Os Deuses da Mitologia escrita por kagomechan


Capítulo 68
JACQUES - De pertinho no silêncio


Notas iniciais do capítulo

alguém tava com saudade do Jacques narrando? XD
eu ia continuar no grupo de Teotihuacan por mais um capítulo mas achei melhor dar uma trocadinha já. é bem difícil organizar o tempo que as coisas acontecem ao mesmo tempo. lembrando q esse grupo teve q viajar até outro lugar pra poder começar sua treta enquanto o outro já estava na mesma cidade da treta deles. então por isso que ficamos mais no outro por um tempo. para organizar o tempo das coisas.
enfim, bom capítulo. vou tentar soltar mais o quanto antes já que em breve vou ficar mais ocupada e tbm para vcs terem o que fazer nessa quarentena



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JACQUES

Olá! Sentiram falta de mim? Imagino que sim! Afinal, nenhum tão narrador é tão detalhista e empolgante de se acompanhar quanto eu. Pois bem, deixe-me dar os detalhes que aconteceram em nosso passeio nem tão turístico assim por El Dorado. 

Claro que eu adoraria ter tempo para curtir aquela cidade banhada em ouro e aquelas praias lindas que vimos pelo caminho. Talvez descansar em algum lugar, na sombra de um coqueiro ouvindo uma música latina bem feliz e dançante. Tá, toda a situação de semideuses em situações complicadas e até mortos deixava a situação bem menos paradisíaca. 

Mas, de toda forma, não estou aqui para ser guia turístico de vocês. Já que faz tempo também. Deixe-me refrescar um pouco a memória de vocês. Depois da viagem de Teotihuacan para essas partes do território mexicano, a garota Victoria, semideusa maia de algum deus aí que provavelmente tem um nome complicado e que não tinha fama boa por estar muito ligado à mortes violentas ou algo do tipo, nos apresentou El Dorado. Não sei como ninguém saía vendendo na Amazon ou no EBay ao menos uns tijolos daquela cidade. Era um jeito fácil de ficar rico.

De toda forma, em El Dorado achamos alguns semideuses que, embora machucados e tudo mais, estavam vivos. Depois de ajudarmos eles e aprender uma ou outra palavra em espanhol, deixamos El Dorado para trás até chegarmos em outro lugar envolto em várias árvores tropicais que aproveitamos para nos esconder. E ainda bem que tinha as árvores para nos escondermos, porque depois delas, ao redor de uma pirâmide cinza e branca que provavelmente já viu dias melhores, estava o que provavelmente seria um começo de um exército de respeito. Tinha provavelmente três ou quatro monstros para cada um de nós. Apesar do exército já parecer preocupante o suficiente, prestamos mais atenção no homem verde no topo da pirâmide.

— Ele é…? - sussurrou a garota egípcia, Zia, olhando para Victoria.

— Quetzalcóatl para os astecas, Kukulcán para os maias. - respondeu Victoria de volta bem baixinho.

— Duas nacionalidades também significa duas vezes mais poderes? Espero que não… - disse Magnus.

— Como se toda essa galera ao redor da pirâmide não fosse problema o suficiente. - falei.

— Olha… tem muito inimigo aqui. Somos poucos. - disse Carter - Acho que deveríamos juntar mais gente. Procurar por sobreviventes por aqui. Evacuar os sobreviventes de El Dorado. Evitar qualquer combate com Kukulcán e então chamar o resto do pessoal lá em Teotihuacan. Talvez até mais dos semi deuses de lá. Entrar aqui assim é suicídio. Somos só 7 aqui. 

— Hey! 8 se contar comigo! - reclamei e com razão caramba!

Tá vendo? Por isso digo que sou o narrador mais incrível! Só eu lembraria de mencionar direito a importância das armas nesse momento. Por exemplo, posso mencionar como Carter segurou sua linda Kopesh talvez um pouco nervoso com o que parecia o começo de uma nova briga. Ela parecia mais pronta do que ele. Tenho que falar a verdade.

— Desculpa, Jacques. - desculpou-se Carter enquanto eu ainda pensava se consideraria as desculpas dele ou não.

— E deixar Kukulcán solto? - questionou Victoria com um choque na voz que talvez tivesse ficado um pouco alto e agudo demais para ser usado em território inimigo - Ele vai marchar sobre Teotihuacan na primeira oportunidade.

— Podemos nos preparar para isso junto com os demais. - disse Alex.

Deixei eles discutirem entre si quanto a o que fazer. Não tinha interesse na discussão deles pois algo havia chamado minha atenção ali e não era o discurso aparentemente inflamado que Kukulkan dava para seus amiguinhos, até porque eu não conseguia entender nada de sei lá qual idioma ele estava falando. O que chamou minha atenção foi que na frente da longa escadaria que levava ao topo da pirâmide, havia uma massa estranhamente familiar.

Havia muitos monstros na frente. Alguns até pareciam agarrados à essa estranha massa de vários tons de marrom e vermelho. Ninguém além de mim parecia ter notado aquilo. Ou talvez alguém mais tenha notado. Sei lá. Não prestei atenção nos olhares de todos.

Minhas tentativas de entender o que era aquela massa disforme logo receberam a ajuda de quatro dos monstros. Pois é. Pois eles começaram a levar aquela massa disforme escada à cima. O que ajudou-me a ver que aquela massa disforme na verdade eram três massas, uma maior do que as outras duas.

— Ahm… gente… - eu disse - Aquilo ali que eles estão levando escada acima não parecem ser o Mestiço e os dois semi-deuses maias que encontramos na praia?

— QUÊ?! - exclamou Magnus talvez alto demais e logo Alex já estava fazendo o favor de tapar a boca dele e puxar ele para um ponto mais escondido atrás da árvore.

Infelizmente, era isso mesmo. Não sabia os detalhes do que aconteceu, mas lá estava nosso amigo viking parrudo desacordado e ensanguentado (percebi que as manchas vermelhas eram sangue) sendo carregado pirâmide acima. Numa escala de 1 a 10, o quão ruim isso era? Provavelmente bem ruim, porque tinha muita gente no meio do caminho para que a gente pudesse salvar o nosso donzelo em perigo. E que donzelo grande ele era. Passa essa dica aí pra Disney fazer o novo filme de princesas dela.

— Não podemos deixar ele lá. - disse Alex.

— O caminho até lá não parece muito simpático… - eu disse.

Não que eu queira deixar o Mestiço para trás, tá? Deixa eu tirar uns segundos para falar o óbvio, por favor?

— Espero que você tenha um plano genial para passar por esse bando de monstro e chegar lá no topo da pirâmide. - disse Blitzen - E ainda salvar os três bem debaixo do nariz do Kukulkan. Ou Quetzalcóatl. Não sei qual nome usar à essa altura.

— Considerando o território maia, acho que Kukulkan seria melhor. - disse Zia depois de uma pausa dramática - E eu tenho uma ideia. Ou o começo de uma ao menos.

— Qual? - perguntou Carter.

— Podemos usar aquele feitiço que usa linho negro para ficarmos invisíveis. - sugeriu Zia olhando pro Carter mas logo olhando pro resto da galera - É quase uma capa de invisibilidade.

— Uhh… me senti em Harry Potter agora. - disse Alex achando a ideia bem legal.

— Temos tudo para fazer esse? - perguntou Carter enquanto Zia já ia procurando as coisas na bolsa dela - Lembre que temos que ter shabtis para cada uma das pessoas também.

— Eu posso virar um pássaro ou algo do tipo para ser uma pessoa à menos para vocês se preocuparem. - disse Alex - Por mais que eu queira usar a capa do Harry Potter.

— E isso vai dar certo mesmo? - perguntei.

— Eu disse que era só um começo de ideia. - se defendeu Zia.

— Ao menos é algo. - disse Magnus provavelmente traduzindo o que Hearthstone sinalizava - Se voltarmos sem o Mestiço, acho que a Mallory vai matar a gente, bem lembrando Hearth.

— De toda forma, acho que temos que pensar em algo rápido. - disse Victoria preocupada olhando para onde os nossos três reféns estavam.

Assim, apressadamente tivemos que bolar um plano. E veja bem, um plano não só para chegar até eles, mas também para sair de lá. E tinha que ser um plano bom. Afinal, eu tinha uma Khopesh para tentar impressionar. Nada de errado em ter um plano B enquanto a linda Contra-corrente está tão longe de mim.

Bem, quanto ao nosso plano. Nos divididos em dois grupos. Uma parte para salvar os nossos três reféns, outra para andar de fininho pelo lugar em busca de outros sobreviventes do caos que havia acontecido horas antes. Eu, Magnus, Carter, Zia e Alex iríamos até a pirâmide salvar o pessoal. O resto foi andar de fininho por aí.

Enquanto Alex virou um passarinho, Zia entrou embaixo sozinha da própria capa de invisibilidade feita com umas palavras mágicas estranhas aí e uns bonecos esquisitos feitos acho que de cerâmica que ela e Carter, se eu não estiver errado, chamaram de ‘shabti’. Carter também fez a própria capa de invisibilidade mencionando, para minha tranquilidade, que uma vez anos atrás aquele mesmo feitiço havia dado errado.

— O feitiço meio que explodiu uma vez quando eu e Sadie usamos. - disse ele enquanto nos preparamos.

— Péssima hora para dizer isso. - disse Magnus - Por favor diz que você melhorou nele desde então.

— Creio que sim… - disse Carter para meu eterno alívio.

Posso dizer que, para a minha alegria, eu e Magnus fomos juntos com Carter embaixo do pano preto que ele usou para fazer o feitiço de invisibilidade dele. Isso significava que eu tinha mais chances de tentar mostrar como sou incrível para a Khopesh. Infelizmente, por outro lado, a situação como um todo também fazia com que ficasse impossível eu dar umas cantadas nela, até porquê silêncio era muito importante no momento. O que era bem triste. Eu já queria aproveitar a nossa aproximação para tentar usar alguma música em espanhol para tentar conquistar o coração dela. Ou será que eu deveria me esforçar e tentar conseguir alguma música e árabe? Sim, árabe, porquê provavelmente nem mesmo Bragi, deus nórdico da música e da poesia, conseguiria desenterrar e me ensinar alguma música ou poema em egípcio para que eu tente agradar a Khopesh. Hum… pensando bem, será que eu deveria pedir para algum dos egípcios uma ajudinha nisso? Claro, sem que a Contra-Corrente esteja por perto… Nada de errado com tentar para todo lado já que não tem nada sério entre nós dois, certo? Ah! Pensando bem, será que deveria procurar alguma coisa em grego também para tentar impressionar a Contra-Corrente? Vou deixar isso anotado pra depois dessa confusão.

Andando grudadinhos embaixo do pano preto, eu tentava não pensar demais em como estava tão perto da Khopesh… e em como também estávamos cercados de monstros. Mas foco na Kopesh. Vou tentar fingir que não estou cercado de um monte de monstros diferentes. 

A prova de como estávamos tensos é que eu podia ouvir claramente o coração do Magnus batendo conforme avançávamos até a escada evitando a aglomeração de monstros. Talvez o fato de ser um pingente e consequentemente ficar perto do peito, onde fica o coração e tudo mais, tenha me ajudado a ouvir o coração dele? Provavelmente. Eu já estava me perguntando se era pra ele ter coração batendo pra começo de conversa já que ele estava morto e tudo mais quando levamos um susto quando um monstro virou do nada em nossa direção.

Ok, vamos ser justos aqui, era uma mulher. Mesmo assim, ainda era um monstro e por isso nós travamos repentinamente com o susto. Notei como Magnus se segurou firmemente em Carter que estava logo à nossa frente. Até eu prendi a respiração. Ninguém ousava mexer um músculo sequer enquanto aquela monstra que parecia ter saído de um filme de terror japonês estava virada em nossa direção. Tipo, sério! Ela tinha o cabelo preto bem liso e longo mas que estava um pouco desgrenhado nas pontas. Os olhos dela eram completamente brancos e o rosto dela estava marcado com desenhos feitos com tinta vermelha (ou esperava que fosse tinta). 

As narinas da monstra inflaram de um jeito não muito amistoso. Podia até não ter nos visto, mas acho que estava suspeitando até demais. Se ela desse um passo para frente, estávamos ferrados. Infelizmente, foi exatamente isso que ela começou a dar, um passo para frente. Desajeitadamente, tentamos sair silenciosamente da frente dela. Um passo para trás, outro pro lado, mais um para trás. Tudo isso torcendo para não pisar no pé de algum monstro também.

Cada passo que dávamos foi tão fielmente calculado que logo a monstra deixou de ser uma preocupação e a preocupação começou a ser desviar dos outros monstros para conseguir chegar até a escada. Isso não era exatamente tão fácil. Especialmente porque teve uma vez que Carter teve que parar a gente repentinamente depois de quase pisarmos numa enorme e gorda cobra que se esgueirava pelos pés dos monstros tranquilamente.

Não estava nos planos de ninguém ali virar jantar de cobra, mas o tanto de cobras aparecendo começava a fazer tudo indicar que talvez esse seja o final mais provável. Claro, Kukulcán era a serpente emplumada e aquela pirâmide era dele. Fazia todo o sentido ter tantas cobras andando por aí e até enfeitando a pirâmide pois, conforme notei quando chegamos aos pés da escada, as laterais dela eram enfeitadas com duas enormes cobras, uma de cada lado da escada. As cabeças das cobras de pedra começavam no chão, perto da grama, com suas bocas escancaradas e a língua para fora, e seus corpos subiam pirâmide acima até onde Kukulcán já havia recebido Mestiço e os dois pirralhos maias.

Acho que eu estava conseguindo ouvir o sibilar de cobras que não sabia bem de onde vinha. Parecia vir de todo lugar e ao mesmo tempo de lugar algum. Era uma sensação bem estranha. 

Nesse ponto, talvez eu deveria ter pensado que estava dando tudo certo demais. Nada dá tão certo assim quando você anda com semideuses, já notei bem isso. Foi só Carter botar o pé no primeiro degrau que as duas cobras que adornavam a escadas sibilaram tão alto que mais pareciam rugir. Eu não sei se cobras conseguem rugir, mas foi o que elas fizeram quando seus olhos começaram a brilhar intensamente em vermelho e então começaram a se levantar da escada não só atraindo a atenção de todos mas também olhando fixamente para nós.

 


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Notas finais do capítulo

beijinhos e até a próxima XD



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