Os Deuses da Mitologia escrita por kagomechan


Capítulo 30
WILL - A importância do sorriso


Notas iniciais do capítulo

como pedido, um capítulo com a parte do Will :)
tem umas partes em outros idiomas nesse capítulo, as notas com as traduções estão no final.
foi um cap bem poliglota kkk



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WILL

Machucava meu coração ouvir Nico dizer aquelas coisas. Uma parte ingênua de mim achava que ele tivesse melhorado depois que derrotamos Gaia e que, na pior das hipóteses, tivesse tido uma recaída quando ficou sabendo da morte de Jason meses atrás. Eu o abraçava em meus braços querendo fazer algo mais útil além daquilo. De repente, todas as vezes que ele evitou a mesa de Hades no Acampamento para comer na mesa de Apolo junto de mim e dos meus irmãos ganhou mais significado.

Se eu pudesse, queria poder tirar todas aquelas ideias de sua mente. Queria ajudá-lo a carregar os problemas. Ou melhor, queria mandá-los bem longe, tipo para Plutão para aproveitar a distância do planeta e a irônia de seu nome. Era difícil achar o que falar, as palavras eram difíceis. A sensação era de que qualquer coisa que eu falasse tinha o poder de piorar tudo.

Alguns dizem que abraços são ótimos remédios, foi pensando nisso que eu o abracei fortemente fazendo com que ele apoiasse sua cabeça em meu ombro enquanto eu prometia para mim mesmo que iria fazer de tudo que eu podia e que eu não podia também para que ele ficasse melhor e parasse de odiar a si mesmo. Dói o coração saber que uma pessoa tão importante para você não consegue ver o valor que ela mesma tem. Depois de abraçá-lo por um longo tempo, me afastei do abraço segurando seu rosto em minhas mãos.

— Pois vou fazer de tudo para que você não se ache uma bosta e para te ajudar à carregar os problemas e medos que pesam em seus ombros. - eu disse.

Vi, diante de meus olhos, ele corar mais.  Vi também que lágrimas escorriam pelo seu rosto e eu as limpei com minhas mãos enquanto olhava dentro de seus olhos negros. Sentindo que ele merecia algo mais do que um simples abraço, meu corpo instintivamente se aproximou para beijá-lo. Acho que depois de abrir tanto o coração daquele jeito, ele merecia ao menos um beijo para fazê-lo melhor. Não deve ter sido nada fácil falar todas aquelas coisas. Meu próprio coração se apertou pensando se existiam mais coisas à serem ditas, provavelmente sim.

— Não diga que é uma bosta, porque você não é. É meu namorado e não precisa ficar se forçando para mudar para que seja alguém “que eu mereço ter” porque você já é tudo que eu quero. - eu disse.

    Seu rosto ficou ainda mais vermelho e reconheci que ele ficou bem mais sem graça, pois logo desviava o olhar sem coragem de me olhar nos olhos.

    - Só está dizendo isso pra me alegrar… - resmungou Nico.

    - Estou dizendo a verdade embora também quero que se alegre - eu disse suspirando.

    - Provavelmente só você quem pensa assim, que eu não sou uma bosta - ele disse.

    - Acho que ninguém dentro desta casa pensa assim. Meus irmãos também não pensam assim. Porque não tenta sair um pouco dessa rotina de ser 24 horas por dia o “Filho de Hades”, coisa que você claramente não gosta de ser, e tenta ser um adolescente normal? - eu sugeri dando de ombros.

    - Talvez porque não somos “adolescentes normais”?

    - Mas isso não nos impede de ao menos tentar levar partes de nossas vidas como se fossemos. Acho que faz bem no final das contas.

    - O que sugere então?

    - Hum… - eu parei por um tempo pensando mas logo tive uma ideia - Escola?

    - Sério? - reclamou ele revirando os olhos.

    - Tem coisa mais chatamente normal do que ir pra escola? - eu disse dando uma risada.

    - Isso não ia dar certo nem durante uma semana. Sabe que eu atraio muitos monstros por causa dessa porcaria de parentesco.

    - Percy foi pra escola. Jason também foi. Olha aí os dois filhos dos outros dois Três grandes de exemplo pra você. - eu disse.

    - Mas mesmo assim eles ainda tiveram problemas com monstros.

    - Coisas que você pode lidar bem, tenho certeza. Não finja que não sabe usar sua espada e seus poderes muito bem. Se o medo é esse, podemos até ir para a mesma escola.

    - E…

    - E podemos ficar aqui, se o Carter e a Sadie assim deixarem. - eu disse interrompendo antes que ele colocasse mais problemas na ideia - Bem mais seguro do que em uma casa qualquer, e ainda ganha um endereço de verdade pra botar na papelada.

    - Ainda não me parece uma ideia muito boa.

    - Vou elaborar ela para te convencer o suficiente.

    - Vai ter que elaborar muito porque eu não sei que ideia você pode ter em mente para que eu não traga desastre por onde vou. Percy e Jason podem também ser imãs para monstros bem fortes, mas uma coisa é ser filho de Poseidon ou Zeus, outra coisa é ser filho de Hades. Até Hazel tem seus problemas com isso. É como se tivesse uma escuridão que persegue constantemente - ele disse suspirando cabisbaixo.

    Eu parei por uns segundos apenas o olhando pensando no que fazer para ao menos um pequeno sorriso nascer naquele rosto. O silêncio durou por mais um tempo. Aparentemente ele não tinha mais nada para falar, pois ficou ali quieto. Eu também não tinha mais muito para falar por enquanto. Iria de fato elaborar mais a ideia para que ela ficasse o mais convincente e segura possível. Mas, no momento, o que eu mais queria era fazer ele tirar aquela cara de tristeza e abrir um sorriso para que ao menos o finalzinho do dia dele terminasse um pouco melhor. Foi aí que uma ideia duplamente boa surgiu na minha cabeça e provavelmente dedurei que tinha uma ideia pois não consegui segurar o sorriso.

    - Change the voices in your head, make them like you instead. - eu disse olhando para ele - So complicated, Look how we are making. Filled with so much hatred, such a tied game.

    Percebi que as primeiras palavras tinham chegado até ele. “Mude as vozes em sua cabeça, faça com que elas gostem de você dessa vez.” Mas nas outras… “Tão complicado. Olha como estamos conseguindo, Cheio de ódio. Um jogo tão empatado” ele já olhava para mim com um olhar desconfiado.

    - Você tá recitando uma música? - perguntou ele descobrindo meu plano.

    Não me importei. Era pra ele notar mesmo, pois logo continuei a música dentro do ritmo certo dessa vez. Uma decepção que não tivesse nada para acompanhar como um violão ou quem sabe até um piano. Para não sair frustrado, fingi tocar um violão imaginário já pulando para o refrão.

    - Pretty pretty please. Don't you ever ever feel, like you're less than fucking perfect. Pretty pretty please. If you ever ever feel, like you're nothing. You're fucking perfect, to me.

    Notei que meu objetivo foi alcançado quando uma breve risada de meio segundo escapou dele com minha apresentação improvisada.

    - Concorda com tudo isso da música ou está falando só por falar? - perguntou Nico já com um pequeno sorriso no rosto.

    - Concordo com cada palavra da música. Não é só porque a Pink disse antes de mim que você deva dar menos importância  - eu disse - Incluindo todos os “Pretty” e principalmente os “Fucking perfect”.

    - Que boca suja, Will. A palavra com F. - disse ele dando outra pequena risada.

    - Tem medo de falar a palavra com F? - perguntei rindo de volta.

    - Pff - disse ele - É uma palavra genial. The fucking thing I fucking like most in the fucking English language is that you can fucking put the fucking word fucking every fucking place.

    - Uh… um megazord da palavra com F - eu disse rindo - Foram quantas aí? Seis?

    - Sete - corrigiu ele.

    - Deve ficar mais engraçado quando se fala outro idioma antes. - eu disse pensando - Bem que podia me ensinar italiano algum dia! Só sei nome de comida.

    - Penserò al tuo caso.

    - Pizza, lasagne, pasta, spaghetti, gelato. - eu disse juntando a mão na forma de uma coxinha enquanto falava seguindo o estereótipo de italiano.

    - Para - ele disse com uma leve risada jogando o travesseiro no meu rosto - Já não vou pensar mais no seu caso. A resposta é não.

    - Ah, então foi isso que falou antes? - eu perguntei rindo - Deixando isso de lado, não acha melhor conversar com a Hazel um pouco.

    Ele soltou um suspiro e afirmou com a cabeça. Bem, segundo ele pelo menos, não estava com raiva da Hazel. Mas provavelmente ela não sabia disso e estava ainda preocupada com toda a cena que tinha acontecido no quarto dela. Antes de vir atrás de Nico, eu tinha falado com ela para esperar um pouco que tentaria resolver as coisas. Claro, minha boca era um túmulo. Não iria contar para ela todas as coisas que Nico confessou por mais ela seja a meia-irmã dele. Ele não precisava dizer que aquilo era uma conversa que deveria ser mantida entre nós dois, eu já tinha entendido isso.

    Nico se levantou da cama e eu fui atrás dele enquanto ele ia até a porta do quarto. Indo para o corredor, pudemos rapidamente ver Hazel que estava com as costas apoiadas na parede ao lado da porta de seu quarto esperando a resolução de nossa conversa. Ela se desencostou quando aparecemos e eu chutaria que ela estava doida para abraçar Nico mas as não sabia o que fazer.

    - Desculpe Nico… acho que eu passei da linha nas coisas que eu disse e… - disse Hazel mas Nico levantou a mão fazendo pouco caso.

    - Tudo bem. Eu exagerei também. Desculpa - ele disse.

    - Não está com raiva? - perguntou ela.

    - Não. Você não fez nada demais - Nico disse botando as mãos dentro do bolso da calça.

    - Está melhor então? - ela perguntou.

    Ele me olhou rapidamente abrindo um sorriso de canto antes de afirmar brevemente com a cabeça.

    Com esse desfecho legal para o dia, Hazel foi dormir já que estava com cara de cansada depois da aventura que teve em Israel. Nico também acabou indo dormir embora eu estivesse preocupado em deixá-lo sozinho por muito tempo. Ele disse que não teria problema e que ficaria tudo bem. Tentei acreditar em suas palavras. Assim, como minha barriga resolveu que queria atenção antes de eu ir para a cama, eu desci as escadas indo para a cozinha. Para chegar lá, eu teria que passar pela sala e lá na sala encontrei Carter, Zia e Reyna conversando.

    - Achei que estivesse em seu quarto - eu disse falando com Reyna.

    - Queria perguntar algumas coisas para eles - justificou Reyna.

    - O que? - perguntei.

    - A biblioteca. - disse Carter - Zia acabou de me explicar tudo que aconteceu e Reyna ajudou a completar. Então ela queria saber onde fica a biblioteca e se podia ir lá.

    - Cleo mencionou que aqui tem muitos livros e que talvez encontremos algo por aqui mesmo - disse Zia.

    - Não vai dormir então?! Vai passar a noite lá? - perguntei surpreso mas Reyna negou com a cabeça.

    - Até era meu plano, mas não - disse Reyna.

    - Cleo praticamente manda na biblioteca - disse Carter dando de ombros - E ela está dormindo agora.

    - Mas ela disse que ia fazer uma equipe amanhã bem cedo para otimizar as buscas por lá.

    Eu assobiei surpreso com a organização de Cleo, mas também com o fato de que Carter e Zia pareciam completar as falas um do outro. Se aquilo não fosse prova de que eram um casal perfeito, então eu não sei o que era. Será que eu e Nico passamos essa impressão também? Talvez não já que ele era mais calado do que eu. Não é como se eu tivesse muita fala pra completar.

    - Aliás - disse Carter - Obrigado por ficar de olho na casa com Nico enquanto eu estava fora.

    - Que isso. É o mínimo que poderíamos fazer - eu disse dando de ombros - Aconteceu algo de interessante enquanto procurava os portais?

    - Não - disse Carter negando com a cabeça e suspirando decepcionado - Estou preocupado com as coisas no Egito, com meu tio e Khufu e Filipe.

    - Anúbis não sabe de algo? - perguntou Reyna.

    - Talvez - disse Carter dando de ombros - Estava mesmo pensando em ir perguntar para ele. Será que com os portais sem funcionar ele pode ir até lá? Porque… ele pode viajar pelo Duat e tudo mais.

    - Não custa perguntar. - disse Zia.

    - Não sei… - disse Carter coçando o braço - Estou com um mal pressentimento.

    - Odeio essas coisas - resmunguei.

    - Mas é estranho… - disse Carter - Não é como se fosse aquele medo de que algo vai acontecer, mas sim de que não deveríamos tentar ir até o Egito. Ao menos não por enquanto.

    - Talvez seja melhor investigar mais e decidir se devemos dar ouvidos à esse pressentimento ou não - disse Reyna.

    - Só espero que não seja tarde demais para as pessoas lá quando decidirmos. - disse Carter.

    Eu soltei um suspiro. Queria muito que toda aquela situação se arrumasse ou que ao menos tivéssemos mais informações. Me separei da conversa indo até a cozinha, como antes tinha resolvido, e pegando um iogurte na geladeira. Carter e Sadie tinham realmente feito de tudo para que nos sentíssemos em casa. Tanto que eu não ficava mais sem graça em abrir a geladeira deles assim. Com meus assuntos na cozinha e no andar de baixo resolvidos, voltei para o andar de cima passando pelo quarto dos outros. A luz no quarto de Reyna mostrava que ela ainda estava acordada. Os roncos de Frank mostravam que ele estava já no décimo terceiro sono. A porta de Hazel estava fechada mas deduzi que ela estava dormindo. Parei diante da porta também fechada de Nico, não via nenhuma luz passando pela parte debaixo da porta. Torci para que ele estivesse dormindo pacificamente quando entrei no quarto seguinte, o meu, terminei o iogurte, resolvi o que tinha que resolver com o banheiro e fui dormir.


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Notas finais do capítulo

foi um capítulo mais simples mas não deixa de ter sua importância. me diverti escrevendo ele XD

* Change the voices in your head, make them like you instead - Mude as vozes em sua cabeça, faça com que elas gostem de você dessa vez
* So complicated, Look how we are making. Filled with so much hatred, such a tied game. - Tão complicado. Olha como estamos conseguindo, Cheio de ódio. Um jogo tão empatado
* Pretty pretty please. Don't you ever ever feel, like you're less than fucking perfect. Pretty pretty please. If you ever ever feel, like you're nothing. You're fucking perfect, to me. - Querido, querido, por favor. Nunca nunca se sinta Como se fosse menos do que perfeito pra caramba. Querido, querido, por favor Se em algum momento você se sentir Como se fosse nada Você é perfeito pra pra caramba pra mim
* Pretty - tá, eu traduzi ali em cima com querido, mas pode servir como "bonito"
* Fucking perfect” - Faz mais sentido traduzir pra "perfeito pra caramba" mas ao pé da letra tá mais pra "fodendamente perfeito" kk
* The fucking thing I fucking like most in the fucking English language is that you can fucking put the fucking word fucking every fucking place. - Impossível traduzir isso kkk tirando os fucking, fica "A coisa que mais gosto na Língua Inglesa é que você pode colocar a palavra "Fucking" em qualquer lugar".
* Penserò al tuo caso. - Pensarei no seu caso (segundo o Google kkk n sei italiano tbm)

A música que o Will usa é Fucking Perfect da Pink.



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