Os Deuses da Mitologia escrita por kagomechan


Capítulo 9
WILL - Não está cansado de invocar os mortos?


Notas iniciais do capítulo

tendo a honra de dar seu ponto de vista pela primeira vez, temos Will Solace, melhor filho de Apolo ever. Melhor até que o pai XD



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/747866/chapter/9

WILL

Will Solace, filho de Apolo, prazer. Minha vez de contar tudo o que aconteceu. Não sou profissional na arte de narrar acontecimentos assim, mas vou dar meu melhor. Prometo.

Bem, quanto ao menino que Nico segurou, não precisou ser filho do deus da medicina para notar que ele não estava bem. Ao impedir que o garoto caísse no chão, Nico ficou com a guarda aberta e então coube a mim e a menina de cabelos pretos e curtos protegermos os dois.

— VAI, NICO! PASSA COM ELE! – gritei desesperado para sair daquele lugar.

Claro, eu não sabia como aquele portal foi criado. No entanto, pela aparência do mesmo e o que a garota loira tinha gritado, era indiscutível o fato de que era um portal.

Nico atravessou o portal carregando o garoto que penava para andar enquanto eu protegia a passagem deles. Quando os dois passaram, eu e a menina de cabelo curto corremos praticamente ao mesmo tempo para passar pelo portal seguidos pela menina loira de mechas coloridas e então pelo menino de roupas totalmente pretas que pareceu ter se materializado na frente do portal e então atravessado. Estranhamente, ele lembrava-me um pouco de Nico.

— Saiam da frente! – disse o garoto de preto e todos atendemos ao pedido de muito bom grado.

 Todos olhavam tensos enquanto o dragão ia em direção ao portal querendo nos abocanhar. Quando a cabeça dele passou pelo portal, o menino de preto pareceu começar a fechar o portal ao esticar o braço direito em direção ao mesmo e então fechar a mão. Não pareceu ser exatamente fácil já que ele parecia fazer alguma força na mão. O dragão rugia e gritava ao ser enforcado cada vez mais pelo portal que fechava. Todos olhávamos tensos, exaustos e derrotados esperando para ver qual seria a resolução daquela ideia maluca. Sei que meu pai estava meio ocupado tentando restaurar os oráculos e lidar com espinhas, mas, naquela hora, eu fiz uma prece para ele para que a ideia desse certo e pudéssemos sair daquela loucura vivos.

Quando o portal se fechou de uma vez decapitando o dragão, foi com um suspiro de alívio que todos desabaram no chão, exaustos. Eu torci o nariz para o cheiro que emanava da carne morta do dragão e desviei o olhar também. Era uma cena bem nojenta, uma cabeça de dragão que estava necrosada em algumas partes, puro osso em outras e, para completar o nojo, estava sangrando. Olhar ao redor para desviar a atenção do dragão não foi, infelizmente, uma boa ideia também. Ao olhar ao redor, notei que estávamos num cemitério. Pronto, outro ponto para considerar o menino de preto parecido com Nico.

— WILL! VOCÊ SERIA BEM ÚTIL AQUI AGORA! – gritou Nico e eu olhei para onde ele estava.

Nico ainda segurava o garoto que agora parecia estar tendo um ataque epilético. Ele tremia e se contorcia. Arrumei todas as forças que não tinha mais e me levantei o mais rápido que pude e corri para o lado do garoto. Torcia para que eu conseguisse fornecer a ajuda que ele precisava. Não me gabo quando digo que, uma vez, um dos campistas do Acampamento Meio-sangue tinha acabado meio... desmembrado. Pobre Paulo. Felizmente, eu consegui juntar seus braços novamente e tudo ficou bem. Claro que eu não poderia sempre confiar cegamente nos dons que recebi de meu pai, mas acho que tenho direito à certo otimismo.

— CARTER! – gritaram nossos novos amigos (ou assim espero) praticamente ao mesmo tempo.

No entanto, apesar da notável preocupação com o amigo, Carter, eles também não estavam nas melhores das condições. Ao tentar se aproximar de Carter, um dos garotos deve ter descoberto que tinha torcido o tornozelo, pois logo caiu no chão. Uma das meninas, a de cabelo preto e curto, também não parecia bem, não sei se era cansaço ou algo, além disso, mas ela perdeu as forças ao se levantar e acabou tendo que se arrastar até Carter. Fui anotando mentalmente essas informações que comprovavam que eu seria muito necessário.

Sem pensar duas vezes, fui logo fazendo todo o serviço de curandeiro com o qual já estava acostumado. Comecei por Carter, já que ele estava em condições bem piores. Os outros poderiam aguentar mais um pouco, mas eu tinha medo de o que poderia acontecer com Carter. Eu não tinha nada que pudesse usar em meus bolsos, assim, tive que contar com meus dons como filho de Apolo. O que, na pior das hipóteses, acho que já é uma coisa boa com a qual se contar.

— O QUE ESTÁ FAZENDO COM MEU IRMÃO? – reclamou a garota loira. Estranhei ela chamando-o de irmão... Talvez meio-irmão? Por parte de algum deus? Afinal, ela era branca e loira e ele tinha cabelo castanho e era negro. Enfim, me preocuparia com parentescos depois.

— Relaxa. Só vou curar ele! – reclamei não querendo demorar mais nem um segundo, estava com uma péssima sensação.

O que acontecia com Carter parecia estranho para mim. De certa forma, a sensação era de como se ele estivesse doente, mas ao mesmo tempo, amaldiçoado. Era estranho. Fiz o melhor que pude para cura-lo. Doenças e maldições são mais complicadas do que um ferimento, assim, tive que usar mais dos meus poderes enquanto direcionava as minhas mãos para ele e entoava em grego antigo o hino de meu pai. Com o passar do tempo, a convulsão de Carter foi parando e então ele só ofegava deitado sobre a grama do cemitério. Eu suspirei, uma gota de suor correu pelo meu rosto. Curar os outros pode não parecer depender de força física e coisas do tipo, mas cansa quando uso tanto meus poderes. Seja lá o que aconteceu com Carter, foi difícil tirar dele embora provavelmente não desse para falar isso ao me ver o curando.

— Ele deve ficar bem agora. Só precisa descansar bastante – eu disse e as duas garotas, a loira e a de cabelo curto, foram logo dando atenção para ele.

— Carter, como está se sentindo? – perguntou a menina de cabelo preto e curto.

— Não ouse me matar do coração assim de novo! – reclamou a loira com mechas.

— Foi mal – respondeu ele fracamente mal abrindo os olhos e dando uma leve risada.

Visto que Carter parecia bem, fui indo para o garoto que provavelmente tinha torcido o tornozelo. Ai ai... Os trabalhos de ser o médico da equipe. Você é sempre o último a poder suspirar aliviado. O trabalho com o pé do garoto era mais fácil, queria aproveitar para conversar com ele, perguntar quem eram eles exatamente, mas fui distraído com Nico se aproximando de mim e olhando para o grupo com o olhar desconfiado.

— Que cara é essa? – perguntei depois de um suspiro.

— Depois te conto... – disse Nico de forma misteriosa me fazendo revirar os olhos.

Não demorou tanto assim curar a perna do garoto, mas me sentia desconfortável em puxar papo com ele enquanto Nico ficava ali grudado pronto para voar na garganta do primeiro que o contrariasse. Não que isso fosse necessário, estávamos todos cansados e aproveitando o fato de estarmos todos vivos. Mal terminei de curar a perna do garoto e Nico me puxou pelo braço para uma distância mais segura.

— Ai! O que foi? – reclamei olhando para ele.

— Não confio neles. – disse Nico.

— Por quê? Eles não tentaram nos atacar e os monstros claramente não os viam como amigos – disse enquanto cruzava os braços esperando o argumento dele.

— Aquele ali... De preto... – disse Nico indicando disfarçadamente com o olhar e sussurrando – Não gosto dele.

— Ótimo, não preciso ficar com ciúmes então? – brinquei e ele revirou os olhos.

— Ele me dá uma sensação forte de morte. – disse ele e eu olhei disfarçadamente para onde o garoto de roupas pretas estava.

Bem... Era difícil desconfiar dele, pois estava em uma cena que estava até bem fofa. Fiquei até com inveja, queria que Nico fosse mais... Ahm... Não sei a palavra... “solto”? “relaxado” talvez. Aí quem sabe poderíamos imitar. O garoto de preto se sentava na grama que estava coberta com uma leve camada de neve e, depois de checar o irmão, a garota loira se aproximou do garoto de preto e sentou-se em seu colo. Pude ver que o garoto de preto ficou meio corado quando a menina sentou-se virada para ele.

— Não está machucado né? – perguntou ela segurando o rosto dele com uma das mãos e olhando de um lado e do outro e no topo da cabeça e também checando o peitoral e abdômen dele encobertos pela camisa negra visto que a roupa dele estava meio rasgada e um pouco sujo de algo que parecia mercúrio líquido.

— Um pouco... O pior já sarou. Só faltam uns de quando Illuyanka me mordeu. – respondeu ele levantando um pouco a blusa e mostrando um ferimento na cintura que estava repleto do mesmo líquido que parecia mercúrio. Estranhei aquilo, ele tinha sangue de unicórnio por acaso? – E você? – perguntou ele dessa vez passando a mão na bochecha dela que estava suja de poeira e corria os olhos rapidamente por ela atrás de ferimentos.

— Só uns arranhões – respondeu ela com um doce sorriso dando então um beijo na testa dele – Mas não tente de novo dar uma de escudo para mim. – completou ela o fazendo revirar os olhos.

— Não ligo, prefiro bem mais que continue assim, viva e respirando. – respondeu ele.

Achando que já tinha visto o suficiente da cena repleta de açúcar, eu voltei a olhar para Nico.

— Olha... Não sei. Acho que estou mesmo com inveja. Porque não fazemos nada daquele jeito? – perguntei pra Nico que imediatamente corou.

— Eim? – perguntou ele se fazendo de desentendido cruzando os braços e virando o rosto corado.

— Tipo... – eu disse me aproximando e o pegando pelo queixo fazendo com que o rosto dele se aproximasse e ele me olhasse nos olhos. Também aproveitei para mudar um pouco meu tom de voz para algo mais doce – Não se machucou? Não está cansado de invocar os mortos?

Nico corou e desviou o olhar de um lado para o outro antes de responder.

— E-Estou bem... S-só um pouco cansado... – respondeu ele.

— Acham que os monstros vão nos seguir até aqui? – perguntou o garoto que curei o tornozelo.

— Acho – respondemos eu, Nico, o garoto de preto e sua namorada e Carter ao mesmo tempo. Todos aparentemente já acostumados à sermos iscas de monstros.

— Temos que planejar o que f-fazer... – disse Carter tentando se levantar, mas logo foi impedido pela garota de cabelos pretos e curtos que o forçou, de forma delicada, a continuar deitado.

— Nada disso, você tem que descansar – respondeu ela passando os dedos delicadamente pelo seu rosto fazendo carinho e então pegou a mão dele firmemente, mas como se estivesse com medo de o quebrar.

Carter sorriu para ela e, para deixar o romance mais no ar ainda, ela deu um beijo em sua testa de forma delicada. Sério, acho que estávamos todos esquecendo o mero detalhe de que estávamos no meio de um cemitério.

— Alguma pessoa menos quebrada poderia ajudar a pensar no que fazer – disse uma terceira garota que havia ficado quietinha até então. Ela tinha certo sotaque... Não era bem o sotaque latino que tinham os mexicanos, mas me lembrou um pouco.

— Pelo menos estamos num cemitério... Isso é bom. Né? – perguntou a garota loira olhando para o namorado que afirmou com a cabeça embora eu não entendesse qual a parte boa de estar em um cemitério.

— A escolha foi proposital – respondeu ele.

Até que o coração de todos quase saiu pela boca quando ouvimos passos se aproximando. Queria dizer que, assim como os bravos guerreiros semideuses que somos, nos levantamos de primeira, com armas em punho, prontos para lutar. Mas não foi o que aconteceu. Eu e Nico já estávamos de pé, então foi fácil sacar as armas. Carter estava fraco e ao tentar se levantar, pareceu sentir muita dor, o que atrapalhou sua namorada que teve que o impedir de se levantar e o segurar. A garota loira ainda estava no colo do de preto, então eles demoraram a levantar. A garota do sotaque ficou pronta rapidamente, pontos para ela. O que arrumei a perna e outro menino se enrolaram também quando o primeiro tentou se levantar e o segundo teve que o segurar. Ainda bem, no entanto, que nada tínhamos a temer, pois logo vimos Annabeth e Percy se aproximando. Não sei como nos acharam, mas agradeci por terem conseguido.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

uma breve pausa pra respirar e dar aquelas shipadas XD

aliás, estou fazendo uma fic sobre o passado do Anúbis desde da fundação do Império Egípcio. Dá lá uma olhada XD
https://fanfiction.com.br/historia/750415/A_Morte_Das_Areias_do_Saara/