A Guerra Contra Meus Sentimentos escrita por teffy-chan


Capítulo 5
Capítulo 5 - Ferimentos de Guerra




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"Na verdade, eu estava com inveja por não possuir um grande coração
Sim, eu me importo com a primeira opinião e a expressão dos outros"

 

~~~~~X~~~~~X~~~~~

 

 

Quando voltaram para a facção Shion, descobriram que Len não era a única pessoa ferida. Muitos outros que tinham participado da missão tinham se machucado também, alguns com ferimentos leves, outros mais graves. Algumas pessoas não tinham voltado.

Piko guiou Len até o hospital que eles tinham improvisado, que consistia em uma enorme tenda branca com várias camas e algumas divisórias para dar alguma privacidade aos pacientes, uma vez que não havia como construir paredes lá. Gumi, que era a pessoa que mais entendia sobre medicina em toda a facção, tratou de acomodar Len em uma das camas assim que avistou o garoto.

Gumi era a única pessoa que não participava das batalhas. Ela costumava ir nas missões quando era mais jovem, mas, certa vez em que ficou ferida e não havia ninguém que soubesse como cuidar dela, já que a garota era a única que realmente entendia alguma coisa sobre medicina ali, Miku e Kaito decidiram que era melhor deixá-la fora das batalhas. Eles estariam perdidos sem ela.

Piko sabia que estava errado ao pensar assim, mas não conseguia evitar de sentir uma pontada de inveja dela. Ao menos Gumi tinha um bom motivo para não participar da guerra. Ela era útil fora da batalha. Piko gostaria de ter uma habilidade assim, que permitisse ajudar os outros e que não precisasse lutar ao mesmo tempo. Mas nem para isso ele servia.

Gumi fez com que Len tirasse a camisa e começou a limpar o sangue seco de seu ombro. Piko virou o rosto para o lado, desconcertado. Aquilo não fazia sentido. Ele já tinha visto o amigo sem roupas quando eram crianças, então por que estava com vergonha só em vê-lo sem camisa? Ele não sabia, mas aquela memória só o fez ficar ainda mais embaraçado.

Não… na verdade ele sabia sim. Era por causa dos sentimentos que não deveria ter por Len. Céus, como podia sentir esse tipo de coisa por outro garoto? Len era seu amigo de infância, seu melhor amigo… provavelmente o via como um irmão ou algo do tipo. Não havia a menor chance de ele ser correspondido. Espere, ele estava mesmo pensando na possibilidade de ser correspondido? Mas, para isso, teria que contar para Len como se sentia em relação a ele. Não, ele não podia contar. Len não podia sequer imaginar que ele sentia esse tipo de coisa por ele… nunca.

— Já terminei — Gumi anunciou, despertando Piko de seus devaneios — E você, querido? Se machucou? — ela o segurou pelo queixo e começou a virar o rosto dele de um lado para o outro, sem esperar por uma resposta.
— Não, eu estou bem — Piko respondeu — Só alguns arranhões, nada de mais.
— Tem certeza? — ela insistiu, segurando agora os braços dele e arregaçando as mangas da camisa para examiná-los — Não tem mesmo nenhum ferimento? Você é tão delicado, deve se machucar com facilidade…
— Não sou delicado. E também não estou machucado — Piko respondeu, puxando os braços de volta.
— Bem, se você insiste — Gumi falou, embora ainda parecesse ter suas dúvidas — Mas, se sentir alguma dor, qualquer coisa, me avise, sim? Não posso deixar que o único herdeiro do clã Shion fique andando ferido por aí sem ter feito nada — ela acrescentou. Piko soltou um suspiro. Então era isso. Ela estava mais preocupada com suas responsabilidades e com a possível bronca que levaria de seus pais caso não cumprisse seu dever de cuidar adequadamente de Piko do que com ele mesmo. Era sempre isso — Bem, eu tenho outros pacientes para cuidar agora, então com licença — ela se afastou, desaparecendo atrás de uma das divisórias.
— Então as pessoas realmente te acham delicado. Achei que você estava exagerando quando me disse aquilo — Len comentou quando o garoto se aproximou dele. Ele estava com o ombro enfaixado e não conseguia mover o braço muito bem mas, no geral, parecia estar se sentindo melhor.
— Viu, eu te disse. Parece que elas pensam que eu posso quebrar a qualquer momento — Piko suspirou outra vez. Em seguida notou que Len ainda estava sem camisa — Hã… talvez você devesse se vestir agora.
— Por que? Só tem nós dois aqui agora.
— Sim, mas… você pode pegar um resfriado com toda essa friagem. E isso pode piorar o seu ferimento — ele argumentou. Céus, por que tinha que ficar inventando motivos para alguém usar roupas?
— Certo, mas eu não consigo me vestir sozinho com meu ombro assim - Len acenou tolamente com a mão que levava ao ombro ferido - Me ajuda?
— Está bem.

Talvez devesse ter deixado Len ficar sem camisa afinal. Sabia que aquilo não ia dar certo. Sabia que não podia tocar na pele exposta dele, não queria fazer isso. Bom, uma pequena parte dele quisesse, mas não devia. Ainda mais naquelas condições. Céus, como ele podia pensar nisso enquanto Len estava ferido? Ele era mesmo uma pessoa terrível.

— Ei, Piko — Len chamou, enquanto ele passava a manga da camisa pelo ombro ferido dele, sobressaltando-o — Naquela hora… você não ia mesmo se entregar para a Teto, ia? — ele perguntou e, como o garoto não respondeu, acrescentou em tom mais severo — Não acredito que você pretendia mesmo fazer isso! Ia se entregar por minha causa? É sério?
— Era a única forma de te salvar! — Piko exclamou, mesmo sabendo que Len não concordaria com ele.
— E quem garante que ela não iria tentar me matar depois de matar você? — Len rebateu — Você é ingênuo demais, Piko. Deveria ter pensado nisso — ele falou, e Piko tinha que admitir que Len tinha razão. Estava tão desesperado para salvar o amigo que isso nem lhe ocorreu naquela hora — Você não pode jogar sua vida fora desse jeito apenas para tentar me salvar, não valeria a pena o sacrifício.
— É claro que valeria! — Piko falou e, antes que Len pudesse rebater, ele enfiou a gola da camisa em sua cabeça, impedindo o garoto de falar por um momento — Eu não suportaria perder você, Len. Já perdi muitas pessoas importantes nessa maldita guerra, mas não posso te perder. Você é…
— Sou o que? — Len conseguiu usar o braço bom para terminar de se vestir sozinho e encarou o amigo nos olhos. Viu aquele par de olhos diferentes encarando-o com aflição e receio por um instante e em seguida virou para o outro lado — Ei, não desvie o olhar! O que você ia dizer?
— Que você é… é meu amigo de infância. E meu melhor amigo — Piko respondeu por fim. Não era exatamente uma mentira. Sim, eles eram mesmo amigos de infância. E sobre serem melhores amigos, bem… era tudo o que Piko podia ter no momento. E provavelmente era a única coisa que teria — Você é importante para mim, Len. Por isso não quero te perder na guerra também.
— Eu também não quero te perder nessa estúpida guerra, então nunca mas faça nada tão arriscado como tentar se entregar para o inimigo, ouviu? — Len respondeu — Você é importante para mim também.
— Certo… entendi — Piko não pôde deixar de se alegrar ao ouvir aquilo — Mas você também não precisava ter feito aquilo! Foi muito arriscado atirar na Teto do nada — Piko repreendeu — E, como se não bastasse acertar o coração, ainda deu vários tiros de uma só vez depois… você detonou o corpo dela.
— Só para ter certeza de que estava morta — Len respondeu como quem fala do tempo.
— Nossa missão não era matá-la, meus pais deixaram isso bem claro — Piko lembrou — Poderíamos ter fugido.
— Ela era a única pessoa que sabia sobre os seus doces envenenados — Len recordou — Se eu a deixasse escapar com vida, ela contaria para todo o clã Megurine sobre o "Chapeuzinho Branco". Desse jeito, seu segredo morreu com ela.
— Não gosto desse apelido — Piko reclamou — O seu é muito mas legal.
— Sério? Mas eu acho que combina muito bem com você — Len discordou — Exceto que você não usa capa, nem chapéu — ele afagou os cabelos prateados de Piko, despenteando-o. Len ria enquanto o garoto reclamava sobre o quanto tinha detestado aquele apelido.
— Obrigado, Len — Piko agradeceu subitamente. A mão do garoto ainda estava no topo da cabeça dele, de modo que seus cabelos cobriam metade de seu rosto — Por eliminar a única pessoa que sabia sobre os doces envenenados… você acabou levando um tiro, e ainda assim se esforçou até o final para conseguir acabar com a Teto, então… obrigado. Eu não teria conseguido fazer isso sozinho.
— Ei, não precisa agradecer — Len enfim recolheu a mão — Eu prometi que te protegeria, lembra? Não vou deixar que tirem a vantagem que você tem sobre o território inimigo tão facilmente — ele falou enquanto Piko tirava as mechas de cabelo prateadas do rosto. Len percebeu que ele estava levemente corado, e acrescentou — Além do mais, eu sou o Caçador Dourado, certo? Foi assim que as crianças me chamaram. Então não posso deixar minha presa escapar! E também não posso deixar ela machucar Chapeuzinho Branco!
— Já disse para não me chamar assim!
— Len!

Os dois pararam de discutir ao ouvirem o grito. Mal tiveram tempo de se virar e viram Rin correndo na direção do irmão e atirando os braços ao redor do pescoço dele, sufocando-o em um abraço.

— Ai, ai, ai! — Len exclamou de dor — Irmã, o meu ombro! Meu ombro está machucado, cuidado!
— Ah! Desculpe! — ela se afastou imediatamente, segurando então as mãos dele entre as suas — Mas que bom que você conseguiu voltar… você também, Piko, que bom que vocês estão bem… — ela virou-se para encarar o outro garoto.
— Na medida do possível — Piko respondeu, forçando um sorriso — Também fico feliz em te ver bem, Rin.
— Você está bem mesmo, não é? — Len foi mais insistente — Não se machucou? Não teve nenhum ferimento?
— Só alguns arranhões, como o Piko, mas nada de grave — ela abanou a mão, dando pouca importância ao assunto, enfim soltando as mãos do irmão.
— E como foi a sua parte da missão? — Piko perguntou.
— Um desastre — Rin suspirou — Sobrevivemos graças a vocês. Ótima ideia aquela de mandar um recado através do James, aliás.
— Mesmo? — Piko arregalou os olhos levemente. Sinceramente, não achava que daria certo. Pensava que os amigos já estariam lutando antes que o pássaro pudesse entregar o recado, mas, pelo jeito, James conseguia voar mais rápido do que ele imaginava — Ainda bem que funcionou.
— Viu só, eu disse que daria certo — Len deu um tapinha no ombro dele — Você pode até não ter uma mira muito boa, mas consegue ajudar de várias outras formas, Piko.
— É… parece que sim — ele desviou o rosto, embaraçado — Pode dizer isso para os meus pais? Seria bom se eles concordassem.
— Piko, já te disse para não se preocupar tanto com isso. Não é culpa sua se eles não querem acreditar que a sua visão não é muito boa e acaba atrapalhando na sua mira… eles é que são cegos por não perceberem isso! — Rin exclamou indignada — Mas é sério que a ideia foi sua? — ela perguntou e o garoto assentiu — Que incrível! Você é mesmo genial. Graças a isso pudemos nos preparar. Mas, sinceramente, tivemos sorte em sair de lá com vida…
— Irmã, onde está o Oliver? — Len indagou — Ele também conseguiu voltar, não é?
— Ah, sim… — de repente o semblante de Rin tornou-se mais abatido — Bem, como eu disse antes, nossa missão foi um desastre. Meiko era muito forte, e ela não estava sozinha. Havia um garoto com ela e, de onde nós estávamos, não conseguíamos enxergar os dois muito bem, mas a maioria dos ataques deles consistia em usar vários tipos de bombas. No final, parece que acabaram se empolgando demais e causaram uma explosão tão grande que acabaram ferindo a si mesmos, aqueles imbecis… mas foi o momento perfeito para escaparmos. Consegui dar o tiro de misericórdia, só para ter certeza de que ao menos um deles seria eliminado, e disse ao Oliver que aquela era a nossa chance de escaparmos, mas…
— Mas o que? — Piko perguntou quando a garota fez uma pausa, parecendo incapaz de continuar narrando os acontecimentos — Rin, isso é importante. O que aconteceu com ele?
— Havia uma bifurcação e eu não me lembrava qual era o caminho pelo qual deveríamos seguir… — Rin respirou fundo, como se isso lhe desse forças para continuar falando — Ele me mandou ir pela direita e disse que voltaria, só para ter certeza de que eles tinham realmente morrido. Eu disse a ele para vir comigo, mas, antes que pudesse puxá-lo na direção do túnel, a explosão… aquela maldita explosão… — ela passou as mãos pelos cabelos loiros nervosamente. Não precisava contar o resto. Era óbvio que o garoto tinha sido atingido — Se eu tivesse sido mais rápida, ele estaria bem agora…
— Irmã, não foi sua culpa — Len falou gentilmente — O Oliver queria garantir que os inimigos foram aniquilados, certo? Foi escolha dele.
— Aí é que está — Rin deu um sorriso amargo — Enquanto eu o trazia de volta, ele murmurou alguma coisa sobre um deles ter sobrevivido, mas não me disse qual, pois perdeu a consciência logo em seguida. Teremos que esperar ele acordar para saber quem sobreviveu à explosão e o que aconteceu com essa pessoa.
— Então apenas ele viu quem era o sobrevivente — Piko passou a mão pelos cabelos — Bem, já é alguma coisa, eu acho. As crianças que interroguei disseram que vocês iriam enfrentar a Meiko e um outro cara chamado Ryuto, mas não faço ideia de quem ele seja. Como ele era? É forte?
— Se fala do garoto que estava junto com a Meiko, era uma criança — ela informou — Não devia ter mais do que sete anos.
— Uma criança? — Piko e Len exclamam juntos.
— Droga, eu devia ter ido junto com vocês — Piko lamentou — Poderia ter cuidado desse garoto facilmente.
— Ah, eu não sei não, Piko — Rin duvidou — Sei que a sua especialidade é enganar crianças, mas esse menino parecia ser diferente. Ele é esperto e cruel. E bastante astuto para alguém da idade dele. Não sei se os seus truques funcionariam com aquele menino.
— O que está dizendo? — ele soou ofendido — Enganar crianças é a única coisa que sei fazer direito. Não existe nenhuma criança que não tenha caído na minha lábia até hoje. Se nem isso eu puder fazer, então sou completamente inútil!
— Acalme-se, Piko — Len colocou a mão no ombro dele — Não é como se fôssemos enfrentar esse garoto imediatamente, então não precisa se preocupar com isso agora — ele falou e o amigo assentiu, acalmando-se — Agora, eu gostaria de saber como o Oliver está.
— A Gumi está cuidando dele agora — Rin informou.
— Então vamos vê-lo — Piko sugeriu e os dois concordaram.

Rin levou os garotos até onde Oliver estava. Como ela disse, Gumi estava terminando de cuidar do garoto. Ela estava lavando as mãos em uma bacia cheia de água avermelhada, provavelmente por estar suja de sangue.

Oliver estava deitado em uma das camas improvisadas. Estava com o braço direito e a perna esquerda enfaixados, ambos os membros provavelmente deslocados ou quebrados. Mas o pior era sua cabeça. Metade dela estava completamente enfaixada, cobrindo a parte de cima de seus cabelos loiros, e também seu olho esquerdo. James, seu pássaro de estimação, estava encolhido perto da cabeça do garoto, dormindo na ponta do travesseiro.

— O que aconteceu com ele? — Piko indagou espantado, sem tirar os olhos do garoto.
— Ah… imaginei que vocês acabariam vindo vê-lo — Gumi sobressaltou-se levemente quando Piko falou — Como pode ver, o estado dele não é dos melhores. Os ossos do braço e da perna estão quebrados, mas vão se recuperar com o tempo. Mas a cabeça… — ela suspirou — Eu fiz o que pude, mas nós não temos muitos recursos e é difícil arranjar medicamentos. Consegui deixá-lo estável, mas o estado dele é grave. E para completar ainda tem essa ave imunda que toda hora fica pousando perto dele, pode trazer alguma bactéria… — Gumi levantou a mão para espantar James, mas Rin a impediu.
— É o pássaro de estimação dele. Quer ficar perto do dono.
— Mas esses bichos são cheios de doença…
— Se não fosse por essa "ave imunda", eu não teria conseguido avisar a Rin e o Oliver sobre o perigo que eles estavam prestes a enfrentar. E os dois provavelmente não teriam voltado vivos — Piko a interrompeu — O pássaro não está fazendo nada. Deixe-o aí.
— Está bem. Se você insiste… — Gumi respondeu a contragosto. Realmente, ser o único filho dos líderes da facção geralmente era uma droga, mas ao menos tinha alguma vantagem de vez em quando. As pessoas precisavam atender aos seus pequenos caprichos.
— Agora, será que pode nos contar o que exatamente aconteceu com o Oliver? — Len pediu.
— Ele sofreu um sério ferimento na cabeça quando foi atingindo pela explosão que a Rin me contou — Gumi indicou a menina com a mão — Fiz o que pude para que isso não cause nenhuma lesão cerebral. Mas o olho esquerdo dele… — Gumi suspirou tristemente — Não há como recuperar.
— Espera… está dizendo que ele vai ficar cego? — Rin exclamou sem conseguir acreditar — Você é médica! Faça alguma coisa!
— Mesmo se tivéssemos recursos para fazer as cirurgias necessárias para garantir que ele fique completamente curado, não há nada que se possa quanto a isso. Está além das minhas capacidades médicas — Gumi explicou — Sinto muito, Rin. Mas ao menos ele foi atingido apenas de um dos lados da cabeça, então ainda tem o olho direito — ela falou como se isso servisse de consolo.
— Não… se eu tivesse sido mais rápida e trazido ele comigo… droga… — Rin colocou a mão na boca, tentando abafar o choro. Len a abraçou e a garota escondeu o rosto no ombro dele.
— Ele só tem doze anos — Piko falou mais para si mesmo, ainda encarando o garoto inconsciente — Por que um garoto tão jovem tem que passar por isso? Por que meus pais mandaram um menino tão novo para a guerra? Por que essa guerra… por que essa maldita guerra não acaba?
— Não grite dentro do hospital, Piko. Vai acordar os pacientes — uma voz o repreendeu e o garoto virou-se para encarar a dona dela. Sua mãe caminhava em sua direção. Ela tinha algumas ataduras nos braços e um corte fino no rosto. Seu pai caminhava ao lado dela. Estava com o braço pendurado em uma tipoia.
— Sinto muito por ficar tão indignado por ver uma criança perder um olho na guerra - Piko falou com sarcasmo.
— Do que está falando? — Kaito perguntou — Uma vez que se completa doze anos, você deixa de ser uma criança…
— Kaito — Miku o interrompeu — Dê uma olhada — ela indicou Oliver com a cabeça. O homem se aproximou e também pareceu um tanto chocado com o estado do garoto — Pobrezinho… é um menino tão jovem…
— Se sentisse mesmo pena dele, não mandaria um garoto tão jovem para a guerra — Piko insistiu — Ele pode ter doze anos, mas ainda é muito novo, vocês estão deixando crianças morrerem!
— Tem certeza de que pode falar sobre a injustiça de matar crianças na guerra, Piko? — Kaito perguntou, deixando-o sem palavras. Ele tinha razão. Os principais alvos de Piko durante a guerra eram crianças, pessoas com seis anos ou menos. Ele não tinha nenhuma moral para discutir sobre esse assunto — Se me lembro bem, matar crianças é a sua especialidade, não é? A única coisa que você sabe fazer, aliás.
— Uma habilidade sem a qual nós estaríamos perdidos a essa altura, senhor Kaito — Len se intrometeu abruptamente — Aliás, provavelmente já teríamos perdido a guerra se não fosse a habilidade dele de extrair informações das crianças inimigas.
— Do que está falando, Len? — Miku perguntou, um tanto irritada com a intromissão dele.
— O que foi que aquelas crianças que você matou hoje te disseram mesmo, Piko? — Len perguntou como quem fala do tempo.
— Que o Leon está morto — ele contou sem nenhuma emoção na voz. Já estava acostumado a dar notícias importantes e ninguém dar valor a elas.
— Leon? — Miku repetiu — Quer dizer o melhor atirador deles?
— Esse mesmo — Piko confirmou.
— Essa é uma ótima notícia, Kaito! — Miku abriu um enorme sorriso — Ele tem sido um grande incômodo há anos. Sem ele, a pessoa que provavelmente vai ocupar o posto de melhor atirador é a Kasane Teto…
— Essa aí também já era — Piko interrompeu — Len a matou.
— Mesmo? — Kaito olhou surpreso para Len — Aquela garota era bastante forte. Isso sim é um feito incrível — ele voltou-se então para Piko — Está vendo? Siga o exemplo do seu amigo e tente eliminar inimigos de verdade da próxima vez ao invés de matar crianças insignificantes.
— Sim senhor. Sinto muito, pai — Piko respondeu o que sempre dizia, embora não lamentasse mais. Já estava acostumado a ouvir esse tipo de coisa, e já não acreditava tanto assim que um dia conseguiria realmente deixar seus pais orgulhosos dele. Por mais que se esforçasse, eles nunca ficavam satisfeitos. Quase não tinha mais vontade de se esforçar.
— E então? Conseguiu descobrir quem é o novo principal atirador deles? — Kaito perguntou.
— Vocês não podem esperar que crianças saibam tantas coisas assim — Piko respondeu, não conseguindo acreditar que seu pai realmente estava fazendo uma pergunta daquelas.
— Não acredito! Nem isso você conseguiu descobrir? — Kaito exclamou, e continuou reclamando, mas Piko não estava mais prestando atenção.
— Viu o que eu disse? — ele murmurou para Len.
— É, você não estava mesmo brincando — ele sussurrou de volta, mal conseguindo acreditar que realmente existiam pais assim.
— Senhor Kaito — Gumi chamou — Sinto muito por interromper, mas os pacientes precisam de silêncio e repouso para se recuperarem, então…
— Ah, certo — Kaito pareceu ter se esquecido de que estavam no hospital — Desculpe atrapalhar seu trabalho. Vamos, Piko. Vamos voltar para casa. Temos muito o que conversar.


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Notas finais do capítulo

Olá pessoas!
Finalmente os meninos conseguiram voltar para casa! o/ Bom, Algumas pessoas voltaram... outras aos trancos e barrancos... o que será que vai acontecer com o Oliver? E o que será que o Kaito quer conversar com o Piko? *cofcofboacoisanãoécofcof
E aqui estão mais imagens!
Gumi:
http://s1151.photobucket.com/user/teffy-chan88/media/vocaloid-short_00374904_zpsb7ufsvtq.png.html

Oliver:
http://s1151.photobucket.com/user/teffy-chan88/media/oliver_zpseo0mdieo.png.html

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