Os Deuses da Mitologia escrita por kagomechan


Capítulo 31
ANUBIS - Virando a noite


Notas iniciais do capítulo

não resisti e mais um capítulo saiu XD
adoro quando meu bebê narra ♥



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ANUBIS

Sabe algo incrível mas ao mesmo tempo assustadora? Internet. Sadie estava me apresentando às literalmente milhares de informações disponíveis na Internet e eu não conseguia parar de pensar em como antes eu achava que a Biblioteca de Alexandria tinha muita coisa. Não sei quanto tempo já tínhamos gastado com ela me apresentando todas as dezenas de coisas que aquele pequeno aparelho era capaz de fazer. Algumas funcionalidades eu até já conhecia mas fazê-las direito era outra história.

Meu tal “Manual mental de rituais de conquista e namoro do século 21” já estava atualizado o suficiente para entender que talvez eu não devesse estar deitado na cama de Sadie do lado dela como agora. Ambos de bruços com os pés para fora. Mas foi o que acabou acontecendo quando ela cansou de ficar sentada enquanto me mostrava dezenas de sites, à seu ver, interessantes. Ela mantinha o celular nas mãos e me mostrava as coisas enquanto eu tinha clara consciência de que ela estava extremamente vermelha apesar de ter sido ela quem insistiu que eu ficasse ali.

— E por último, e não menos importante - ela dizia - temos a Netflix.

— Que é… pra ver filmes. Certo? - perguntei.

— E séries também. - ela disse passando por várias imagens de filmes e séries que apareciam na tela do celular - Inclusive, tem uns que eu adoraria ver com você.

— Quais?

— “O Retorno da Múmia”, “Deuses do Egito” e “O Príncipe do Egito” - disse ela rindo.

— Sinceramente, só pelos nomes, acho que eu passo esse convite - eu disse com um sorriso de canto.

Já tinha uma certa noção da falta de fidelidade de muitos filmes que tentavam representar o Antigo Egito já que ocasionalmente filmes do tipo acabavam se tornando assunto entre os deuses. Claro, alguns conseguiam ser menos ruins, não sei qual era o caso daqueles três.

— Ah, por que? Queria muito ver sua reação assistindo eles - ela insistiu rindo.

— Só um então. - eu disse suspirando não conseguindo dizer não para ela

— Aliás, ainda não explicou direito o que foi falar com Odin.

— Tentar achar um jeito de virar mortal - eu disse - Os líderes de cada panteão tem alguns poderes à mais bem interessantes. Zeus, Hórus, Odin… Zeus à pouco tempo, inclusive, jogou Apolo do Olimpo como um humano normal. Achei que seria uma boa ideia tentar isso através de Odin já que Hórus com certeza nunca iria fazer isso.

— E não deu certo, né?

— Não. Ele não quis. Bem, pelo menos ele conseguiu tirar a restrição de só poder aparecer em lugares de luto e pesar e ainda ajudou um pouco na parte burocrática.

— Parte burocrática?

— Uma pequena besteira embora me poupe de muitas mentiras caso queira tentar uma vida de mortal com você. - eu disse - Apesar de também envolver sua parcela de mentiras.

Colocando brevemente a mão no Duat, tirei de lá o envelope que Odin me deu e entreguei para ela. Sadie me olhou meio perdida mas abriu o envelope mesmo assim. De dentro do envelope e imediatamente soltou uma risada ao ver o que era. Dentro da pasta parda havia apenas duas coisas, uma, um cartão muito parecido com cartões de banco. Duvido que ela tenha conseguido ler alguma coisa, já que estava tudo em árabe. A segunda coisa era um livrinho verde escuro com a mesma coisa escrita em inglês e em árabe em sua capa “República Árabe do Egito” e “Passaporte”.

— Odin te deu documentos falsos?! - ela disse rindo vendo as informações contidas nos documentos - Nossa, tem até visto pros Estados Unidos! Isso não é errado?

— Falsos se considerar que óbviamente eu não nasci no lugar nem na data que fala neles, mas os advogados de Odin são muito bons. Os documentos são verdadeiros embora as informações neles não sejam.

— Eis uma besteirinha bem útil. - ela disse parando para pensar um pouco e logo soltando uma risada - Por acaso é a primeira vez em 5 mil anos que é oficialmente um cidadão egípcio?

— Nunca pensei por esse ângulo. Mas acho que sim.

— Documentos imagino que tenha sido mais fácil do que sua restrição de só aparecer em lugares de luto e pesar. Sempre foi assim? Tipo… você nem curtiu o Egito porque não podia passear por aí?

— Não. Antes não era assim - eu disse negando com a cabeça e soltando um suspiro - Começou aproximadamente no ano de 500.

— O que rolou em 500? - ela perguntou enquanto eu magicamente voltava os documentos para o Duat.

— Até aproximadamente o ano 500, já estávamos praticamente esquecidos e ninguém sabia ler os hieróglifos. Ficamos fracos demais. Alguns deuses simplesmente desapareceram devido ao esquecimento. Chegou um ponto que eu não tinha muitas forças para ficar longe do Duat por muito tempo. Só voltei a sair mais de lá quando Napoleão chegou e um de seus soldados achou a Pedra Rosetta. Mas já não podia ir em todo lugar.

— Já parou pra pensar que tem um monte de historiadores que provavelmente pagariam uma nota pra fazer uma entrevista com você? - disse ela pensativa.

— Já sim - eu disse achando divertida a ideia e por isso dando uma leve risada - E uns também iriam falar que eu sou doido.

— Acontece - ela disse rindo.

Eu olhei para ela admirando aquele sorriso tão belo e espontâneo. Não sei o que o “Manual mental de rituais de conquista e namoro do século 21” diria sobre isso, mas eu já não pensava em nada quando toquei-lhe o rosto virando-o para mim. Corada, ela parou de rir quando me aproximei beijando-a docemente. Seus olhos lentamente se fecharam e os meus acompanharam enquanto ela também respondia ao beijo.

Infelizmente, não pudemos aproveitar muito o momento pois a porta se abriu lentamente e a voz de Carter o quarto de Sadie que, sem pensar duas vezes, me empurrou para fora da cama em direção ao chão. A posição da porta e da cama poderiam até me esconder de Carter, mas eu simplesmente desapareci. Estava ali, mas não estava ali. Nem um dos dois poderia me ver.

— Sadie? - disse Carter com a voz mostrando talvez uma suspeita.

— Que susto! Não sabe bater? - reclamou Sadie com a voz meio trêmula - Não é assim que se entra no quarto de uma dama.

— Tem razão… foi mal… Achei que estivesse dormindo - disse Carter depois de uns segundos em silêncio.

— O que foi? - perguntou Sadie soltando um suspiro ao levantar da cama e ir até o irmão.

— Anúbis foi embora? - perguntou Carter desconfiado.

— F-Foi… - Sadie disse -  Disse que voltaria pela manhã. Tinha que resolver umas coisas no Duat ou algo do tipo.

— Hum… ok. Tenho que falar com ele amanhã então. Erm… foi mal pela porta. Boa noite. - disse Carter correndo os olhos pelo quarto rapidamente e então fechando a porta.

— Boa noite - disse Sadie em seguida.

Quando ele fechou a porta, ela suspirou aliviada e foi imediatamente olhar para o chão onde tinha me jogado. Por uns segundos não viu nada, mas logo reapareci sentado no chão.

— O que será que ele quer? - perguntei.

— Acho que descobriremos só amanhã. Desculpa por ter inventado isso do nada. É que… anote aí no seu manual.. n-não pega bem estar sozinha na c-cama com meu namorado e.. beijando… e…  - ela disse mais vermelha do que tudo.

— Tudo bem. Desculpe-me por isso então - eu disse me levantando e curvando um pouco o corpo levemente num pedido formal de perdão.

— N-Não precisa pedir desculpas - ela suspirou e se levantou da cama - Mas… podemos deixar o resto da conversa para outro dia? Estou exausta.

— Tudo bem. - eu disse pegando o meu novo celular.

— Onde vai ficar até amanhã de manhã?

— Não se preocupe com isso. Boa noite, Sadie.

— Boa noite - ela respondeu com um sorriso lindo.

Assim, desapareci do quarto dela e fui para o telhado da Casa do Brooklyn. Me pareceu um bom lugar para ficar já que Carter não poderia notar que ainda estava ali. Aproveitei para reforçar os feitiços que protegiam a casa também. Considerando o histórico desastroso de ataques que tinham acontecido recentemente, julguei que seria útil aproveitar minha menor necessidade de horas de sono para certificar-me que nada aconteceria durante a noite e ainda aproveitar para aprender mais a mexer no celular.

Depois de ter reforçado os feitiços de proteção, sentei no muro que impedia que as pessoas caíssem do telhado e coloquei as músicas que estavam no celular para tocar. Atrás de mim, Frek, o grifo, dormia calmamente. As horas se passavam sem nenhum problema, felizmente, até que, faltando ainda algum tempo para o sol nascer, ouvi uma voz atrás de mim.

— Deve ser bom sentar aí sem se preocupar em cair - disse a voz, Nico.

Eu me virei surpreso em notar ele ali e acordado.

— Não está um tanto cedo para acordar e vir para o telhado? - perguntei.

— “Acordar” dá a entender que eu cheguei a dormir. - disse ele sentando-se no chão encostando as costas no muro perto de onde eu estava - Achei que seria um bom lugar para pensar um pouco.

— Sobre?

— Coisas.

A falta de palavras logo fez que a conversa morresse ali. Por alguns segundos apenas a música do celular preenchia o silêncio, até que Nico falou:

— Não imaginava que também gostasse de My Chemical Romance. Helena o nome da música, né?- Nico disse.

— Ainda estou conhecendo as músicas deste século. E sim, Helena. - eu disse.

— Eu também. Gosta da música porque é sobre morte e o vídeo é um funeral? - ele perguntou dando uma leve risada.

— Passo tanto assim uma imagem fúnebre? - perguntei não muito surpreso.

— Talvez. E eu também provavelmente.

Era certamente uma conversa que andava devagar, pois logo o silêncio voltou. Acho que não somos exatamente pessoas muito faladeiras.

— O que sabe sobre os frascos que meu pai deixou? - perguntou Nico - Sabe como e onde usá-los?

— Foi por isso que não dormiu? - respondi soltando um suspiro, pausando a música que tocava no celular e então descendo do muro. Ainda de pé, olhei para ele embora ele só fitava o chão.

— Por isso e outras coisas mais. Embora Will tenha diminuído bastante minha insônia do dia.

— Não sei muito mas, conhecendo como essas coisas funcionam, acho que saberá como usá-los quando chegar a hora.

— Odeio isso. - reclamou ele suspirando - Não sabe mais nada? Não é amigo do meu pai?

— Eu não diria amigo. - eu disse suspirando sentando-me ao lado dele - Não nos odiamos, verdade. Mas também não somos amigos.

— Se suportam apenas? - perguntou Nico e eu afirmei com a cabeça - Como consegue? Eu adoraria poder trocar de pai só pra pararem de me julgar só por ser filho dele.

— Ah sei bem como é isso. Também trocaria o meu de bom grado. - eu disse.

— Quem é seu pai? Não entendo muito da árvore genealógica egípcia.

— Set. Deus do caos, da seca, da guerra e do deserto. Não tem uma fama muito boa e, quando nasci, muitos temiam que seguisse os mesmos caminhos. Por causa dele e de outras coisas do tipo, sempre tive problemas com alguns deuses como Bastet ou Hórus. Levou um tempo, mas consegui me entender com vários dos que não confiavam em mim só por ele ser meu pai.

— Como fez isso? - perguntou Nico olhando-me com um claro interesse no olhar.

— Só tive que mostrar que era diferente dele. - eu disse dando de ombros enquanto notava o sol nascendo - Mas também tem que aceitar que é filho dele. Nada vai mudar que eu sou filho de Set. Nada vai mudar que você é filho de Hades. Tem que aceitar isso.

— Faz parecer fácil. - ele disse também olhando para o sol.

— Não é. “Falar é fácil”, é o ditado, não é?

Ele fitou as próprias mãos um tempo talvez pensando nisso. Estava mesmo com cara de sono. Já estava começando a pensar que ele tinha desistido da conversa, quando ele soltou um suspiro e se levantou.

— Valeu. - disse simplesmente - Acho que vou desistir de dormir por hoje e procurar algo interessante na cozinha.

Não o segui para a cozinha visto que não precisava comer. Permaneci então ali no telhado até que, uma hora depois, Cleo chegou dizendo que estava me procurando e Nico tinha falado onde eu estava. Ela tinha acordado à algum tempo e estava juntando todos que já tinham acordado e que pudessem ajudá-la na biblioteca a achar alguma informação útil que pudesse nos ajudar com todo esse problema. Como não tinha nada melhor para fazer, segui a garota. Ao chegar na biblioteca, vi que Zia também estava lá. Nos olhamos sériamente e talvez a pobre Cleo tivesse sentido a tensão no ar pois logo ficou entre a gente quando Zia se levantou e começou a andar em minha direção.

— E-Então gente… - disse Cleo - Estou chamando todo mundo que já tenha acordado e possa ajudar a procurar alguma coisa aqui. Por enquanto temos só vocês dois e…

Ela foi interrompida quando Reyna abriu a porta da biblioteca. Ela olhou para nós três provavelmente notando o olhar não muito amistoso que eu e Zia trocavamos e que dava muito mais significado a presença de Cléo entre nós.

— Bom dia - disse Reyna - Fiquei sabendo que começariam as procuras por informações aqui…

— Ah sim. - disse Cleo - Embora Julian, Frank, Nico e Hazel já tenham acordado, por enquanto é o que temos. A maioria dos registros da biblioteca realmente úteis estão em outro idioma, geralmente egípcio. O Carter seria útil. Sadie mais ainda. Mas eles estão dormindo ainda. Então resolvi chamar os nossos únicos egípcios para ajudar. Pretende ajudar também?

— Tudo em egípcio!? - disse Reyna preocupada.

— Tem algumas coisas em outros idiomas também - disse Zia dando de ombros - Mas a maioria está em egípcio.

— Sabe Latim? - perguntei bem lembrando que ela era semi-deusa romana e eles costumavam vir com alguma fluência em latim.

Reyna afirmou com a cabeça e logo Cleo abriu um sorriso empolgada já que a biblioteca também tinha coisas em Latim. Rapidamente Cleo explicou o sistema de distribuição de assuntos por corredores, andares e prateleiras da biblioteca e também explicou o sistema que elaborou para que organizássemos o que tínhamos procurado. Aquilo sim daria um enorme trabalho para procurar e então voltar tudo para as prateleiras certas. Mas era por uma boa causa, como Cleo gostava de lembrar.

Procurávamos em silêncio com ajuda das shabtis da biblioteca que conseguiam achar algum livro específico. Embora tivéssemos conseguido mais informações sobre alguns dos deuses e monstros envolvidos, além de informações genéricas sobre os portais, o Duat e o fluxo da magia, ainda não tínhamos achado nada que pudesse nos ajudar muito.

Talvez cansada e querendo se distrair um pouco, vi que Reyna tinha se distanciado do lugar onde fazia as próprias buscas e foi até a mesa onde eu deixava as coisas nas quais já tinha procurado. Ela folheou alguns dos livros e papiros lá deixados e então perguntou sem tirar os olhos deles.

— Quantas línguas fala no final das contas? - perguntou ela visto que o meu bolo de livros e papiros era um tanto poliglota.

— Algumas - respondi deixando sobre a mesa mais um papiro.

Ela olhou para mim com olhar indagador que silenciosamente pedia uma lista. Eu suspirei sentindo a preguiça de listar, mas listei mesmo assim.

— Egípcio é obviamente minha primeira língua. Mas também sou fluente em demótico, copta, grego, inglês, francês, latim, persa, árabe, sumério, acadiano, núbio e bedawi. Não tão bem mas, também tem hebraico, somali, neshite e um pouco de italiano. - eu disse.

— E por isso que arrastei ele pra cá! - disse Cleo rindo - Mas não sabia que a lista era tão grande.

— O tempo disponível para aprender também foi - eu disse dando de ombros.

— Pena que a maioria dessa lista aí é um monte de língua morta - disse Zia.

A porta da biblioteca se abriu e por ela passou Carter que suspirou aliviado ao me ver. Imagino que agora ele perguntaria o que queria perguntar na noite anterior.

— Hey Anúbis, por acaso… - começou ele até que a fala dele foi interrompida pelo barulho do rugido de um dragão vindo do lado de fora.


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Notas finais do capítulo

o que acharam do cap? O que acham q vai rolar no proximo? que filme vcs acham que a Sadie tem q botar ele pra ver? alguém sabe mais idioma q ele ou quer esfregar na cara dele q sabe um q ele n sabe? kkk tipo português XD

momento propaganda, lembrando que tem a fic q se passa 10 anos depois dessa com foco na Sadie e no Anúbis embora tbm já tenha aparecido o Nico e o Will
https://fanfiction.com.br/historia/755771/O_amor_abencoado_pelo_Nilo/

E também tem a fic do passado do Anúbis no Antigo Egito
https://fanfiction.com.br/historia/750415/A_Morte_Das_Areias_do_Saara/



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