MUTANTES & PODEROSOS I - O Segredo dos Poderosos escrita por André Drago B


Capítulo 13
Capítulo 12 - A Profundidade da Tristeza


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem (e chorem rsrsrs)!!! Leia-o até o final.



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CAPÍTULO 12

A PROFUNDIDADE DA TRISTEZA

 

 -O que meu pai estava procurando? O que ele necessitava? – Kira ainda estava confusa. Não fazia ideia da motivação de Lorde Haland para estar lendo livros do tipo que ele mais odiava.

—Não faço ideia do que seu pai estava procurando, mas acho melhor nós sairmos daqui! – Dylan disse.

  Concordando, os três saíram do quarto. Do lado de fora, havia duas manchas negras no chão que Kira e Jackie ainda não haviam percebido.

—O que é isso?

—Isso é a mancha dos dois guardas que foram achados queimados e que estavam encarregados de vigiar Lorde Haland! – respondeu Dylan. – Não fazemos ideia de como eles foram queimados!

  Kira se entregou as lágrimas.

—Que covarde iria fazer isso? – ela estava muito triste.

  Dylan se aproximou da sua amiga e a puxou pelo braço calmamente, ajudando-a a andar. Eles desceram as escadas lentamente e atravessaram por todos os corredores pelas quais haviam atravessado para chegar ali.

  Depois de chegarem ao salão principal e passarem pelo portão de entrada, deram com o lago, o qual brilhava com a luz do sol da manhã. O silêncio completava a linda visão do calmo lago, ao qual as suas águas mal se mexiam. As águas transparentes permitiam que eles vissem peixes se mexendo ao fundo. Por sobre as águas, lindos cisnes nadavam, como se fosse mais um dia tranquilo. E realmente era para aquelas lindas aves, mas não para Kira.

   Os jovens passaram pela margem do lago. Kira pensava em seu pai e Jackie também. Por mais paz que a visão daquele lago transmitisse, eles continuavam tristes. Dylan era quem os ajudava.

 Eles voltaram para o castelo principal. Andaram calmamente até chegarem ao quarto emprestado para os irmãos.  Eles abriram a porta e adentraram no local. Tudo estava quieto.

—Bom, se vocês quiserem um pouco de silêncio, poderei ir embora! – disse Dylan, mais afirmando do que indagando.

—Bom, vamos querer um pouco de silêncio! Obrigada Dylan.

  O jovem assentiu. Se afastou da porta, mas antes que pudesse ir, lembrou;

—Hoje à tarde será a...bem, vocês sabem!

—A cerimônia de enterro do meu pai! – completou Kira, mostrando que não havia problema comentar o que ia acontecer. Mas ela estava extremamente triste.

—Isso! Se vocês não quiserem, não precisam ir!

—Nós viemos para isso, Dylan! – respondeu novamente a jovem.

—Então, posso vir buscar vocês à tarde?

  Kira assentiu. Então, sem dizer mais nada, Dylan saiu dali.

  A jovem fechou a porta. Colou as suas costas nela, e se entregou totalmente ao choro. Sentou-se no chão e escondeu o seu rosto em meio aos seus braços.

  Jackie se levantou da sua cama onde estava, e foi até a jovem. Abraçou a sua irmã e deixou que as suas lágrimas saíssem também. Era maravilhoso para Kira ter alguém com quem podia chorar. Ela sentiu a manga da sua roupa se umedecer pelas lágrimas de Jackie, mas isso foi bom para ela, pois ela sentia que pelo menos ainda tinha o seu irmão. Sua família ainda não havia se acabado totalmente. Sua mãe havia desaparecido e seu pai, assassinado, mas seu irmão ainda estava ali.

 

 Ao entardecer, a luz do sol penetrou dentro do quarto, passando pela janela. Kira vestia um vestido negro e longo que uma empregada do castelo havia trago para ela. Uma empregada a ajudava, fazendo uma trança em seu cabelo.

  A jovem encarava o espelho e olhava o seu rosto triste. Pelo próprio espelho ela pode ver Jackie, que vestido com uma roupa totalmente negra também, estava triste e olhava para o chão.

  Quando a empregada terminou de fazer a trança e largou o cabelo de Kira, ela se levantou e andou até Jackie. Sentando-se ao lado dele, ela simplesmente o abraçou. Sabia que as palavras não iriam o consolar, mas um abraço amoroso talvez o ajudasse.

 Ela apenas fechou os olhos e sentiu o calor dos raios do sol. Depois de um tempo assim, um barulho veio da porta. Os dois se levantaram e foram até ela. Abrindo-a, puderam ver Dylan. Ele estava vestido com sua roupa de príncipe, mas assim como eles, a roupa era negra.

  Os dois saíram do quarto e foram acompanhando o jovem. Eles começaram a percorrer vários corredores, mas não os mesmos que haviam percorrido no dia anterior. Eram todos enfeitados com quadros, armaduras vazias, estátuas, tapetes bonitos e outras coisas rústicas.

  Passaram por vários daqueles corredores até chegarem a um portão enorme. Depois deste portão havia um pátio semelhante ao que eles encontraram quando chegaram, mas não era o mesmo.

  Quando chegaram ao pátio, muitas pessoas ricas (com roupas chiques e negras) se encontravam ali. Todas tristes e algumas até chorando. Algumas, Kira sabia, estavam apenas encenando tristeza, mas o que arrancou as lágrimas da jovem não foi isso.

  Em meio a todas as pessoas, uma enorme caixa de madeira enfeitada brilhava a luz do sol. A jovem sabia que ali estava o seu pai.

  Ela foi até essa caixa e Jackie a acompanhou. Dylan veio andando atrás deles.  As pessoas abriam caminho para eles passarem. Ao chegar ao lado da caixa, que era segurada no ombro de quatro fortes guardas, ela tocou a madeira que a compunha.

—Lamento! Meus pêsames para os dois! – disse a rainha, com uma expressão triste no rosto. Ela mostrava ter derramado lágrimas pela discreta trilha de água que saiam dos seus olhos e desciam pelo seu rosto.

  Kira deixou que as suas lágrimas escorregassem então pelo seu rosto, marcando-o.

—Eu...eu não acredito no que aconteceu! – e começou a chorar alto. Dylan chegou perto dela para abraça-la, mas ela o afastou com o seu braço e caiu de joelhos. A tristeza tomou-a por inteira, enquanto ela chorava. – Não! Não! Não!

  Ela começou a se debater e a soltar gritos de dor. Jackie estava envolvido pelos braços da rainha, em um abraço de consolo, mas muitas lágrimas escorregavam também pelo seu rosto avermelhado de dor. O entristecia mais ainda ver a sua irmã daquele jeito.

 Depois de um tempo naquela posição, a rainha acenou com a cabeça e um homem bem vestido deu ordem para os guardas que seguravam a caixa, que andassem.

—Não! Meu pai está ai dentro! – gritou Kira, mas Dylan a segurou.

—Kira, o enterro não será aqui!

  Ela assentiu e abraçou o amigo, sentindo as pessoas passando por eles e seguindo o caixão. Depois, os dois começaram a seguir a multidão.

 Depois de andarem quase uma hora em meio a um dos bosques da área nobre, chegaram a uma colina, e no topo dessa colina, uma enorme árvore, cheia de folhas esverdeadas. Debaixo desta árvore havia um buraco. Centenas de pessoas que trabalhavam na área nobre estavam em volta desta colina. Elas abriram espaço, formando um corredor por onde as outras pessoas nobres que haviam vindo junto com Kira puderam passar.

  A medida que Kira subia a colina, se sentia cada vez mais triste. Sentiu milhares de lágrimas umedecerem o seu rosto jovem.

  Quando ela chegou perto do buraco, viu os guardas colocarem o caixão com cuidado lá dentro. Ela apenas abraçou Dylan, que a envolveu em seus fortes braços, em um caloroso abraço. Ele sentiu as lágrimas da jovem escorrerem por ele e molharem a sua roupa, mas nem se importou.

  A rainha se aproximou do buraco e jogou uma flor rosa amarelada. Depois dela os lordes e outras pessoas importantes começaram a fazer o mesmo, enchendo o buraco com o caixão de flores.

  Depois que todos os lordes colocaram as suas flores, as outras centenas de trabalhadores e outras pessoas começaram a jogar as suas flores lá dentro. Kira apenas afundou seu rosto ainda mais no peito de Dylan.

  Então, a jovem Corriqueira largou Dylan e se aproximou do buraco com o caixão. Mal se dava para ver o caixão mais, pois estava todo cheio de flores. Ela sentiu alguém tocar em seu ombro. Virando-se, ela viu um homem, provavelmente um lorde, e ele lhe oferecia uma flor. A jovem pegou a flor. Ela era vermelha, mas com alguns detalhes  rosas.

  A jovem se abaixou perto do buraco, e jogando a flor lá dentro, fechou os olhos. Apenas sentiu suas lágrimas saírem de suas pálpebras enquanto ela falava baixinho: “Adeus”. Depois, se levantando, ela se aproximou de Dylan, que a abraçou ainda mais forte.

  Kira escutou que uma voz parecida com a da rainha começou a fazer um discurso, mas ela não conseguiu prestar atenção em mais nada, apenas na promessa que fazia para ela mesma: “Eu vou descobrir quem fez isso! Vou descobrir quem matou o meu pai!”.

 

  Kira jogou a sua bagagem em cima do cavalo amarronzado de Mestre. Ela olhou para Jackie que fazia o mesmo no outro cavalo, mas com mais dificuldade por ser baixinho.

—Tem certeza que não você não quer ficar mais alguns dias? É uma honra tê-la aqui! – a rainha disse.

—Não, não! Obrigada senhora, mas nós temos que voltar  para Mestre!

—Vocês não ficaram nem uma semana aqui!

—Não podemos. Temos que dar continuidade em nosso treinamento, mas voltarei em breve, não se preocupe. – respondeu Kira a rainha, que era bem insistente.

—Vocês pelo menos não querem que alguns guardas os acompanhe, para ajudá-los?

—Não! Obrigado por tudo, mas temos que voltar. – Kira deu a resposta final, interrompendo a insistência da rainha.

  Kira passara mais três dias ali depois do triste enterro do seu pai, mas, lembrando que Mestre havia lhes dito para voltarem o mais rápido que pudessem, escolheu por não esperar mais.

—Então adeus Kira Haland. Espero que voltem em paz! – desejou a rainha Mariany.

—Obrigado rainha!

 A jovem viu o príncipe Dylan se aproximar. Ele a abraçou e logo disse:

—Espero vê-la novamente!

—Vai me ver! Quero voltar daqui a algumas semanas. – então ela começou a sussurrar. – Eu vou achar quem matou meu pai Dylan.

—Então conte com a minha ajuda. – encorajou o jovem príncipe com um sorrisinho ainda falando sussurrando.

—Então adeus Dylan. Até a próxima vez! – a jovem retomou a altura normal da voz.

—Adeus Kira! Até.

  A jovem montou em cima do animal, enquanto Dylan se despedia de Jackie, que já havia se despedido da rainha. Depois, o garoto fez o mesmo, se acomodando na sela de seu cavalo.

  Os dois fizeram os cavalos trotarem e seguirem o caminho que começava do pátio onde eles estavam até um dos portões de entrada da área nobre. E eles estavam preparados para voltarem sozinhos.

  Quando passaram pelo portão, puderam ver algumas carroças cheias de pessoas.

“São mutantes”, pensou Kira, recordando da ordem da rainha para prenderem todos os mutantes.

 

  Estava de tarde. Devia ser logo depois do meio-dia, pois o sol estava muito quente. Ela e Jackie haviam acordado muito cedo para ir embora de Hanrraá.

  Logo a frente deles a casa de Mestre podia ser vista. O campo marcado com duas enormes crateras negras estava silencioso. Apenas os passos dos cavalos deles podiam ser escutados. Eles trotaram até estar bem perto da casa. Mestre saiu de dentro dela e veio correndo até eles.

 Ele os abraçou e os consolou. Logo depois disse:

—Vamos! Acho melhor entrarmos, pois parece que vai vir muita chuva! – ele se referia a uma enorme nuvem carregada que Kira e Jackie ainda não haviam notado.

  Os jovens tiraram as suas bagagens dos animais e entraram na casa. Mestre foi logo guardar os cavalos em seus devidos lugares em um pequeno espaço tapado logo ao lado da cabana de estudos.

  Logo quando entraram na casa, Kira e Jackie foram para os seus quartos. Kira pode escutar quando Jackie trancou a porta do quarto. Decidindo não incomodá-lo, ela foi para o seu quarto.

  Começou a guardar as roupas. Tirou o seu enorme livro da bagagem e o colocou novamente sobre a mesa de onde havia tirado dias antes para levá-lo na viagem. Também tirou o seu cordão do meio das roupas. Havia escondido debaixo da gola da sua roupa, e depois do seu primeiro banho lá, guardado na sua bagagem.

  Depois de ter arrumado tudo, saiu do quarto e foi até a porta do quarto de Jackie.

—Jackie, você quer conversar? Achei que talvez você quisesse companhia!  - o silêncio do menino logo lhe mostrou que ele não queria conversar.

  Então, sem dizer mais nada, ela desceu as escadas.

  Chegando a parte de baixo, viu Mestre.

—Onde está Jackie?

—Está lá em cima, mas não quer que o incomodem.

—Entendo! Foi um marco forte para você, imagine para ele, que é apenas um garoto!

  Kira concordou com a cabeça.

—E como foi o enterro de Lorde Haland? Se você quiser, pode me contar!

  A jovem começou a contar tudo o que aconteceu desde que haviam chegado lá. Enquanto ela falava, aquela forte chuva começou a cair, com raios e trovoadas.

  Depois de terem conversado por um tempo Kira foi até o seu quarto e pegou o seu livro. Leu-o por horas, tentando fazer o tempo passar.

  Quando já anoitecendo, Mestre lhe mostrou a caça que havia conseguido. Então começaram a prepará-la.

  Demorou, mas quando pronta, Kira subiu para chamar Jackie. Ela se aproximou da porta do garoto e disse:

—Jackie, vamos descer para jantar! Olha, eu sei que você quer silêncio, mas já anoiteceu! Vamos comer e então você poderá ficar a noite toda ai. – mas a garota recebeu o silêncio como resposta.- Jackie, pelo menos me mostra que está me ouvindo! Fala alguma coisa, ou faça algum barulho, por favor! – mas a jovem não teve resposta.

  Ela se aproximou da porta e colou seus ouvidos nela. Não havia som de absolutamente nada.

—Jackie! Você está ai? – mas o silêncio e a falta de resposta assustaram a jovem. – Jackie, não brinque comigo!

  Mas o silêncio continuava. Com medo e assustada, Kira andou para trás e correu em direção à porta, batendo com força o ombro nela.  Fez isso mais algumas vezes até que a porta simples de madeira cedeu e caiu no chão.

  Kira, entrando dentro do quarto, viu algo que não esperava: ninguém. Não havia ninguém no pequeno quarto de Jackie. A janela estava fechada e o quarto vazio.

   Jackie não estava ali. Ele havia desaparecido.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? Espero vocês nos próximos capítulos. se gostaram, curtam, comentem, recomendem e acompanhem a história, por favor!!!