Beijar com o punho escrita por Giiz


Capítulo 6
Epílogo


Notas iniciais do capítulo

Oi, pessoal! Tudo bem com vocês? Estou trazendo esse belo e enorme epílogo pra vocês. Juro que ficarei com muitas saudades dessa fic. Espero que gostem!



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— Isso é tudo culpa sua, Neji! – Gruíra Tenten, visivelmente irritada, logo após uma contração. Ela estava bem, mas era normal para uma mulher naquelas condições perder a compostura. Não que Tenten fosse conhecida pela sua personalidade calma, longe disso, mas sempre fora responsável e contida perante outras pessoas, principalmente desconhecidos e colegas de trabalho e ela estava naquela situação naquele momento.

 

 

— Você é o tal Neji? – perguntou o motorista do Uber em que se encontravam para o acompanhante visivelmente constrangido e preocupado ao ver a mulher em uma nova careta de dor.

 

 

— Oh, não! – Respondeu o ruivo, ajeitando os óculos arredondados de forma assustada. – Sou o subalterno dela no trabalho. – disse ele, se ajeitando no carro.

 

 

— Vish. Algo me diz que ela não é lá uma chefe muito tranquila. – Comentou novamente o motorista, ignorando os olhares contrariados da morena no banco de trás do carro.

 

 

— Oi? Eu ainda estou aqui, viu? E eu tenho o poder de te dar estrelas, meu chapa. Então, que tal ficar quietinho e chegar na PORRA DO HOSPITAL? Caso ninguém tenha percebido ainda, tem uma cabeça querendo sair de dentro da minha cavidade pélvica e isso dói pra cacete! – Reclamou ela, deixando os dois homens da frente completamente constrangidos.

 

 

— Ela é médica? – Cochichou o motorista para o ruivo de feições delicadas.

 

 

— Não, eu não sou médica. Sou delegada, ouviu? E, a menos que você queira ter problemas com a lei, pisa fundo nesse acelerador! – Gritou ela, com lágrimas nos olhos. – Argh, Neji, eu te odeio! – Disse ela, tentando novamente ligar para o moreno de olhos claros.

 

 

— Tenten, fique tranquila. Você mesmo disse que as contrações estão bem espaçadas e não teria risco algum.

 

 

— Eu sei, John. – Murmurou ela, mais tranquila. Realmente, ela estava tranquila quanto a isso. O que estava deixando ela completamente preocupada era o fato de não conseguir contatar o pai do seu bebê.

 

 

— Mas, moça, me diz... como pode ser “tudo culpa do Neji”? Precisa de dois para dançar esse tango, não é? A menos que ele tenha te forçado ou algo do tipo... – Disse o motorista, puxando papo novamente e John suava frio, com medo da reação de sua chefe. Ele estava pronto para qualquer coisa, menos para a reação dela.

 

 

Tenten se debulhava em lágrimas sentidas, com direito a soluços e nariz escorrendo. Ela chorava com o corpo todo, remendo e assustando ainda mais os dois homens. John nunca tinha visto ela assim, tão esquisita aos olhos dele, tão diferente da delegada que não tinha medo de enquadrar brutamontes bem maiores que ela e inspirar respeito por todos, mesmo quando parava um discurso no meio para vomitar na lixeira mais próxima, no início da gravidez.

 

 

— Ei, moça, não chora não. Vai dar tudo certo, fica tranquila. Você vai ver, ele estará lá, no final. Ele só deve estar, sei lá, assustado, né? – Disse o motorista, procurando apoio no acompanhante da grávida visivelmente abalada.

 

 

— Neji não está assustado. – Disse ela, secando as lágrimas com o lenço de papel que John lhe oferecia, falando de forma firme. – Ou estaria? – Perguntou ela para si própria, agora em dúvida. Suas emoções estavam conturbadas com tantos hormônios. – Se ele estiver com aquela loira chechelenta, eu juro que mato os dois com minhas próprias mãos! – e o motorista olha para John, procurando alguma ajuda para compreender a situação.

 

 

— Moça...

 

 

— Pode me chamar de Tenten, acho que já estamos íntimos o suficiente para isso, Seu Manoel. – Disse ela, recostando no estofado, procurando uma posição mais confortável, com o celular no ouvido. – Droga, nem o Lee está atendendo. Eu não entendo, por que diabos ninguém me atende nesse caralho de telefone! Mas que desgraça mais filha da puta, arrombado do cacete...! – Dizia Tenten enquanto batia o celular no recosto do banco de John, que tentava de alguma maneira, tranquilizar a mulher e não se machucar no processo de segurar o aparelho nas mãos dela.

 

 

— Tenten, você tem o dom de transformar tudo em arma nas suas mãos – comentou ele, depois de levar uma “celularzada” nos ossos do punho. – E você tem que se acalmar. Ok? – Disse ele, segurando o aparelho dela nas mãos. – Se concentre em algo e deixa que eu resolvo o problema do telefone, ok?

 

 

— Ok... – murmurou ela, acariciando a barriga, respirando fundo depois da contração.

 

 

— Se quiser, pode me contar o que está te irritando tanto, dona Tenten – Disse Seu Manoel, olhando pelo retrovisor. – Temos um pequeno engarrafamento pela frente, vai ajudar a você se tranquilizar e se irritar menos, que tal?

 

 

— Admita, Seu Manoel, o senhor está curioso, não é?

 

 

— Oras, minha filha... é claro que estou! – E riu, simpático.

 

 

— Tudo bem, eu falo... O problema com o Neji começou a muito tempo atrás, mas esse aqui – disse ela, acariciando a barriga – Vem de menos tempo. – disse ela, rindo.

 

 

~ Mais ou menos nove meses atrás ~

 

 

— Droga, Neji! Eu não deveria ter dormido até agora, eu estou me atrasando pro trabalho! – Reclamou Tenten, levemente irritada, tentando se desvencilhar do confortável abraço que o namorado a prendia.

 

 

— Não tem como você se atrasar um pouquinho hoje não? Afinal, você é a chefe agora. – Disse ele, ainda apertando ela em seus braços. Tenten se arrepiava com a voz rouca de preguiça dele em suas costas e as carícias das mãos dele em seus seios. – E eu estou de folga pela manhã hoje. Poderíamos ficar assim... por mais algum tempo.

 

 

Neji estava praticamente em cima dela naquela cama macia e cheirosa e ela tinha consciência de cada centímetro dele que a tocava. Sentia ele ereto contra sua entrada e seu organismo em total acordo com aquela situação, principalmente depois dos beijos carinhosos que ele depositava em sua nuca, durante sua fala. Tudo estava de acordo com aquela atmosfera sensual, desde a noite passada, onde ele havia levado ela para jantar no melhor restaurante da região, como se soubesse com antecedência que ela havia conquistado o posto de delegada, depois de meses esperando o alvará.

 

 

Ela estava quase cedendo às investidas, porém o relógio não parava e ela deu um pulo assustado da cama, assim que observou os números

 

 

— Por isso mesmo, Sr Hyuuga. Eu tenho que correr e nem terei tempo para passar em casa e me arrumar. – Reclamou ela, indo em direção ao banheiro – E em ouse tentar atrapalhar meu banho, Rapunzel.

 

 

— Eu já disse, você deveria se mudar para cá de uma vez por todas – disse ele, apoiado na porta do banheiro, totalmente nu. Desde que eles voltaram a se encontrar, depois de dois anos que ele trabalhou para a ONG Médicos sem Fronteiras e ela ralava para avançar de patamar na carreira de segurança pública, ele insistia nesta mesma coisa. Para ele, não havia motivos para ficarem separados ainda, uma vez que, depois de anos, estavam na mesma cidade e com vidas relativamente tranquilas para um relacionamento estável e “normal”.

 

 

— Já disse, funcionamos melhor assim, nossos horários são loucos e vão piorar ainda mais agora, Dr. Hyuuga. – Brincou ela, de dentro do box. Colocou a cabeça para fora do vidro e observou ele ainda totalmente ereto apontando para cima. – Você não tem vergonha não?

 

 

— Foi você a causadora disso. Não tem motivos para vergonha. – disse ele, com um ar safado, observando ela se enxugar. – Qual é, Tenten. Estamos juntos à anos, qual a sua dificuldade em ficar de vez por aqui?

 

 

— Muhfu-hum-hf – Respondeu ela, com a escova de dentes na boca, fazendo ele rolar os olhos.

 

 

— Muito maduro da sua parte – reclamou ele. Ela sempre se esquivava do assunto, o que o deixava completamente no escuro. Afinal, o que ela esperava? Um sinal divino que eles deveriam ficar juntos para sempre agora?

 

 

— Você ama essa minha maturidade toda – disse ela, sorrindo para ele, enquanto enxaguava a boca.

 

 

— Pelo menos, me espere. Preciso de um banho. – Disse ele, entrando no chuveiro gelado, a fim de minimizar os efeitos pós-Tenten.

 

 

— Desculpa, não vai dar! – Gritou ela, de dentro do quarto, colocando a única roupa íntima limpa que estava disponível para ela: um conjunto de calcinha e sutiã de renda preta, sexy, no corte balconette. – É, vai ter que ser isso mesmo – resmungou, ao ver que possivelmente apareceria na camisa branca de musselina que ela usaria. Se apertou num jeans escuro flaire, deixando-a ainda mais sensual, mas de uma maneira elegante e profissional e saiu correndo para o trabalho.

 

 

Um tempo depois ela percebeu o quão ruim era usar um sutiã como aquele para um dia longo e cansativo de trabalho. Primeiro, o ar condicionado de sua nova sala tinha dado problema, a obrigando a desabotoar mais um botão de sua bela blusa. Depois, precisando organizar pilhas e pilhas de casos, descobriu que todas as vezes que ela abaixava, seu sutiã não era capaz de prender totalmente seus seios, fazendo com que os mamilos roçassem na renda e depois no tecido da camisa, lhe causando um desconforto bom. Isso sem contar com o fato dela estar sentindo o cheiro dele naquela roupa, uma vez que a camisa estava junto com as tantas outras dele. Somado com o que ocorrera pela manhã, Tenten se encontrava num nível de ansiedade e frustração sexual imensa no horário de almoço e, assim que colocou os olhos em Neji, seu corpo pegou fogo.

 

 

Ele não sabia bem o que havia acontecido com sua namorada, mas tinha gostado de toda selvageria no ato. Tenten o agarrou assim que ele cruzou a porta da nova sala dela, numa visita programada para o horário do almoço, quando ele ligou para ela duas horas depois dela sair correndo do apartamento.

 

 

Entre os beijos mais picantes e as passadas de mão exigentes, ambos foram interrompidos por batidas na porta e o celular dele, tocando desesperado. A reserva no restaurante que ele tinha feito já estava totalmente fora de cogitação, depois de todos aqueles carinhos selvagens.

 

 

— Droga, preciso ir. Emergência no hospital. – Disse ele, respirando fundo e tentando se organizar depois de atender o telefone, enquanto Tenten fazia o mesmo. – Te amo, terminaremos isso mais tarde. – Disse ele, beijando-a na testa, enquanto abria a porta e deixava um rapaz ruivo e pálido, com cabelos ondulados e sardas escondidas por óculos entrar no recinto.

 

 

— Interrompo algo? – Perguntou ele, tímido.

 

 

— Hey, John! Não, Neji já estava de saída. E aí, o que temos? – Disse ela, ignorando o olhar desconfiado do moreno para com o ruivo. – Neji, o hospital precisa de você. Nos vemos mais tarde, ok? – Disse ela, vendo ele ainda parado olhando para os dois, principalmente para o decote mais avantajado graças aos botões abertos da blusa dela, enquanto ela se apoiava na mesa para conversar com o tal John.

 

 

Como se despertasse de um transe, Neji confirmou com a cabeça e seguiu seu caminho, mas ainda fervilhava com algum sentimento esquisito.

 

 

Tenten tentou focar no trabalho o resto da tarde, mas todas as vezes que se lembrava de Neji e de suas carícias, seu corpo todo acendia, desejando seu companheiro. E, quando se cruzaram no hall de entrada do prédio dela, toda aquela emoção se tornou tão densa que poderia ser cortada com uma faca. Não conseguiram sequer chegar ao quarto, tirando as peças necessárias de roupa logo no corredor do apartamento e se amando primeiro encostados na porta de entrada. Depois, seguiram até o quarto, onde passaram o resto da noite, ignorando qualquer sinal de vida fora daquelas quatro paredes.

 

 

Com a vida corrida entre ocorrências no trabalho e plantões loucos na emergência do hospital que Neji trabalhava, Tenten só foi perceber que estava atrasada, agora no outro sentido, quando chegou a tradicional noite de chocolates e filme de terror de baixo orçamento, de preferência com muito sangue, para combinar com seu período menstrual.

 

 

— Hey, está tudo bem com você? – Perguntou Neji, vendo a namorada adquirir uma palidez excessiva durante o filme. E a morena, sem saber se era por causa de todo aquele sangue falso, ou a mistura de comida chinesa e bombons de cereja com licor que Neji havia trago ou a possível constatação que um pequeno ser poderia estar crescendo dentro dela, correu para o banheiro mais próximo, totalmente enjoada.

 

 

— Droga, não olha, Neji. – Disse ela, com a cabeça dentro do vaso, sentada no chão, aonde sua dignidade se encontrava.

 

 

— Qual é, Tenten. Eu sou médico, já vi coisa pior. – retrucou ele, segurando o cabelo dela, fazendo um coque com o auxílio de uma borracha para cabelos. – O que houve, comeu algo que não fez bem? Eu já disse que não confio muito naquele John pra te comprar comida... ele come grão de bico com abacaxi. Quem faz isso, meu Deus?

 

 

— Qual é o seu problema com o John? Ele é um amor de pessoa e você também come coisas esquisitas e nem por isso merece ser vítima dessa desconfiança toda. Mas, por favor, não fale de comida agora – suplicou a morena, sentindo mais uma onda de náuseas.

 

 

— Tenten, ele dá em cima de você descaradamente. Ele e aquela carinha dele de cachorro pidão, ele gosta de você! E eu fico irritado como você não corta ele de uma vez, como sempre fez com outras pessoas.

 

 

— Fala sério, Neji! Não me faz rir que eu não quero vomitar pelo nariz, porra.

 

 

— Não sei o que tem de tão engraçado!

 

 

— Neji, da fruta que eu gosto, John come até o caroço. Entendeu?

 

 

— E o que diabos melancia tem a ver com isso? Comer caroço de melancia não faz bem, é indigesto! Foi por causa disso que você está passando mal?

 

 

— Puta que pariu, Neji! Não sei como você pode ser tão esperto para algumas coisas e tão idiota para outras. John é gay, entendeu agora? Gay! É mais fácil ele ficar todo sem graça quando você chega perto porque fica atraído por você e não por minha causa! – E, depois desse discurso, afundou a cabeça para dentro do vaso novamente, enquanto Neji acariciava as costas dela.

 

 

— Tenten...

 

 

— Fala. – murmurou ela, dando descarga, mas ainda insegura em relação ao seu estômago.

 

 

— Você tá grávida?

 

 

— Eu acho que sim. – disse ela, murmurando e recebendo um beijo na testa, quando se virou para encarar o namorado para respondê-lo, para logo em seguida, tentar colocar algo para fora, uma vez que o estômago já estava vazio.

 

 

Mais tarde, depois de ganhar a batalha contra seu estômago revoltado após beber um chá que ele havia preparado, Tenten se deitou na cama, ao lado de Neji. Nas mãos ela segurava o teste de farmácia que ele havia comprado minutos antes. 

 

 

— Teremos que processar a Jontex, Neji. - disse ela, rindo, ainda observando o positivo no teste. 

 

 

— Casa comigo, Tenten. – perguntou ele, olhando para as estrelas de adesivo que ela colava no teto do quarto, depois de rir suave da brincadeira dela. 

 

 

— Não. – Respondeu ela, sem se mover do abraço acolhedor que ele tinha lhe enlaçado. Não era esse tipo de sinal que ela esperava vindo dele, ela não queria casar com ele por ter ficado gravida. Afinal, o que era casamento mesmo?

 

 

~Voltando para o Uber~

 

 

— Pera aí, Neji tinha ciúmes de mim? – Perguntou John.

 

 

— Deixa eu ver se entendi. O tal do Neji te engravidou, não fugiu e ainda queria que você casasse com ele e você não quis. – Ela confirmou com a cabeça para os dois homens, segurando na poltrona, prevendo uma nova contração. – E quem é essa tal loira chechelenta que você mataria se estivesse com o seu, hm, namorado?

 

 

— A ex namorada idiota dele. Assunto para outra viagem, seu Manoel. Conseguiu falar com alguém, John? As contrações estão piorando. – Disse ela, preocupada.

 

 

— Mandei mensagem para o tal do Lee, mas ele não respondeu ainda. Coloquei o endereço do hospital.

 

 

— Tudo bem. – disse ela, tentando controlar a respiração.

 

 

— Porquê você não quer casar com ele, Tenten?

 

 

— Ah, isso nunca fez parte dos nossos planos... – murmurou ela, apertando as mãos no estofado. – Ah, puta que pariu, isso dói demais! Acelera essa carroça, seu Manoel! E não ouse me olhar dessa maneira, queria ver o senhor com uma coisa dessas dentro! Parece o oitavo passageiro querendo sair de dentro de mim, desgraaaaaaaaaaaaça. Oh, bebê, a culpa não é sua, eu sei. A culpa é daquele seu pai, aquele esqueleto movido a peido! Aquele, aquele, aaaaaaaah. – E, no afã de se agarrar em algo, se agarrou nos cabelos de John, que gritou junto dela.

 

 

— Calma, moça, estamos chegando!

 

 

— Acho bom mesmo! – Exclamou ela, com olhos injetados de cólera por causa da dor.

 

 

— Tenten, você precisa soltar meu cabelo para que eu possa sair do carro e te ajudar! – Disse, calmo, John.

 

 

— Ok, Ok – murmurou ela, apavorada.

 

 

— Isso, boa garota. – Disse ele, saindo do carro e voltando logo com um enfermeiro e uma cadeira de rodas para Tenten. – Seu Manoel, muito obrigado por tudo.

 

 

— Desculpa ter gritado com o senhor e me desculpa ter te ameaçado, seu Manoel – Disse Tenten, entre lágrimas.

 

 

— Ô, moça, fica assim não. Vai dar tudo certo, viu? E veja se dá uma chance ao Neji. Esse cara deve realmente te amar. Eu sinto isso.

 

 

— Obrigada! Assim que isso tudo for resolvido – ela indica a barriga – eu vou conversar com ele. Isso se ele sobreviver depois que eu esganar o pescoço daquele arrombado filho de uma égua parideira!

 

 

E a moça foi guiada para dentro da emergência durante mais uma crise de palavrões e contrações, enquanto o carro fazia a manobra.

 

 

— Puta merda, Tenten, assim você vai quebrar minha mão! – Exclamou John, assim que ela agarrou sua mão, depois de instalada na sala de exames, enquanto esperava pela médica.

 

 

— Desculpa, John! Oh, merda, já são seis horas, você tem que ir embora, senão você vai perder o encontro com aquele cara!

 

 

— Corta essa, querida. Eu ficarei aqui com você até não precisarem mais de mim, ok?

 

 

Nesta hora, a cortina que separava aquela pequena ala foi aberta.

 

 

— Tenten! Vim correndo quando vi seu nome. O que está acontecendo?

 

 

— Um parto, é isso que está acontecendo! – Respondeu, irritada, olhando para Sakura. Mas logo se arrependeu. – Merda, desculpa, Sakura. Eu não estou aguentando mais.

 

 

— Na obstetrícia temos um lema: “nunca leve em consideração algo que uma mulher fala em trabalho de parto”. Mas vamos lá, vou te examina e seguir com o planejado, certo?

 

 

Tenten já tinha sido vestida com aquela pavorosa camisola de hospital e tentava não pensar na situação bizarra de ter uma de suas melhores amigas com a cabeça entre suas pernas, concentrando todo seu ódio nos dois homens da sua vida, seu melhor amigo Lee e seu namorado Neji, que não estavam presente naquele momento tão complexo dela.

 

 

— Certo, estamos caminhando bem. A dilatação está indo bem e precisamos esperar a bolsa romper.

 

 

— Doutora, não tem como aplicar nenhum remédio contra dor? – Perguntou John, preocupada com a chefe e amiga.

 

 

— Sinto muito, tarde demais para isso. Você vai ser transferida para o quarto e eu chego lá em um instante. Ok?

 

 

— Se você cruzar com o energúmeno do Neji, fala para ele nem aparecer na minha frente, senão eu arranco as bolas dele com minhas unhas, cozinho e sirvo como almôndegas!

 

 

— Anotado. Algo a mais? – Disse Sakura, rindo.

 

 

— Vadia, vou rir da sua cara quando for sua vez! – Reclama Tenten, ameaçando a médica e amiga que saia, rindo da situação.

 

 

Minutos mais tarde, já devidamente instalada no quarto privativo, Tenten era novamente examinada pela amiga, que dessa vez, tinha uma expressão séria no rosto. Tenten estava em mais uma sessão de contrações violentas e John não saia do seu lado, sentindo que algo estava errado.

 

 

— Hey, Sakura... o que está acontecendo?

 

 

— Sua pressão aumentou um pouco, fique tranquila. Vou ter que induzir o parto, acelerar um pouco o processo, para evitarmos uma cesárea, ok?

 

 

Tenten olhou assustada para a amiga que lhe sorria com doçura.

 

 

— Fique tranquila, vai dar tudo certo. Já fez contato com o Neji?

 

 

—Ele não atende o celular – Disse a morena, com lágrimas nos olhos.

 

 

— Ele deve estar em cirurgia, Tentz. Fique tranquila, não se estresse. O pronto-socorro está uma loucura hoje, tivemos alguns baleados e o cabeça dura do Hyuuga adora ação, você sabe.

 

 

— Se você me mandar ficar tranquila mais uma vez, Sakura, eu juro por Deus, que quando esse bebê sair de mim,bato em você com a placenta dele. Aaaaaah! – Gritou Tenten, agarrando no braço da médica e sentindo um líquido molhar a cama. Ótimo, agora ela estava fazendo xixi na cama, que maravilha. Se tornar mãe estava sendo uma experiência maravilhosa para o ego dela, só que não. Primeiro, foram os enjoos violentos nas piores horas do dia. Tenten não sabia o porquê diabos eles eram chamados de “enjoos matinais”, já que eles apareciam em qualquer hora do dia. Depois, os desejos. Ela tinha a sensação que seu corpo já não mais pertencia a ela, toda hora era uma sensação diferente que lhe arrebatava.

 

 

Não que tivesse que passar por tudo isso sozinha, mas era complicado para Tenten se adequar à nova condição. Seu trabalho, pelo qual lutou tanto para conquistar, teve que ser colocado em segundo plano, quando se tornou perigoso demais para ela. Neji aproveitou e muito os momentos em que o apetite sexual dela se tornou algo próximo ao devasso e suas curvas, pecaminosas. Mas ele esteve presente também nos momentos de enjoos severos e desejos comestíveis que só a faziam mal. E quando ela sofreu um pequeno acidente no trabalho e fraturou o pé, Neji impôs sua vontade e fez a mudança dela para seu apartamento. Por um momento ela se sentiu irritada, mas depois de uma conversa com a mãe, sabia que ele só queria o bem para ela e que ela não tinha que ter mais medo, ele não a abandonaria como aconteceu com seus pais biológicos, concluiu ela, depois de uma longa conversa com Ino, em seu consultório. Mas o maldito pedido de casamento nunca mais foi feito e ela queria matar ele por ansiar algo que nunca esteve em seus planos e, principalmente, querer ter aceito sem pensar duas vezes quando ele fez aquele pedido totalmente desprovido de romantismo.

 

 

— Ótimo, canalizando a raiva! A bolsa estourou. Agora tudo será mais rápido. E minha amiga, eu não tenho medo das suas ameaças. Você já está pronta para empurrar. – Comentou Sakura, fazendo um novo exame de toque.

 

 

Tenten agarrou no braço de John, fincando as unhas na carne macia, provocando um grito do ruivo.

 

 

— Ache Neji. Isso é uma ordem! – E ele não pode fazer nada a não ser afirmar com a cabeça e sair em disparado pelo corredor afora, com os óculos tortos, buscando obter alguma ajuda.

 

 

Três ciclos de contrações depois, Sakura ficou novamente preocupada com a amiga.

 

 

— Tenten, você precisa fazer mais força. Seu bebê precisa da sua ajuda agora, ok?

 

 

— Eu não consigo, Sakura! E se eu não for uma boa mãe? E se eu estragar tudo?

 

 

— Amor, você consegue. Você será a melhor mãe do mundo, todo mundo sabe disso. E estragar as coisas faz parte da vida. Agora, empurre! Você é a pessoa mais forte que eu conheço! Empurre, vai!

 

 

Nessa hora, Neji chegou correndo no quarto, escorregando no chão por causa do protetor que tinha nos sapatos. Estava visivelmente esgotado, com a roupa que usava debaixo da proteção típica de centros cirúrgicos e cabelos presos num coque. Tenten riu da queda no meio da confusão, conseguindo relaxar minimamente.

 

 

Neji se levantou com a mesma graça que todos os Hyuugas tinham de nascença, indo para perto de sua mulher e segurar sua mão.

 

 

— Eu juro que deveria te matar agora, Nei!

 

 

— Mulher, dê um tempo! – Disse Sakura. – Depois que o filho de vocês nascer, você pode arrancar as bolas dele com as unhas.

 

 

— Isso, meu amor. Força, você consegue isso. Você é a mulher mais importante da minha vida, você tem forças para isso. – Dizia Neji, se postando próximo dela, beijando sua fronte levemente suada e segurando sua mão. 

 

 

— Neji, eu te amo tanto e te odeio tanto!

 

 

— O sentimento é recíproco, a gente sabe, casal 20. Agora, larga de ser molenga e empurre na próxima contração. – Reclamou a médica de cabelos rosas.

 

 

E, numa força que ela nem sabia que tinha, conseguiu abrir caminho para que seu filho nascesse. Assim que o ambiente foi preenchido com o chorinho do recém nascido, Neji beijou o rosto de sua amada, molhando ela com suas lágrimas.

 

 

— É uma saudável menina! – Disse Sakura, entregando o bebê para a mãe, que não se aguentava de emoção.

 

 

— Olha o que a gente fez, Neji. - murmurava ela, olhando para a pequenina em seu colo. A menina estava chorosa e instintivamente procurando o seio da mãe. Sakura, de forma silenciosa, abriu a camisola/avental e ajudou no processo de reconhecimento. Neji olhava toda aquela cena com lágrimas nos olhos, totalmente emocionado com o nascimento da filha. 

 

 

— Caralho, Tenten! Casa comigo, porra. Eu nunca quero me separar de vocês duas e de quem mais vier. Eu te amo tanto. - disse ele, depois de enxugar as lágrimas do rosto. 

 

 

— Neji, você é um imbecil. - Respondeu Tenten, olhando para a figura amarrotada e cansada do moreno ao seu lado. 

 

 

Neji era a personificação da exaustão, mas mesmo assim, parecia não querer piscar para não perder um segundo sequer de suas meninas. 

 

 

— Sim. Eu sei. Uma menininha me disse isso logo depois de destruir meu helicóptero de brinquedo, quando tínhamos oito anos. De lá pra cá, nunca mais consegui pensar em outra mulher na minha vida. Mesmo que ela tivesse um soco potente e a capacidade de transformar qualquer coisa em uma arma letal. - disse ele, sorrindo enquanto segurava a pequena mão da filha, enquanto ela era amamentada. 

 

 

— Eu te amo, Rapunzel. – disse Teten, fungando com algumas lágrimas de felicidade.

 

 

— Eu te amo, Pucca. – respondeu ele, beijando sua testa, enquanto ela continuada amamentando o bebê.

 

 

— Então... teremos um casamento para organizar? – Disse Lee, da porta, segurando para não rir da situação. O sempre tão certinho Neji estava um caos e Tenten, imersa numa aura maternal intensa. Ambos estavam suados, desgrenhados, cansados. Mas o brilho no olhar, esse era tão intenso que poderia ser visto até de Marte. 

 

 

— Teremos, Tenten? – Perguntou Neji, querendo saber da resposta da namorada.

 

 

— Ok, você venceu essa. – respondeu ela, revirando os olhos.

 

 

— Tenten! Neji conseguiu chegar? – Perguntava um John, totalmente sem fôlego, chegando correndo pelo corredor. – Isso é ...? – Tentou perguntar o ruivo, antes de cair desmaiado no chão, ao ver a chefe ainda na posição de pernas abertas, com sangue por perto.

 

 

— Quem é essa gracinha? - perguntou Lee, vendo o ruivo desmaiado no chão do quarto de hospital. 

 

 

— Lee, esse é o John - disse Neji, ajudando o rapaz a se levantar e se sentar numa poltrona. Vendo a palidez excessiva do ruivo, colocou uma lata de lixo por perto. 

 

 

— Prazer, John!  - Respondeu um animado Lee, deixando o investigador envergonhado, principalmente pois ele estava totalmente enjoado e se forçando não colocar seu almoço no lixeiro na frente de todo mundo. 

 

 

Tenten olhou de Lee para John e depois para Neji, compreendendo a jogada do agora noivo e sorriu. 

 

 

— Depois dizem que o sexo frágil é o sexo feminino. - brincou Sakura com Tenten, vendo John despejar seu almoço no lixo e ser amparado por Lee, enquanto Neji ria. 

 

 

~um ano depois~

 

 

— Pelo poder investido em mim pelo estado, eu vos declaro casados. Podem se beijar!

 

 

E uma salva de palmas foi feita aos noivos. Lee estava vestido com um terno verde pistache, enquanto John usava um azul claro, ainda intimidado com a alegria explosiva do seu agora, marido.

 

 

— E pensar que foi por sua causa, Mitsuko, que esses dois estão juntos. – Brincou Tenten, para a filha no colo do pai.

 

 

— Agora só falta você parar de me enrolar, não é, Tenten? – Brincou Neji, ao ver todos os amigos de infância casados.

 

 

— Talvez tenhamos que esperar um pouco mais, Neji. Não quero me casar vestindo uma barraca.

 

 

— Qual é, Tenten, você já perdeu o pouco de peso que ganhou da gravidez!

 

 

— As vezes você é lerdo demais pra um gênio, Neji. - Respondeu ela, revirando os olhos e seguindo até onde estava sua mãe, Anko, conversando com Maito Gai e Kakashi, depois de pegar a filha no colo. Chegando lá, Mitsuko insistiu para ir no colo do "avô" Kakashi, para brincar com a cicatriz que ele tinha no olho. 

 

 

Kakashi fora seu superior na delegacia, antes de Tenten assumir como delegada. Num belo dia, ele veio a conhecer Anko e, depois de descobrir que ela era a amiga de seu grande amigo e rival Maito, passaram a sair juntos. Da amizade surgiu um romance e eles estavam em lua de mel no período em que Mitsuko nasceu, motivo por não estarem presentes no sufoco do parto. 

 

 

Hiashi se aproximou do grupo, rindo para a neta e segurando o filho mais velho do casal Uzumaki. 

 

 

— Tenten, Neji está te chamando. - disse ele, ao chegar perto da nora. 

 

 

— Ok, e aonde ele está, Hiashi? - disse ela, rindo. 

 

 

— No altar. Eu não sei o que você fez com ele, minha querida, mas desde que ele te conheceu, nunca mais foi o mesmo. E eu sou eternamente grato a você por isso. 

 

 

— Ah, Hiashi. Nada que uns bons socos não resolvessem. - disse ela, por fim, indo atrás do noivo. Lentamente, Tenten percebeu que todos estavam se colocando nos lugares antigos e que Hinata lhe entregava um buque de flores. - Que porra está acontecendo? - Murmurou ela para ele, assim que chegou perto dele. 

 

 

— Eu disse que eu não queria ser mais enrolado por você, Tenten. Se eu te amo e você me ama, e se Mitsuko nos ama, pra que esperar mais? Acho que a gente já perdeu tempo demais, aliás, seria apenas uma formalidade mesmo para aquilo que já somos. Só assina a porcaria do seu nome aqui nesse livro, Pucca. E faça isso antes do nosso segundo filho nascer, de preferência. 

 

 

— Romântico pra porra você, viu? - murmurou ela pra ele. 

 

 

— Você ama isso em mim. E isso é pra você que adora me chamar de lerdo. 

 

 

Os dois discutiam no altar, onde o escrivão responsável pelo casamento de Lee e John olhava sem compreender como duas pessoas que brigavam tanto podiam querer ficar juntos. 

 

 

— Oh, cale a boca, Rapunzel. Não é você que quer casar? Então, segue com o discurso, escrivão. 

 

 

Minutos depois os dois se beijavam sob uma salva de palmas, entre amigos e parentes. Neji acariciava lentamente o ventre ainda plano de sua esposa durante o beijo, sendo interrompido por Mitsuko que lhe agarrou as pernas depois de uma corrida. Ele tinha uma família, ele era amado. E só precisou perder um helicóptero de brinquedo nos cabelos castanhos da mulher da sua vida. 

 

FIM


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Notas finais do capítulo

E aí, acham que vale uma recomendação? hahaha Espero que sim. Fiquei muito feliz com essa história,ela é meu xodozinho. Quanto a situação do sutiã: eu já passei por isso. É tenso hahah. E meu chefe come abacaxi com grão de bico e eu acho esquisitíssimo. Gostaram do John? Eu achava que o Lee merecia alguém legal para ele, por isso criei o John.
Beijos e vejo vocês por aí!



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