A Guerra Contra Meus Sentimentos escrita por teffy-chan


Capítulo 11
Capítulo 11 - O Fim de um Covarde




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"Talvez tenha chegado a hora,
Eu não quero mentir
Talvez tenha chegado a hora,
Vou abrir minha mente"

 

~~~~~X~~~~~X~~~~~

 

 

Não apenas Kaito e Miku, mas até mesmo Luka ficou pasma com o último pedido dele. Miku e Kaito começaram a gritar com o garoto, indignados, exigindo saber o motivo de ele estar pedindo uma barbaridade dessas, mas Luka gritou ainda mais alto do que eles, mandando-os se calar, sem tirar os olhos do garoto.

— Me diga, por que está pedindo uma coisa dessas?
— Eu vou morrer de qualquer jeito — Piko deu de ombros — Mas, antes disso, quero ver eles morrerem. Eles mentiram para mim a vida toda, exigiram coisas absurdas de mim, tantas coisas que você nem pode imaginar… eu me esforcei ao máximo para agradá-los, e agora descubro que foi tudo em vão. Me esforcei a vida inteira para agradar pessoas que não eram os meus pais. E agora vou morrer por causa deles. Eu odeio eles, odeio o fato de terem me enganado por tantos anos, por terem obrigado toda a facção Shion a mentir para mim. Quero vê-los mortos.
— Mas que menino mais rancoroso você é — Luka comentou enquanto acariciava a bochecha dele com o cano da pistola — É um último pedido interessante. Agora me diga, por que eu deveria atendê-lo?
— Porque eu tenho mais uma informação que eu acho que você adoraria saber — Piko respondeu — Eu não sou herdeiro legítimo deles, e sou realmente inútil para você agora, e para eles também.
— O que quer dizer com isso?
— Quero dizer — Piko colocou-se na ponta dos pés para alcançar o ouvido dela e baixou a voz, como se estivesse contando um segredo — Que eles só me adotaram porque pensavam que não podiam ter filhos e queriam um herdeiro. Mas, agora que minha mãe está grávida, eles não precisam mais de mim. Eles vão ter um bebê, um herdeiro de verdade. Talvez essa criança seja melhor do que eu, afinal, será um filho legítimo dos Shion, e não uma criança qualquer sem qualidade nenhuma que eles pegaram para criar, você não acha?
— Piko… o que foi que você fez?! — Miku berrou, horrorizada com as ações do garoto — Por que está dizendo isso a ela?
— E por que eu não diria? — ele respondeu a pergunta dela com outra pergunta — Vou morrer de qualquer jeito. Não faz diferença.
— Mas seu irmão poderia ter uma chance…!
— Esse bebê não é meu irmão — ele a interrompeu com a voz gelada.
— Ora, ora… essa sim é uma informação muito importante, meu querido — Luka falou com os olhos brilhando, voltando-se para Miku e Kaito — Muito bem. Vou atender ao seu último pedido. Observe bem enquanto eu mato sua mãe.
— Miku, cuidado! — Kaito entrou na frente quando Luka atirou, recebendo a bala no lugar da mulher. O homem urrou de dor e Miku gritou de susto e de aflição pelo marido quando o viu cair imóvel em seu colo.
— Mas que homem mais mal-educado… será que ele nunca ouviu o ditado "As damas primeiro"? — Luka reclamou — Bem, que seja. Um já foi. Agora está na hora de matar você e esse pequeno ser dentro da sua barriga, minha cara… dê adeus aos seus dois filhos.

Ouviu-se o som de vários disparos seguidos.

Mas não foi Luka quem atirou. Ao invés disso, Luka é que foi atingida. Sentindo o sangue escorrer pelas costas, pelos braços, pelas pernas e pelos cabelos róseos, sem forças sequer para falar, ela só conseguiu virar-se para trás e ver Len com o braço esticado na direção dela, segurando uma pistola, antes de desabar no chão, coberta de sangue da cabeça aos pés.

— Você demorou! — Piko reclamou, correndo até o amigo. Ele começou a empurrar as rochas que prendiam as pernas de Len para longe, com alguma dificuldade.
— Desculpe. Estava difícil de alcançar a arma — Len respondeu, enfim livre das rochas. Suas pernas estavam dormentes e terrivelmente doloridas, mas felizmente não tinha nenhum osso quebrado. Ele aceitou a mão que Piko lhe ofereceu e se levantou.
— O que… o que foi isso? — Miku, ainda abraçada a Kaito, olhava de um para o outro, completamente atordoada.
— Ah, é que eu precisava inventar alguma coisa para distrair a Luka enquanto o Len pegava a arma. Ele tem uma mira melhor do que a minha, então tinha mais chances de acertar. Mas acabou demorando mais tempo do que planejávamos — Piko explicou. Percebeu então que Miku continuava encarando-o com um olhar perplexo e desconfiado — O que foi, você caiu mesmo nessa?
— Viu só, eu disse que você sempre foi um ótimo ator. Consegue enganar até os adultos — Len deixou escapar uma risada.
— É, inclusive os meus pais — Piko aproximou-se deles — Como está o papai?
— Nada bem. Ele perdeu muito sangue - Miku respondeu em voz baixa. O último tiro tinha acertado o ombro e, embora não fosse um ponto vital, se ele continuasse perdendo tanto sangue assim, era possível que não resistisse — Piko, tudo aquilo que você disse… foi muito cruel. Você deixou que a Luka atirasse no seu pai. Nós confiamos em você…
— Eu também confiei em vocês — o garoto a interrompeu, pegando sua cesta que tinha caído no chão. Tirou mais ataduras de dentro dela e, depois de abrir a camisa de Kaito com cuidado até deixar o ferimento do ombro exposto, começou a tentar estancar o sangue — Confiei nas suas habilidades de batalha, mãe. Sabia que você conseguiria desviar dos ataques da Luka. E, mesmo se não conseguisse, sabia que o papai te protegeria — ele respondeu, terminando o curativo improvisado.
— Mesmo assim… isso foi muito perigoso — Miku falou, acariciando os cabelos do marido — Você disse coisas terríveis com uma naturalidade tão impressionante. O que era verdade e o que era mentira? Eu não sei mais quem você é.
— Eu também não sei quem eu sou. Não sou um Shion de verdade, não é? — ele lembrou — Sinto muito. Acabei despejando toda a raiva que estava sentindo de repente, e como a Luka pareceu estar se divertindo com isso, eu continuei falando, mas a coisa só ficou cada vez pior… mas eu estava mentindo. Eu não odeio vocês. Mesmo não sendo meus pais biológicos, vocês cuidaram de mim, me abrigaram, me educaram… de um jeito horrível, devo dizer, porque vocês são rígidos demais e nunca me elogiam quando eu faço algo certo, mas enfim… é claro que eu ainda gosto e vocês. E do irmãozinho que eu vou ganhar, graças a ele não preciso mais carregar esse maldito fardo de ser o único herdeiro de vocês. Acho que eu só preciso… de tempo para absorver toda essa informação.
— É claro — Miku suspirou, aliviada em saber que tudo aquilo não passava de uma farsa. Tinha que admitir, seu filho era mesmo um ótimo ator. Nunca o tinha visto de fato em uma missão, então não sabia como ele lidava com situações de pressão como essa. Mentir desse jeito, fingindo que não se importava que seus pais morressem, apenas para ganhar tempo enquanto morria de preocupação por dentro… não era qualquer um que conseguiria fazer isso. Ela mesma não sabia se conseguiria ir tão longe. Era preciso ter nervos de aço para agir assim. Piko tinha uma mira horrível, detestava lutar, mas era bom em coisas que nenhum deles sabia fazer, Miku precisava admitir isso — Você vai ter todo o tempo que precisar daqui para a frente.
— Errado. Nenhum de vocês terá tempo para nada.

Ouviu-se um disparo. Len gritou quando teve o revólver arrancado de sua mão por um tiro. Olhou para o lado e viu que Luka ainda estava viva e estava rastejando na direção deles. Aparentemente tinha mirado no braço do garoto, mas estava tão fraca que não estava conseguindo mirar direito.

— Maldição — ela praguejou — Minha vista está tão escura. Mas não vou morrer assim… vou ao menos… levar um de vocês comigo…

Ela conseguiu alcançar Len e o puxou pela roupa em sua direção, apontando o cano da arma contra seu peito. O garoto tinha sido desarmado, e não tinha como contra-atacar agora. Luka exibiu um sorriso vitorioso, que logo foi substituído por uma expressão de surpresa quando ela estava prestes a atirar. A surpresa transformou-se em dor, passando a agonia. Ela soltou Len, deixando a arma cair no chão e levou as mãos à garganta, que queimava como se tivesse engolido lava de um vulcão.

— Mas o que é isso? — ela indagou com a voz rouca.
— Finalmente fez efeito — Piko suspirou — A adaga com a qual eu te acertei mais cedo continha veneno na lâmina. Geralmente eu o coloco na comida, o efeito é quase imediato. No seu caso, demorou para funcionar porque eu perfurei as suas costas, então foi preciso esperar o veneno se espalhar pela sua corrente sanguínea até chegar ao coração. Na verdade eu estava planejando te matar envenenada, mas como estava demorando muito, o Len precisou fazer o trabalho sujo. Quem diria que o veneno daria mesmo o golpe final?

Luka virou-se para ele para falar alguma coisa, provavelmente para xingá-lo, mas não conseguia dizer nada, mal conseguia se mover. Ela abriu a boca e buscou o ar que faltava em seus pulmões, mas ao invés disso sua boca começou a espumar. Seus olhos azuis reviraram e ela caiu de bruços no chão imóvel.

— Ela morreu? — Len cutucou a mulher com um graveto. Luka permaneceu imóvel — Agora ela morreu! — ele exclamou vitorioso — Você conseguiu, Piko. Acabou com ela.
— Do que está falando? Foi você quem atirou na Luka e a fez sangrar até a morte — Piko lembrou.
— Bem, sim, mas ela praticamente levantou dos mortos para me levar junto — Len gesticulou de forma dramática — No fim das contas, foi o veneno que você colocou nela que a matou realmente. Você me salvou de novo. E derrotou a líder do clã Megurine. Você é um herói, Piko! — ele exclamou, praticamente pulando. Ao ver que o amigo continuava imóvel, encarando o corpo de Luka, acrescentou — O que houve? Você deveria estar feliz!
— É, acho que sim… mas, sejamos sinceros, a palavra "herói" não combina comigo — Piko coçou o rosto sem jeito. Ainda parecia estar tentando processar aquela informação — E, no fim das contas, tudo o que eu fiz aqui foi matar crianças, e agora uma mulher. Isso não é digno de um herói.
— Pare com isso, Piko. Já se esqueceu do que eu te ensinei? Na guerra, não importa se é homem ou mulher, todos são inimigos — Miku lembrou, deitando Kaito no chão com cuidado e levantando-se com dificuldade. Sua perna machucada ainda doía muito, mas ela lutou para se manter de pé — Mas, agora que a Luka está morta, acho que isso não importa mais. Essa longa e dolorosa guerra… finalmente chegou ao fim — Miku falou, parecendo não acreditar nas palavras que dizia — Mas é claro, precisamos garantir que os sobreviventes da facção Megurine entendam isso. Você — ela caminhou com o máximo de determinação que conseguiu até Kiyoteru, que ainda estava agonizando no chão um pouco afastado deles — Entendeu o que aconteceu aqui, não é? Sua líder está morta. Portanto você e os seus companheiros têm duas opções: A primeira é se renderem e passarem para o nosso lado, aceitando o clã Shion como seus novos líderes. A segunda é ficarem quietos no seu canto e nunca mais tentarem nos atacar. Vivam suas vidas como quiserem no seu território, mas nos deixem em paz. E então? O que vai ser?
— Eu… e-eu não posso tomar uma decisão dessas sozinho — Kiyoteru falou com dificuldade. Sua garganta ainda ardia muito por ter engolido parte do veneno contido no doce que Piko o obrigara a comer. Por ter ingerido uma quantidade pequena, provavelmente não sofreria tantos danos, mas ainda assim a dor era insuportável — É uma decisão importante demais para ser tomada por uma pessoa só… e-eu preciso consultar os meus companheiros sobre isso…
— Ah, pelo amor de Deus! — Piko perdeu a paciência e caminhou até ele — Eu juro que nunca pensei que encontraria alguém mais covarde do que eu, é sério! Vamos lá, é uma decisão simples! Luka disse que você seria o novo líder caso ela morresse, então não tente empurrar a responsabilidade para outras pessoas. Isso é uma droga, eu sei melhor do que ninguém, acredite, carreguei o peso de ser o único herdeiro dos Shion a vida inteira. Mas você só precisa decidir se quer entregar seu território, seus amigos e a si mesmo para as pessoas que mataram a Luka ou se quer continuar vivendo aí no seu canto e nunca mais incomodar a gente. O que você prefere?
— A senhora Luka jamais aceitaria dividir o território. Muito menos aceitaria os Shion como líderes — Kiyoteru falou mais para si mesmo. E então ergueu a cabeça para encará-los, um por um — É por isso que vamos permanecer quietos aqui. Nunca mais iremos incomodar vocês, eu prometo.
— Assim espero — Miku respondeu, afastando-se dele, com os dois meninos em seu encalço — Ah, e se eu fosse você, iria preparar um antídoto para o veneno que você ingeriu antes que seja tarde demais — ela acrescentou. Ergueu então o corpo de Kaito e passou o braço dele por cima de um dos ombros. Piko e Len a ajudaram a aparar o homem e começaram a caminhar de volta para seu próprio território, imaginando a reação dos amigos quando soubessem a notícia que dariam quando chegassem.


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Notas finais do capítulo

Olá meninos e meninas!
Quem aí caiu na mentira do Piko? Vocês acreditaram nessa rebeldia falsa né, podem confessar, vai XD
E a guerra acabou! o/ O que acharam da "batalha final"?
E, pasmem, o próximo capítulo é o último! Não percam o desfecho dessa história!
Deixem reviews por favor e façam uma autora feliz! *-*



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