Os Deuses da Mitologia escrita por kagomechan


Capítulo 8
ANNABETH - A Agulha de Cleópatra


Notas iniciais do capítulo

cara... meu mouse tá uma droga...
como presentinho de Natal pra vocês, o capítulo da semana está saindo um pouquinho mais cedo. XD Aproveitem bem. Até porque vcs vão passar janeiro quase inteiro sem nada por motivos de turismo de minha parte kkk



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ANNABETH

Acho que não preciso dizer que eu não gostava da situação. Estávamos eu e Percy sozinhos para tentar lidar contra tantos monstros. Imagino que Will e Nico também teriam seus problemas para enfrentar a parte deles. Embora a maioria dos monstros não perturbassem os humanos normais, não podíamos deixar aquela situação daquele jeito. Seja lá o que os humanos normais tenham visto o caos já havia se instalado no Central Park. Desse jeito, seria questão de minutos para que a polícia ou algo do tipo chegasse e, consequentemente, a situação piorasse.

Sabe, certas horas eu me pergunto por que eu não poderia simplesmente ser uma menina normal com preocupações normais como faculdade, amigos, família, namoro... E não ter que acrescentar a essa lista monstros, deuses, magia e todo esse tipo de coisa. Já que não posso fazer nada quanto a isso e como alguém tem que impedir o plano daqueles monstros estranhos, não pude fazer nada além de suspirar ao deixar minhas ideias de uma vida normal, sem graça e tranquila de lado e então começar a passar para Percy o meu plano.

— Eu tenho uma ideia, mas você não vai gostar – Foi à primeira coisa que eu disse para Percy depois de tentar, o mais rápido possível, pensar numa situação para o nosso problema.

Depois que Nico e Will saíram, em uma situação ideal, eu teria me escondido num lugar calmo ali perto, como o parquinho de crianças, para pensar numa estratégia. No entanto, como alguns monstros atacavam civis, não tínhamos essa mordomia.

— Se for uma ideia, tá valendo – respondeu ele.

— Os monstros estão praticamente todos ignorando as pessoas e, se olhar bem, também não as deixam aproximar-se ou permanecer no Central Park – eu fui explicando enquanto tirava o meu boné da minha bolsa. Não era um boné qualquer, se eu o botasse na cabeça, eu ficaria invisível.

— Notei. – respondeu Percy.

— Eu posso me esconder com o boné. Seguir eles para descobrir o que querem lá dentro. Deve ter alguma coisa. Todos eles seguem esse caminho pela lateral do Museu Metropolitano de Arte.

— Você está pensando em ir sozinha?

Sabia que o Percy ia reclamar dessa pequena parte do plano. Mas não, eu não planejava ir sozinha. Quer dizer, não de certa forma. No entanto, não tínhamos tempo para discutir, tínhamos que ser rápidos.

— Não. Eu disse que tenho um plano não disse? Tenha calma e o escute. Do outro lado do museu de arte tem um lago bem grande

— Lago esse que provavelmente está congelado. – disse ele. - Ok, oficialmente já odeio esse plano e nem sei ainda o que você quer que eu faça com esse lago.

— Você vai até ele, tente criar ondas, o mais alto que conseguir. Use-as para carregar os monstros, afoga-los ou simplesmente distraí-los. Tanto faz. – expliquei.

— Mas você, teoricamente, não vai estar lá no meio? – Percy perguntou sem deixar escapar esse detalhe.

— Tentarei ficar perto do Museu de Arte. Conte uns 5 minutos antes de jogar a onda para eu ter tempo de ir.

— Não gosto disso. – respondeu Percy.

— Tem um plano melhor? – perguntei botando o boné.

— Tome cuidado. – respondeu ele depois de suspirar.

Eu abri um sorriso. Odiava quando a gente se colocava nessas situações complicadas e que botavam nossas vidas em risco, mas esquentava meu coração quando ele mostrava-se preocupado comigo. Enquanto a situação me dava calafrios, Percy me esquentava apenas com sua simples presença. Para retribuir isso, eu me aproximei dele e dei-lhe um rápido, mas doce beijo em seus lábios.

Ele sorriu quando nossos lábios se tocaram e ele entendeu que era um beijo. Afinal de contas, eu estava invisível. Eu sabia que se dependesse da gente, ficaríamos ali mais um bom tempo enquanto os monstros continuavam a fazer o que queriam. Assim, em prol de mais uma vez salvar o dia, me afastei dos lábios de Percy e inspirei fundo me preparando para o que nos aguardava.

— Vamos lá cabeça de alga. – eu disse antes de começar a seguir os monstros e fazer minha parte do plano.

Os monstros seguiam por um caminho que cortava as árvores que tinham na lateral do Museu Metropolitano de Nova Iorque. Quanto mais eu andava, mais eu notava que a quantidade de monstros ia aumentando. O engraçado, no entanto, é que eu não tive que andar muito. Eu achava que eles tinham ido para mais profundamente do parque, mas não. Eu não podia mais ver os prédios, graças às árvores, mas ainda conseguia ver perfeitamente o fundo do Museu.

Outra coisa que achei intrigante foi onde os monstros pareciam se reunir. Eles formaram um círculo ao redor da Agulha de Cleópatra. A Agulha de Cleópatra é um obelisco egípcio que tem no Central Park perto do Museu de Arte. Meio estranho ter algo egípcio no meio de Nova Iorque? Não muito. Ele foi dado aos Estados Unidos como presente pelo Egito numa tentativa de estreitar a relação entre os dois países no século 19. Se não sabe o que é um obelisco, ele é um monumento alto e fino feito na forma quadricular e com uma terminação piramidal. Inclusive, a palavra “obelisco” vem do grego obeliskos, que significa agulha. Deixando toda essa parte de aula de história e arquitetura de lado, acho meio deprimente que esse maravilhoso exemplo da Antiga Civilização Egípcia esteja tão longe de casa.

Os monstros formavam um círculo ao redor da Agulha de Cleópatra sem se aproximarem muito. Isso é, com exceção de alguns. Um desses monstros era uma mulher. Chamar de monstro seria cruel, ela não parecia ser um monstro. Ela era muito bonita. Tinha a pele no tom de chocolate, olhos enigmáticos e andava com elegância sem ligar que o vento frio do inverno bagunçasse seus cabelos azuis. Suas roupas não podiam ser também mais fora de estação. Usava apenas uma longa saia de cor creme que parecia ser de tecido bem fino e um top quase do mesmo tom de azul que seus cabelos. Enquanto ela também passava uma sensação de elegância, também passava uma sensação de perigo e loucura, seu olhar fez eu me arrepiar. Além disso, ela parecia entoar alguma coisa para o obelisco em uma língua que eu não conhecia. Aos sons do que ela entoava, os outros monstros pareciam responder ou repetir e acho que não necessariamente no mesmo idioma, pois achei ter escutado algumas palavras em Grego e até em Espanhol. No entanto, era impossível pegar algum trecho por completo com todos falando ao mesmo tempo. Imagino ter pego as palavras “rio”, “luz” e “linha”, mas posso estar enganada.

Enquanto eu me aproximava, pude notar que a Agulha de Cleópatra estava emanando uma leve luz própria. O obelisco irradiava uma leve luz amarela enquanto os hieróglifos cravados no mesmo começaram a brilhar intensamente em vermelho. Os que estavam mais perto no chão foram os primeiros a começar a brilhar. A luz então foi se propagando rapidamente em direção à ponta do obelisco até que ela meio que escapou pela sua ponta em direção ao céu de Nova Iorque. Seja lá o que era aquilo, duvidava que fosse bom sinal.

— Está feito. Menos um. – disse a mulher de cabelo azul admirando a luz que cortava o céu. O que mais me preocupou na frase dela foi o “menos um”.

— Não acha melhor ir fazendo os mesmos nos outros de uma vez só do que um de cada vez? – perguntou um homem se aproximando dela. Ele não dava o mesmo impacto que a mulher dava. O homem era careca, tinha uma barba grande e volumosa e os braços dele eram tão grandes quanto os de Thor. O Thor dos filmes dos Vingadores mesmo. Ainda não tive a oportunidade de conhecer o verdadeiro, mas meu primo Magnus disse que está bem longe de ser a mesma coisa.

— Por isso que ninguém deixa os planos para um Hitita como você – disse a mulher cruzando os braços com superioridade enquanto o homem a olhava com extremo rancor e ódio – Não, seu idiota. Se fizermos tudo de uma vez, chamaremos atenção demais.

— Não ouse me chamar de idiota mulher! – reclamou o homem apertando sua mão em um punho fortemente. Ele aparentemente ficou com tanta raiva que estava quase cuspindo na mulher. Mas nem por isso ela perdia sua pose de superioridade.

— Perdoe-me se tiver enganada... – disse uma segunda mulher também muito bonita. Esta segunda mulher tinha longos cabelos ruivos e sentava-se com extrema elegância na cerca de metal que impedia que as pessoas se aproximassem do obelisco. Ela parecia aquelas mulheres bonitas que aparecem na capa de revistas depois de muito photoshop. Ela poderia ser uma modelo se não fosse o sangue escorrendo pela sua boca. Descrevendo dessa forma e olhando-a, ela poderia muito bem ser uma vampira. Depois de tanto que aconteceu desde que descobri que era semideusa, agora me pergunto se existe algum ser mágico, mitológico ou fictício que aparece nas histórias dos filmes, livros e afins que não exista. Estou oficialmente aberta a aceitar de tudo.

— O que é agora? – perguntou a mulher de cabelos azuis revirando os olhos.

— Disse que não quer chamar atenção, mas isso que estamos fazendo já não chama muita atenção? – perguntou a mulher que vou julgar que seja uma vampira.

— Nosso maior grupo foi para a casa do Brooklyn. Isso criará uma distração, deixará os magos ocupados e ainda resolverá o erro que Zababa cometeu. – explicou a mulher de cabelo azul. Se eu fosse chutar, diria que o homem era Zababa, pois ele ficou com raiva do comentário da mulher de cabelos azuis. Por um milésimo de segundo fiquei com dó dele por causa do nome horrível que foi ganhar.

— Ora, Zababa, pare dessa cara feia – disse a vampira fazendo um biquinho.

— Sim. Eu deveria era te mandar para lá para arrumar o seu erro. – disse a mulher de cabelos azuis - Tudo que eu te pedi foi para conseguir possuir o deus da morte para que ele ficasse do nosso lado, mas sua incompetência não consegue nem mesmo se apossar de um deus sozinho.

— O fato de quase todos os outros deuses egípcios não estarem aqui não deixa de fazer dele um deus. – justificou-se Zababa – Além disso, ele tinha aqueles garot-

— E você não é um deus também? – rebateu a mulher de cabelos azuis cortando a fala de Zababa – E não me diga que está com medinho de um grupinho de mortais! Você deu sorte de poder ter voltado do submundo tão rápido.

Estava preocupada com os cinco minutos que pedi para Percy. Olhei na direção do lago, e tudo parecia ainda normal. Olhei na direção do Museu de Arte e já planejei minha rota de fuga quando esta fosse necessária. Eu teria ficado para ouvir mais, mas naquele momento a mulher de cabelos azuis virou-se de costas para o obelisco.

— Se tivéssemos alguém menos esque- - foi o que ela começou a dizer. Mas então parou.

A mulher de cabelos azuis ficou completamente imóvel, como uma estátua. Ela começou a cheirar o ar e botou rapidamente a língua para fora três vezes. Arrepiei-me ao notar que a língua dela era como a de uma cobra. No entanto, o arrepio que percorreu meu corpo dos pés até a cabeça nessa hora não foi nada comparado ao que passou pelo meu corpo quando ela cravou os olhos extremamente amarelos e com pupilas verticais exatamente em minha direção.

Minha cabeça me lembrava de que aquilo não era possível. Eu estava usando o boné que me deixava invisível. Não era possível que ela acabasse me vendo. Fiquei imóvel, totalmente com medo de fazer qualquer coisa que pudesse dedurar minha posição. Mas aparentemente não era necessário isso...

Pois ela sabia exatamente onde eu estava.

Novamente ela recitou alguma coisa que não entendi e cobras apareceram feito mágica e outras se separaram do grupo de monstros. No momento seguinte, ela pulava em minha direção querendo provavelmente me matar. Consegui ser rápida o suficiente para me esquivar e sacar minha faca para me defender. Eu rolei levemente na grama quando cai depois de esquivar. Caí, pois ela conseguiu me ferir na cintura com as longas garras que haviam aparecido em suas mãos. Para piorar a situação, ela me arrancou o boné.

Agora que aparentemente todos podiam me ver, ouvi os outros monstros dizendo repetidas vezes “humana” ou “semideusa”. Peguei minha faca e a segurei fortemente pronta para me defender de quem quer que tentasse me atacar. Minha cintura doía e eu sentia a roupa começando a grudar com o meu corpo enquanto o sangue ia a molhando. Foi nesse momento que eu ouvi um barulho alto que parecia água corrente, onda e gelo quebrando. Percy! O mais rápido que pude me virei para correr para a proteção das paredes do Museu de Arte, mas vi que não ia conseguir a tempo, pois uma grande cobra me agarrou se enrolando ao redor de minha cintura prendendo também meus braços. O corpo da cobra tinha facilmente o diâmetro da roda de um caminhão. Nesse momento, várias coisas aconteceram ao mesmo tempo. Em um momento eu sentia a cobra me apertar como se pensasse se preferiria me matar esmagada ou me usar de café da manhã e no seguinte vi que alguém com uma espada matava a cobra. Nem tive tempo de pensar se era Percy essa pessoa, pois no momento seguinte eu estava na proteção do Museu de Arte enquanto uma onda passava e carregava a maior quantidade de monstros que conseguia.

Eu tossi tentando recuperar o ar que perdi ao brigar com a cobra (uma luta bem unilateral). Eu levantei o olhar para ver quem me salvou e vi uma velhinha que já me ignorava e ia em direção à porta do Museu. Ela era alta, tinha sardas no rosto e seu cabelo grisalho estava preso em um elegante coque. De certa forma, ela lembrou-me minha mãe. Como se fosse uma versão mais velha.

— E-Espera... – foi o que consegui dizer enquanto tentava me levantar, mas acabava caindo de novo. Ela nem olhou para trás, mas pude ver que ela lutava agilmente com a espada impedindo qualquer monstro de entrar no museu. Vendo-a lutar daquele jeito, eu duvidava que a idade avançada trouxe-lhe algum peso.

Em certo ponto, parece que a velhinha sem nome deixou Percy entrar no Museu. Eu me levantei com as pernas bambas enquanto eles pareciam discutir alguma coisa.  

— Percy... – eu disse me levantando e segurando meu ferimento.

— Você está bem? – perguntou ele me segurando – Temos que ir!

 - Ah? E deixar ela assim? – eu disse surpresa.

— Eu cuido disso garota – respondeu a velhinha enquanto ainda lutava – Afinal, pode não parecer, mas sou uma deusa. Vocês têm que ir. Tem coisa mais importante a fazer do que ficar aqui.

Minha mente entrou em parafuso naquela hora. Ir? Para onde? Ela? Uma Deusa?

— Calvary Cemetery. E é melhor dar uma olhada nesse ferimento antes. – disse a velhinha como se tentasse responder minhas perguntas o mais brevemente possível – O destino do mundo está na mão de todos vocês.


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Notas finais do capítulo

espero que gostem do cap, feliz natal pra todos e até o prox cap!
comentem e comentem! O que acharam do cap? suposições? teorias? tão curtindo?



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