Sword Art Online - Imergentes escrita por And990


Capítulo 6
A Dança dos Assassinos - Parte 1


Notas iniciais do capítulo

Um novo inimigo surge, um psicopata extremamente habilidoso na imersão total, no melhor estilo Caixão Sorridente. Uma ameaça real, que só pode ser desmascarada ao ser derrotada no seu próprio território, na sua própria arte. Andy e os outros estão prontos para o maior desafio que já enfrentaram, num jogo onde os mais fortes sobrevivem?...

Glossário: Game Over - "Fim de Jogo" em inglês.
Play - "Iniciar" em inglês.
Hacker - Pessoa com habilidade em computação que a usa para fins ilegais



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/747864/chapter/6

— Preste atenção - me disse Zeny, sério. Eu já tinha ouvido falar do jogo Blood Moon. Embora não houvessem profissionais, o nível de habilidade dos jogadores, em média, era altíssimo. Era o jogo onde quem tivesse habilidade pra isso podia liberar seus instintos mais agressivos. Alto nível de realismo de dor e de dano, sendo ferimentos em áreas vitais, de fato, game over instantâneo. Jogadores recebiam altos bônus de velocidade, agilidade e tenacidade. Armas com os mais diversos efeitos, incluindo sonolência, anestesia e paralisia. Era um jogo onde novatos sem habilidade eram repetidamente subjugados e eliminados. Os mais fortes, rápidos e sutis assassinos progrediam.

Zeny deu play no vídeo. Um grande grupo de jogadores, talvez treze ou catorze, voltava pra zona segura da cidade por uma floresta depois de uma grande caçada.

Um deles acionou uma armadilha. Três adagas voaram no seu pescoço e o coitado explodiu em fagulhas luminosas antes de perceber o que acontecia.

Os outros se reagruparam, olhando em volta, assustados.

Dois, três caíram no chão. Nem cheguei a ver o que os atingiu. Também eliminados.

Algo caiu de uma árvore perto dos restantes. Quando levantou, eu o vi de perfil. Era relativamente alto e usava um traje de panos brancos e vermelho escarlates que deixavam à mostra a barriga trincada e os braços magros mas definidos do avatar. Usava uma máscara, também branca e adornada em vermelho. A cascata de cabelos pretos caía por trás dela.

Li o nickname. “Slash”.

Depois de um segundo de hesitação, três dos restantes avançaram nele. O primeiro desferiu um golpe em arco quase vertical. Ele deu uma levíssima inclinação pra um dos lados, só o suficiente pra espada zunir a milímetros do seu corpo e errar. Com um safanão, mandou o oponente direto pro chão. Tudo isso numa fração de segundo, sem nem desviar o olhar.

O segundo tentou um corte horizontal, na altura do peito. Ele agachou e a lâmina passou cima dele. O membro do grupo tentou dois cortes em diagonal, mas calculou mal seu alcance e Slash não precisou de mais do que um curto passo pra trás pra desviar. Depois, desferiu um chute certeiro bem no rosto do adversário, fazendo uma abertura de quase cento e vinte graus com as pernas e retornando à posição inicial como se bocejasse. O derrotado caiu no chão, inerte.

O terceiro não se intimidou. Desferiu diversas estocadas rápidas e precisas mirando o peito e o pescoço de Slash. Ele desviou de todas, nunca precisando de mais do que um curto passo e uma pequena rotação.

Deixou acontecer por uns cinco segundos. Por baixo da máscara, eu podia jurar que ele sorria. Finalmente, cansou da brincadeira e agarrou o pulso do oponente no meio de um golpe, torcendo-o.

O jogador gritou. Fagulhas vermelhas jorraram.

Um curto passo à frente. Rápido demais pra que eu pudesse acompanhar, Slash torceu seu pescoço. Fagulhas vermelhas jorraram em todas as direções. O corpo inerte começou a tombar, mas explodiu antes de tocar o chão.

Ele parou por um momento e ergueu os olhos na direção dos membros restantes do grupo. Do ângulo em que eu observava, não conseguia ver o que eles expressavam.

Mas os seis restantes deram um passo hesitante pra trás. Por sua postura, tudo o que os impedia de fugir em disparada era o medo, tão denso e pesado que parecia acorrentá-los ao chão.

Slash avançou, tão rápido que se tornou um vulto. Cobriu sete metros em meio segundo, colando na sua próxima vítima sem empurrá-la um milímetro sequer. Passado o choque, o jogador deu um passo pra trás, parecendo muito zonzo. Ele olhou pra baixo, e eu segui seu olhar até a grande mancha vermelha em seu tronco. Só então vi a pequena adaga na mão de Slash, o gume encharcado de vermelho.

Quando ele a havia sacado!?

Com um último olhar perdido para o alto, o jogador esfaqueado tombou de joelhos, depois de bruços. Pelo que eu sabia do jogo, ele morreria para a hemorragia em poucos segundos.

O assassino olhou pros restantes, novamente. Dessa vez, eles deixaram o transe e viraram pra correr.

Os momentos seguintes foram uma confusão de gritos, tombos, cortes e sangue virtual jorrando. Nenhum desses últimos cinco chegou a dar mais de seis passos nem morreu de imediato. Todos tombaram e passaram alguns segundos agonizando.

O primeiro explodiu em fagulhas. Dois. Três. Quatro.

O quinto não foi destruído. Slash virou lentamente a cabeça pra trás, para vê-lo. Caminhou na sua direção sem pressa alguma. Parecia curioso, surpreso e entretido.

O último sobrevivente tinha um corte no ombro, um em uma das pernas e outro em um dos braços, os três profundos. Fazia ruídos baixos e doloridos, tentando se mover em vão.

Slash parou bem acima dele. Quando percebeu, o jogador no chão redobrou os espasmos e grunhidos, novamente em vão.

Os momentos seguintes atormentam meus pesadelos até hoje.

Slash sacou, com um movimento de mão, uma longa e fina lança afiada em ambas as extremidades. Era inteiramente de um vermelho escarlate florescente, e tinha uma aparência cruel e muito intimidante.

Então, ele a cravou na panturrilha de sua vítima, que berrou com a dor. No momento do golpe, a lança reluziu ainda mais intensamente.

Slash puxou-a do corpo do seu alvo. E fincou de novo. E de novo. E de novo. E de novo. E de novo. E de novo.

Os gritos ressoavam sob a lua de Blood Moon, da mesma cor da diabólica arma. Nunca tinha ouvido falar em algo assim, mas podia jurar que quando ela reluzia mais forte, aplicava uma dor pior.

Eu não queria ver. Mas não conseguia desviar o olhar.

Felizmente, o alto dano do jogo me poupou de mais do show de horrores. O pobre jogador finalmente explodiu em faíscas.

Depois disso, Slash saiu do estado exultante em que se encontrava, e o que sobrou foi uma calma e intensa satisfação. Vou falar o que pensei: ele parecia ter tido um orgasmo.

Encarou a lua por um longo e demorado momento. Parecia mais realizado do que poucas pessoas que eu já vi. E a gravação se encerrou.

Fechei os olhos. Respirei uma, duas, três vezes. Só então os abri e encarei Zeny.

— Fique calmo. John e eu tivemos a mesma reação. Até Kizaki teve - ele me disse. Não respondi.

— Sabe o que tenho que te pedir, não é? - ele continuou. - Enquanto esse psicopata usar um NerveGear, toda a indústria dessa tecnologia corre risco. Inclusive a Link Start. Kizaki e John recusaram, e têm justificativa. Eles… estão trabalhando em outros projetos. Se você aceitar, eu vou ser o seu Coach. Já achei um excelente player de Blood Moon que se dispôs a te treinar, mas não quer enfrentar Slash. Você entra no jogo, e derrota ele. Se conseguir eliminá-lo, eu uso a trilha de programação para rastrear o seu console. Assim, descubro o seu número de fabricação, e Slash vai estar registrado como comprador, então teremos sua identidade. Game Over. Com sorte, conseguimos um mandato de prisão por tortura, mesmo sendo virtual, e a Tecnologia de Imersão estará segura de novo.

Fiquei um longo tempo em silêncio. Finalmente, perguntei.

— Por que precisam de um rastro para desativá-lo?

Zeny respirou fundo antes de responder.

— Porque ele é um hacker. E dos bons.

Se Zeny admitia sua habilidade, ele não era qualquer um. Respondi que daria uma certeza no dia seguinte, voltei pra casa, tomei um banho, e me deitei.

Parado na cama, já não tinha mais medo. Nem desprezo. Só sobrou a raiva.

Eu tinha que derrotar Slash. De uma vez por todas.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Esse é o início de uma longa e intensa aventura. Blood Moon é uma grande aposta minha, então por favor, quem se sentir à vontade, dê um feedback sobre o que achou da ideia, estou bem curioso pra saber se vcs acharam tão legal quanto eu achei... :3



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sword Art Online - Imergentes" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.