MUTANTES & PODEROSOS I - O Segredo dos Poderosos escrita por André Drago B


Capítulo 18
Capítulo 17 - Treinamentos e Segredos


Notas iniciais do capítulo

Se gostarem, comentem e curtam!
Boa leitura :)



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CAPÍTULO 17

TREINAMENTOS E SEGREDOS

 

 Taya se sentou sobre a cama. Seus olhos encontraram o céu azul ao lado de fora. Ela podia enxergá-lo pela janela, que também mostrava nuvens se acumulando no horizonte.

  Atrás dela, Isaac abriu olhos e logo deu de cara com a jovem.

—Bom dia! – disse ela.

—Bom dia! – respondeu ele, ligeiramente, como se não quisesse falar muito.

  A Mutante pôs-se de pé, e atravessando o pequeno quarto, na outra parede, tocou Luke com cuidado. Ele estava deitado em uma cama solitária naquele lado da parede. Seus olhos azuis puderam ser vistos quando afastou as suas pálpebras cansadas. Seus cabelos loiros estavam desarrumados pela noite de descanso que ele teve. Quando tentou se mover, soltou um gemido de dor, que o fez recordar das suas feridas, frutos de um ataque de tigre.

—Cuidado! Não faça muito esforço. - recomendou a jovem. O mutante obedeceu e se manteve deitado. Ela mexeu a cabeça para Isaac, que se levantou e foi até a cama dele. Juntos, os dois puxaram Luke com cuidado.

  Isaac abriu a porta simples de madeira do quarto pequeno e com isso deu de cara com o corredor da casa, que levava até a sala. Ele seguiu por este corredor até chagar na cozinha, onde Will e Amigo riam de alguma coisa. Os dois mantiveram os sorrisos no rostos quando os três hóspedes chegaram no cômodo.

—Bom dia pessoal! Como dormiram? – indagou Will.

—Eu tive uma ótima noite. Descansei bastante! – disse Luke, já se contagiando com a alegria dos dois homens.

—Também tive uma noite maravilhosa. Pela janela, pude contemplar a lua com perfeição. Foi maravilhoso! – Taya recordou, pensando na linda visão da noite anterior.

—E você Isaac? Dormiu bem? – indagou Luke.

  O jovem mexeu a cabeça positivamente, disfarçando. O sonho da noite anterior, somado com os gritos estranhos, tirou-lhe o sono por algumas horas. Ele ainda estava meio pensativo no que havia acontecido.

—Ai está! Leite novo. Acabei de comprar. – disse Amigo, levantando-se da cadeira para abrir espaço para os jovens. Will fez o mesmo, afinal havia apenas três cadeiras.

 Taya estendeu o seu braço e pegou um pedaço de pão que estava em cima da mesa. Depois, encheu um copo com o leite branco disponibilizado.

—Então Isaac, que tal nós treinarmos um pouco hoje? – Taya deu a ideia.

—Claro!  - o jovem deu um sorriso forçado para disfarçar, mas a Mutante pareceu perceber.

—Está tudo bem? Você está meio estranho hoje!

—Não, não. Está tudo ótimo! – disse ele. A jovem ignorou, acreditando nas palavras do seu amigo.

  Depois de terminar de comer, Luke se levantou com dificuldade. Sua costela estava doendo com o corte provocado pelas garras do enorme tigre mutante. Ele cambaleou com cuidado até o banco da sala, onde passara o dia anterior inteiro. Amigo, passando por perto, percebeu o jovem entediado. Voltou alguns minutos depois com uma caixa na mão.

—Quer jogar? – indagou o senhor, sempre simpático.

—Eu não sei como se joga isso. – Luke respondeu.

—Eu lhe ensino! – ele ofereceu, com um sorriso no rosto.

  Luke concordou, e Amigo abaixou-se na sua frente. Abrindo a caixa, revelou um tabuleiro cheio de peças improvisadas e logo começou a lhe ensinar as regras do jogo.

  Taya seguiu para o quarto e, indo até a bolsa de Isaac, pegou duas espadas brilhantes dos guardas do pai do jovem. Depois, foi encontrar-se com ele na frente da casa de Amigo.

—Preparada para perder? – ironizou Isaac.

—Eu é que deveria lhe perguntar isso! - a jovem respondeu, deixando um sorriso sarcástico se desenhar em seu rosto branco.

  Ela amarrou os seus cabelos dourados e lisos, permitindo assim ter mais liberdade para a luta. Isaac já estava com a espada em punhos, pronto para enfrentá-la. Não precisava se preocupar com o seu cabelo, que não era como os de Taya, longos.

  Quando os dois estavam prontos, Isaac correu até a jovem e tentou atacá-la na coxa, mas rápidamente, a jovem conseguiu impedir o ataque. Ela afastou a espada dele da dela, e sem esperar nem mais um segundo, girou-a, mirando no braço dele. O jovem abaixou-se subitamente, impedindo o ataque da amiga, que investiu outro ataque sobre o Isaac ainda agachado no chão. As duas espadas se chocaram com tanta violência que o barulho assustaria qualquer um que chegasse perto deles.

  O Corriqueiro afastou a espada dela com força, mas ela girou-a de forma a investir outro ataque, dessa vez nas costelas dele.

  Ele pulou para longe, afastando-se da espada de Taya. Seus cabelos castanhos se bagunçaram, mas rapidamente o jovem os ajeitou, passando a mão sobre eles. Ele levantou a espada prateada, e pondo-se de pé, girou-a por sobre a cabeça da amiga.

  A jovem afastou-se um pouco de Isaac, no objetivo de conseguir escapar da ponta de sua espada brilhante. Ele se aproximou dela e investiu um ataque contra o pescoço da jovem, mas antes que pudesse parar para dizer “morta”, foi impedido pela mesma, que bateu a sua arma contra a dele.

—Taya! Você é rápida para pensar! – admirou-se o amigo da jovem.

—Obrigada! –agradeceu ela.

  Sem esperar nem mais um minuto, Isaac investiu outra ataque contra a amiga que o evitou com a espada novamente.

 

  Will se aproximou da janela. Pelo vidro, contemplou Isaac e Taya lutando do lado de fora, em meio ao campo de plantações. Ele deixou que um sorriso se formasse em seu rosto barbudo, enquanto seguiu para a sala.

  Amigo se assentava em uma cadeira de madeira e a sua frente, Luke se mantinha deitado. O corpo do jovem estava encurvado e virado para o lado, no objetivo de conseguir ver o tabuleiro do jogo que ele jogava com Amigo.

—Luke! – Will manteve o sorriso em seu rosto.

—Sim?

—Você sabe onde Isaac guarda a sua espada?

 O jovem desviou o seu olhar para Will, focalizando os seus olhos castanhos. Ele mexeu a cabeça agilmente em um sinal positivo. Depois, completou a sua resposta com palavras.

—Na bolsa dele!

—Obrigado! – agradeceu o homem.

—Por quê?

—Tive uma ideia.

 

 Novamente, a espada se chocou com ainda mais força. Isaac afastou a espada de Taya, deixando o seu rosto se marcar com uma expressão de esforço. Taya era realmente uma adversária difícil de se combater.

 Ela esticou a sua espada e deu um giro completo com o seu corpo, deixando a lâmina deslizar até Isaac, o que ele naturalmente evitaria e bloquearia com a espada, mas, antes que pudesse o fazer, outra espada se chocou com a da jovem Mutante.

 Ela direcionou os seus grandes olhos esverdeados para ver a sua frente Will, com a terceira espada do seu amigo.

—Olha, vejamos que alguém entrou no jogo! – disse Isaac sarcasticamente.

  Com um sorriso, o homem girou a espada rapidamente sobre a cabeça e tentou atingir o jovem, que o bloqueou. Ele afastou a sua espada, mas antes que pudesse investir outro ataque no jovem, ele mudou de direção e tentou contra Taya, que tomou um susto tão grande, não dispondo de tempo para o bloquear. Will parou a espada a alguns centímetros do pescoço dela.

—Uma regra dos duelos e batalhas é sempre estar atenta a qualquer ataque surpresa, o que os seus inimigos vão tentar fazer, com certeza! – ensinou o homem. Ele não teve nem tempo de tentar terminar de falar, quando Isaac pulou em cima dele em outro ataque. Will rapidamente bateu a sua lâmina na do jovem, de forma que marcou a espada que Isaac estava usando.

  Boquiaberto, o jovem assustou-se com a agilidade e força do homem.

—Will, é você mesmo? – Isaac perguntou, provocando risos no homem. – É você o mesmo homem que correu do tire aquela noite?

—Não se esqueça que fui eu que matei o animal! – disse ele, com senso de humor, enquanto ajeitava a manga de sua roupa suja e suada.

Então, Isaac tentou investir outro ataque contra o homem, fazendo o duelo prosseguir.

 

 O sol estava se pondo. No horizonte, a luz rosada estava tomando conta do céu. Os cinco estavam sentados atrás da casa. Os brotos se acumulavam pelo terreno de plantação da casa de Amigo. Todos admiravam a linda visão do céu, como uma forma de despedida. Luke havia apresentado uma melhora significativa com os remédios, apesar do terrível sono toda a vez que bebia o chá. Eles não podiam perder tempo e já tinham que voltar a sua caminhada até o Pico Talyn.

—Obrigada por toda a ajuda Amigo! Foi bom descansarmos um pouco. – agradeceu Taya.

—Não tem de quê! Minha mãe me ensinou que ajudar é para quem tem coração bondoso, aceitar a ajuda é para quem tem coração necessitado. – disse o homem, apresentando o seu constante sorriso no rosto.

—Vamos partir amanhã cedo! – informou Isaac.

—Para onde vocês vão primeiro? – indagou Amigo.

—Segundo o mapa, para Liore! Desde já, lhe agradecemos por nos emprestar o seu mapa também Amigo!

—Se quiserem, podem ficar com ele. Tem outro de onde saiu este aí!

 Isaac sorriu para o homem, em um sinal de agradecimento sem usar palavras. O senhor estava sentado em uma cadeira de madeira pequena, enquanto a sua barba branca batia em seu abdômen. Seus cabelos, também brancos e desarrumados se misturavam com a sua pele, muito clara.

  Isaac fez silêncio, enquanto seus olhos castanhos focalizavam o céu. Ele ainda pensava no que havia acontecido na noite anterior. Além do estranho sonho, os gritos que Luke dissera ter escutado e que ele também escutou fizeram tudo ficar com um ar ainda mais misterioso. O jovem ainda não havia contado nada para ninguém, mas sabia que tinha que contar.

—Gente, vocês não ouviram gritos ontem à noite?

—Gritos? Como os de mulher? – Luke disse, já assustado. – Como os que eu descrevi?

—Sim! Era como os que você descreveu. Gritos femininos e distantes, assustadores. Como alguém pedindo ajuda!

  Taya sentiu um frio na espinha quando escutou isso. Amigo deixou a sua expressão ficar séria, tal como Will.

—Não é possível! O que será? – ele começou a pensar, mas não tinha nada que pudesse justificar tão estranhos acontecimentos. – Talvez alguém que se machucou, ao qual as feridas ainda lhe doem!

  Isaac mexeu a cabeça, concordando com a hipótese.

—Esperem...o suco! Eu fiz suco. Deixe-me buscá-lo. – Amigo se levantou e foi até a cozinha.

  Os outros quatro ficaram ali, no campo, ainda admirando o pôr-do-sol, que agora já estava bem mais baixo.

—Obrigado também, Will! Foi muito bom estar aqui com você. – Luke agradeceu ao novo amigo.

—Eu é que tenho que lhes agradecer! Me tiraram daquela cadeia na Vila do Vale. Muito obrigado!

  Taya sorriu para ele, junto com os seus amigos. Eles tinham certeza que agora possuíam um novo amigo.

—Falando nisso, ainda não compreendo porque os guardas levaram o mapa da minha tia! Por que eles precisariam do mapa dela? Já não bastava levá-la? – Luke tentava achar uma resposta para isso também.

—Calma Luke! Tudo tem uma solução. Vamos ter a resposta para tudo isso. Agora vamos focar em uma coisa: chegar ao Pico Talyn.

  Amigo chegou, entregando copos parta cada um ali. Depois, voltou para a cozinha, pegou o pote com o suco, e retornando ao campo, distribuindo a bebida para cada um.

  Taya levou o copo aos lábios, e virando-o, sentiu o suco saboroso escorrer pela sua garganta. Seus olhos ainda se mantinham focados no pôr-do-sol da tarde daquele dia, aquele maravilhoso dia.

 

 Frio. Estava frio. As árvores não tinham nem uma folha. O chão estava coberto pela fria neve. A lua minguante brilhava no topo do céu em meio a muitas outras estrelas. O frio era intenso. Novamente, Isaac se encontrava em seu sonho. Ele olhou em volta e não demorou muito a ver o vulto correndo em sua direção. Ele correu e se escondeu atrás de uma árvore enorme. De repente, o vulto passou correndo à sua frente, e logo atrás, o homem barbudo.

   Isaac saiu correndo atrás das duas pessoas. Ele tentou correr o mais rápido que podia para alcançar o primeiro vulto que tentava escapar do homem. Ele sabia o que iria acontecer!

  Correu o mais rápido que pôde. Sua perna doía, mesmo dentro do sonho, mas ela não parou de correr atrás do encapuzado. O jovem reparou que o homem já havia parado de correr.

  Ele tentou correr mais rápido, mas não conseguiria alcançar o vulto, que estava na sua frente. Ele podia ver que este vulto, na verdade, era outro encapuzado. Mas, por que ele estava correndo do outro homem? O que estava acontecendo? 

  Isaac parou de correr e olhou para trás. O homem estava com seus olhos fechados. Sua mão estendida já brilhava com o raio que estava prestes a saltar dela. Isaac voltou a focar o primeiro encapuzado que fugia do homem. Ele já estava bem mais a frente e continuava a correr. Então, um raio voou da mão do homem e foi em direção ao encapuzado fugitivo, explodindo tudo, inclusive ele próprio, e deixando um buraco negro que soltava fumaça no local...

Isaac abriu os olhos. O suor lhe molhava por inteiro. A luz da lua entrava no local, enquanto o silêncio pairava no ar. Ou melhor, pairaria, se o grito estranho não soasse no ar.

   O jovem sentou-se me cima da cama. O sonho. O mesmo sonho. O que ele queria dizer? Quem eram aquelas pessoas?

  Isaac ficou naquela posição por alguns minutos, esperando os gritos cessarem. Mas dessa vez eles não cessaram! O jovem se assustou. Ele afastou as cobertas e pôs os pés para fora da cama. Não aguentava mais. Tinha que descobrir de quem era aquele grito.

  Com suavidade e silêncio, pôs-se de pé. Andou lentamente até a porta. Abriu-a, evitando ao máximo fazer barulho. No corredor, os gritos eram bem mais intensos. O jovem fechou a porta do quarto.

   Ele seguiu pelo corredor até chegar à sala de estar da casa, onde Luke ficou deitado o tempo que ficaram ali. Ela estava extremamente escura, mas pela luz da lua, Isaac podia enxergar algumas coisas. O grito estava mais intenso ali.

  O jovem seguiu o som até chegar à cozinha, onde viu duas coisas: uma vela em cima da mesa dentro de um copo, e um alçapão aberto no canto da parede.  

  Isaac reparou que o som vinha do alçapão, ao qual ele havia apenas reparado a existência naquele momento. O jovem pegou o copo – que estava quente por causa do calor da chama – e olhou em volta. Não havia ninguém ali.

  Isaac se aproximou do alçapão. Havia uma escadaria que estava escondida pela escuridão, e os gritos estavam cada vez mais altos ali. Ele colocou os pés no primeiro degrau, feito de pedra. Depois desceu o outro degrau, e mais o outro, indo cada vez mais fundo.

  À medida que entrava mais e mais até o fim da escadaria que levava para baixo o frio ia se intensificando, tal como a escuridão e os gritos. Isaac conseguiu finalmente distinguir exatamente o que os gritos diziam: “Socorro! Há alguém ai? Me ajude, por favor!”. Quem gritava estava muito desesperado.

  Quando Isaac chegou ao pé da escada, viu ao seu lado uma tocha apagada. Ele a acendeu, pondo a chama da vela nela, o que foi o suficiente para poder ver à sua frente uma pessoa amarrada. Era essa pessoa que gritava.

  O jovem se aproximou da pessoa, e logo pôde ver o rosto de uma jovem. Seus olhos azuis deixavam lágrimas escorrerem pelo seu rosto jovial e branco. Seus longos cabelos ruivos se mantinham desarrumados e ela estava amarrada por duas correntes pelos pulsos. Uma corrente saía de uma parede e se prendia ao seu pulso esquerdo, e a outra corrente saía da outra parede, do outro lado, e se prendia ao seu pulso direito. Mas o que mais chamou a atenção de Isaac nela eram as duas orelhas de raposa no alto de sua cabeça, além das presas longas e afiadas, que ocupavam um espaço em sua boca. A jovem era uma mutante.

    A jovem parou de gritar e desesperada, começou a falar com Isaac:

—Por favor, me liberta! Me tira daqui antes que ele chegue! Por favor!

—Antes de quem chegar?

—O homem, o homem que me prendeu aqui! Ele é um soldado do reino e está prendendo mutantes. Ele apenas se finge de amigo. Você precisa me tirar daqui, por favor! Antes que ele e o seu amigo cheguem!

—Amigo? – foi então que Isaac se deu conta: Amigo e Will não eram quem diziam ser! Eles eram soldados do reino de Hangária Mindória que estavam prendendo mutantes. E eles três provavelmente seriam os próximos.

 Isaac correu até a jovem, e tentou quebrar as correntes que a prendiam, sem sucesso.

  De repente, a jovem gritou:

—Cuidado!

 Repentinamente, Isaac viu algo que não queria ter visto: Amigo no pé da escada, com uma faca na mão, pronto para matá-lo.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam desse final?