MUTANTES & PODEROSOS I - O Segredo dos Poderosos escrita por André Drago B


Capítulo 11
Capítulo 10 - Todas as Estrelas do Céu


Notas iniciais do capítulo

Aproveitem!!!



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CAPÍTULO 10

TODAS AS ESTRELAS DO CÉU

 

Os olhos de Kira focavam o papel amarelado no livro que ela tentava ler. As palavras enfeitavam as páginas, contando histórias. Era um livro de contos, onde cada página contava um conto diferente, mas ela continuava pensando no seu pai. Estava ali, tentando ler aquele livro há horas. Havia virado várias páginas, mas cada conto que ela “lia” só a fazia lembrar de seu pai, o que tirava sua atenção.

—Assim, você não vai conseguir entender o livro!

—O quê? – indagou Kira a essa voz.

—Se continuar parando a sua leitura para ficar pensando, não vai conseguir entender os contos.

—È verdade, mas não consigo prestar atenção, Jackie! Tudo me lembra o papai!

—Mas temos que nos distrair um pouco para não viver na tristeza, Kira.

—Você tem razão. – afirmou a jovem, reconhecendo que o seu irmão estava certo. – Então, tenho que me esforçar para prestar mais atenção. Obrigada Jackie!

  Ela olhou para as páginas. Voltou a ler as palavras que ali estavam. A história era tranquila de se ler e divertida, de forma que Kira compreendeu que o único motivo para qual ela estava complicada de se ler era que ela não conseguia investir a sua atenção nos contos.

  Havia se perdido nas histórias. Estava lendo um dos vários contos do livro, onde um homem achou uma raposa em sua plantação de trigo e decidiu cuidar dela. Mas a raposa sumiu, então ele saiu pelos bosques e florestas a procura dela e então...pam, pam, pam! – alguém bateu de leve na porta.

—Eu a abro! – disse Jackie. Ele foi até ela, e girando a maçaneta, a abriu.

—Boa noite, senhor Jackie Haland! – era Dylan, brincando com o menino. Ele tentava imitar a voz de um servidor do castelo.

  Jackie riu para isso.

—Dylan! – Kira disse, fechando o livro e levantando-se da cama. Foi até a porta. – O que você está fazendo?

—Ora, Kira! Pare com esse rosto triste! Vim convidar vocês para um passeio!

—Mas Dylan, está de noite e tem um assassino à solta!

—Eu lembrei disso, mas ai pensei: “Se ele chegar, atacamos ele!” – ele comentou o seu próprio pensamento. – Eu trouxe um arco para você. E eu tenho essa espada! Então, se alguém tentar atacar a nós três, acho que vai se arrepender. Mas nós também não precisamos ir muito longe!

—Bom, - disse Kira – contanto que eu não seja atacada por um assassino, então tudo bem! Venha Jackie!

—Eu não quero ir!

—O quê? Você acabou de me falar que é para distrairmos um pouco a cabeça para não viver na tristeza!

—Eu só não quero ir! Prefiro ficar aqui! Estou um pouco desanimado e indisposto.

—Então, tudo bem, mas tome cuidado! Não se esqueça que há um assassino à solta por ai!

—Eu é que deveria alertar vocês!

  Eles riram um pouco. Depois, Kira saiu do quarto e fechou a porta. Ela estava com a mesma roupa desde o horário da assembleia, mas tentava não se lembrar daquele momento, pois voltaria a ficar melancólica e triste.

  Eles começaram a andar pelos corredores do castelo iluminado por tochas incessantes. Todos esses corredores eram enfeitados com estátuas, armaduras vazias, etc. Os jovens continuaram passando por vários corredores, salões e quartos, até chegarem a um salão bem grande. O seu teto era muito alto e ele tinha várias pilastras. Do outro lado dele havia uma porta grande com quatro guardas a vigiando.

  Os dois Corriqueiros foram até os guardas. Ao chegarem neles, Dylan mandou:

—Abram a porta!

—Mas senhor Dylan! – interrompeu um dos guardas. – É perigoso ficar lá fora a essa hora da noite!

—Não se preocupe. Eu posso me defender de qualquer Mutante que tentar me matar!

  Sem perguntar mais nada, os guardas abriram o portão de madeira. Ao lado de fora havia grades grossas, que com uma chave, eles as abriram.

—Voltaremos depois! Se demorarmos muito, mande alguns guardas atrás de nós! – mandou Dylan. Aquele guarda assentiu.

  Eles saíram em uma enorme varanda, com saída dos dois lados, onde havia alguns degraus para se descer. Eles desceram pelos degraus da esquerda, saindo direto no pátio onde Kira reencontrou Dylan naquele dia, logo quando chegou.

  Passando por aquele pátio, eles começaram a correr por um campo relvado que envolvia o castelo. A menina apenas seguiu Dylan que foi na frente. Eles correram por alguns minutos até se afastar bem do castelo. Acabaram entrando em um bosque. As florestas ocultaram a luz irradiante que vinha das inúmeras tochas do castelo.

  Eles começaram a andar pelo meio daquelas árvores.

—Há um bosque dentro da área nobre? – indagou Kira.

—Esse é apenas um dos muitos outros que nós temos aqui!

  A área nobre se encontrava no centro da capital Hanrraá. Era uma área enorme e muito extensa onde moravam os lordes, alguns nobres e a rainha.

  Kira pode ver que Dylan segurava uma cesta na mão, mas a escuridão da floresta a impedia de ver com detalhes. Ela apenas continuou seguindo a silhueta dele.

  Depois de andarem um pouco, eles saíram em uma clareira no meio do bosque. Nessa clareira havia um tronco caído e muita grama esverdeada, mas tudo possuía um tom azulado por causa da luz da lua.

  Kira olhou para o céu. Havia milhões de estrelas enfeitando-o. Bem ao centro, a lua era o que mais chamava a atenção. Algumas estrelas pareciam se mexer quando as suas luzes piscavam.

Ela não aguentou não elogiar o lindo céu:

—È maravilhoso!

—Você precisa ver no inverno, quando tudo está tomado pela neve, as auroras-boreais dão uma cor a mais ao céu, para compensar toda a cor da natureza que é perdida na terra pela neve. – ele deu um rápido e discreto sorriso. – Sente-se aqui.

  A jovem olhou para ele, que havia sentado na grama, com as costas encostadas no tronco caído. Ela foi até ele e sentou-se ao seu lado. Ele pegou a cesta e a colocou entre eles. De dentro dela, tirou um bolinho de chocolate.

—Isso daqui é muito bom. Experimenta!

   A jovem enfiou a mão dentro da cesta e puxou um bolinho. Parecia delicioso. Depois, o comeu. Era realmente muito bom.

 -Algum dia vou tocar nas estrelas! – imaginou Kira.

—Nossa, que imaginação fértil! Acho que para isso você precisaria de asas, e me parece que você é uma Corriqueira e não uma Mutante! – ironizou Dylan.

  Ela soltou uma risadinha.

—Às vezes, tenho vontade de ser uma Mutante!

—Às vezes, eu também!

—Eles conseguem fazer coisas que nós Corriqueiros não podemos. E, nem sempre, ser diferente é algo ruim. Há vezes em que devemos ser diferentes para sairmos da normalidade que nos prende!

—Exatamente! Acho o mesmo, mas não consigo entender como um mutante consegue assassinar alguém! Por que faria isso?

—Não sei Dylan, mas eu vou achar quem fez isso com o meu pai! Não o odeio, apenas quero saber por que fez isso!

—Então, conte com a minha ajuda, e vamos achar juntos o assassino. – Dylan a apoiou. Ela deu um pequeno sorriso. A luz da lua, a jovem pode ver o perfil do príncipe. Ela pode ver que alguns pelos já estavam nascendo no rosto dele.

—Obrigada Dylan! – ela voltou a sua visão para o céu.

  Alguns minutos de silêncio se passaram, o que acalmou Kira.

—Dylan, amanhã, eu e Jackie queremos ir ao castelo do meu pai. Não quer ir conosco?

—Claro! – respondeu o jovem, calmamente.

   Uma estrela passou correndo pelo céu. Era uma estrela cadente. Ela sentiu o silêncio. O vento. A luz da lua e das estrelas. Ouvia apenas os milhares barulhos de cigarras, grilos, sapos e corujas. A respiração de Dylan também pode ser escutada.

  De repente, algo se mexeu em um arbusto a frente deles. Lentamente, os dois se levantaram. Dylan tirou a sua espada de seu estojo e Kira preparou o arco. Ela mirou bem no centro do amontoado de plantas.

—Tem alguém ai? – Dylan ficou sem resposta. – Apareça!

 Mas o silêncio foi o que prevaleceu.

  Kira começou a sentir medo. Seu coração começou a bater mais forte. “Não pode ser o assassino”, ela já desconfiava do pior. Com medo, puxou a corda do arco e atirou uma flecha contra aquilo, mas nada aconteceu.

 De repente, do meio da planta, uma mancha pequena e negra pulou para fora. Dylan ia atacá-la, quando Kira gritou:

—Não! É só um coelho!

 Então Dylan pode ver que ela estava certa. Era apenas um coelhinho. Eles riram. Depois se sentaram onde estavam, novamente.

—E o jovem príncipe com medo de um coelhinho! – ironizou a jovem.

—Você também estava com medo!

—Mas pelo menos, eu não tentei matá-lo quando já tinha visto que era apenas um coelho.

  Novamente, eles riram. Depois tudo ficou em silêncio.

  Kira então, começou a sentir calor, como se algo quente estivesse ao lado dela. Ela olhou em volta e não viu nada que pudesse estar provocando este calor. Mas, ela, mesmo com esse calor estranho, fechou os olhos e começou a sentir o vento passar por seu rosto. Não sabia o que estava provocando este calor, mas ela não se importou. Apenas continuou do jeito que estava, pois era um calor agradável.

 

  Depois do café da manhã, Kira, Jackie e Dylan foram ao castelo de Lorde Haland. Os três passaram pela mesma praça de sempre. Pegaram um caminho parecido ao que os dois jovens usaram para chegar a clareira na noite anterior, mas em vez de virarem para a direita, seguiram reto. Passaram por um enorme campo relvado, enfeitado com flores.

  À medida que eles andavam, podiam ver o castelo principal, aquele enorme edifício, encolhendo-se atrás deles. Continuaram andando. O castelo de Lorde Haland não era muito longe do castelo principal.

  De repente, um quilômetro a frente, Kira e Jackie, junto com Dylan, puderam ver o castelo do pai deles. Andaram mais um pouco até chegar nele. O castelo era grande e feito de pedra, com algumas torres e salões. Na frente do castelo, um enorme, lindo e profundo lago. Os três prosseguiram, passaram pelo lago e chegaram até o castelo.

  Quando se aproximaram da porta, a empurraram. Não havia mais guardas para abri-la para eles. Na verdade não havia mais ninguém ali.

  Os três entraram direto no salão principal. Ele estava quieto. Não havia nenhum som, e nada que pudesse produzir um. Os jovens começaram a andar por eles.

  Depois dele, havia outra porta enorme que os três abriram. Do outro lado, outro salão bem menor. O teto era mais baixo, mas o salão era tão comprido quanto o outro. No centro desse segundo salão havia uma enorme mesa, cercada de varias cadeiras. Kira pode olhar para ela e lembrar dos momentos que passou com a sua família. Todos os visitantes que jantaram junto com eles naquele lugar. A sua mãe se assentava perto do seu pai, que ficava na ponta da mesa. Ela permanecia de frente para a sua mãe. Todos os momentos que passou ali foram bons. Aquele lugar lhe recordava muitas coisas.

  Eles continuaram a andar. Atravessaram uma terceira porta do outro lado do salão de jantar a qual eles estavam naquele momento conseguiram ver um extenso corredor. Ela se lembrou de todas as vezes que correu naquele corredor, brincando e se divertindo. Sentiu as lágrimas escorregarem por seu rosto e a emoção tomar conta dela.

—Eu me lembro desse corredor. Eu já brinquei muito aqui! – ela limpou uma lágrima que tentou sair de seus olhos.

  Eles continuaram a caminhar dentro do edifício. Pegaram o lado esquerdo e seguiram por ele. Chegaram a uma escadaria em formato de espiral, e calmamente, subiram cada degrau do lugar. Ao chegar ao lado de cima, se depararam com outro enorme corredor com o teto enfeitado, em formato de anéis. Eles prosseguiram até chegar à porta no final do corredor, onde encontraram uma biblioteca.

  Eles passaram pela porta do lugar e começaram a andar por ele. Ela era toda arrumada, cada tipo de livro em sua devida estante.

  De repente, Jackie disse:

—Onde estão os livros de geografia desta estante?

  Dylan e Kira foram até ele, onde puderam ver a estante de livros separada para os livros de geografia vazia. Havia alguns livros apenas, mas ela estava, em maioria, vazia.

—Realmente, aonde eles foram parar? – Kira estava confusa.

—Acho melhor continuarmos andando! – interrompeu Dylan.

  Os outros dois concordaram e eles três saíram dali. Ao lado da porta da biblioteca havia uma escadaria. E eles começaram a subir. Quando chegaram ao topo da escadaria, puderam ver um corredor enorme. A luz do sol que entrava pelas janelas era o que iluminava este corredor.

—Naquela porta, no final desse corredor, é o quarto do meu pai! – disse Kira, indo com o seu irmão e seu amigo até lá.

  Quando chegaram à porta, Kira fechou os olhos e pôs-se a chorar. Lembrava-se de todos os momentos que passou ali. Dylan se aproximou dela e a abraçou. O seu abraço quente e aconchegante a consolou.

   O quarto era grande e em formato arredondado. O teto era uma cúpula. Havia um armário que cobria metade da parede do quarto. Em cima, uma estante com os livros e pergaminhos os favoritos de Lorde Haland. Ainda nessa estante, algumas armas de guerra a enfeitavam.

  Na outra parede, uma enorme e aconchegante cama acolchoada se dispunha. Três enormes janelas subiam desde um pouco acima do chão até o teto. E no centro do quarto, em cima de um enorme tapete, uma mesa.

—Foi aqui que Lorde Haland foi encontrado morto! – disse Dylan de forma triste.

  Kira chegou mais perto da mesa, e com lágrimas nos olhos pode ver as marcas de sangue secas no tapete e em cima da mesa. Com a sua mão direita, ela tapou a boca e deixou que mais lágrimas escorressem por seu rosto jovem.

—O que é isso? – indagou Jackie, assustando-os. – Os livros de geografia! Estão aqui!

  Kira direcionou o seu olhar para a mesa e viu que o que Jackie falava era verdade. Os livros de geografia estavam ali.

—Por que papai estava lendo livros de geografia? – a jovem estava confusa. –Papai detestava geografia, e só lia livros sobre isso quando era necessário.

—Então, - interrompeu Dylan. – ele necessitava de algo!


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Se sim, curtam, comentem e recomendem, por favor! Não se esqueça que semana que vem teremos novos capítulos.