Os Deuses da Mitologia escrita por kagomechan


Capítulo 48
NICO - Uma viagem nem um pouco aguardada


Notas iniciais do capítulo

em pleno arco-iris de trevas, Nico chegou para narrar XD
eu sinceramente adorei esse capítulo. ficou muito fofo e divertido. admito que o do Mestiço foi meio fraco. Mas eu precisava dele, de toda forma.



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NICO

Eu nunca estive no México. Poderia dizer que estava ansioso por essa viagem? Decididamente não. Lembro bem como minha última viagem grande para salvar o mundo não tinha sido exatamente muito agradável.

Depois que Sadie mandou a mensagem a todos informando de nosso próximo destino, todos ficamos reunidos ao redor da mesa de jantar com o iPad no meio da mesa.

O iPad estava aberto no Google Maps enquanto ele exibia o mapa do México. E mais ou menos no centro do país, um pouco à noroeste de sua capital, o que mais parecia um mini redondinho de areia levemente brilhante marcava magicamente o nosso destino.

—Finalmente é hora de testar meu espanhol! - disse Will tentando forçar uma empolgação que ninguém ali tinha.

— Desde quando você sabe espanhol? - questionei.

— “Saber” é uma palavra muito forte. - explicou ele - A gente vê um pouco na escola. Mas não dá pra sair muito do “Buenas Noches” e “Hasta La Vista, Baby”.

— Peguei a referência - disse Carter abrindo um pequeno sorriso.

Eu achava louvável a tentativa de Will de animar todos ali. Não sei dizer se era bem típico de um filho de Apolo, mas certamente era quase como se ele estivesse irradiando luz própria devido a alegria.

Ou será que só eu via isso?

De toda forma, com alguns toques de Zia na tela do aparelho, ela pareceu avaliar a distância que nos separava do México.

—Como vamos chegar lá?- perguntou Zia - O ideal seria irmos separados dos outros. Não podemos jogar todas nossas moedas num barco só.

—Seria legal se ainda tivéssemos o Rainha Egípcia. - disse Sadie que, ao fim da frase, logo se virou para mim e Will - Era um barco que tínhamos.

—Não acho que isso será um problema. - disse Anúbis olhando para Carter - Todo faraó tem direito a um barco. Você, por direito, é o atual faraó dentre os mortais.

—Acho que lembro de Thoth dizendo isso uma vez…- disse Carter.

—Tudo que ele precisa fazer então, é pedir?- questionou Zia.

—Teoricamente, sim. - disse Anúbis dando de ombros.

Por alguns segundos todos ficaram em silêncio olhando para Carter enquanto ele encarava o mapa no iPad. Por fim, o que quer que ele estivesse pensando, se encaixou em sua cabeça e ele afirmou brevemente.

—Vou até algum lugar com água tentar. - disse Carter - Caso eu não consiga, temos que pensar num plano B.

Alguns poucos minutos depois, Carter, Zia, Sadie e Anúbis saíam da casa para resolver os assuntos de nossa locomoção até o México. Logo olhei para o sofá que estava esquecido e desocupado e me joguei lá ficando logo deitado.

Talvez eu já estivesse sendo folgado demais me jogando assim no sofá dos outros e todas as outras coisas mais. Como dormir ali, atacar a geladeira e coisas do tipo. Mas ali não era tão ruim. Claro, o acampamento também era legal, mas até que passar uns dias na Casa do Brooklyn era interessante também. Não podia dizer que dava uma sensação de normalidade, até porque às vezes acontecia algum acidente mágico, mas certamente parecia mais normal que o Acampamento Meio-Sangue já que as pessoas ficavam saindo e chegando toda hora voltando de lugares como escola e shopping.

— Hey - disse Will se ajoelhando ao lado do sofá apoiando seus braços, cruzados, no braço do sofá de forma que seu rosto ficou logo em cima do meu.

— Hey - respondi e ele imediatamente abriu aquele maldito sorriso lindo e brilhoso dele.

— Você não parece tão empolgado para essa viagem. - disse ele.

— Deveria estar? - perguntei.

— Podemos dar um pulinho na praia lá antes de voltar - sugeriu ele dando uma leve risada - Tomar um sol, nadar…

— Tinha que ser filho de Apolo pra gostar de tostar por aí.

— Você bem que precisa de um solzinho às vezes. Vitamina D! Recomendações do Doutor Solace.

— Queria ter todo esse pensamento positivo que você tem - resmunguei ao me sentar no sofá e ele rapidamente sentou ao meu lado.

— Vai ver é melhor assim, a gente fica equilibrado. - disse ele dando de ombros.

Eu revirei os olhos enquanto o que poderia talvez ser considerado um sorriso ameaçava aparecer no meu rosto. Foi nesse momento também que ouvimos passos na escada. Nos viramos para ver, e vimos Cléo descendo calmamente a escada e olhando ao redor um pouco perdida.

— Carter e Sadie não estavam aqui embaixo? - perguntou ela.

— Saíram faz pouco tempo. - explicou Will - Foram aparentemente invocar um barco para nos levar até o México amanhã de manhã.

— Ah. Bem, já que estão aqui. - disse Cléo indo até o sofá e nos mostrando uma folha de papel cheia de rabiscos.

Dentre os vários rabiscos dela, pude ver algumas coisas escritas, como o nome de uma universidade americana que foi riscado, algumas coisas em que eu reconheci ser português, e em letras grandes e com círculos enfatizando a palavra, British Museum. Além disso, tinham várias letras e números que se combinavam formando o que pareciam códigos.

— O que tem no British Museum? - perguntei.

— É um pouco chute no escuro, para falar a verdade. - explicou Cleo - Estava pesquisando bastante desde que atacaram aqui. Mas acredito que realmente tenha algum papiro que tenha o contra feitiço do que foi feito nos obeliscos. É verdade que eu estava muito preocupada com a possibilidade de algum desses papiros ter se acabado na Biblioteca de Alexandria, mas quero muito apostar no British Museum, em Londres.

— Conhecendo nossa sorte, eles estavam todos na Biblioteca de Alexandria... - eu disse.

— Pensamento positivo! - pediu Cleo evidentemente empolgada - O British Museum possui a maior coleção de artefatos egípcios fora do Egito e literalmente centenas de papiros. Eles ainda estão até tentando traduzir muitos.

— O que significa que nem eles sabem o que tem… - disse Will.

— Não me diga que quer que olhemos por todas essas centenas de papiros! - completei

— Não necessariamente. - disse Cleo - Eles colocaram alguns na internet, alguns desses eu já eliminei. E todo artefato de museu é catalogado com letras e números. Eles devem ter armários ou algo do tipo classificados por número e coisas do tipo. Sim, provavelmente ainda são muitos para olhar, mas ainda é algum filtro e melhor do que nada.

— Tenho que concordar que é melhor do que nada pelo menos. - disse Will.

— Sei que ainda é muita coisa para procurar… mas queria ao menos compartilhar essa ideia. - disse Cleo - Vou continuar procurando enquanto vocês vão ao México, mas ainda acho uma boa deixar vocês sabendo. Podem, quem sabe, dar um pulinho na Inglaterra depois de lá depende de como forem as coisas no México.

— Quem sabe… - disse Will dando de ombros.

Toda aquela conversa de México e Inglaterra, estava me fazendo pensar em como a gente andava por tantos lugares do mundo, mas nunca tínhamos muito tempo para realmente conhecê-los. Afinal, estavam sempre atrás da nossa cabeça.

Com o assunto morrendo, Will ligou a televisão e rapidamente botou na Netflix. Ele até pediu minha opinião na hora de escolher algo, mas eu simplesmente não tinha nenhuma. Então, depois de passar por vários títulos de séries e filmes de super-herói, acabamos começando a ver Jessica Jones.

Já estávamos começando o segundo episódio quando Carter, Zia, Sadie e Anúbis voltaram. Depois que eles nos informaram de que haviam conseguido invocar um barco para nos levar até o México, todos começaram a fazer os preparativos para viajar amanhã bem cedo. Inclusive eu.

Eu fui até onde havia deixado a caixa com os frascos das águas dos rios do submundo e abri-a momentaneamente para encarar os frascos. Tinha certeza que era agora que iria usar aquelas águas estranhas e não estava nem um pouco ansioso para isso.

— Quer guardar isso em algum lugar, pra ficar mais fácil de carregar? - disse Sadie surgindo atrás de mim.

— Uma mochila qualquer bem que seria útil. - respondi.

— Vem. Eu arranjo uma pra você. - disse Sadie - A gente costuma guardar as coisas no Duat mas… desde do que aconteceu com os obeliscos, esse “bolso mágico” anda meio instável, assim como muitas outras coisas pela cara.

Eu a segui até seu quarto e vi Anúbis lá jogado na cama dela aparentemente jogando alguma coisa no celular. Sadie foi direto para um dos armários dela, e começou a procurar por alguma mochila para me emprestar. Olhando aquela cena de três adolescentes, apesar de só um deles ter a idade que realmente aparentam e da magia, poderes e tudo mais, quase dava para esquecer tudo e fingir que tínhamos uma vida parada e sem graça como muito mortal por aí.

Sadie pegou uma mochila azul marinho com um chaveiro com a bandeira da Inglaterra em um dos zíperes, e começou a tirar o conteúdo de dentro dela deixando-os sobre sua escrivaninha. A mochila tinha vários papéis diferentes, um pouco de maquiagem, uma balinha esquecida e algumas moedas de dólares e libras, mas principalmente libras.

Antes de me dar a mochila, no entanto, ela olhou para Anúbis que encarava o jogo de expressão fechada, como se o jogo estivesse, sem dúvida, levando a melhor.

— Hey. - disse Sadie - No Antigo Egito todo mundo usava aquele lápis de olho né? Mesmo os homens.

— Sabe bem que o nome não é lápis de olho… - respondeu ele suavizando a expressão na hora e olhando para ela com um pequeno sorriso de quem achava graça da pergunta - Mas sim, porquê?

— Pff. A ideia é a mesma. Isso significa que você também usou o lápis d…. o kohl… - disse ela corrigindo na última hora e abrindo um sorriso que eu poderia definir como levemente maléfico - provavelmente muitas vezes. Considerando que é todo velhote e tudo mais.

— Você está desenvolvendo um prazer secreto em me chamar de velho? - perguntou ele com um suspiro se sentando na cama dela e ela pegava um lápis de olho dentre as maquiagens que tirou da mochila - Mas sim, usei.

— Isso significa… - disse Sadie com um sorriso desafiador sentando-se ao lado dele na cama e estendendo-lhe o lápis de olho - Que você sabe passar um lápis de olho. Quero ver. Passe em mim.

Eu fiquei olhando para a cena por alguns segundos, um pouco mais do que Anúbis encarou Sadie provavelmente se perguntando se ela estava brincando. Acho que ele chegou a mesma conclusão que eu, a de que ela não estava brincando.

Quando ele foi abrir a tampinha que estava sobre a ponta do lápis de olho, Sadie estendeu a mochila para mim.

— Aqui, está vazia e limpinha. - disse ela.

— Valeu… - eu disse pegando a mochila.

Os breves segundos que levei para colocar a caixa com os fracos dentro da mochila, foram suficientes para o processo de maquiagem começar. Era claro que Sadie estava achando graça da situação, pois estava claramente segurando a risada, ao passo que Anúbis parecia bem concentrado.

— Sabe, se você ficar sem rir é bem mais fácil. - reclamou ele calmamente.

Como ver uma sessão de maquiagem estava longe de ser do meu interesse, eu peguei a mochila e saí dali. Fui direto para o quarto que haviam me dado para dormir. Larguei a mochila ao lado da cama e me larguei nela enquanto olhava para a janela.

Pela janela, dava para ver que o sol já tinha ido embora a muito tempo. Um pensamento estranho passou pela minha cabeça ao pensar que meu sogro não estava brilhando lá fora no momento.

Tal como se tivesse ouvido meus pensamentos, duas leves batidas na porta, que estava aberta, e não me surpreendi ao ver Will ali entrando no quarto. Ele havia decidido dormir por lá também, já que iríamos sair tão cedo no dia seguinte que provavelmente o pai dele ainda estaria acordando.

— Não quero soar como uma criança chorona que não consegue dormir sem os pais mas… - disse Will - Posso dormir aqui?

Prefiro não entrar em detalhes de como meu coração bateu acelerado ao pensar na proposta. Também não quero imaginar o quão vermelho eu deva ter ficado. Apesar de tudo isso, tentei manter a pose.

— Porquê essa vontade repentina de dormir aqui? - perguntei.

— Porque estaremos indo para longe amanhã e… meu otimismo tem limites. - justificou ele - E essa cama é de solteirão. Pode ficar meio apertado, mas cabem duas pessoas.

Eu realmente não tinha argumento para questionar a proposta. Na verdade, nem queria tentar questionar mesmo. Simplesmente deitei na cama sentindo meu rosto arder enquanto ele logo se arrumava para deitar no que restou da cama e cobria nós dois.

Meio constrangidos, ficamos nos encarando. Pude ver o contraste do vermelho das bochechas dele e seu cabelo loiro. Me pergunto com que cara eu estava. Provavelmente no mínimo tão vermelho quanto. Will então entrelaçou os dedos de uma de suas mãos com os de minha mão esquerda sem tirar aqueles olhos azuis dos meus nem um segundo sequer.

— Vai dar tudo certo lá no México. - disse Will quebrando o silêncio.

— Espero que esteja certo. - disse soltando um pesado suspiro - Só fico me lembrando da última vez em toda aquela confusão com a Gaia pela Europa e tudo mais.

— Não vai acontecer a mesma coisa. Pra começo de conversa, prometo não te deixar sozinho nem um segundo sequer.

Eu realmente não sabia o que responder. Mas acho que o sorriso que ele abriu dizia que ele entendia bem as palavras que eu não conseguia encontrar na hora. Daquele momento em diante, não fizemos muito mais do que conversar até o sono ganhar de nós.

No dia seguinte, ou melhor.. na madrugada seguinte, pois o sol não tinha saído ainda, estávamos todos reunidos na praia de Coney Island. Ainda batia um vento frio enquanto o sol pensava se estava afim de acordar ou não. Boiando na água, estava o tal barco que Carter invocara com seus privilégios de faraó.

O barco parecia uma mistura de passado e presente. Ele tinha uma forma meio antiquada, e uma cabeça de o que eu acho que era um bode na ponta da frente (Percy provavelmente conseguiria descrever o barco com termos mais náuticos). Ele tinha uma grande vela vermelha e na parte onde provavelmente ficaria o capitão, havia quatro pilastras douradas que seguravam um teto enfeitado com o desenho de flores azuis. O barco com certeza não era feito de madeira. Era feito de metal ou algo do tipo pintado de branco e tinha até aquelas janelinhas circulares.

— Olha… - disse Will enquanto entrava no barco na minha frente - Se eu fosse você Carter, verificaria quais outras regalias um faraó tem.

— Estou pensando mesmo nisso… - disse Carter.

— “O Vento do sul” - disse Cléo lendo o nome do barco, que estava escrito em inglês e em egípcio - “Rainha Egípcia” soava melhor.

— Certeza que consegue ficar de olho nas coisas por aqui? - perguntou Sadie para Cléo.

— Pode deixar comigo! - disse Cléo batendo continência.

— Se precisar de ajuda para proteger ele, - disse Will - algumas pessoas do acampamento já estão avisadas do que tá rolando aqui. Alguns de meus irmãos e um garoto brasileiro, chamado Paulo, acho que vocês dois se dariam bem. Deixei preso na geladeira como chamar eles.

— Obrigada - disse Cleo.

— Vamos logo! Antes que a Drew apareça querendo vir junto! - apressou Sadie.

Acho que todos consideraram aquilo como um bom argumento para se apressar e começar viagem. Pois, quase que num piscar de olhos, estávamos eu, Will, Carter, Zia, Sadie e Anúbis a bordo do navio que logo ia começando a andar sendo aparentemente pilotado por bolas de fogo multicoloridas.

— Então…. - eu disse para Anúbis que, logo ao lado, via a cidade de Nova Iorque lentamente se afastar - Conseguiu fazer o treco do lápis de olho no final das contas?

— Ela pareceu gostar. - disse ele abrindo um pequeno sorriso e dando de ombros.

— Ficou perfeitinho! - disse Sadie que eu nem tinha notado que estava passando ali atrás da gente.

Aquilo tudo estava rapidamente me fazendo lembrar da viagem no Argo II. Pelo menos, por enquanto, apenas as partes menos ruins ou boas da viagem. Pelo menos o México não era tão longe quanto a Europa. Quer estivéssemos afim ou não de salvar o mundo, a cidade rapidamente sumiu de vista e a mochila em minhas costas com os frascos com água dos rios do submundo pareceu ficar mais pesada, assim como minha espada. Talvez um dia essa bosta de mundo resolva parar de ficar em perigo, enquanto isso não acontece, sobra pra gente. Talvez eu deva tentar pensar positivo como o Will, pois não estou com um bom pressentimento quanto a nossa aventura mexicana.

 


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Notas finais do capítulo

por hoje é isso, até o proximo capítulo! ♥
ele deve demorar um pouquito mais por questões de:
— vida
— outras fics
mas ele sai ;D
ainda não sei quem vai narrar o prox também (na real q eu só percebi que o Nico ia narrar esse quando eu tive que começar a escrever.)
enfim... até o prox o/



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