Os Deuses da Mitologia escrita por kagomechan


Capítulo 63
WILL - Espartano de mentirinha


Notas iniciais do capítulo

olá galera! desculpa a demora. eu estava bem desanimada e decepcionada com a qualidade da fic. mas bem, estamos de volta. espero que gostem do cap ♥



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WILL

Eu contei brevemente quantas flechas eu ainda tinha e coloquei a aljava nas costas de novo. Eu tentava não me preocupar com como Nico estava. Pelo menos ele não estava sozinho… eu acho… não sei bem como funciona essa coisa de ficar escondido nas sombras e tal. Nico até tentou me explicar uma vez mas… sei lá.. às vezes não sei bem se entendi. É meio difícil imaginar algumas coisas.

Pensando no que talvez ainda podia acontecer e nos separar da pirâmide do sol, eu me juntei à Percy e Rosa que também se preparavam para qualquer combate que pudesse acontecer. Não havia mais nenhum sinal de Annabeth, nem de Nico, Hazel ou Anúbis. Sadie e Alícia ficariam para trás e eu também torcia para que elas continuassem bem até tudo ali estar terminado… Seja lá como vamos fazer para parar o que quer que faz aquela luz roxa sair da pirâmide.

— Aliás… como é que foi esse lance da frutinha envenenada que você aparentemente jogou na boca de Coatlicue? - perguntou ele com curiosidade para ela.

— Não era uma fruta. - explicou Rosa - Era uma bolinha com plástico comestível feito de algas e preenchida com o líquido concentrado da planta.

— Nossa… - eu disse ao ouvir a explicação - Líquido de planta numa bolinha? Achei bem interessante.

— Roubei a ideia do filme do Big Hero 6. - disse Rosa dando uma leve risada - Daquela menina que junta os elementos químicos e tal. Meu pai não passou tantos poderes legais em batalha para mim. Xochipilli é deus da arte, dos jogos, da beleza, da dança, das flores, da música… coisas assim.

— Nah, vai ver você só não experimentou essas áreas ainda. - eu disse sem deixar de lembrar de meu pai - Tá que eu acabo puxando mais pra parte do arco-e-flecha e da medicina, mas meu pai, Apolo, também é um deus da música. Já fez cada coisa só com um ukulele.

— Apolo com um ukelele? - repetiu ela aparentemente achando a ideia metade engraçada e metade estranha - Ukulele não é um instrumento havaiano?

— É sim. - concordei enquanto, no meio da conversa, seguimos andando para a pirâmide do sol.

— E Apolo não é grego? - perguntou ela de novo.

— Sim. - eu disse dando de ombros.

— Mas porquê? - perguntou ela rindo - Não faz sentido.

— E? - perguntei segurando uma risada.

Percy até começou a  dizer o que parecia metade de uma sílaba. Só que, seja lá o que ele fosse dizer, acabou sendo esquecido pois o chão começou a tremer. Minhas pernas começaram a parecer geléia e foi difícil se equilibrar por tempo o suficiente para conseguir preparar meu arco e flecha. Talvez eu devesse dizer que era até meio esperado algo acontecer para atrapalhar nossa vida. No meio de tantas coisas óbvias que poderiam ser ditas, eu acabei sem falar nada, mas Percy acabou escolhendo sua observação óbvia do momento:

— Isso não parece bom. - disse ele.

— Não mesmo. - concordei.

Só eu acho que às vezes essas coisas ficam previsíveis demais? Eu não estava nem um pouco surpreso de ver um monstro saindo do buraco que se abriu no chão provavelmente como causa ou consequência do terremoto. O que me surpreendeu de fato foi a aparência dele. Simplesmente falar que era um esqueleto gigante era diminuir demais a situação. Tá… talvez não gigante GIGANTE… mas… bem alto… tipo uns 2 metros. Quando começa a contar alguém como gigante? Quando passa de uma altura que não é humanamente possível se ter? As definições de “gigante” diferem se estivermos falando de basquete?

Enfim, o monstro não era totalmente um esqueleto. Até porque ele tinha orelhas e apesar de ouvidos até terem ossos, eu quero dizer que ele tinha uma orelha cinza  completinha mesmo. Ou aparentemente completinha vista de fora. Com pavilhão, lóbulo, fossa triangular, concha e tudo mais. O que não fazia tanto sentido assim para um esqueleto ter já que a orelha é formado por uma lâmina de cartilagem elástica. Cartilagem. Não osso. Mas a pior parte é que ele parecia todo sujo de sangue. E de uma coisa eu tinha certeza, eu não queria saber de quem. 

Ao mesmo tempo que eu terminava de se levantar do buraco, ele deixou a boca escancarada como se pra deixar mais claro ainda o quanto seu rosto esquelético era arrepiante.

Entre eu e Percy, Rosa parecia bem preocupada com o convidado surpresa. Foi por causa da expressão de estranhamento e medo no rosto dela que eu me perguntei se deveria mesmo soltar qualquer flecha antes do monstro sequer terminar de se levantar. 

—M-Mictlantecuhtli… - gaguejou ela - El dios de la muerte. Señor de la tierra de los muertos.

Muerte é Death né? - perguntou Percy. 

— E dios é god. Descobrimos quem aparentemente é o cara. Já podemos nos considerar poliglotas, Percy. - eu disse.

— Humm…. - disse Percy pensativo enquanto o deus, não um monstro, nos encarava longamente - Prefiro chamar de Mike. Cansei desses nomes complicados e impronunciáveis.

— Não sei… acho que Mick faz mais sentido não? Tipo Mick Jagger. - eu disse - Ou talvez Mickey.

Foi até engraçado notar a cara de Rosa e de… Mick… pronto, decidi que vai ser Mick… olhando para mim e para Percy com uma cara de estranhamento que dizia tudo. Nenhum dos dois estavam acreditando que estávamos mesmo discutindo algo ridículo como aquilo naquele momento. Uma parte de mim pensou que aquele momento já dizia alguma coisa sobre Mick. Afinal, ele poderia muito bem ter gritado algo tipo “COMO OUSA ME CHAMAR ASSIM? WARGH!”. Mas ele preferiu ficar encarando a gente como se estivesse julgando nossa sanidade mental.

— Vocês foram realmente os que fizeram Coatlicue voltar humilhada pela derrota? - perguntou Mick incrédulo nos olhando de cima pra baixo.

— Não subestime a gente eim. - disse Percy preparando contracorrente - E aí? Vai querer encarar também ou não?

Por qué, Señor Mictlantecuhtli? - perguntou Rosa - Nos ayudaste en 2012.

— Tenho meus motivos, garota. - disse Mick que provavelmente era até um cara levemente simpático, pois fez o favor de falar em inglês - Cada um aqui tem seus motivos. Mas, no geral, cansamos de sermos esquecidos e ignorados.

Foi nessa hora que Mick pisou fortemente no chão com o pé direito e então com o pé esquerdo. Meio que nem um lutador de sumô só que com um pouco mais de ritmo e movimento de mãos como se ele estivesse dançando um pouco. Então, ele não só deu uma crescida de provavelmente um metro, como também ao redor dele surgiram três esqueletos que, felizmente, eram de tamanho normal. Vendo que o papo aparentemente tinha acabado, nos preparamos para o combate iminente.   

Cada um dos esqueletos foi para cima de um de nós segurando um pedaço de fêmur quebrado de um jeito que deixava ele perigosamente afiado. Mas minha flecha também era afiada e o lugar mais óbvio que me pareceu para atirá-la foi no crânio do esqueleto, bem dentro de um dos buracos para os olhos.

A flecha pareceu ter atravessado ao menos parcialmente o crânio e a força foi tanta que o esqueleto quase caiu para trás e a cabeça de fato caiu para trás mas, infelizmente, mesmo sem cabeça, o esqueleto continuou a andar indo para cima de mim.

— Ah.. ótimo.. tô me sentindo naqueles filmes de apocalipse zumbi agora. - reclamei.

— Pelo menos nos filmes acertar a cabeça funciona. - disse Percy enquanto travava uma luta de espada versus fêmur.

Claro, o fato de os esqueletos continuarem a se mexer mesmo desmontados já complicada o suficiente. Mas estava tudo acontecendo tão rápido que Mick nem tinha se dado a chance de entrar na briga também. Ele apenas ficou de cócoras e bateu as duas mãos no chão enquanto recitava o que bem podia ser uma maldição ou o refrão de alguma música de heavy metal. 

Com o canto do olho eu podia ver Percy e Rosa em suas próprias batalhas corpo a corpo mas, quanto a mim, eu dei dois passos para trás para ganhar distância. Afinal, essa é a ideia de usar armas de longa distância né? Não estava afim de usar meu arco como bastão de beisebol. O problema foi que isso fez eu descobrir o que Mick tinha feito ao bater no chão. Pois, quando dei meu segundo passo para trás, demorei um tiquinho demais para notar que não havia chão onde eu apoiar meu pé. 

Foi aí que o óbvio aconteceu. Eu caí. Mas, sinceramente, poderia ter sido pior. Pois, de uma forma bem desengonçada, eu consegui me segurar nos últimos segundos na borda do buraco. O fato de ter o arco na mão não ajudava muito também no processo de me segurar.

Eu sentia um pouco de dor contra o meu peito e nos meus braços por causa da queda repentina mas, mais arrepiante do que isso, eram os barulhos estranhos que eu ouvia vindo do fundo do buraco. Esses barulhos fizeram eu ter certeza que eu com certeza não queria admirar o que havia lá.

Mas bem, essa descrição toda pode parecer até longa. Mas deixe-me lembrar que foi tudo bem rápido. Óbvio que não demorou muito para eu começar a tentar me tirar do buraco. Mas, sem achar nenhuma pedra para apoiar o pé e com os braços meio desengonçados e emaranhados no arco e flecha, eu me vi sem ter muito apoio para me içar. Mas claro que as parcas achavam que isso ainda não era o suficiente, pois meu adversário esqueleto sem cabeça estava se aproximando de mim.

Meu pé escorregava na parede do buraco nas minhas tentativas de subir, o que me fez apostar mais nos meus braços para conseguir me puxar de lá. Mas… né… o esqueleto se aproximava mais rápido e, pra piorar, erguendo aquele fêmur sobre… onde deveria estar a cabeça... segurando-o com as duas mãos apontando a parte pontiaguda na minha direção. Felizmente, tudo mudou num piscar de olhos quando Nico surgiu das sombras, literalmente, e enfiou sua espada dentre as costelas do esqueleto. No segundo seguinte, ele fez um movimento forte para o lado com a espada que, graças a coluna vertebral do esqueleto, carregou ele junto. Isso fez com que o esqueleto caísse para o lado por tempo o suficiente para que Nico me puxasse para fora do buraco.

— Você tá bem? - perguntou ele depois que eu já estava em segurança no chão firme.

— Melhor agora. - respondi dando-lhe um sorriso meio cansado, mas ainda era um sorriso.

— A Rosa também quase caiu. - disse Nico apontando com a cabeça para a direção de nossa nova amiga mexicana.

Eu olhei na direção de Rosa e vi bem mais do que ela se salvando do buraco. Vi ela escalando uma árvore trepadeira que, aposto um dracma, foi ela que fez nascer na parede do buraco. Ela estava quase terminando de escalar e o esqueleto adversário dela, que havia perdido um braço, estava só esperando por ela na mesma posição que o meu quase conseguiu me apunhalar. Entre onde ela estava e onde eu estava com Nico, vi que um buraco até tentou engolir Percy, mas sem sucesso aparentemente. Afinal, com uma selvageria no olhar que era típica do Percy lutando, ele dava um golpe na dobra do joelho do esqueleto, bem em cima do ligamento colateral medial, fazendo o esqueleto perder o equilíbrio. Já tendo perdido um braço em algum ponto antes disso, o esqueleto provavelmente não duraria muito depois disso.

O mais incrível que isso, era notar que nas costas de Mick estava Hazel pendurada segurando a sua espada. Mick não parecia gostar daquilo. Ele fechava a cara aparentando estar irritado e então esticou uma das mãos para as costas tentando agarrar Hazel. Considerando a situação, acho que estava na hora de escolher quem ajudar primeiro. Principalmente incluindo o mero detalhe que o esqueleto que Nico havia derrubado começava a se levantar.

— Vai ajudar a Hazel. Eu me viro por aqui. - eu disse enquanto atirava uma flecha na mão restante do esqueleto que visava Rosa. 

A flecha cumpriu sua intenção, foi o suficiente para desmontar o esqueleto. Felizmente, aqueles esqueletos eram até fáceis de desmontar. Isso pode até naõ ter derrotado o esqueleto, mas deixava ele sem mãos para segurar o fêmur que usada de adaga e também deu alguns segundos para Rosa terminar de escalar o buraco.

— Toma cuidado, eim? - alertou Nico indo ajudar Hazel.

— Pode deixar. - eu disse dando uma piscadela para ele e adorei ver que, mesmo com toda aquela situação ao nosso redor, eu ainda conseguia fazer ele corar um pouco.

Eu me virei para meu adversário esquelético e, para minha surpresa (ou talvez nem tão surpresa) o esqueleto estava se re-montando. O golpe de Nico havia tirado algumas coisas de lugar, mas estava se montando sozinho com uma espécie de quebra-cabeça especial de Halloween.

— Ah! Tá brincando!? Assim não vale! - reclamei.

Uma breve checagem na minha aljava também revelou outras coisas ruins. Eu não tinha mais tantas flechas assim e me preocupava o que viria pela frente na pirâmide do sol e sei lá mais pra onde a nossa péssima sorte iria nos levar sem tempo de descansar e reabastecer a energia, a barriga e os armamentos.

Mas aí que uma ideia surgiu na minha cabeça. Me senti até a própria Annabeth. Enquanto o esqueleto, já completo de novo só que sem a cabeça que estava longe demais já, se levantava, eu me apressei para ficar na posição ideal que eu queria. Em seguida, lancei uma outra flecha contra ele, bem no alto do osso Esterno, quase no pescoço. A flecha se fincou ali, um sacrifício necessário. Mas o efeito principal foi que isso fez o esqueleto dar alguns passos para trás e isso era tudo que eu precisava antes de sair correndo na direção dele e, aproveitando a confusão e distração causada pela flecha, dar um chute na parte mais inferior do Esterno.

— THIS IS SPARTA! - aproveitei a deixa para gritar enquanto meu chute fez o esqueleto cair no buraco que segundos antes quase tinha me engolido. Por um breve segundo me perguntei se Nico já tinha visto esse filme ou lido os quadrinhos. Quase certeza que o pessoal da cabana de Ares tem os dois. Talvez eu pegue emprestado quando voltarmos.

Feliz e orgulhoso pelo desfecho de meu combate, ousei aproveitar a posição em que fiquei para ver o que havia no fundo do buraco. Senti os pelos da minha nuca se arrepiarem. Era tão fundo que eu não conseguia ver seu final, mas, por algum motivo que eu não sabia explicar, passava uma sensação horrível.

Mas eu logo decidi que seria melhor eu deixar aquilo de lado e ir ajudar os outros. Podia ouvir que atrás de mim que a batalha ficava mais tensa. Mas esse meu breve segundo de curiosidade foi certamente bem importante, pois uma forte luz, como uma explosão de luz, aconteceu atrás de mim me deixando preocupado com os demais.


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Notas finais do capítulo

espero que tenham gostado do capítulo. ainda estou pensando quem vai ser o próximo à narrar :3
esse foi o 5º capítulo narrado pelo Will. Junto com o Nico, ele é o único à ter narrado 5 capítulos. Com 4 caps narrados, temos Sadie, Annabeth, Anúbis, Alex e Percy. Com 3, Thalia, Carter, Zia, Magnus, Hazel e Frank. Com 2, Sam, Mallory, Calipso, Mestiço. Com 1, Hearthstone, Blitzen, Reyna, Grover, Jacques e Leo.
Sim, vai ter mais chances dessa galera com apenas 1 cap narrado narrar de novo. Sim, vai ter narrador novo também. Aguentem firme ♥



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