Os Deuses da Mitologia escrita por kagomechan


Capítulo 72
HEARTHSTONE - Preocupados demais


Notas iniciais do capítulo

cheguei com mais um capítulo depois de ter demorado mais do q eu esperava. muita coisa aconteceu. o proximo deve demorar um pouco então divirtam-se com esse kk

tirei uns minutos aí pra dar uma organizada nas minhas notas de planejamento da história :3 estou à um tempo já tentando preparar o terreno para um certo narrador novo. espero conseguir. n é um personagem fácil. mas ainda vai demorar um tico.

sobre esse cap, já sabem... considerar q tudo foi narrado em ASL e etc etc.



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HEARTHSTONE

 Quando todos nos preparávamos para nos separar e Alex ainda era um passarinho azul voando em nossa frente, Victoria explicava para ela para onde ela poderia levar aqueles que resgatasse.

    " Se seguir pro lado oposto da pirâmide, para o lado onde tem menos monstros… " vi a boca dela dizer " tem uma cabana. Leve quem conseguir salvar para lá, por favor. "

    Batendo as pequenas asas, o pequeno passarinho que era Alex saiu voando em direção à pirâmide. O mais complicado era provavelmente tirar Mestiço dali. Eu esperava que ela soubesse algum pássaro bem forte e grande para tirar os semi-deuses maias dali mas… não acho que nenhum pássaro seja forte o suficiente para carregar Mestiço.

Quando Alex saiu voando para longe, já não tínhamos mais sinais de Magnus, Carter ou Zia. Deviam estar tentando se aproximar da pirâmide de alguma forma. Pra gente, sobrava procurar mais sobreviventes.

Depois de nos separarmos dos outros aproveitamos a proteção das árvores para procurar por sobreviventes por ali. A mata ali era apenas parcialmente boa o suficiente para nos esconder de inimigos que pudessem aparecer no meio do caminho. Em alguns pontos as finas árvores ficavam mais espalhadas e, obviamente, não nos davam muito lugar para nos escondermos. Apesar de termos essas boas notícias de ser fácil nos escondermos, eu admito que estava mais preocupado por Magnus do que por a gente.

" A Victoria disse que tem várias outras construções menores espalhadas por aqui além das pirâmides e escondidas nas matas… " sinalizou Blitzen para mim.

" Espero que eles não tenham percebido isso também. " respondi para ele.

Nos esgueiramos pelas árvores até que encontramos uma cabana que parecia quase esquecida no meio da mata. Se eu forçasse a visão, ainda conseguia ver o caminho que nos levaria até o buraco no chão magicamente conectado à El Dorado. Então não estávamos tão longe assim de nossa alternativa de saída de emergência… ou talvez única saída mesmo.

A cabana que estava diante de nós era levemente circular ou oval. Era ruim de descobrir daquele ângulo. Suas paredes pareciam ser feitas de barro revestindo quase que completamente um conjunto de galhos arrumados meticulosamente na vertical. O teto da cabana era de folhas secas que pareciam ser palha. Tudo o que a gente precisava era dar a volta, algo simples, para poder entrar pela porta. O problema foi que quando íamos fazer isso, notamos que não estávamos sozinhos.

Freiamos bruscamente com Victoria estendendo a mão esquerda para impedir que nós continuássemos, mas era tarde demais para nos escondermos. Saindo da cabana que queríamos entrar, estava um monstro e ele havia nos visto muito bem. O monstro parecia um enorme cachorro nascido de um pesadelo. Era de um roxo meio puxado para o preto em algumas partes e tinha escamas azuis pontudas nas costas. A cauda era longa e fina, seus dentes não cabiam na boca e seus olhos eram esbugalhados de um jeito perturbador.

Victoria gritou algo quando o monstro pulou na direção dela. Ela ergueu a espada horizontalmente de forma apressada. Quase que não deu tempo, mas ela conseguiu parar o ataque colocando a espada na boca do monstro usando sua mão livre para apoiar o lado cego da lâmina. Com um forte movimento de mão ela largou o cachorro mágico no chão enquanto eu já colocava a mão na minha bolsa atrás da runa de ‘Isa’.

Eu já havia agarrado a runa em minha mão quando Blitzen segurou forte em meu pulso me olhando com olhos ansiosos e preocupados por baixo daquela roupa que o protegia do sol.

" Poupe as runas… " sinalizou ele apressadamente antes de atirar seu arpão contra o monstro que abriu a boca sofridamente quando foi atingido mais ou menos na coxa.

" Eu posso ajudar. " respondi para ele.

" Olha o tanto de monstros que tinha lá. " rebateu ele " Podemos precisar das suas runas mais tarde. Não pode ficar sem magia. "

Vi então atrás de Blitzen que outro daqueles monstros se aproximava correndo, talvez para ajudar o companheiro que, apesar de ferido, ainda estava vivo. Empurrei Blitzen para o lado forçando ele a sair da reta de ataque do monstro e atirei nele a runa que já segurava em minha mão. O monstro congelou parcialmente e caiu no chão quando a runa de gelo o atingiu. A pequena queda quebrou parte do gelo deixando ele com parte do rosto, apenas uma orelha, e boa parte das patas dianteiras congeladas. Ele conseguia se mover um pouco, mas estava preso demais para fazer qualquer coisa mais complicada do que cambalear por aí.

Blitzen olhava meio surpreso para o monstro semi-congelado que se debatia tentando se soltar ao invés de nos atacar. Tudo isso enquanto Victoria lutava contra o primeiro monstro que, apesar de machucado, continuava com bastante raiva, assim como nossa nova amiga também estava. Ou então, talvez fosse por causa da raiva que ele estava ainda atacando ela com suas garras apesar de mancar de uma das pernas que sangrava com o arpão de Blitzen ainda preso lá.

Mas não era hora para conversas, Victoria precisava de ajuda e o monstro congelado ainda era um problema. Assim, apressadamente, Blitzen levou a mão até a boca e abaixou formando então um “Obrigado” acelerado, pois ele logo se virava para a onde a luta de Victoria com o monstro acontecia puxava de volta seu arpão que, felizmente, era mágico. Então isso foi até fácil de se fazer. 

Blitzen apontou novamente o arpão para o monstro que lutava contra Victoria, já que o congelado ainda estava largado no chão se debatendo sem conseguir fazer muita coisa, enquanto ela usava sua espada para se proteger das presas dele e ainda dava de bônus um chute forte no ombro dele. Com um golpe aparentemente bem calculado, ele acertou o monstro bem na boca e, ensanguentado do jeito que o monstro estava já depois da luta contra Victoria, era tudo que ele ainda precisava para morrer enfim.

Quando olharam para mim e para o monstro congelado, Victoria e Blitzen estavam já um pouco ofegantes. Principalmente Victoria. Me pergunto o quão ruim era para Blitzen respirar dentro daquela roupa toda que o protegia do sol. Por mais que estivesse lentamente anoitecendo, ali ainda era bem quente. Mas, conhecendo o Blitzen, aposto que aquela roupa era também o mais fresquinha que ele conseguia fazer.

" Posso pedir para, por favor, você deixar esse com a gente? " sinalizou ele.

" Imaginei que fosse falar isso… " retruquei notando a expressão dele que claramente tentava ser séria mas dava para notar a preocupação ali escondida "Mas não acha que está exagerando um pouco?"

" Não. " respondeu ele enquanto Victoria fincava a espada no rosto do monstro de um jeito doloroso demais para eu descrever muito e que por fim acabou com ele de uma vez por todas… ou assim eu torcia pelo menos. 

Aquela preocupação exagerada de Blitzen estava me incomodando um pouco. Teríamos que conversar sobre isso depois com certeza. No momento, tínhamos um resgate para fazer.

" O que eram esses monstros? " perguntei e vi Blitzen repetir a pergunta para Victoria.

Não entendi a primeira palavra que seus lábios formaram, algo parecido como “A Rue T”, mas entendi as demais. “Filhotes, no máximo adolescentes”. 

" A-H-U-I-Z-O-T-L." soletrou Blitzen para mim "' Mas não adultos ainda."

" Ainda bem que não eram adultos… " disse Victoria enquanto Blitzen traduzia o que ela dizia para mim embora eu conseguisse ver pelos lábios o que ela dizia. Isso é, até o momento que ela virou de costas para entrar na cabana "Podíamos ter virado jantar se fossem."

Seguimos ela então para a cabana que não tinha nada de muito especial por dentro. Era uma cabana, pura e simplesmente. E, felizmente, estava vazia. Ela parou na porta e soltou um pesado suspiro enquanto olhava para a cabana.

"Victoria disse… “Vínhamos aqui às vezes…”'" disse Blitzen enquanto repassava para mim o que Victoria dizia. Do jeito que estava, não podia ver seus lábios e descobrir por conta própria "“...O clube do livro era aqui, e às vezes líamos histórias de terror também quando estava bem escuro numa noite de lua nova. Uma tradição bestinha que algum dos meninos inventou por algum motivo bem bestinha também. Mas era legal.”"

"Depois que tudo isso passar, vão voltar a fazer isso." eu disse e Blitzen passou o recado para ela "E vamos ajudar."

Ela abriu um sorriso triste para mim e eu podia jurar que ela estava segurando as lágrimas. Não devia ser fácil para ela. Eu não sabia muito sobre como era ali antes de os monstros e deuses como Kukulcan resolverem se apossar do lugar, mas só pela situação que vi em El Dorado… a tristeza dos maias por ali era quase palpável e a destruição estava bem grande também. Era fácil ficar com vontade de ver aquele lugar lindo cheio de alegria ao invés de desespero e tristeza.

 Victoria abaixou a cabeça e o olhar rapidamente antes de levantar de novo. Parecia sem graça e o fato de coçar a nuca ajudava muito nisso.

"Eu…Não sei bem como…" vi a boca dela formar acanhada e lentamente as palavras enquanto o olhar parecia começar a pedir socorro olhando para mim e para Blitzen " não quero soar ofensiva… ahm… eu não sei linguagem de sinais…"

Levantei minhas duas mãos para ela juntando o indicador e o dedão de cada uma das mãos formando pequenos círculos e então balancei as mãos de um lado para o outro junto com a cabeça em sinal de negação. “Sem problema”, era o que eu queria dizer e Blitzen passou essa informação para ela.

" Como que… ahm… como que diz ‘obrigada’?" perguntou ela "E você sabe ler lábios?"

Sinalizei para ela que sabia mas logo passou pela minha cabeça que seria mais fácil para ela se eu simplesmente afirmasse com a cabeça, e assim o fiz. Ensinei ela então rapidamente o mesmo gesto que Blitzen tinha usado antes, o “Obrigado”. Levei a mão até a boca devagar para que ela repetisse e então abaixando a mão. 

"Só isso?" perguntou ela chocada e abrindo um sorriso "Parece que está mandando um beijo para alguém. Então.. obrigada…" disse ela repetindo o gesto "pela ajuda, dos dois, de todos vocês."

"De nada" respondi sinalizando.

"Acho bom um de nós ficar aqui enquanto dois de nós vamos em busca de mais sobreviventes." disse ela "Alex vai vir até aqui. Não podemos deixar a cabana vazia."

"Eu fico e protejo quem conseguir chegar até aqui." me ofereci.

Blitzen na hora olhou para mim preocupado. Já vi que ele ia começar o maior argumento de todos, mas fui mas rápido do que ele.

"Se mais de um monstro aparecer, minhas runas são melhores que seu arpão." sinalizei "Vai ficar tudo bem. Porquê está se preocupando tanto comigo recentemente? Eu estou preocupado com você também mas não…"

"Mas eu não vou estar sozinho como você vai ficar agora…" interrompeu ele.

"Você já estava super protetor desde antes disso." rebati fechando a cara.

Victoria disse algo que não prestei atenção pois estava com o olhar focado em Blitzen. Só sei que ele suspirou derrotado, sinalizou um apressado “tome cuidado” com uma expressão de dor e foi correndo embora com Victoria em busca de mais gente que tenha se escondido nas outras construções que os maias tinham por ali.

Foi quase como se tivessem combinado, pois segundos depois Alex chegou com nosso primeiro resgatado, a garota maia. Sinceramente, não me lembro do nome dela. Na forma de um enorme pássaro, Alex deixou a menina no chão lentamente e, como notei que a menina, apesar de estar acordada, não parecia capaz de ficar de pé sozinha, fui ajudar. Segurei a menina que parecia fraca enquanto Alex voltava à sua forma normal e olhava ao redor preocupada.

"Não fomos seguidos…" sinalizou ela apressada me puxando pela manga para dentro da cabana.

A pressa dela foi tanta que tive que carregar a garota que os pés se atrapalharam para manter a velocidade. Quando entramos na cabana, a garota irritada me empurrou pra longe me forçando a soltá-la. Seus joelhos tentaram segurar o próprio peso, mas não deu certo, ela caiu no chão. Eu estranhei o comportamento, Alex também. Sem entender o que havia motivado isso, ficamos olhando para ela sem entender nada.

A garota parecia cansada e assustada. Seus olhos estavam se enchendo de lágrimas e seu rosto parecia triste… até que ela olhou para Alex com o olhar de raiva quando Alex perguntou algo que não consegui entender muito bem, acho que foi em espanhol. A menina respondeu algo… espanhol de novo. As duas falavam muito rápido pra eu sequer tentar pegar uma palavra solta. Apenas fiquei olhando de uma para outra até que do nada a conversa cessou e Alex ficou de braços cruzados evidentemente com raiva. 

Claramente irritada, Alex sinalizou para mim um resumo.

"Fica de olho nessa chata supersticiosa, ok?" sinalizou Alex parando um pouco a cada pequeno espaço de tempo provavelmente tentando montar a frase "Tá reclamando que eu ter vindo dá azar… alguma besteira de alguma história com… humanos que viram animais e é mal sinal."

Minha expressão deve ter deixado bem óbvio como achei aquilo algo horrível para se dizer, pois ela afirmou brevemente com a cabeça e soltou um suspiro irritado antes de continuar a dizer mais.

"O pessoal no templo pirâmide tá muito ruim. Vou voltar logo." sinalizou ela apressadamente antes de virar novamente aquele pássaro enorme e sair voando para resgatar mais alguém.

Eu olhei para a garota maia que estava sentada emburrada abraçando as próprias pernas evitando olhar para mim e então olhei para o lado de fora da cabana. Meu coração ficou apertado. Magnus estava numa situação aparentemente complicada a julgar pelo curto relato de Alex e eu não tinha ideia de como estava Blitzen. E lá estava eu, sozinho com uma menina emburrada à poucos metros de dezenas de monstros torcendo para não sermos achados ou forçados a fugir para El Dorado. Só esperava que aquela aventura ali no México não terminasse do mesmo jeito da que matou TJ.

 


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