My black eye casts no shadow

Your red eye sees nothing

Your slap don't stick

Your kicks don't hit

So we remain the same

Love sticks

Sweat drips

Break the lock if it don't fit

O tempo foi passando e as atitudes das duas crianças conhecidas como Tenten e Neji não melhoraram em nada, pelo menos não visivelmente.

— Por quê você não matricula a Tenten em algum esporte, Anko? – Perguntou Gai, vendo a “sobrinha” e o filho brincado no quintal. Eles agora estavam beirando os 10 anos e a energia, em doses cada vez mais cavalares.

Anko suspirou enquanto retirava com a mão os cabelos que lhe caiam na face.

— Veja o Lee, por exemplo: olha como ele é um garoto centrado... tudo isso graças ao fogo da juventude sendo queimado de maneira correta.

— E como seria essa “maneira correta”, Gai?

— Oras... com inúmeros exercícios físicos! – Respondeu Gai, com um sorriso totalmente creepy, fazendo com que Anko se afastasse uns bons passos. – E eu conheço um bom lugar para ela florescer no meio esportivo!

— E quanto isso vai me custar, Gai?!

— Oras, quase nada, uma verdadeira pechinha! Afinal.... a academia é minha!

Anko definitivamente sabia que isso não daria certo, mais hora menos hora.

— Isso está me parecendo uma propaganda da sua academia, Gai. – murmurou Anko, vendo seu amigo tirar do nada um folheto explicativo das atividades que ele oferecia no ginásio.

— Que isso, minha amiga. Isso não tem nada a ver...

E foi assim que Tenten passou a frequentar a academia de artes marciais Konoha, juntamente de Lee. Mas Lee não era o único que estava presente nas aulas e Tenten tinha o desprazer de ficar na mesma sala que Neji, seu vizinho irritante.  Logo no início, Tenten teve que admitir que Neji era muito bom no Taekwondo, podendo lutar de igual para igual com Lee, que já era faixa azul. Mais tarde, Tenten soube que ambos estavam treinando para conseguir a faixa vermelha, mesmo não tendo completado 12 anos ainda. O “normal” seria conseguir tal status perto dos 15 anos, mas não era à toa que o jovem Hyuuga era considerado um gênio.

Mas o que Neji tinha de “gênio”, tinha de irritante, pelo menos na concepção de Tenten. Era óbvio para os adultos presentes que Neji pegava mais no pé de Tenten do que de qualquer outra pessoa.

— Chute mais alto! – Gritava Neji para uma já completamente irritada Tenten. Estavam treinando o Dolio Tchagui, que era um chute semi-circular na altura do tronco e para Neji, nunca estava da forma correta. – Você é uma idiota mesmo. Está me fazendo perder meu tempo com isso, Pucca.

Ele havia começado com aquele apelido a um tempo atrás, quando a garota passara a prender seus cabelos agora novamente crescidos em dois coques, principalmente quando iam treinar. Não que a mocinha deixava passar em branco a provocação e, com um movimento rápido, se virou e tentou um Mondolio rurio tchagui, que era um chute onde ela girava seu corpo de trás para frente, tentando acertá-lo com a perna de trás, o que não conseguiu pois ele se esquivou tranquilo. Todos os outros presentes – que eram poucos, visto que estavam num horário extra – pararam suas atividades para observarem os dois.

A raiva de Tenten era tanta que ela nem sabia mais o que estava fazendo, tentando acertá-lo de qualquer forma. Por isso, esquecera de onde estavam e avançou para o menino quase rapaz como um trator, tentando ao menos lhe dar uns tapas naquela face tão presunçosa e branquela e bonita, dar uns puxões de cabelo naquele longo e brilhoso e... o que ela estava pensando? Neji não era bonito! Ele era irritante! E ele estava fazendo ela passar vergonha, se esquivando de forma tão fácil de seus golpes.

— Hey, pessoal... – Lee tentou falar alguma coisa, mas era prontamente ignorado pelos dois que mais pareciam estar numa bolha isolada. Gai só observava de longe, pronto a intervir assim que fosse necessário.

Com raiva, Tenten conseguiu lhe acertar no olho e ela sabia que isso teria volta de alguma forma e ela se sentiu esquisita quando Neji lhe acertou o tronco com a mão aberta, no exato momento que ela lhe acertou o olho.

Gai se colocou atrás da menina, colocando uma mão em seu ombro.

— Já chega, meninos. Isso acaba por aqui.

Tenten soluçou e só assim percebeu que estava chorando. Ela não chorava. Ainda mais numa situação assim. O que diabos estava acontecendo com ela, afinal? Ok que os dois não se davam muito bem, mas não era motivo para tanto e ela tinha plena consciência disso. Quando sentiu uma fisgada forte em seu abdome ela entendeu o que estava acontecendo e ela desejava que aquilo fosse apenas fruto da sua imaginação.

— Nãããão! – Ela choramingou, saindo correndo do dojo e indo para o vestiário, deixando todos sem entender patavinas da situação.

— Melhor colocar um gelo nesse olho, garoto. – comentou Gai, olhando para Neji, que o ignorou ainda confuso com a situação e seguiu para o mesmo lugar que Tenten sumiu.

A garota estava sentada no banquinho perto dos armários, já tomada banho e segurando seu uniforme sujo. Já tinha ligado para a mãe, contando da graaande novidade, o que a deixava irritada só de lembrar dos fatores biológicos que, a partir de agora, interfeririam na sua vida todo santo mês.

— Você está sangrando?????

Tenten olhou, extremamente constrangida com a situação, para Neji. Constrangimento passou a ser raiva e com raiva, pegou o desodorante aerosol que estava na sua bolsa aberta e espirrou sem dó alguma bem nos olhos do garoto.

— AAAAAAAAAAAAAH SUA LOUCA! MEUS OLHOS!

E, sem olhar para trás, Tenten recolheu suas coisas e saiu pisando duro, pegando sua bicicleta e indo pra casa.

A kick to the teeth is good for some

A kiss with a fist is better then none

Depois de ter recebido os “parabéns” pela menarca, ou como sua mãe juntamente com seu tio Gai fizeram questão de descrever "virado mocinha", numa situação pra lá de constrangedora, Tenten queria simplesmente cavar um buraco e se esconder do mundo. Não que ela não estivesse preparada para isso, ela já sabia o que esperar por causa das aulas de ciências que tinha na escola e ela não era como os meninos idiotas que só sabiam rir todas as vezes que a professora falava sobre o corpo humano. O que ela não estava preparada era para as variações de humor, o sangue e principalmente, a cólica.

E era por isso que a sempre tão animada morena estava agora enroscada numa manta fofinha, com uma bolsa de água quente no ventre, encarando a TV com algum filme de terror de baixo orçamento quando a campanhinha tocou. Sua mãe ainda estava no trabalho e por isso Tenten teve que sair do seu casulo para atender a porta, dando de cara com um Neji muito sem graça, segurando uma caixa de chocolates.

— Hinata disse que isso ajudaria. Desculpa. – disse ele, ou melhor, murmurou ele ainda meio vermelho.

"Você, pra um gênio, é bem ignorante as vezes, né, Neji?", foram as exatas palavras da sua prima, depois dele ter pedido ajuda e explicado exatamente o que havia acontecido para a doce (mas não tão doce assim) Hinata.

Tenten esqueceu por alguns segundos toda a situação e se concentrou em simplesmente olhar para o rosto enrubescido de Neji, sem conseguir evitar um sorriso discreto. Mas assim que percebeu o que estava fazendo, revirou os olhos e indicou o sofá que estava sentado até o momento.

— Tá passando “O Despertar dos Mortos”. Quer assistir? Te devo desculpas também. Como tá o olho? – Perguntou ela, dando passagem para ele, observando o olho roxo-quase-preto do garoto.

— Você tá perguntando ou causa do soco ou do spray? Aliás, o que era aquilo? Spray de pimenta? – Perguntou ele, intrigado. Já estavam sentados e olhando para a inúmera quantidade de zumbis esquisitos na TV.

— Desodorante. – respondeu ela, rindo.

— Você é perigosa, Pucca. – disse ele, desviando o olhar para a caixa de chocolates. Tenten abriu e fez que iria oferecê-lo, mas acabou comendo o primeiro.

— Você que é irritante, Rapunzel. – respondeu ela, rindo e entregando a caixa de chocolates. E assim passaram o resto do dia, uma tradição que se perpetuaria todo mês durante aquele dia para ela. Filmes de terror ruins e chocolates eram as formas que Neji tinha de confortar aquela sua amiga/arquinimiga/vizinha.

Ambos continuaram seus devidos treinos na academia, mas logo Tenten desenvolveu um gosto especial por armas, fazendo com que ela abandonasse um pouco o Taekwondo, se dedicando mais ao estudo e aprimoramento de diversos manejos de armas. Tenten se tornara, definitivamente, uma garota perigosa. O que era ótimo para ela afastar todos os rapazes de sua idade. Todos menos, bem, Neji e Lee.

Lee nunca, de fato, entendeu que Tenten era uma garota. Até vê-la na festa de aniversário de 16 anos de Naruto. Isso porquê era uma festa na piscina e, bem, o corpo de Tenten sempre tão protegido pelas roupas largas e confortáveis estava e muito, à mostra naquele biquíni.

— Mas que porra é essa? – Murmurou Neji, ao ver Lee babando numa morena de biquíni azul. Mas, ao olhar mais de perto, foi impossível para Neji segurar o fluxo de palavrões. – Puta que pariu, Tenten! – pelo menos, na sua mente, já que por fora, ele só pode completar com um simples - ...caralho...!

Óbvio que num aniversário de um idiota como Naruto, as coisas sairiam do controle muito facilmente. Ainda mais se tal aniversário fosse na piscina e alguém tivesse batizado o coquetel de frutas servido. Isso significou apenas um Lee muito mais animado que o normal, sendo motivo de várias risadas.

— Ele está parecendo uma paquita do capiroto – comentou Tenten, se sentando perto de um Neji incrédulo na borda da piscina.

— E o Naruto, que mais parece o Espantalho do Fandangos? – Comentou Neji, se acertando no lugar. Era fato que ele não estava mais sabendo se portar perto da amiga que agora ele tinha plena consciência que era uma mulher. Uma mulher muito bonita. Com um belo sorriso e cabelos soltos ondulados da cor dos chocolates ao leite que ele costumava dar a ela todos os meses. E peitos. Deus, Tenten tinha peitos! Não que ele não soubesse o que era isso, afinal, Hinata era sua prima e eles moravam juntos, mas, ew, Hinata era como sua irmã. Nojento.

Sua linha de raciocínio fora quebrada com a risada da morena.

— Deveria ter um concurso para xingamentos assim. – comentou ela, colocando uma mecha do cabelo atrás da orelha. Tenten não saberia dizer se ele estava vermelho pelo sol ou era outra coisa, mas não podia deixar de analisar o quanto ele estava bonito.

— Ow, Naruto! Acho que você já passou do limite. – Comentou uma tímida Hinata, com medo de se machucarem com a competição irracional de dança com Lee.

— Eu acho que a Hinata é apaixonada pelo Naruto. – comentou Tenten, suavemente, observando a cena.

— O Naruto? Ele não vale o peido de um jumento. Como a Hinata pode querer algo com aquele idiota? – perguntou Neji.

— Ah, - comentou Tenten, dando de ombros. – O amor tem razões que a própria razão desconhece. E outra. – comentou ela, abaixando o óculos para olhar Neji nos olhos. – O que o idiota tem de, bem, idiota, tem de beleza.

— Beleza? – Perguntou um atordoado Neji para Tenten. – Ele tem cara de retardado, Tenten!

— Um retardado muito do gostoso, isso sim. – Respondeu a moça, sorrindo. E Neji percebeu duas coisas na mesma tarde: 1) Tenten era uma garota e 2)Tenten gostava de garotos. Mesmo que ela tivesse um gosto um tanto, digamos, peculiar para eles. Claro que isso fez com que Neji fechasse ainda mais a cara. O que o idiota do Naruto tinha que ele não tinha? Opa, que linha de raciocínio era aquela? – O que foi? Que cara é essa de cu com câimbra?

Antes que eles fossem para as vias de fato de uma briga tão comum, um Lee totalmente desgovernado surgiu de dentro da piscina, próximo demais dos dois.

— AAAAH! - Gritaram ambos, assustados com o aparecimento digno de uma Ariel, só que com sobrancelhas de taturana, olhos de besouro, cabelo de cuia... bem, uma Ariel-Lee e a adolescência não era solidária ao jovem.

— Tão bonitinho vocês! Agora, se beijem! – exclamou o rapaz, juntando o rosto dos amigos com as mãos.

— Lee, para com isso ou minha mão vai decolar e pousar bem na sua cara! – Reclamou Tenten. Mas o filhote de lombriga era forte e Neji acabou aproveitando a situação, dando um beijo na morena, totalmente pega pela surpresa. Óbvio que os dentes se bateram e eles se sentiram desconfortáveis na situação, mas, pouco a pouco, relaxaram. Mas, no momento em que Tenten começou a aproveitar o beijo de fato, ele acabou. Abrupto como havia começado, deixando-a atordoada.

— Satisfeito, Lee? – Perguntou Neji, como se nada tivesse acontecido.

E, movida a um misto de sensações que Tenten não saberia enumerar ou sequer explicar, levantou com tudo e lhe deu um soco bem dado no queixo, saindo pisando forte no chão, totalmente descompensada e com a cabeça pegando fogo. Quem Neji achava que era para lhe roubar seu primeiro beijo? Ainda mais dessa forma? E depois agir como se nada tivesse acontecido???? Aquele filhote de cruz-credo iria lhe pagar muito caro e isso não tinha nada a ver com dinheiro. Ela queria vingança. Mas seu mood levemente pistola, com o famoso sangue nos zói, fora interrompido graças ao grito de alguém, possivelmente Lee.

— Tenten, você matou o Nejiiiiii!

E ela olhou para o rapaz boiando na piscina com uma poça de sangue em volta dele.

— Ai, caralho, fudeu!

A kiss with a fist is better then none