A Chantagem escrita por Kaline Bogard


Capítulo 11
Parte 11


Notas iniciais do capítulo

Olá...

E toca o barco!!



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Parte 11

  

— Oe! — o rapaz exclamou surpreso com a cena — Pare...

 Parar?! Pois a ordem funcionou como incentivo contrário. Deu mais pressa para fugir dali. E fez Kiba agir com imprudência ao tatear o pé em uma saliência da parede, as meias tirando-lhe qualquer firmeza.

 Sem apoio o garoto se desequilibrou. E o pior aconteceu.

—--

A queda foi curta e rápida, mas não indolor. Apesar do chão fofo de grama ter evitado algo pior. Kiba mais sentiu do que entendeu o que aconteceu, quando perdeu o fôlego ao bater contra o solo e em seguida sobrevir a dor insuportável no braço direito.

Perdeu a noção das coisas por um tempo, a mente beirando o inconsciente, oscilando durante um período que não soube mencionar. Até ouvir a voz de Aburame falando algo que não chegou a fazer sentido.

O instinto primordial foi o de tentar se afastar, mas mãos firmes o mantiveram no lugar.

— Não se mexa — dessa vez as palavras foram compreensíveis. A ordem foi fácil de seguir — Fiz curso de Primeiros Socorros. Você quebrou o braço, estou vendo se não há mais nenhuma fratura.

Kiba obedeceu, porque o braço doía tanto que não conseguia pensar direito. As costas também estavam doloridas, ardiam ao inspirar. Sentiu quando o rápido exame terminou e, após concluir que era seguro, Aburame o ergueu nos braços com cuidado.  Foi o momento que o pânico voltou e Kiba agarrou na blusa do outro com a mão boa.

— Não — tentou segurar o choro de dor e medo — Não me leva pro... hotel...

— Claro que não — Aburame respirou fundo — Vamos ao hospital.

Kiba não disse mais nada. Deixou-se colocar no banco do carona, tentando não gemer. O braço latejava e doía cada vez mais.

— Procure não se mexer — foi a última orientação de Aburame, enquanto ele prendia o cinto de segurança com cuidado para não piorar o ferimento do menino. Então fechou a porta e foi buscar a carteira.

Era a vez de Aburame Shino sentir-se abismado com a forma como tudo se desenrolou. Aquele adolescente não possuía o menor senso de perigo. A queda, apesar de não tão alta, oferecia risco de coisa pior! Se ele caísse de mau jeito...

Voltou para o carro e sentou-se ao volante, tentando ignorar o garoto que chorava sentado ao lado. Imaginava o tipo de pensamento que ia pela cabeça dele e a dor que devia estar aguentando.

Tal constatação o fez dar partida no motor e dirigir depressa e direção ao hospital.

—--

Os dois entraram apressados na recepção e Kiba, que já não chorava, foi logo atendido. Enfermeiros o levaram para a sala de exames, para que a verificação através de Raios-X revelasse a extensão da fratura.

Aburame Shino ficou na recepção, passando todas as informações pertinentes, tendo o cuidado de não aprofundar demais em certas questões mais delicadas. Depois foi sentar-se na sala de espera, junto com outras pessoas que aguardavam por informações e liberações.

Se pôs a pensar no próximo passo que deveria tomar.

—--

Algum tempo e calculadas doses de radiação depois, Kiba recebeu a notícia que já desconfiava.  Fraturou a parte distal da ulna, algo que não entendeu muito bem, mas que seu cérebro decodificou como braço quebrado. Restava à simpática médica a tarefa de encaminhá-lo para o setor de gesso.  Ele teria que ficar imobilizado por um tempo.

Logo os analgésicos fizeram efeito, e Kiba parou de sentir dor; embora se tornasse um tanto sonolento. Talvez tenha até saído um pouco do ar, porque lembrava-se do médico começando a preparar o gesso para aplicação, assim como de se assustar um pouco com o inchaço perto do pulso. Depois... imagens desconexas e embaralhadas e, por fim, ele voltava a ter alguma consciência e se deparava com o quarto de internação.

A médica estava em pé ao lado da cama, conversando com ele.

— Consegue me entender? — Kiba teve a impressão de que não era a primeira vez que ela lhe perguntava aquilo. Balançou a cabeça pra cima e pra baixo devagar — Ótimo! Sua aventura garantiu um presentinho dolorido, hein? O osso quebrou próximo ao pulso, mas é praxe imobilizar as articulações dos dois extremos. Vou manter você em observação por essa noite, para evitar o perigo de concussão. O resultado dos exames é tranquilizador, mas não vejo porque não te manter quietinho na cama por algumas horas.

Toda aquela falação deu mais sono ao menino. Ainda estava tonto pelos analgésicos, por outro lado, não sentia mais dor no braço.

A médica disse mais alguma coisa, talvez uma despedida. Em seguida saiu do quarto e Kiba ficou sozinho, com os próprios pensamentos.

O forte remédio para dor causou certo embotamento mental, não prejudicial o bastante para que esquecesse por completo sua situação. Se estava enrascado antes, o que dizer de agora?

Tentar fugir pela janela foi resultado de desespero puro e teria dado certo se tivesse tentando alguns segundos antes. Mas desde que aquele chantagista virtual entrou na sua vida, complicação caminhava lado a lado com os problemas.  Okay, havia ali uma dose de exagero. No fundo, nunca tinha sentido medo de verdade até então. As ações de Aburame Shino não eram ameaçadoras. Vinham apenas com algo de manipulação. Inclusive o momento em que burlaram a lei indo beber não foi algo assustador ou aquém da capacidade de Kiba em lidar com a situação.

Isso o fez baixar a guarda e cair de cabeça em uma tempestade inescapável. Quando se deu conta de estar preso numa teia que culminaria em depravação sexual, tentou fugir do jeito que fosse possível.

Excelente.

E ali estava ele, em breve tendo que encarar a mãe e explicar como acabou com um braço quebrado e a conta do hospital (e não devia ser nada barato, haja vista a qualidade do quarto particular). Se conseguisse inventar uma desculpa plausível...

Mas, o mais importante de tudo, que Aburame Shino não estivesse por ali na hora da alta. Muito menos cismasse de somar a nova despesa aos quinhentos mil dólares que já devia.

—--

No dia seguinte, a médica passou pelo quarto de Kiba antes de encerrar o próprio turno. Ficou satisfeita em ver que o garoto já não estava grogue de medicação, e que não sentia dor. Explicou com detalhes o cuidado que devia ter com o gesso pelos próximos meses, e prescreveu remédios para o caso de sentir alguma dor ou inchaço nos primeiros dias, algo comum de acontecer em fraturas daquele tipo.

Kiba quis perguntar sobre a conta, mas não teve coragem. Como a médica não disse nada, se conformou em segui-la pelo corredor, até a recepção. Ainda estava sem o par de tênis, só com as meias. A mochila também ficou na casa de Aburame. Uma complicação dos diabos e...

E ele sentiu vontade de chorar quando viu o motivo de toda aquela confusão sentado na sala de espera, numa das primeiras fileiras de cadeiras organizadas próximas ao balcão de atendimento.

O rapaz ficou em pé e veio em direção dos dois, claramente ficou a noite toda ali esperando.

— Está tudo bem...? — a médica perguntou estranhando a expressão um tanto assustada que dominou a face de seu paciente.

Kiba apenas concordou balançando a cabeça pra cima e pra baixo, esperando que Aburame os alcançasse. Mentia muito mal, claro. Tudo não podia estar pior.

Grande equívoco de novo.

As coisas estavam a um passo de piorar.


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Notas finais do capítulo

até quinta :D



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