Os Deuses da Mitologia escrita por kagomechan


Capítulo 17
SAM - Férias interrompidas


Notas iniciais do capítulo

OLÁ MEU POVO E MINHA POVA!
Olha o cap novo saindo.
Sam está aqui narrando pela primeira vez!! yeey! Ela pediu pra dizer que está muito feliz com a oportunidade que está tendo XD
sem mais delongas, vamos ao capítulo!



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SAM

Acho que é normal às vezes estranhar o comportamento das pessoas com quem você convive. Isso era exatamente o que eu estava sentindo no momento com relação aos meus avós. Eles, do nada, decidiram que janeiro era uma época boa para viajar para a Turquia. Turquia! Não é como se eu estivesse falando de ir até New Jersey e comprar algum bolo gostoso na Carlos Bakery. Não, eu estava falando de cruzar todo um oceano e ir até onde o continente europeu e o asiático se encontravam.

Como se esse comportamento por si só já não fosse estranho, eles conseguiram convencer o pai de Amir, Abdel, de que Amir também deveria ir. Amir era meu noivo. Claro, pode falar que sou muito nova para ter um noivo. O noivado com Amir foi arranjado por nossas famílias mas.... bem... acho que posso dizer que sempre tive uma queda por ele. E NÃO DIGAM QUE EU DISSE ISSO!

Visto que meus avós pareciam determinados com a ideia, não consegui convencer eles do contrário. Claro, viajar é legal, mas eu estava preocupada com a escola e tudo mais. Não queria perder aula por causa dessa ideia tão repentina.

Meus avós, Jib e Bibi, são ambos iraquianos e me criam desde quando minha mãe, Ayesha, morreu quando eu era pequena. Perder a mãe não é uma experiência fácil. Na verdade, creio que deve ser a pior das perdas possíveis. Mas o tempo passou. Tento não me deixar ficar muito deprimida por causa disso. Ela não iria gostar. Meus avós me criaram, como diria Magnus, "como uma boa muçulmana", mas eu odiava mentir para eles sobre toda essa história de ser filha de Loki. Era pior ainda quando eu ainda tinha que mentir sobre trabalhar para Odin como Valquíria. Ao menos eu pedi demissão dessa tarefa.

Deixamos Boston de avião uns dias atrás, fizemos uma conexão em Frankfurt e aproveitamos para conhecer um pouquinho da Alemanha no tempo que dava, e então descemos para Istambul. Passamos uns dias lá e então fomos de carro até a cidade de Amasra. Consigo ver que ela seria uma cidade bem bonita, quase tropical apesar da localidade, aposto que era um destino turístico atrativo no verão. Mas o problema, era que estávamos no meio do inverno. A temperatura não conseguia ficar mais quente do que 9ºC. Apesar do frio, era uma cidade bonita. As casinhas com telhado cor de barro se amontoavam aproveitando o relevo da cidade que parecia se desmembrar em direção ao Mar Negro. Num dos pontos da cidade, havia um castelo de aparência bem antiga. O castelo era modesto. Muitos outros na Europa eram, com certeza, mais chamativos do que ele. Um passeio pelo Google poderia provar isso. Mas ele fazia a cidade ficar mais charmosa e me fazia perguntar qual seria a história daquele lugar. Era desse castelo que eu e Amir admirávamos a vista do Mar Negro e da cidade.

— Ainda acho incrível que seus avós tenham inventado essa viagem e, além disso, deixado à gente passear pela cidade sozinhos – comentou Amir.

— Também. – respondi enquanto pensava sobre isso. Às vezes, eu tinha a sensação de que havia algo mais por trás disso. Essa minha suspeita se devia ao fato de que, algumas vezes, meus avós pareciam em transe.

— Mas pelo menos até que está sendo uma viagem legal até agora – disse Amir – Não é sempre que passeamos assim.

— Não... – eu disse. Constrangida, virei levemente o rosto não querendo mostrar que minhas bochechas tinham corado fortemente.

Acho que eu não estava conseguindo fazer meu coração lidar bem com a situação. De fato, raramente meus avós deixavam eu e Amir sem alguma supervisão. Como diria o Magnus, eles têm medo que façamos algo errado, como segurar as mãos.

— Talvez quando você virar pilota nós possamos fazer outras viagens do tipo – sugeriu ele. O que me fez olhar surpresa para ele com a ideia – É. Já pensou? Você faz um voo para algum lugar legal. Tipo... Atenas... Aí podemos ficar lá. Dizem que as ilhas gregas são bem bonitas.

— Aí é que meus avós não deixariam mesmo – eu disse dando uma leve risada.

— Pode ser para depois que casarmos – ele disse levemente corado e dando de ombros exibindo um sorriso gentil no rosto enquanto olhava para o horizonte. A frase me fez corar ainda mais e me encolher tentando usar o hijab para esconder meu rosto totalmente avermelhado.

Deixei aquelas palavras entrarem em mim e então serem digeridas enquanto eu tentava, lentamente, fazer com que minhas bochechas voltassem à cor normal delas. Eu mantinha a cabeça baixa com um sorriso bobo em meu rosto, quando a voz de Amir chegou a meus ouvidos novamente só que, dessa vez, com um tom surpreso e preocupado.

— S-Sam... O-o que é aquilo?

Eu levantei o olhar e vi três mulheres de quase 3 metros envoltas em longos vestidos brancos de pé onde as águas do Mar Negro encontravam a areia. Ela usava um capuz e seu rosto era completamente branco, incluindo seus olhos, sua pele era como neve esculpida. Atrás delas, um nevoeiro se formava. Elas olharam para nós dois e, com uma voz ressoante que penetrou em minha cabeça, elas falaram:

— Venham. – as vozes dela ressoaram em minha cabeça fazendo os pelos de minha nuca se arrepiarem.

Não perdi tempo e sai correndo pelos corredores e pontes do castelo até chegar onde elas estavam. Amir, pensando rápido, foi indo atrás de mim embora estivesse muito perdido. Meu coração se acelerou de compreensão e preocupação ao ver as mulheres. Claro que eu não poderia ter uma viagem em família normal. Mas talvez fosse a presença delas ali que justificasse a viagem estranha e fora de época. 

— Sabe quem são elas? – perguntou Amir.

— As Normas – eu disse começando a ficar ofegante – elas ditam o destino de todos.

Sem dizer mais nada, ele continuou a me seguir enquanto desviávamos dos turistas que começavam a nos xingar em várias línguas diferentes. Quando chegamos à orla do mar negro, a imagem das três Normas foi desaparecendo gradualmente conforme nos aproximávamos e, no lugar delas, ficaram duas mulheres.

As duas eram tão parecidas que poderiam ser gêmeas. Uma tinha um cabelo negro levemente ondulado que ia até a metade das costas enquanto a outra tinha o cabelo curto, mas do mesmo tom escuro. A roupa das duas era idêntica. Usavam um estranho chapéu cilíndrico vermelho no topo da cabeça que tinha aproximadamente um palmo de altura. De cima desse chapéu, caía um pano branco que cobria a parte de trás e as laterais da cabeça de ambas e continuava caindo quase até as coxas. O vestido delas era azul celeste e vermelho. Era como se primeiro tivesse um vestido vermelho por baixo e então botassem um sobretudo azul celeste repleto de detalhes florais dourados que se prendia na cintura deixando apenas parte da saia e o peitoral do vestido vermelho à mostra.

— As Normas se foram... Sabe quem são essas? – sussurrou Amir enquanto eu neguei com a cabeça.

— Somos Istustaya – disse a de cabelo longo.

— E Papaya – disse a de cabelo curto.

Apesar do nome da segunda me fazer lembrar o mamão papaya, achei que era melhor ficar quieta e não fazer nenhum comentário. Amir olhou com o canto do olho para mim, preocupado. Eu, por outro lado, estava curiosa. Primeiro as Normas e então essas duas que nunca ouvi falar?

— Perdão, mas... Não acho que eu as conheça. – eu disse.

— Somos a deusas hititas do destino – disse Istustaya.

— Parecidas com as Normas – disse Papaya.

— Mas diferente – completou Istustaya.

— Entendi. Muito prazer – eu disse enquanto processava todas aquelas informações. Hititas? Deusas hititas? Bem... Fazia certo sentido já que estávamos na Turquia e, se me lembro bem, o Império Hitita controlava a maior parte do que hoje em dia é a Turquia e também partes do que hoje é a Síria quando ainda competiam contra o Império Egípcio para decidir quem ia ter o controle do Oriente Médio.

— Qual o motivo da presença de ambas, então? – perguntou Amir fazendo a mesma pergunta que ocupava a minha mente.

Elas olharam para Amir como se o avaliassem e então olharam para mim.

— Samirah Al-Abbas, filha de Loki e Ayesha, – disse Istustaya lembrando da parte do parentesco paterno que eu não me orgulhava muito.

— A hora da escolha eventualmente chegará. – completou Papaya.

— O que pedir, deverá considerar. – disse Istustaya.

— Se errar, perdido em água o mundo estará. – disse Papaya alternando com a anterior.

— Por isso, deve se lembrar.

— A chave do feitiço.

— O deus ajudar.

— E onde está aquele que com salmão o dedo queimou. – terminou Papaya sempre alternando cada fala com Istustaya.

— Salmão? – foi tudo o que eu consegui dizer diante ao que parecia uma mistura de profecia, conselhos e ordens.

Elas não pareciam querer saber de mais papo, pois, apontaram ao mesmo tempo para algo no céu atrás de nós e então desapareceram. Viramo-nos a tempo de ver um navio de madeira voador (isso mesmo que você leu), sendo atacado dor duas criaturas que pareciam dragões. Um com escamas vermelhas e outro com escamas pretas, mas ambos com detalhes brancos nos chifres, nos espinhos da calda, na barriga e no peitoral. Eles atacaram a embarcação que ia rapidamente perdendo a altitude. Pude ver uma garota de longo cabelo castanho preso em uma trança e usando camiseta roxa lançando uma lança com precisão feroz atingindo o dragão vermelho na lateral de seu corpo.

— O-O q-que? – Amir gaguejou ao meu lado.

Eu estava tão surpresa quanto ele, mas, ao contrário dele que estava um pouco paralisado, eu consegui agir.

— Espere aqui! – eu disse ao notar que havia mais duas pessoas dentro da embarcação. Uma garota de cabelos negros cujos cachos balançavam com o vento e um garoto asiático robusto que, quando eu pisquei os olhos, tinha se tornado em um terceiro dragão só que azul marinho.

Visto que o navio perdia a altitude rapidamente, tive a coragem de usar o dom passado até mim por meu pai. Pensei na maior ave voadora que conseguia, e, no segundo seguinte, eu era uma águia-coroada. O garoto-dragão estava lutando o dragão preto enquanto a menina de trança estava montada no outro dragão aparentemente o fazendo sofrer muito. Eu voava em direção ao navio que caía e, aparentemente, o garoto-dragão teve o mesmo pressentimento que eu. Era melhor tirar todos dali o mais rápido possível, pois logo o navio ia bater contra o Mar Negro e, provavelmente se desfazer em vários pedaços.  O garoto-dragão foi em direção ao navio para pegar a menina de cabelos cacheados, mas, o ataque do dragão com o que ele se atrapalhasse no processo. Eu, no entanto, vi que a menina de tranças havia caído das costas do dragão vermelho e agora caía em queda livre. Vi que era a minha chance e agarrei a garota. Talvez não foi de um jeito muito delicado, afinal era reclamou de dor, mas pelo menos ia viver.

— Não sei de onde raios você veio, mas obrigada – disse ela.

— De nada – respondi indo em direção à praia mais uma vez.

— Ah claro. Deveria saber que não era só uma águia normal – ela disse enquanto eu a botava na areia.

— Sou amiga – eu disse. Virei para voltar para salvar a outra menina, mas vi que o garoto-dragão já vinha com ela em suas costas enquanto o navio-voador caia no mar Negro com um barulho alto.

— Você está bem? – disse Amir chegando correndo até onde eu estava enquanto eu voltava a minha forma normal e via o garoto-dragão pousando com a garota e os dois dragões se aproximando.

— Sim. Desculpa o preocupar – eu disse abrindo um sorriso torto para ele.

— Amigos novos? – perguntou a garota negra.

— Assim espero – disse a garota de trança apontando sua lança para minha.

— Ei. Agora não é tempo de discutir. Temos dois wyverns vindo até aqui! – reclamou a menina negra enquanto o garoto-dragão não perdia tempo e já atacava o primeiro dragão, o vermelho.

— Wyvern? – Amir perguntou, mas a pergunta dele foi ignorada.

— Droga. Estou sem meu machado. – respondi e, prontamente a garota de trança me deu uma adaga.

— Sei que não é um machado. – disse ela.

— Obrigada. Já é útil. – eu disse.

— Espero que seja amiga mesmo. Aliás, sou Reyna.

— Sam.

O garoto-dragão, cujo nome eu ainda não sabia, e a garota negra, que o nome eu também não sabia, lutavam cada com um dos dragões. Ou melhor, wyverns. A garota sumia de um lugar e reaparecia em outro acertando o wyvern com sua espada. Às vezes, ela errava e ele desviava. Numa dessas vezes, ele bateu o rabo com força na barriga dela lançando ela pra longe e aproveitei essa chance para chegar correndo pelas costas do dragão e pular em cima dele o acertando com a adaga bem onde seria suas costelas. Tentei acertar em sua cabeça, mas ele acabou levantando voo e, por isso, não só errei o alvo, como também peguei uma carona nas costas do wyvern.

Ele gritava tentando se livrar de mim inutilmente. No entanto, estava ficando difícil me segurar nele e, em um dado momento, eu caí. Senti meu coração gelar quando notei que não estava em contato com mais nada e sentia apenas o vento batendo em meu corpo. Sei que poderia me transformar e sair voando, mas não deu tempo para fazer isso. Entretanto, talvez tentando dar uma de príncipe encantado, Amir tentou me pegar, mas acabamos juntos caindo na areia enquanto eu o transformava em panqueca.

— Argh! – reclamou ele embaixo de mim e eu sai de baixo dele rapidamente.

— Ai não! Desculpa! – exclamei preocupada.

— Tudo bem. Tô bem – disse ele tentando me tranquilizar, mas logo abrindo um sorriso culpado – Fizemos uma coisa muito errada.

— O que? – perguntei.

— Nos tocamos – ele disse com um sorriso torto.

— Exceções à regra. Ninguém precisa saber também – eu disse rapidamente com uma leve risada, mas logo me virando para encarar o dragão que estava vindo voando em nossa direção rapidamente. Claro que me atingiu a preocupação quanto à regra infligida naquele momento, mas eu torcia para que ela fosse realmente uma exceção dada as circunstâncias. 

Felizmente, eu não precisei me preocupar com isso, pois a lança de Reyna atingiu o dragão em cheio o derrubando, morto, numa parte rasa do Mar Morto salpicando água em nós.

— Obrigada – eu disse à Reyna e então repeti a frase para Amir por ele ter me segurado (ou ter tentado).

Nós três nos viramos para ver como estava indo a luta contra o outro wyvern, e então vimos que ela parecia ter terminado. Nós cinco então nos unimos, ofegantes e/ou doloridos e nos encaramos. Pude ver que Reyna estava meio machucada, alguns desses machucados, notei, que foram de quando eu havia a segurado ao cair.

— Ahm... Desculpe pelos machucados – eu disse a ela apontando para pequenos cortes já.

— Tudo bem. – ela disse – No entanto, acho que precisamos conversar sobre isso que acabou de acontecer. Vocês claramente podem ver através da névoa e, nosso encontro talvez seja o motivo pelo qual tivemos que vir até aqui.

— Quem são vocês exatamente? – perguntei.

Apresentamo-nos brevemente. Descobri que a menina negra se chama Hazel e o garoto se chama Frank.

— E o motivo pelo qual tinham drag... Quer dizer, wyverns, perseguindo vocês é por que... – eu disse incentivando uma resposta.

— Eles estão nos seguindo já tem algum tempo e não conseguimos despista-los. Antes era um grande grupo que nos perseguia quando vamos perto demais do Reino Unido, mas conseguimos derrotar a maior parte deles – explicou Reyna.

— São semideuses também? – perguntou Frank e, pelo olhar de Reyna, notei que talvez essa não fosse uma pergunta que ela queria que fosse feita naquele momento.

Independente do que Reyna queria ou não, naquele exato momento, a Bifrost apareceu ao nosso lado e, com ela Heimdall. Com seus dentes dourados e cabelos brancos e encaracolados, ele pegou o celular e então parou, sem ligar nossa presença, e tirou uma selfie tentando enquadrar a cidade enquanto levantava dois dedos na mão direita posando para a foto.

— Turquia. Fazia tempo que não visitava – ele disse enquanto olhava para o celular vendo como ela ficou – E então. Vamos indo? Temos que nos arrumar logo, pois irei querer selfies com todos vocês.


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Notas finais do capítulo

e por hoje é só. Obrigada por ler.
aliás, amanhã eu volto as aulas e começo a me preocupar com o meu TCC D: então os próximos capitulos podem demorar um pouco para serem escritos. Mas darei meu melhor.
Comentem! Gostaram das 3 aparições surpresas? ainda estou em dúvida qual vai ser o narrador do próximo capítulo... quem pode ter a honra? Hazel? Frank? Reyna? Sim, tem que ser um dos três porque eu não gosto de repetir o mesmo narrador então, não pode ser a Sam. E o Amir não tem imagenzinha oficial pra eu botar no começo do cap. (xatiads)



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