— Ela é linda! – Carmem exclama fascinada.

— Muito! —Eleazar concorda breve

— Uma criança graciosa — Tanya, opina, somente por não querer ficar calada, porém sua entonação não ocultava certa impaciência— nada demais.

— Vou divergir irmã —Kate contrapõe — a garota lobo é uma pintura. O que me fez recordar.... De quando estávamos na Bulgária, e de modo acidental, descobrimos que o sol não podia nos matar. Lembra-se Tanya?

 Como poderia esquecer, Tanya se perguntou. Sua irmã Kate, extasiada ao ter descoberto involuntariamente que não seria incinerada pelo sol, tal qual as superstições humanas descreviam, arrastou a ela e uma incrédula Irina para campo aberto, em pleno dia chamejante, com um simples objetivo: ter a pele tocada pelo sol.

— Eu poderia sem receio algum, compara-la ao enorme jardim de girassóis que vimos, à beira do mar negro, naquele dia. Igualmente deslumbrante!

  Collin Littlesea não conhecia o tal mar — geografia nunca foi o seu forte — mas conhecia a flor amarela, e ainda que a estrela citada fosse um visitante ocasional, conseguia imaginar a beleza que seria ver o astro-rei abraçando um punhado delas.

  Deste modo, percebeu o baita elogio, que Leah recebeu da loura amiga do Dr. Carlisle. 

 Uma pena que ela não ouviu. Talvez rosnasse um pouquinho, mas no final independentemente de onde tivesse vindo o galanteio, faria bem para a autoestima dela saber que outras pessoas concordavam com o que ele percebeu faz tempo; que Leah Clearwater era a garota mais bonita do mundo.

  Essa frase, Collin poderia repetir sempre, acompanhado de bombons e buquês de azaleias, suas flores favoritas. No entanto, se continha um pouco revoltado com sua sina. A diferença de idade entre eles, deixava claro que ela nunca o levaria a sério.

Uma grande infelicidade, isso sim. Que esquecia cada vez que a via. O que Collin mais amava nessa vida era estar na companhia dela. Entretanto guardava esse sentimento num cofre forte, pesado e silencioso, dentro da sua mente.

Collin arrancaria um braço antes de constrangê-la com sua afeição. Leah não gostaria muito de saber que tinha despertado o amor em alguém, sete anos mais novo que ela.

E os outros garotos o achincalhariam até o fim dos tempos. Por esse motivo, Collin nada podia fazer a não ser ficar calado e aceitar os limites impostos pelo destino.

Jacob Black certa vez tinha falado, que a coisa mais imbecil que um ser humano podia fazer era se apaixonar. Quando isso acontecia, além de seus nervos virarem geleia, você perdia inteiramente a coerência. Ele ficou assim, e a causa foi Bella Swan, agora Cullen.

Collin não se sentia assim. A cada dia seu afeto e admiração por Leah só aumentava.

Por isso, se dignava de vez em quando a fazer coisas deselegantes. Como por exemplo ouvir a conversa dos outros, no caso da família estendida dos Cullen.

  Nesse dia, Collin, estava prostrado no chão em sua forma de lobo, esperando Sam, Jared, Leah, Jacob e Quil, em suas couraças humanas, terminarem uma longa conversa.

  O assunto era a repetição das patrulhas, capítulo bastante entediante da interação das duas alcateias, por isso, como não podia cochilar; sem escrúpulos Collin disfarçadamente aprumou a orelha esquerda, atento ao diálogo dos vampiros.

  O clã Denali — os únicos que Collin decorou o nome — voltavam de uma excursão de caça, caminhando lentamente pela floresta, em direção à casa dos Cullen. Eles falavam baixinho, cientes da presença do bando, e percebendo mais a frente, um grande lobo de pelagem luminosa, assentado no chão, cabeça altiva, prestando serviço de sentinela.

—Olá Collin! — Eleazar o cumprimenta gentil, passando perto sem temor algum.

    O lobo vigilante ergue a cabeça encarando o vampiro, com extremada surpresa.

— Como sabe reconhecê-los tão bem Eleazar? — Tanya pergunta—excetuando o amigo de Bella, não saberia dizer o nome de nenhum deles.

—Eles são fascinantes. Tanto os lobos quanto seus portadores — Eleazar responde

— São igualmente imponentes na capa humana! —Kate concorda

— Fico me perguntando, se existe uma razão para Leah ser a única mulher na confraria—Eleazar fala para ninguém em especial —uma, acima da herança ancestral.

—Conseguiu identificar alguma habilidade nela meu amigo? — Tanya pergunta dessa vez com a curiosidade despertada.

— A parte de estraçalhar-nos em segundos, não conta querido! — Carmem brinca

— Não. Eles são praticamente impermeáveis. —Eleazar responde meio frustrado.

      Collin se perguntou o que o vampiro queria dizer com aquilo. Esperava ser uma coisa boa. De ruim, bastava Edward ter acesso ilimitado à mente dos lobos e a abundância de cheiros adocicados e enjoativos ultimamente na região.

— Entretanto, não vejo problemas em dizer a que conclusão cheguei sobre a menina Leah. Falarei isso baseado numa sensação que tive ao conhecê-la. Uma percepção forte, que me dá a certeza de ser a garota lobo, dentre todos eles a mais perigosa.