Um Simples Mal-Entendido escrita por Haruyuki


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Eu não sei como, mas essa ideia veio até mim enquanto eu cozinhava. Eu sou maluca mesmo.



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Victor Nikiforov é um estudante exemplar. Presidente do Conselho Estudantil, inteligente, bom em esportes, popular. Mas isso não passa de uma máscara que esconde suas incertezas da vida. Ele se pergunta como sua colega de classe Mari Katsuki consegue ser completamente o oposto dele. Ela tira notas razoáveis, não participa de aulas de educação física, dorme nas aulas e quando está entre amigos, seu assunto preferido é seu irmão mais novo. Ela também está decidida com relação ao futuro e é isso que o incomoda.

Mari Katsuki sempre recebe atenção especial dos professores: Ela deixa de vir certos dias, mas não recebe falta; dorme nas aulas; recebe notas deles no fim das aulas com o conteúdo do dia e pode atender o celular na sala de aula. Quando Victor questiona sobre isso, professora Okukawa nega com a cabeça e diz que ela está passando por problemas pessoais. E então, ele decide descobrir mais sobre o segredo dela e no fim das aulas, a segue até uma área comercial da cidade e a vê entrando em uma casa oriental chamada Yutopia Akatsuki e tira uma foto. Logo, um casal entra também e ele deduz que o local é um motel. Engolindo em seco, ele passa na frente do local ao mesmo tempo que duas mulheres saem de lá, sorrindo e congela, pois um anjo super fofo acenava para elas enquanto a porta se fechava. Óculos, cabelos negros, olhos escuros e rosto arredondado. Foi tudo o que conseguiu ver, mas o suficiente para desejar abraçar aquela figura pelo resto da vida. Mas… O que aquele ser angelical estava fazendo naquele lugar tão…

“Yuuri é tão fofo!”

“Tão jovem e competente trabalhando!”

Trabalhando? Aquele menino está trabalhando. Não, isso não pode ficar assim.

No dia seguinte, antes das aulas começarem, Victor segue até a sala dos professores e se aproxima da diretora Baranoskaya.

“Diretora, tenho provas de que Mari Katsuki está entrando em um motel na zona comercial da cidade.” Ele diz,.erguendo o celular com a foto dela entrando em Yutopia. “E possuo relatos que uma criança, um garoto um pouco mais novo que eu, está trabalhando no local.”

Diretora Baranoskaya e professora Okukawa, que havia se aproximado para ouvir o que ele tinha de falar, se entreolham.

“Minako, traga Katsuki.” A diretora ordena e Minako afirma com a cabeça.

Logo ela e a colega dele surgem.

“Katsuki, Nikiforov aqui diz ter visto você entrando em um motel e que um garoto trabalha nele.” A diretora fala, e ela olha para Victor.

“Motel?” Ela pergunta, aparentemente confusa.

Quando a diretora mostra a foto, ela arregala os olhos e… começa a dar altas gargalhadas?

“Desculpa, cara, mas minha casa não é um motel e sim uma pousada de fontes termais. O garoto em questão é meu irmão, que me ajuda a sustentar ela quando estou ocupada.” Ela responde, fazendo Victor arregalar os olhos.

“Mas e sua família?” Ele pergunta, não entendendo mais nada.

“Yuuri é minha família.” Ela responde, agora séria. “Nossos pais morreram dois anos atrás e como só nós 4 viemos para cá, perdemos todos os contatos com o resto da família.”

Isso é… triste. Então é por isso que os professores a ajudam?

“Além disso, tanto eu como Yuuri estamos acompanhados de adultos que nos ajudam a cuidar da pousada. Não é, Professora Okukawa e Professor Ciadinni?”

“Sim. Com o maior prazer.” Professor Ciadinni responde, sorrindo.

“Tenho uma idéia! Victor, por que não visita a pousada?” Professora Okukawa sugere. “Mari?”

“Eu não me importo. Mas só dessa vez.” Ela diz, olhando dela para o jovem russo. “E então? O que vai ser?”

“Se não for problema…” Ele começa a falar, mas é interrompido por um barulho de celular.

Mari pega o aparelho e atende.

“Alô. Sim, sou eu? Quê? Qual hospital?” Nisso, Victor percebe que todos os adultos param para olhar para a jovem. “Tudo bem. Eu estou a caminho.”

Ela desliga, se tremendo.

“Desculpa, diretora. Eu preciso ir. Yuuri está no hospital de novo.” Ela diz, sendo abraçada pela professora Okukawa.

De novo?

“Mari, isso já está passando dos limites.” Diretora Baranoskaya diz, assustando Victor. “Seu irmão já sofreu bullying o suficiente. Eu vou fazer algumas ligações e vou com você até o hospital.”

Aquele anjo super fofo sofre bullying?

“Victor, já que você andou me seguindo, presumo que saiba o endereço da pousada. Venha depois de amanhã.” Mari diz, friamente. “Talvez você possa até se tornar amigo de Yuuri.”

“Claro. E me desculpe por tudo isso.” Ele diz, embaraçado. “Espero que ele melhore logo.”

“Valeu.” Ela diz, mordendo o lábio.

~x~

Dois dias depois, Victor se vê na frente da pousada. Ele abre a porta hesitante e sente sua respiração falhar ao ver seu anjo ali, em uma grande bancada, escrevendo algo com seus braços enfaixados. Quando ele levanta o rosto também enfaixado e olha para o jovem russo, ele sorri.

“Seja bem vindo.” Ele diz, e meu deus, até a voz dele é divina!

“Err, meu nome é Victor Nikiforov. Colega de classe de Mari Katsuki. Eu…” O jovem russo começa a dizer, mas se interrompe ao ouvir uma risada abafada dele e começa a se perguntar se ele está morto.

“Eu sei quem é você. Mari-neechan vive me falando sobre você. Mas pelo visto, ela só estava falando do seu exterior.” Victor arregala os olhos, e se pergunta como aquele garoto sabe disso. “Mas não irei me meter no que não é da minha conta.”

E então, Professor Ciadinni surge, e sorri ao ver Victor.

“Oh, você veio mesmo, Nikiforov! Yuuri, porque não se junta a ele nas fontes? Você pode aproveitar e ensinar as regras para ele.”

“Certo. Muito obrigado, Ciao Ciao!” O menino diz, fechando os livros e os guardando.

O jovem russo o vê se aproximando dele, sorrindo.

“Vamos?”

Victor apenas afirma com a cabeça, se vendo ser guiado pelo menino japonês por entre os corredores. E então, ele se vê relaxando nas fontes termais, acompanhado do menino com seu corpo cheio de cicatrizes e marcas do abuso.

“Por que você sorri? Sua vida não me parece ser feliz.” Ele pergunta, fazendo o menino o olhar.

“Isso é porque você está considerando seus conceitos de felicidade, sem se importar se esses conceitos são compartilhados pelas outras pessoas.” O menino responde, o fazendo arregalar os olhos. “Eu continuo a sorrir, pois eu sou feliz. Eu estou vivo, tenho a irmã perfeita, um teto, escola, comida e memórias. Claro que no início foi complicado, mas nós dois superamos a tristeza para vivermos cada dia espacialmente.”

“Yuuri, posso perguntar quantos anos você têm?”

“15.” O menino responde.

“Você sabe o quer ser como crescer?” Victor pergunta.

“Talvez.” O menino responde, dando risadas. “O futuro é algo incerto. Mas o presente é para ser vivido. Você sabe o que quer fazer da vida?”

Victor nega com a cabeça.

“Meus pais não se importam muito com isso. Mas insistem que eu tome uma decisão.” Ele responde, fazendo o menino sorrir.

“Então, o que você gosta de fazer no seu tempo livre?”

“Eu gosto de cozinhar, já que passo muito tempo sozinho em casa. Gosto de ler e estudar, e faço exercícios direto.” Victor responde.

“Interessante.” O menino responde. “Por que não se baseia nisso?”

“Você quer dizer… estudar culinária?”

“E Medicina. Tipo, como um nutricionista. Ajudar pessoas a cuidarem de sua saúde.” O menino sugere, e então se levanta bruscamente. “É claro que é apenas uma sugestão! Você não precisa seguir o que eu digo!”

“Está tudo bem. Não se preocupe.” Victor diz, rindo.

~x~

Dias depois, Professora Okukawa anuncia um estudante transferido. Mari não estava presente na sala de aula e quando o tal aluno entra, Victor se surpreende ao ver Yuuri Katsuki, entrando com Mari agarrada a ele.

“Estou tão feliz! Eu e meu irmãozinho vamos ficar juntos o tempo todo agora.” Ela fala, fazendo todos rirem.

E então os irmãos explicam para Victor que Yuuri estudava em uma outra escola, e sofria de bullying por estar estudando em classes avançadas para a idade dele. E de fato, Yuuri é um gênio, pois acerta todas as questões das provas, só falhando em educação física. Mari fala que a escola foi processada com a ajuda do ex da diretora, o advogado Yakov Feltsman, por permitir que atos de violência ocorram em ambiente escolar e se recusar a prestar qualquer tipo de socorro. Em depoimento, Yuuri fala:

“O verdadeiro motivo do processo é para fazer os adultos estarem mais conscientes com as crianças, sejam eles pais, familiares, professores, e até conhecidos. Mesmo que o bullying seja errado, ele só é errado porque o agressor não tem um adulto do lado para dizer que o que ele é errado. E isso é algo que pode acontecer com o filho de qualquer um. E não adianta usar violência, pois a criança pode entender que ela também pode usar de violência fora de casa. Nesse tipo de caso, todos são culpados pela irresponsabilidade de lidar com a criança agressora e a criança vítima, mesmo que a criança agressora seja forçada a pagar pelos seus erros e a criança vítima viver traumatizada pelo resto da vida. Abram seus olhos, adultos e escutem o meu aviso antes que seja tarde demais.”

~x~

Yuuri e Victor se formam do ensino médio com honras. Yuuri vai estudar direito com uma bolsa de estudos em uma das melhores universidades de Nova York e Victor vai para Los Angeles estudar medicina. Nos primeiros anos, eles sempre conversavam via internet. Mas com o passar do tempo, ambos ficaram ocupados demais para entrar em contato um com o outro. Mari decidiu dedicar o seu tempo total para a pousada, sempre com o suporte de seus professores.

~x~

8 anos depois.

“Boa tarde, senhor Nikiforov. Meu nome é Yuuri Katsuki e serei o advogado de seu filho no seu processo de divórcio.” 

“Senhor Katsuki. Muito obrigado por estar aqui.” Ele diz, o cumprimentando com um aperto de mão.

“Entendo. Ele se esqueceu de mim. Bem, só me resta dar o meu melhor e fazê-lo se apaixonar por mim.”

 

~ Continua? ~


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