Os Deuses da Mitologia escrita por kagomechan


Capítulo 42
THALIA - Preferencialmente garotas


Notas iniciais do capítulo

OLÁ GALERA!! Cheguei com o cap novo de presente de Natal pra vcs! ♥
A Thalia, seu pinheiro natalino favorito, chegou pra arrasar!



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THALIA

Da próxima vez que alguém ousar me zoar por ter medo de altura, eu vou com certeza lembrar dessa droga de vôo! Meu coração praticamente despencou quando o avião começou a inclinar. Segurei forte na minha lança, não era hora de desespero, era hora de manter a calma e definir um plano de ação.

Deixei o tal de Zababa para Kowalski e tentei atravessar o labirinto de pernas e cadeiras do avião para chegar perto de Tlaloc tentando não perder o equilíbrio. Felizmente, eu tinha uma lança na mão. Assim, eu lancei-a e ela atravessou o deus pouco acima de seu peito mas abaixo do ombro.

— Alguém tem que cuidar do avião! - gritei enquanto tirava minhas adagas para lutar, bem mais práticas nessa falta de espaço em que estávamos.

— Os pilotos estão provavelmente dormindo! - gritou Kowalski no meio de sua luta - Droga! Esqueci desse mero detalhe.

— E-Eu… Eu consigo… - disse Sam engolindo em seco e segurando seu machado com firmeza aproveitando o breve segundo em que Tlaloc tentava quebrar minha lança que estava presa em si para facilitar a luta.

— O avião?! - exclamei surpresa.

— É! - disse Sam - Cuida do Tlaloc!

— Com prazer. - respondi.

— Ah não vai não! - respondeu o deus asteca.

Tlaloc tentou avançar para Sam de novo, mas eu não deixei. Mesmo com meu estômago se revirando e o equilíbrio não tão bom já que o avião não estava reto, eu avancei para o deus. Iniciamos uma batalha rápida onde, além de armas mais convencionais, como minhas adagas, relâmpagos também acompanhavam. Ele obviamente não tomava o menor cuidado com o perigo de acertar os passageiros do avião, então eu ainda tinha que me preocupar em proteger aqueles pobres mortais. Embora eu tivesse essa preocupação a mais, ele também tinha como preocupação a mais o pedaço de minha lança que estava preso em seu corpo. Não sei como funciona todo o processo de cura de um deus asteca mas, se tem uma coisa que eu sei, é que tirar uma coisa daquele tamanho só vai piorar tudo pois irá começar uma hemorragia.

Entre golpes e mais golpes, era possível ver a atenção de Tlaloc desviando-se para Sam que, num piscar de olhos, se transformou num pequeno beija flor e passou voando por cima da cadeira dos passageiros em direção a cabine do piloto. A distância que Sam criou fez Tlaloc resmungar de raiva e eu aproveitei essa breve distração dele para dar um forte chute em sua barriga. O deus cambaleou para trás alcançando um espaço que, graças às saídas de emergência e aos assentos com mais espaço, criava um ambiente de luta muito melhor.

Senti o avião se ajeitando lentamente, mas tentei ignorar e acreditar que estava lutando na minha querida terra firme. Eu não tive dó de Tlaloc, golpeei com toda a minha agilidade, usando bem mais do que minhas adagas. Trovões, chutes, fintas, tudo que meu corpo me comandava para fazer. Até que, com uma adaga fincada em sua barriga e um chute alto bem dado na lateral do rosto, o deus caiu no chão. Ambos estávamos ofegantes, mas ele ainda tinha o bônus de da sua boca estar pingando sangue.

— Acho que posso dizer que ganhei, não? - perguntei.

— Não ache que vai terminar assim tão fácil, cria de Zeus - ele disse.

— Aceito um prolongamento se ele incluir a informação de o que queriam aqui. - perguntei.

Com um sorriso um tanto tenebroso, já que seus dentes extremamente brancos estavam sujos de sangue, Tlaloc falou apenas uma palavra:

— Não.

Para minha eterna irritação, ele simplesmente sumiu depois dessa pequena palavra deixando minha adaga e o resto da minha lança caírem no chão. O covarde fugiu em meio a raios e trovões como se fosse um relâmpago cuja cena da queda foi rebobinada. Tentei esconder e controlar a minha irritação e me virei para checar a luta que acontecia entre Kowalski e Zababa. Não tive que olhar por muito tempo para notar que Kowalski estava em desvantagem. Os cortes em seu braço, perna e rosto indicavam bem isso. Um choque forte bem direcionado foi tudo o que precisei para quebrar o padrão de ataques de Zababa e então permitir que Kowalski desse o golpe que colocou Zababa de joelhos.

— Me ajuda, rápido! - gritou Kowalski tirando uma estranha espécie de linha vermelha de seu bolso.

Ela rapidamente começou a amarrar o homem e, quando eu cheguei para ajudar, usei a base de minha adaga para golpear sua cabeça pois vi que ele estava já tentando juntar forças para levantar.

— Essa linha é muito fina! Ele não vai conseguir arrebentar? - perguntei enquanto ajudava ela a amarrar ele.

— Não. - respondeu Kowalski - Isso é um pedaço da linha de Ariadne.

— A da história do Minotauro e Teseu? - perguntei levemente surpresa.

— É. Ganhei num jogo de poker em Nápoles uns anos atrás - explicou Kowalski.

— Argh… Gregos… - reclamou Zababa revirando os olhos - Já tive o desprazer de ir até Creta, onde essa guria Ariadne nasceu.

— Não estou afim de ouvir suas memórias de viagem. - disse Kowalski - Estou mais afim de detalhes sobre esse ataque ao avião.

— Acha que consegue lidar com ele? - perguntei - Estou preocupada com a Sam lá na cabine do piloto.

— Sim - disse Kowalski - Vá. Qualquer interrogatório que saia daqui não vai adiantar de nada se esse avião cair e matar todos nós.

Assenti brevemente com a cabeça e saí correndo para a cabine do piloto. Encontrei Sam sentada na cadeira do piloto enquanto o ocupante original desta estava sentado no chão dormindo com a cabeça deita no ombro do co-piloto. Ou ao contrário, não sabia qual era o piloto e qual era o co-piloto. Sam estava com o olhar que era a mistura de concentração e desespero e era óbvio que suas mãos seguravam fortemente o volante do avião… se é que eu posso chamar aquele treco de volante.

— Tudo bem por aqui? - perguntei preocupada e surpresa devido ao fato de o avião estar reto.

— Suficientemente - disse Sam sem desviar o olhar do painel do avião - Eu só precisei fazer uns ajustes no piloto automático.

Notei o breve movimento que ela fez com o nariz indicando as dezenas de botões e números que estavam logo abaixo da janela frontal do avião.

— Você sabe mexer nesses trecos? - perguntei.

— Algo por aí… - disse ela tensa - Eu… quero ser piloto. Meu noivo estava inclusive pagando um curso de aviação pra mim. Mas não imaginei que eu teria que tocar nos controles de um avião com tanta gente dentro tão cedo assim.

— Acha que consegue pousar esse avião? - perguntei - Ou melhor, tem alguma coisa embaixo de nós para pousar?

— S-Só água. - respondeu ela.

Senti meu coração ficar pesado nesse mesmo instante. Não queria nem pensar na temperatura que aquela água estaria.

— Eu… acho que consigo… pousar o avião. Mas preciso de uma ajuda - disse Sam.

— Só falar, capitã! - eu disse.

Um sorriso fraco cruzou o rosto da garota. Ela imediatamente começou a pedir um monte de informações para eu procurar. Tive que voltar correndo até onde o lugar onde ela estava sentada para pegar o celular dela. Sei que o simples ato de usar o celular dela possa ser perigoso para um semideus, mas não foi como se eu tivesse uma opção melhor. Notei, enquanto fazia o breve trajeto entre cadeira e cabine do piloto, que Kowalski estava interrogando Zababa. Considerando que eu tinha assuntos mais urgentes a tratar, voltei para a cabine do piloto. Ou melhor, da piloto.

Certamente não era fácil procurar as informações que ela queria sem a ajuda da internet. Felizmente, como uma boa aluna aplicada, ela parecia ter várias coisas baixadas no celular e o Google Maps, mesmo no modo offline, foi o suficiente para, junto com o mapa que o avião mesmo exibia mostrando a parte do trajeto em que estávamos, procurar uma cidade para fazer o pouso de emergência. Meu coração batia a mil por hora, proibi meus dedos de tremer e minha mente de pensar na distância que me separava do chão enquanto procurava por um aeroporto capaz de aguentar um avião daquele tamanho. Por várias vezes, Sam disse que minhas sugestões de cidade não eram boas o suficiente, até que nossa salvação surgiu na forma da cidade de Halifax, no extremo leste do Canadá.

Enquanto Sam continuou a mexer nos controles e desesperadamente tentar entrar em contato com alguma torre para pedir autorização de pouso de emergência, eu corri de um lado para o outro do avião tentando acordar os pilotos originais. Com muita água e gelo, encharquei os pilotos tentando os acordar com água, mas não deu certo.

— Kowalski, quanto tempo acha que vai demorar pra esse efeito de sono sumir? - perguntei preocupada.

— Eu não sei! - exclamou Kowalski depois de dar um soco em Zababa.

Voltei para a cabine do piloto e comecei o meticuloso processo de sacudir, gritar e até estapear os pilotos enquanto pedia por desculpas por estar fazendo tudo isso. Infelizmente, nada acordava os mortais. Eu ouvia Sam começar a pedir autorização para pouso de emergência em Halifax e então vetores para o pouso quando um dos mortais começou à gemer.

— ISSO! Acorda! Acorda por favor! - eu implorava enquanto o mortal lentamente acordava.

Lentamente, o piloto acordava e então seu amigo começava a acordar também. Acho que o mesmo acontecia dentre os passageiros pois logo comecei a ouvir outras vozes vindo de lá.

— M-Mas…. o quê? - resmungou o piloto ao se levantar e olhar para Sam sentada em seu lugar.

— Desculpe por tomar o seu lugar, senhor piloto - disse Sam passando para ele o head-set que usava para falar com a torre - Situações desesperadas pediram medidas desesperadas. Acho que consegui pedir um pouso de emergência em Halifax.

— O q-que aconteceu? - perguntou o homem.

— Ahm… - disse Sam sem saber bem como explicar o ataque de dois deuses mitológicos ao avião.

— FOI UM ATAQUE TERRORISTA?! - exclamou o copiloto olhando para Sam com raiva.

— Não! - eu exclamei me colocando entre ela e os dois - Q-Quer dizer… houve uma tentativa… e o terrorista está mais atrás. Preso. Por uma agente.

Sam olhou confusa para mim, mas indiquei com a cabeça para que o copiloto me seguisse. Ela e o piloto trocaram de lugar, então ela acabou me seguindo enquanto eu levava o piloto até Kowalski. No caminho, me concentrei para moldar a Névoa para que, mesmo para os passageiros, confusos e agitados, Zababa parecesse um terrorista algemado (não que essa parte fosse muito difícil) e para que Kowalski parecesse uma agente de alguma coisa importante e chique como o FBI ou a Interpol.

Os mortais ao redor pareceram confusos enquanto a visão criada pela Névoa começava a ser aceita por eles. Kowalski olhou-me confusa mas logo entendeu meu plano.

— Tivemos sorte de ter uma agente aqui conosco - disse uma senhora perto.

— Sam? Está tudo bem?! O que aconteceu? - perguntou uma outra senhora chegando junto com o resto do que identifiquei como a família de Sam.

— Está tudo bem.. não é, senhor copiloto? - perguntou Sam enquanto trocava um olhar significativo com o jovem que acompanhava o que eu imaginava serem os avós dela. O olhar me fez imaginar que talvez o rapaz entendia, ao menos em partes, o que realmente tinha acontecido ali.

— Sim. Por favor, permaneçam sentados em seus lugares. Temos toda a situação sob controle. - disse o copiloto.

Inseguro e ansioso, o copiloto trocou algumas palavras com Kowalski soltando olhares medrosos para Zababa. Os passageiros também estavam ansiosos para ficar longe de nosso adversário, assim, Kowalski e Zababa acabaram ficando meio isolados num assento mais afastado da maioria das pessoas. Só eu fui teoricamente louca o suficiente de ficar à uma distância mais conversável.

— Conseguiu recolher informações o suficiente? - perguntei em sussurros para ela.

— Consegui uma quantidade até interessante - respondeu Kowalski com um sorriso vitorioso - Esse cara aqui, é aparentemente o deus hitita da guerra. Ele disse que lutou contra o Percy, Annabeth e outros inclusive.

— Objetivos? - questionei.

— Aparentemente aconteceu alguma coisa em Israel e a Sam tirou foto. Então, um dos motivos, é que eles não querem que mais gente consiga ver essa foto.Em segundo, aparentemente ela é a que pode encontrar um tal de cara que… queimou o dedo com salmão.  - explicou Kowalski um tanto confusa - Não sei bem o que isso quer dizer.

— E eu muito menos. - admiti olhando então para Zababa - Até que você foi muito tagarela. Não quer nos dar esse pedaço de informação final para ser a cereja do bolo?

— Eu consegui ser persuasiva o suficiente para apenas esse tanto de informação. - disse Kowalski - Até que os passageiros acordaram.

De fato, Zababa parecia bem machucado. Talvez isso seja uma boa prova de que era uma boa ideia permanecer do lado amigável da Kowalski.

— Tsc. - resmungou ele - Naunet já vai acabar comigo por ter falhado de novo. Podiam muito bem terminar de me matar de uma vez.

— Que desejo de morte eim, cara. - eu disse.

— O que ela pode fazer comigo é bem pior. Malditos egípcios. - respondeu ele cuspindo no chão de desgosto.

— Hey. Olha a educação. Esse avião não é seu - implicou Kowalski.

— Digamos estou meio doído - disse Zababa - Achei que ia ser um dos líderes dessa bagunça toda, mas vi agora que não passo de um mero subalterno.

No caminho restante até o aeroporto de Halifax, eu podia ver Zababa tentando se soltar das amarras. Sem sucesso. Ao menos conseguimos tempo de cuidar dos ferimentos de Kowalski. Não parecia uma boa ideia acabar com ele ali e eu tinha certeza que ele conseguiria fugir das autoridades mortais em pouco tempo caso entregássemos ele para elas. Mas, quando o avião pousou e Kowalski e Zababa saíram acompanhados de um grupo de cinco seguranças humanos fortemente armados, Kowalski me garantiu que daria um jeito nesse pequeno detalhe.

Deixei Kowalski para lidar com Zababa que parecia um tanto cabisbaixo por ter sido derrotado aparentemente de novo. Quando todos os passageiros começaram a sair do avião, consegui a oportunidade de me encontrar com Sam no banheiro do aeroporto. Suas mãos tremiam levemente enquanto ela molhava o rosto. O lado de fora do banheiro estava repleto de seguranças e reportes, resultantes da situação do pouso emergencial do avião.

— Hey - eu disse para ela - Você está bem?

— Sim. Só… Não sei bem explicar. Acho que estou apenas extremamente aliviada de tudo ter dado certo. Não imaginava que iria pilotar um avião com tanta gente quando saí da cama hoje de manhã.

— Está de parabéns. Não acho que conseguiria fazer o que você fez.

— Obrigada - disse ela com um sorriso confiante - Então, descobriu o que ele queria?

Rapidamente atualizei Sam das informações que obtive e ela fez o mesmo. Não imaginei que encontraria tanta gente que conheço na sua história.

— Acho que é seguro dizer que os problemas estão ligados. O seu e o meu. - disse Sam enquanto enviava para os amigos a foto que tirou de um obelisco em Israel.

— E esse cara do salmão? - perguntei.

— Estou tão perdida quanto você. Me falaram pra perguntar por ele e tal, mas não sei quem é ele. - explicou ela.

— Vamos descobrir. - garanti - Aliás, vou para resolver umas coisas e então voltar para a Europa e seguir com o trabalho que estava fazendo com Lady Ártemis. Se você ou alguma amiga quiser acompanhar, está convidada.

— Está usando a técnica de dividir para conquistar? - perguntou ela cruzando os braços com um sorriso no rosto.

— Me pareceu sábio.

— Só garotas? - ela perguntou com uma leve risada.

— Preferencialmente.

 


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Notas finais do capítulo

E por hoje é só! XD
gostaria de deixar avisado que dia 3 de janeiro estou viajando e só volto dia 18. Logo, todas as fics estão paralisadas até eu voltar de viagem :3



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