A Chantagem escrita por Kaline Bogard


Capítulo 12
Parte 12


Notas iniciais do capítulo

Hohoho

O Shino vai mostrar quem é que manda, ele vai



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O clima dentro do automóvel era pesado.  Kiba, sentado no lado do carona, observava a paisagem lá fora.  O domingo estava tranquilo, quase ninguém se aventurava por Konoha naquela manhã um tanto fria.

Com o braço desinchando bem, o gesso ficava um tiquinho folgado. A sensação era engraçada, nunca quebrou nada antes, era toda uma nova experiência.

Mil coisas passavam por sua cabeça. Tudo ao mesmo tempo: o quão irritado Aburame estava? A que patamar sua dívida chegou? E o tal cliente? O que aconteceu com ele? Como reagiria sua mãe quando visse o braço quebrado? Pra onde estavam indo? Talvez voltando pra casa dele? Devia pedir desculpas por tentar fugir e evitar seguir as regras impostas?

Então cada questão confusa desapareceu como magica quando reconheceu o caminho que faziam.

— Oe! — saiu da letargia, voltando-se para encarar Aburame — Estamos indo pra minha casa?!

— Sim — ele respondeu sem desviar os olhos da rua.

— Por quê?! — Kiba sentiu uma pontada de pânico. E se aquele chantagista fosse exigir que sua mãe fizesse algo depravado em seu lugar? Ou quisesse que Hana atendesse o tal “cliente” usando roupas estranhas?

— Para resolver isso de uma vez.

— Não mexe com a minha família — praticamente rosnou o alerta.

— É? Você vai fazer o quê? Quebrar o outro braço?

A pilhéria fez Kiba corar de raiva. Sangue subiu à cabeça e se não fosse o cinto de segurança teria se descontrolado e ido pra cima do outro.

— Não preciso dos dois braços pra partir a sua cara!!

— Disse o gatinho assustado que tentou fugir pela janela... — a acusação causou o efeito contrário da fala anterior, fez a cor fugir do rosto num sinal de que Kiba empalidecia mortalmente — O que você propõe? Que eu esqueça que invadiu a minha casa e me prejudicou?

— Você que começou com isso quando chantageou a Hinata! A culpa é sua!

— Então na sua cabeça um erro justifica o outro? E você pode tomar a justiça nas próprias mãos? Me roubou para “igualar” as coisas?

Kiba respirou fundo e afundou-se no banco confortável do carona. Tanto estresse afetou-lhe o corpo. Sentiu os músculos tensos. O braço quebrado começou a latejar.

— Juro que não roubei nem um centavo. Se você acreditar em mim a gente resolve isso sem envolver minha mãe e minha irmã.

— Teve a sua chance — Aburame decretou diminuindo a velocidade para estacionar o carro na frente da casa de Kiba. O garoto nem se surpreendeu por o rapaz saber o caminho. Um hacker de tal nível conseguiu destrinchar todas as informações a respeito de sua vida. Descobrir um endereço devia ser brincadeira para ele.

— Minha mãe vai me matar — o garoto constatou ao perceber que Tsume estava parada na frente da casa, com os braços cruzados e uma expressão mortalmente séria — Você contou pra ela?

Aburame Shino não respondeu. Apenas destravou ambos os cintos e inclinou-se com cuidado sobre Kiba, para abrir a porta para ele que só saiu após respirar muito fundo, inutilmente tentando se encher de coragem.

Akamaru não veio fazer festa. Devia estar preso em algum lugar. Então suas suspeitas eram reais: Tsume sabia que o filho e um desconhecido iriam chegar na residência.

Agindo de um modo solene, quase tenso, Aburame Shino alcançou Kiba que seguia em direção à casa com passos lentos, cabisbaixo. Ao se aproximar de Tsume, o garoto ia entreabrir os lábios para começar a pedir desculpas antecipadas.  Antes que o fizesse, Aburame reclinou-se em uma vênia perfeita de quase noventa graus.

— Tsume san, a senhora deixou seu filho sob minha proteção e eu me descuidei. Permiti que se machucasse. Por isso rogo o seu perdão.

Pois o queixo de Kiba despencou, enquanto o sentido daquelas palavras entrava em sua mente. Tipo... o quê?!

— Levante a cabeça, Aburame kun. Você tem culpa, eu também tenho culpa, mas o maior responsável é esse moleque que eu chamo de filho. Kiba, você não sabe a sorte que tem por quebrar o braço. Se não fosse isso eu ia arrancar o seu couro na base da pancada!! — o discurso começou um tanto controlado, mas ao final Tsume parecia a um passo de cuspir fogo.

O pobre garoto olhou da mãe para Aburame e de volta para a mãe. A confusão era tão evidente que quase deu pena na mulher. Quase.

— Entre logo, antes que eu mude de ideia e lhe arranque pelo menos uma orelha! Quero explicações detalhadas e ai de você se não me convencer!!— abriu espaço para que ambos os recém-chegados entrassem.  Logo os três estavam sentados na modesta sala; com Aburame Shino na poltrona, Tsume e Kiba acomodados no sofá.

— Ele te contou tudo...? — Kiba sondou o terreno. Estava mais do que claro que sua mãe e o chantagista já conversaram antes, sem ele por perto.

— Tudo!! — Tsume rosnou. Nunca pareceu tão furiosa.

— Eu não roubei nada! Juro que... — Kiba apressou-se em esclarecer o ponto mais pesado da acusação. Porém, Tsume pareceu crescer ao inflar-se mais de fúria ao cortar a fala do garoto.

— Claro que não roubou nada, imbecil! Você por acaso tem um cérebro dentro dessa cabeça?! Por que você não veio conversar comigo quando ele te ameaçou?!

— Eu...

Mas Tsume o cortou de novo:

— Bati no peito e disse “conheço o filho que pari. Kiba confia na mãe e na irmã, ele vai me procurar se tiver problemas”... e o que o você fez? Mentiu! Violou a lei! Foi para um bar encher a cara!! E... fugir pela janela, moleque?! Você podia ter morrido!!

— O drinque era sem álcool — Aburame explicou na mesma hora.

Kiba levou um novo golpe ao ouvir a informação.

— Com ou sem álcool isso é o que menos me interessa!! — Tsume explodiu.

— Quê...? Eu... não to entendendo nada! — Kiba sentiu a garganta apertar.

Antes que Tsume continuasse com o rompante, Aburame Shino cruzou os braços e tomou a fala para si.

— Trabalho na Hokage e Associados SA — foi revelando — Eu sou o sub-gerente do setor de TI e chefe da área de Segurança da Informação. Na última filtragem do sistema nós descobrimos que um dos nossos funcionários usava a tecnologia da empresa para seguir e ameaçar uma aluna do Colegial.

Kiba sentiu o coração dar um salto no peito e começar a bater forte.

— A Hinata?

— Precisamente — Aburame anuiu — O funcionário foi punido. Como a jovem Hyuuga agia no anonimato, nosso presidente decidiu entrar em contato com ela dessa maneira, para apresentar as desculpas em nome da Hokage e Associados, e oferecer uma forma de compensação pelo incomodo causado. Mas ela não apareceu no encontro. Você foi no lugar dela.

— Puta que pa... — Kiba começou a falar o palavrão, porém levou um tabefe na nuca e um olhar de advertência da mãe. Calou-se.

— História interessante, não acha, filho? Ouça com atenção, agora é minha parte preferida. Conta sobre um moleque, que eu quero esganar nesse minuto e só pela força nem sei de que eu to me segurando, que invadiu a casa de outra pessoa. Soa familiar...?


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Notas finais do capítulo

Até quinta-feira!