— Aí, ele saiu do meio da fumaça, localizou o Slash, jogou três bombas pra dentro do quarto abaixo dele pela janela e desceu para a calçada. BUM! O filho-da-mãe foi pelos ares! - Contou Zeny.

— Tá da sacanagem!

— É sério! Conte pra eles, Andy!

Eram oito da noite e eu, Kizaki, John e Zeny comemorávamos na nossa lanchonete preferida a vitória sobre Slash. E, pasmem, Jennifer também estava lá!
Na realidade, ela era um pouco mais baixa, tinha cabelos e olhos muito pretos e também tinha pele clara. Eu não disse nada, mas achei ela muito bonita.

— Então, conte logo… o que aconteceu com Slash? - perguntou John, depois de um tempo.

Todos nos viramos pra Zeny. Ele respirou fundo.

— Conseguimos a identidade dele e rastreamos o console. Os advogados da Link Start estão avaliando a legislação junto com alguns outros de outras empresas, já que o assunto também diz respeito a eles, mas… é complicado. Seria ridículo processá-lo por assassinato. Tortura? Talvez, mas teríamos que ser convincentes… e outras causas poderiam passar como fúteis. Dessa forma, ainda não temos muita coisa pra ter acesso a informações sobre ele. O que sabemos é que ele se mudou e não usou o NerveGear desde que Andy o derrotou. A boa notícia é que se ele acessar a rede de imersão de qualquer lugar a qualquer momento, mesmo de outro console, vamos poder localizá-lo e tentar deslogá-lo à força - ele concluiu.

Ficamos todos em silêncio por um tempo.

— Bom, Andy, agora que conseguiu… foi mal por como eu falei com você naquele dia, lá em casa. Eu estava com o orgulho muito ferido - disse Kizaki – E… acho que agora é hora de te contar…

Virei a cabeça, confuso.

— A verdade é que… você não foi o primeiro, Andy. Uma semana antes de você tentar, eu e Kizaki lutamos juntos contra Slash - disse John.

Parei a colher de sorvete a meio caminho da boca. E a pousei no copo de novo.

— Vocês O QUÊ!? - perguntei, pasmo.

— Eles vieram me procurar querendo treinamento como você, Andy - interveio Jennifer. Sua voz era surpreendentemente parecida com a de seu avatar em Blood Moon - Eu os ajudei, e eles ficaram muito bons, mas mesmo juntos não foram páreos para Slash. Ele os destruiu. Depois disso, Zeny teve que implorar para que eu te treinasse. Me arrependi de não ter ido com eles, mas mesmo assim não quis que você fosse.

Outro grande silêncio.

— Mas… por que não me chamaram?… - perguntei, ainda pasmo.

— Esse é o pior. Não queríamos te preocupar. Achamos… - John deu uma risada amarga - achamos que não precisaríamos de você. Eu sou bom em armadilhas. Kizaki, em confronto direto. Mas Slash passou por todas as minhas bombas e fios como se soubesse que estavam ali. E Kizaki, embora tenha sido rápido e certeiro, foi rapidamente subjugado por aquelas lanças malditas.

Um clima pesado se instalou, mas Jennifer fez o favor de quebrá-lo.

— Bom, mas no final, acho que nosso querido Devil Hunter se mostrou um assassino digno de lutar sob a Lua Sangrenta - disse ela, sorrindo.

— Ainda não consigo acreditar naquilo. Quando Slash começou a fincar as lanças em volta de você achei que você fosse morrer! - disse Zeny, empolgado. Eu ri de volta.

O resto da noite foi uma comemoração digna. Comemos, bebemos e rimos à vontade até tarde da noite.

Dois dias depois, chegou à Link Start uma carta misteriosa de um remetente anônimo, com uma frase no envelope: “Para o Devil Hunter”.

“Olá, Andy. Acho que estamos em pé de igualdade, né? Ou mais ou menos… eu sei onde você está e quem é. Por outro lado, você sabe quem sou, mas não onde estou. E nem o que quero.

Tivemos uma boa luta. Mas eu e uns novos amigos estamos nos preparando pra algo maior. Maior que eu. Maior que você. Maior que Blood Moon.

Sinto que lutaremos novamente em breve. Minha dica é: mantenha-se afiado. O Grande Dia se aproxima.

It's Show Time.”