MUTANTES & PODEROSOS I - O Segredo dos Poderosos escrita por André Drago B


Capítulo 12
Capítulo 11 - Fera da Noite


Notas iniciais do capítulo

Eu sei que demorei, mas espero que gostem dos capítulos. Aproveitem!!!



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CAPÍTULO 11

FERA DA NOITE

  O sol estava se pondo no horizonte. A sua luz pintava tudo o que se via de um tom amarelado. Poucas nuvens flutuavam, enfeitando o céu.

  Bem mais abaixo, quatro pessoas andavam escondidas em meio a altas árvores que compunham uma extensa floresta. Eles caminhavam por uma trilha de terra. Dois estavam montados em um cavalo, e os outros dois estavam em pé.

—Acho melhor nós pararmos e acamparmos aqui. Temos que acender uma fogueira antes do anoitecer, para nos esquentarmos e espantarmos as feras noturnas. – recomendou Taya.

 Os outros três concordaram.

—Mais a frente há uma pequena clareira, em meio a aquelas árvores! – reparou Will, olhando para o local que ele indicou.

  Os quatro seguiram para a pequena clareira. Ela ficava em meio a enormes árvores desbotadas. O chão dessa clareira era coberta por folhas mortas e secas. Ao lado dessa clareira havia a pequena trilha pisoteada por eles mesmos por onde haviam passado. Do outro lado, tinha um pequeno amontoado de árvores, igual ao que eles estavam.

  A escuridão já começara a aparecer a medida que o sol ia embora. Os quatro se amontoaram na clareira. Eles colocaram as suas coisas no chão e começaram a se arrumar.

  Taya começou a recolher o máximo de gravetos secos que podia achar e amontoa-los no centro da clareira. Ali seria a fogueira, se eles conseguissem acendê-la. Isaac pegou um graveto, e com um pedaço um pouco maior de tronco de árvore que achara pelo caminho, começou a friccionar os dois, na tentativa de acender fogo. Luke, ainda em silêncio, pensando no que os seus dois amigos lhe contaram sobre uma criatura que poderia ter matado Taya, começou a ajudar Isaac nessa tarefa.

 Will sentou-se no chão e ficou observando os dois tentarem acender a chama. O barulho das suas correntes pôde ser escutado, pois os dois jovens quebraram um pedaço da corrente que o prendia a parede. A outra parte das correntes ficou nas algemas que ainda estavam presas aos pulsos do homem. Alguns segundos depois, Taya andou até ele, e sentou-se ao seu lado. Os dois ficaram em silêncio por alguns segundos.

—Você não ouviu nenhum barulho de monstro ou fera?

—Não, não ouvi! – respondeu Taya a indagação do homem. – Se não tivesse visto a marca no chão e a cobra morta, não teria nem pensado que uma fera teria passado por ali!

—Doeu quando a cobra te mordeu?

—Uma ardência em algumas partes do corpo, uma dor na cabeça e o escurecimento da minha visão! Nada mais.

—E não sangrou a região em que a cobra te mordeu?

  A jovem não respondeu com palavras. Ela puxou a calça um pouco para mostrar a marca das duas presas do animal na panturrilha. A calça da menina já mostrava a marca, pois as presas haviam furado essa parte da roupa e entrado na pele.

 A região da mordida estava extremamente avermelhada e dois riscos de sangue escorriam dos orifícios.

—Está bem avermelhado! – assustou-se o homem.

—É claro que ficaria assim! É uma mordida de cobra. – justificou Taya.

—Bom, ainda assim é bem estranho! Você quase não sentiu dor!

—Mas, isso é uma coisa boa!

—Não Taya, isso não é uma coisa boa.

 A jovem abaixou a calça novamente e esticou as pernas. Com os braços cruzados e apoiada em uma árvore, ficou observando os seus dois amigos tentando acender a chama. Gira para um lado e para o outro! Aperte bem o graveto ao pedaço de madeira! Aquilo já estava deixando-a com sono.

 Alguns segundos depois, Isaac soltou um grito de exclamação.

—Conseguimos!

  Eles pegou um pequeno amontoado de palha seca que Taya trouxera junto com os gravetos, e pressionou a ponta do graveto nesse amontoado. Quando viu um pouco mais de fumaça, soprou de leve sobre o amontoado de palha. Quando viu uma pequena chama se erguer, colocou a palha em cima do monte de gravetos que Taya havia amontoado no centro da clareira. Ela havia tirado as folhas secas dali e cercado tudo com três pesadas pedras que ela achara em meio as árvores. O fogo se espalhou por todo o montinho de gravetos secos, proporcionando uma fogueira para eles.

  Taya sentiu um pequeno calor, provocado pela chama que acabara de surgir. Ela viu o fogo se espalhar por todos os gravetos do monte e queima-los, deixando-os negros e quebrando-os. O barulho era relaxante.

  A escuridão começou a tomar conta de tudo. A cada minuto, mais escuro ficava, e a luz do sol era substituída pela luz da fogueira. Os outros dois jovens se sentaram em volta da fogueira, assim como ela e Will.

—Vejamos o que a mãe de Taya nos deu para comermos! – Luke interrompeu o barulho do fogo, e pegou uma das mochilas que estavam do lado do tronco de uma árvore. Era a mochila que a mãe de Taya havia dado a eles cheia de alimentos.

  Ele abriu-a e começou a remexê-la. Logo que viu uma maçã avermelhada, tirou-a da bolsa e começou a comê-la.

—Ei, eu também quero! – gritou Taya. Todos queriam comer, pois estavam esfomeados. A jovem Mutante lembrava que a última vez que havia comido foi antes de fugir da sua casa, no jantar com os seus pais.

 O Mutante pegou outra maçã e jogou para ela. Pegou outras duas e jogou-as Isaac e Will.

  Quando Taya mordeu a maçã, sentiu o delicioso gosto adocicado da fruta. Ela olhou para o alimento e viu o buraco amarelado com a marca dos seus dentes que ela havia feito, mordendo-o. Depois de mastigar e engolir o pedaço que havia comido, ela mordeu outra vez e olhou para o céu. Naquele momento, tudo já estava tomado pela escuridão recém-chegada da noite. O céu estava cheio de estrelas, que à medida que o tempo passava, mais surgiam. A jovem ficou encantada com a beleza da natureza. O silêncio colaborava para quê a visão ficasse ainda mais bonita.

  Quando acabaram de comer, jogaram a maçãs para longe. Um a um, foram deitando e se preparando para dormir.

—Amanhã teremos que acordar mais cedo para conseguirmos chegar à casa do meu conhecido em Weneryn, por isso, eu acho melhor irmos dormir logo. – disse Will. As correntes que ainda estavam presas aos seus braços fizeram um barulho quando ele deitou-se no chão coberto de folhas.

  Os outros jovens concordaram e deitaram-se no chão, em volta da fogueira quente. Taya também o fez, e virando-se de costas para a fogueira, tentou evitar que a luz que vinha desta atrapalhasse o seu sono. Fazia poucas horas que ela havia dormido, mas já teria que dormir novamente. Já se sentia cansada de novo.

  A jovem voltou a olhar o céu. Uma estrela cadente passou correndo em meio a todas as outras que enfeitavam o céu. Ela sentiu o silêncio e o calor atrás das suas costas, provocado pela chama. Então, o silêncio atiçou o seu sono, e logo, ela dormiu.

 

 Ela corria pela floresta enquanto a luz do sol penetrava pela copa das árvores. O vento passava pelo seu rosto à medida que ela corria. Ela saltava os troncos caídos no chão e ouvia os sons dos pássaros piando. Taya se sentia em paz em meio aquela linda floresta.

  De repente, alguém falou baixo:

—Taya, acorda!

 Ela olhou para os lados mas não viu ninguém. Percorreu a sua visão em volta e continuou sem ver nada.

—Taya, acho melhor você acordar!

  Ela continuou em volta, mas continuou sem ver ninguém. De repente, ela ouviu um rosnado baixo que provocou um frio na sua espinha. Ela olhou para o chão e viu as folhas que se espalhavam pelo solo da floresta manchadas de sangue.

—Taya, se você não acordar, vamos morrer!

 De repente, o chão da floresta ficou ainda mais manchado por sangue, e então, um rugido alto...

A jovem abriu os olhos, acordando do seu pesadelo. Ela ouviu barulhos de passos, que pisavam com força sobre as folhas secas da floresta. Tudo estava escuro. Taya reparou que a fogueira havia se apagado. Ela sentiu o frio da noite.

  Lentamente, ela virou para trás. Logo viu Isaac ainda deitado, mas com os olhos abertos tal como Will. Luke, com a cabeça logo acima da sua era quem a chamava com voz baixa, também deitado. Mas todos olhavam para um lugar só.

 Taya direcionou a sua visão e viu uma mancha negra gigante andando lentamente. Era dessa mancha que vinha os rosnados e rugidos.

—O que é isso? – indagou a jovem baixinho, sem entender exatamente o que era a mancha.

—Isso é um tigre mutante. – respondeu Luke.

—Isso existe?!

—É claro! Existem vários animais mutantes. Esse é um, e é bem grande!

 Quando o animal passou por uma faixa de luz que penetrava pelo alto das copas das árvores, a Mutante pode ver rapidamente as listras negras do animal em contraste com seu pelo alaranjado.

—Como nós vamos sair daqui agora? – indagou a jovem.

—Acho que ele está apenas querendo proteger o território dele, então é melhor nos mantermos deitados para ele achar que nós estamos mortos.

  E se mantiveram naquela posição, fazendo rápidos e discretos sinais para mostrar para Will e Isaac se manterem assim também.

   A fera veio andando até eles. Ela se aproximou de Taya, e encostou o seu focinho enorme no rosto da Mutante. A jovem se segurou para não gritar. Sentiu o medo percorrer por ela, enquanto tentava segurar a sua respiração.

  A fera, quando acabou de cheirar ela, foi até Luke. A Mutante soltou a sua respiração lentamente e de forma silenciosa.

  Todos ali passaram por aquele momento de tensão. Quando a fera cheirou Will, concluiu que ali estavam todos mortos. Então seguiu em direção as árvores, sumindo no escuro.

  Repentinamente, Will se levantou, amedrontado. Ele correu até onde estava Isaac, produzindo muito barulho quando suas botas pisaram nas folhas secas espalhadas pelo chão da floresta.

  A fera se virou para eles quando ouviu o barulho que o homem fez, e ela logo entendeu que eles não estavam mortos.

—Will, olha o que você fez! – exclamou Taya, se levantando do chão.

  Isaac não esperou nem mais um segundo. Pegou a sua bolsa que estava perto dele e dela tirou as três espadas que os jovens utilizavam em seus treinamentos.

—Taya, Luke! – ele jogou duas das espadas para o seus amigos.

—Eu vou ficar sem, desprovido de armas?- gritou Will, em uma indagação assustada.

—Você é a isca! Vai na frente, e quando a fera tentar te matar, nós a atacamos!

—O quê?!

—Só vai logo! – Isaac já estava impaciente, e com a espada preparada.

  Will foi andando lentamente em direção ao monstro. O tigre fazia o mesmo, enquanto rosnava e mostrava as suas enormes presas amareladas. A medida que um ia chegando mais perto do outro, os três jovens se aproximavam também aos poucos, seguindo logo atrás de Will.

  De repente, O tigre deu um rugido alto e com dois enormes passos, pulou em direção a Will, que se abaixou. Isaac girou a sua espada, que passou logo abaixo do queixo do animal e acertou a sua perna. Com um enorme grito de dor, a fera caiu atrás deles, que e viraram rapidamente.

—Luke, tenta atacar por baixo quando ele pular! Taya, ataque do lado esquerdo da fera porquê... – o jovem nem conseguiu terminar de falar, pois o animal investiu mais um ataque contra eles.

  Luke abaixou-se logo quando a fera deu mais um pulo. Taya girou a sua espada e cortou o lado esquerdo da fera, como Isaac havia dito.

  Quando a fera caiu do outro lado novamente, Will se levantou, e amedrontado, correu. O tigre ia dar um pulo em cima dele, quando Luke correu em sua direção, e abaixando-se, cortou a barriga do animal. Com raiva, a fera deu uma patada em um das asas de Luke e a feriu. O sangue avermelhado do jovem pintou a sua asa branca, enquanto ele gemia de dor.

  Luke deixou a espada cair longe dele, e a fera ia investir um ataque mortal contra ele. Percebendo isso, Isaac correu para ajudar o seu amigo, mas a fera nem deu importância. Continuou correndo até alcançar o Mutante.

  Isaac pulo na frente da fera, que com uma patada, jogou o jovem corriqueiro longe. A fera caiu ao lado de Luke, pois ela não havia conseguido terminar o seu ataque contra o jovem Mutante porquê Isaac a atrapalhou.

  O tigre rosnou enquanto sua visão ficou direcionada para Luke. O jovem percebeu que a fera andava lentamente até ele e que logo daria um bote. O Mutante pôde ver a sua espada caída longe dele. Se corresse rápido, conseguiria pegá-la e usá-la contra o animal. Ele sabia que provavelmente não conseguiria, mas valia a pena tentar, pois era melhor que morrer comido por uma fera.

  Ele virou-se em direção a espada e correu. Tentou ir o mais rápido possível e pôde ver a sua espada cada vez mais perto dele. De repente, ele sentiu uma dor forte em sua costela. Sentiu que foi jogado longe e que a sua visão estava se escurecendo. Ele bateu a cabeça com força no chão.

 Antes que a fera pudesse ir até ele, Taya se jogou em direção dela. A jovem exibia as suas pequenas e afiadas garras que saiam da ponta de seus dedos, prontas para arranharem alguém. Em sua mão direita também havia uma espada prateada e brilhante.

 Ela tocou o corpo peludo do animal, e se agarrou logo em sua coluna. A fera se balançou  e se colocou em duas patas, tentando fazer com que a Mutante saísse de cima dela. Mas Taya se prendeu ainda mais em suas costas, encravando as suas pequenas garras ainda mais na barriga do animal.

  A fera, quando caiu novamente no chão, rugiu e tentou aproximar a sua cabeça enorme de Taya, contorcendo o seu corpo. A Mutante, com medo de ser mordida, largou-se da fera, cortando-a e sentindo-se cair no chão.

 O animal virou para ela, mas quando ia matá-la, ouviu um grito.

—Não, você não vai matá-la! – era Will. Ele segurava uma das espadas que havia caído da mão de algum dos jovens, provavelmente a de Luke. As suas correntes balançavam, fazendo barulho.

  A fera rugiu forte, o que amedrontou o homem barbudo, mas nem assim ele parou. A fera passou por cima de Taya sem pisá-la e correu até Will. O homem preparou a espada, e quando viu que a fera estava muito perto dele, girou a arma.

  O tigre se desviou do golpe do homem, esquivando-se. Mas Will queria ferir o animal. Ele deu um passo para frente e girou mais uma vez a espada. A fera levantou a sua enorme pata e bateu com força contra a arma, jogando-a perto de um arbusto, não muito longe dali.

  O homem se jogou no chão em direção ao arbusto, mas ante que pudesse pegar a espada, o tigre pisou em cima das suas correntes que pendiam das algemas ainda em seu pulso. A espada estava a alguns centímetros da sua mão e ele tentava alcança-la, mas suas algemas o machucavam. Ele sentiu o sangue escorrer quando feridas se formaram após as algemas o machucarem muito. Ele soltou um pequeno gemido de dor.

  Então, de repente, suas algemas fizeram uma barulho e simplesmente se soltaram de seus pulsos. Ele se arrastou mais para frente, e antes que a fera pudesse abocanhá-lo, ele a feriu com a sua espada, fazendo com que a arma cortasse a garganta do tigre de um lado ao outro. O animal estava morto.

—Como assim?! – Isaac disse, levantando-se do chão e andando até onde estava Will. – Como você fez aquilo? Como quebrou algemas de ferro grossas? Não tem como, só com alguma ferramenta muito pesada.

—Eu não sei! Só senti elas se soltando dos meus pulsos e não pensei em mais nada a não ser matar o animal! – respondeu o homem ofegantemente.

  Taya se levantou e foi até Luke. O jovem estava inconsciente e machucado. Sua roupa estava úmida de sangue. Taya tirou a camisa do jovem para ver melhor a ferida. Um rio de sangue jorrava de uma ferida na costela esquerda do jovem, manchando o seu tronco musculoso.

—Isaac, pegue a minha bolsa! – ela gritou para o jovem. Ele a obedeceu.

  Quando chegou perto dela, deu a mochila para a Mutante, que tirou de dentro dela um pano velho e desbotado. Ela o pegou limpou a ferida de Luke. Depois, amarrou o pano em volta das costelas de Luke, dando um nó forte.

—Preciso pegar alguma erva medicinal! – disse a jovem, olhando em volta como se procurasse alguma coisa.

—Taya, - atrapalhou Isaac – você acha que era aquela fera que estava na vila e que matou a cobra?

—È claro que não! Tenho certeza que entre eu e a cobra, ele ia preferir eu. E ele só caça a noite! Por que o faria de dia?

—Faz sentindo. – concordou Isaac.

—Mas uma coisa é certa: há algo nos seguindo! – a jovem olhou para o enorme corpo do tigre mutante esticado no chão. – E não é aquilo!


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Notas finais do capítulo

Se vocês gostaram e querem mais, me deixem feliz: comentem, recomendem, curtam e acompanhem a história, por favor!!!