outro dia para dizer o seu nome – aponta para Felicity –, segundo, se fosse eu também não diria, a pessoa sendo conhecida ou não. Não seria muito esperto se entregar assim.

— Não, não seria. – Felicity concorda, admirada com a perspicácia da menina.

— Vai me dizer ou não?

— Como você mesma disse, não seria esperto dizer meu nome e eu não posso correr o risco de que você me chame pelo meu verdadeiro nome na frente de alguém. Mas... – ela joga o envelope na mesa de centro e levanta-se seguindo para cozinha – se te deixa satisfeita, eu posso afirmar que Megan também é meu nome. Refrigerante ou suco? – pergunta, o refrigerador aberto, e ela aponta para ambas as embalagens de bebidas.

— Refrigerante.

— É claro – ela pega tanto o refrigerante quanto o suco – adolescentes, sempre escolhendo o mais venenoso.

— Suco de caixinha não é assim tão saudável. – Thea defende-se – Mas e agora que tem os documentos o que pretende fazer?

— Procurar um trabalho com certeza. – senta-se de frente para a garota entregando-lhe o refrigerante – Estive pensando, já estou aqui há dois dias e acho que vou ficar por muito mais tempo, preciso me manter de alguma forma, só não sei ainda onde procurar.

— O que você fazia, ou faz no seu ano?

— Ah, muitas coisas – responde pensativa, ela precisa sempre se policiar quanto ao que falar para a garota –, mas minha grande habilidade envolve computadores ou qualquer máquina digital.

— Ótimo, podemos procurar algo nessa área. – a garota diz animada.

— A menos que seu amigo possa conseguir um diploma falso também, não tem como, esse não é tipo de trabalho que se basta saber fazer. – ela diz desanimada.

— Certo, então é isso, sem qualquer perspectiva de trabalho. – Thea murmura encostando a testa no balcão.

— Por enquanto, mas eu vou pensar em algo.

— Mas não se preocupe com um teto para dormir, pode ficar aqui o tempo que precisar. – oferece tomando mais um gole do refrigerante.

— Obrigada, muito gentil da sua parte, mas eu não quero colocá-la em problemas, sua mãe não ficará satisfeita com uma estranha aqui dentro.

— Minha mãe nem sabe sobre esse apartamento. – Thea dá de ombros.

— Não? – Felicity a encara surpresa – E quem mantém esse lugar?

— Um amigo. – responde misteriosa.

— Hum, você tem muitos amigos, né. – Felicity afirma arqueando a sobrancelha desconfiada.

— É um amigo de verdade, um pé no saco às vezes, mas eu sei que ele só quer cuidar de mim. – Felicity a observa falar com nostalgia, e um único rosto vem a sua mente, certo moreno de olhos azuis, claro, só poderia ser ele, os dois nunca chegaram a se conhecer, mas ela sabe muito mais sobre ele do que deveria saber, Thomas Merlyn, melhor amigo de Oliver.

— E além de você e esse seu amigo, quem mais sabe sobre esse lugar? – indaga, a curiosidade falando mais alto, apesar de não manterem mais segredos, ela e Oliver nunca falaram muito sobre o tempo antes da ilha, nunca foi uma prioridade o passado de ambos.

— Apenas mais uma pessoa, mas não se preocupe, ela não irá aparecer, odeia demais meu irmão no momento para chegar perto de qualquer coisa ou pessoa que lembre ele.

— Ela? – a loira pergunta fingindo-se de desentendida, é claro que ela sabe de quem a menina fala.

— A namorada do meu irmão, ou ex, sei lá, eles namoravam antes de... antes de... – a menina tenta continuar, um olhar triste e perdido, e ela se compadece e entristece-se também.

— Não precisa continuar, eu sei o que aconteceu com seu irmão. – segura a mão da menina por cima do balcão, transmitindo conforto.

— Sabe? – Thea a olha, os olhos brilhando com lágrimas não derramadas.

— Queens. – Felicity diz casualmente, como se apenas um nome fosse o suficiente para explicar tudo.

— É claro, quem não nos conhece e não sabe sobre a trágica história envolvendo meu pai e irmão. – ela limpa os olhos rapidamente – Às vezes eu odeio isso, odeio ser uma Queen. – Felicity a olha surpresa, ela entende o lado da menina, e pensa em como ela está tão próxima da verdade e ao mesmo tempo tão distante. Uma Queen, não. Uma Merlyn. De qualquer forma não faria diferença.

— Estão sempre em evidência, eu não posso dizer que sei como é, mas eu entendo. – força um sorriso tentando apagar a tristeza que se instalara em seu peito repentinamente.

— Vamos esquecer isso, sim? – Thea retoma a expressão animada, ou quase – Aqui vai ser a sua casa agora, ninguém irá incomodá-la aqui. – conclui com um sorriso genuíno.

~’~

Parada na porta de entrada da sua lanchonete preferida, ela respira fundo. Olha para a parede de vidro com o logo em amarelo e vermelho do lugar e retoma o olhar para o envelope em mãos. Vamos lá Felicity, você já fez isso antes. Diz a si mesma tentando ganhar confiança. Isso aí, você consegue, a vaga é sua. Sorri para si mesma e adentra o local. Ela entra olhando para os quatro cantos do estabelecimento, ela percebe que o local é o mesmo em dez anos, nada de diferente. As mesas de canto com assentos confortáveis, o ambiente meio escurecido mesmo a luz do dia e o cheiro de hambúrguer frito que a faz salivar.

— Senhorita? – ela é tirada de seu torpor pela voz aguda e animada.

Virando-se em direção a voz ela encontra uma jovem atrás do balcão de atendimento, morena, baixa, olhos grandes e castanhos, cabelos presos num coque e o típico uniforme amarelo.

— Ah, sim, oi, eu vim pela vaga de garçonete. – explica retomando a compostura, um sorriso nos lábios.

— Claro, claro, você pode seguir direto para os fundos – aponta um pequeno corredor com três portas visíveis – a porta a esquerda é o escritório do gerente, o senhor Gibbons, é com ele que deve falar. – a garota explica, sempre com um sorriso no rosto e o que ela identifica como uma expressão de alívio. Provavelmente cansada do trabalho em dobro. Felicity pensa complacente com a garota.

~’~

— Vejo que não tem número para contato. – o senhor Gibbons, um homem alto e robusto, cabelos e bigodes loiros, diz batucando com a caneta sobre o supercílio esquerdo.

— Infelizmente eu fui assaltada. – ela diz em desolação, já esperava por isso e tinha uma história na ponta da língua para explicar – Mas logo terei um novo número. – sorri docemente. Ela sente as bochechas doerem de tanto que ela tem que sorrir.

— Ok. – ele diz sem olhá-la, ele leva um dedo aos lábios pensativo – Certo Megan, vamos fazer um teste – ele finalmente a olha e fala como se não tivesse outra escolha e na verdade não tinha já que ela era a única candidata – pode começar hoje, no terceiro turno, é turno direto de seis horas, das seis a meia-noite. – ela engole seco, o sorriso preso no rosto. Ah, bem, não seria a primeira vez que trabalha em horário noturno. Mas nunca sem Oliver. Ela pensa desolada.

~’~

— Big Belly Burger? – Thea faz uma careta para Felicity que está sentada no parapeito da janela, ela de joelhos no sofá quase deitada no encosto do mesmo – Tem certeza que quer isso? Eu posso falar com mamãe, ela poder...

— Não. – Felicity fala rapidamente – Olha – ela respira fundo – você já está fazendo muito por mim e eu agradeço, de verdade, você não tem motivos nenhum para me ajudar e confiar em mim e está fazendo tudo isso. – gira o dedo indicador apontando para o local – Mas não acho uma boa ideia trabalhar na QC, além do mais você pode confiar em mim, mas e sua mãe? Eu não tenho nada, até os documentos de identificação que tenho são falsos, sua mãe é esperta, ela vai querer me investigar. – conclui com ar de suplica para que a garota não insista.

São diversos os motivos para ela se manter longe de Moira Queen e qualquer pessoa que venha a conhecê-la no seu tempo. Só de imaginar as alterações no futuro que todo esse desastre de viagem no tempo possa ter causado, ela sente todos os pelos do corpo se eriçarem. Ela pensa constantemente no que pode acontecer só por ela ter tido o azar, ou sorte – ela ainda precisa definir esse conceito considerando a ajuda que a menina está dando – ao ter se deparado com Thea.

— Nós somos amigas Megan? – a menina pergunta mordendo o lábio, apreensiva. Felicity semicerra os olhos estranhando a pergunta, com um meneio de cabeça ela confirma sem realmente se dar conta que o faz – Era só disso que eu precisava. – ela murmura olhando para as próprias mãos.

— Ei, o que foi? – ela se aproxima de Thea ao notar a amargura em sua voz.

— Sabe por que eu não me importo com quem você seja Megan? Se você é realmente do futuro ou não, se nós somos amigas nesse tempo aí do qual você diz vir ou não? – ela eleva a cabeça encarando Felicity – Por que você não me julga, eu sei que você notou meu estado quando nos conhecemos. – ela balança a cabeça suspirando e a abaixa – E você não disse nada a respeito, vo-voc-você – ela engasga com as próprias palavras – confiou em mim e disse de onde você vem. É por isso que eu acredito e confio em você. – ela olha novamente para Felicity que permanece estática olhando para a garota com lágrimas nos olhos – Meu pai se foi, meu irmão também e minha mãe – ela traça um risco imaginário no encosto do sofá –, minha mãe esqueceu que eu existo.

— Ah, Thea. – ela abraça a menina que começa a chorar – Sua mãe não se esqueceu de você, jamais. Vem cá. – ela dá a volta no sofá e senta-se junto à menina, ficando de frente para ela segurando suas mãos – Cada pessoa lida com o luto de forma diferente, essa é a forma de sua mãe, ela é uma mulher forte, mas perder o marido e o filho é doloso para qualquer um, e a sua maneira ela procura um jeito de não demonstrar fraqueza, de ser forte por você – ela aperta as mãos de Thea confortavelmente –, imagina se ela se deixasse abater, quem iria ampará-la? – Thea estreita os olhos, lábios em riste demonstrando sua insatisfação com o comportamento da mãe – Eu sei, ela às vezes age de forma toda errada, mas ela te ama, nunca duvide disso.

— Você fala como se conhecesse minha mãe. – Thea especula a emoção do momento fazendo-a esquecer-se que Felicity conhece muito bem sua mãe no futuro. Felicity se empertiga, ela precisa lembrar que a menina que está a sua frente não é a mesma que ela vem a conhecer mais a frente, não agora, e requer cuidado falar sobre as pessoas que na visão de Thea ela não conhece.

— Acredite em mim, eu tenho experiências com mãe totalmente errada. – ela sorri sem animo, a lembrança da mãe a deixando apática.

~’~

A primeira noite de trabalho chegou e com ela a descoberta de Felicity de que ela está mais sem prática em carregamento de bandejas quanto ela pensava. Na primeira hora ela deixou cair aos pés de uma cliente uma bandeja com um egg e um refrigerante e para aumentar seu desespero à cliente quase cai ao escorregar na poça de refrigerante no chão. Ela descobriu também que ainda está em falta uma garçonete e que até que seja contratada mais uma, em um dia da semana ela terá que trabalhar dois turnos.

Em seu turno são seis garçons e garçonetes contando com ela, seus colegas a receberam com grande alegria, ela suspeita que seja por se verem livre da metade da carga extra de trabalho. Ela logo se afeiçoou com a desajeitada, mas encantadora Evelin, uma jovem de vinte anos, morena, altura acima da média e belo sorriso. A menina alta e desengonçada lembrou-a dela mesma nesta mesma idade, sempre se atrapalhando com as palavras e envergonhando a si mesma. Ela também conseguiu errar dois pedidos.

— Não se preocupe. – disse Evelin – É apenas o primeiro dia, eu estava no fim da minha primeira semana e ainda errava pedidos. – apontou, com um sorriso solidário.

Ao final do turno ela estava com os braços doloridos de carregar bandejas, dedos dormentes por anotar pedidos, ardência nos calcanhares e com a sensação de que o seria uma madrugada cheia de câimbras nas pernas. Mas ela não as sentiu. Estava tão cansada que lutando para manter-se acordada ela conseguiu tomar um banho quente e vestir-se, jogando-se na cama logo em seguida e caindo em um sono profundo e sem sonhos.

Na manhã seguinte ela acorda antes de abrir os olhos, o corpo pegajoso pelo suor que escorre pelos poros, o quarto mais quente que o normal. Ainda de olhos fechados ela retira o braço de debaixo do próprio corpo, esticando-o para aliviar a articulação, ela toca em algo que não deveria estar ali. Ela abre os olhos rapidamente, girando a cabeça ela depara-se com o emaranhado de fios negros.

— Jesus Cristo. – ela grita assustada e pula de cima da cama, o movimento fazendo com que a pessoa acorde num rompante e caia da cama.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Beijos e até mais.