Beijar com o punho escrita por Giiz


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Eu realmente deveria estar estudando, mas essa ideia me acordou as duas da manhã e desde então, não consegui mais dormir. Ou seja.... Cá estamos aqui com uma fic nova, mesmo tenho trocentas para terminar. hehe



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You hit me once

I hit you back

You gave a kick

I gave a slap

You smashed a plate over my head

Then I set fire to our bed

 

 

Era um dia bonito para a pequena de cabelos e olhos castanhos alegres. Era verão, sua época preferida do ano e suas aulas ainda demorariam um pouco para voltarem - não que de fato ela estivesse preocupada com isso agora, ela só tinha oito anos ainda e sua maior preocupação escolar eram com as novas brincadeiras que ela iria aprender no novo ano letivo. 

 

E então, tudo aconteceu rápido demais. Ela estava admirando as nuvens, procurando o melhor lugar para soltar sua pipa tão bem ornamentada, quando fora acertada por algo. 

 

Na hora, Tenten não havia compreendido o que estava acontecendo, muito menos tinha a noção da gravidade da situação. Mas, quando conseguiu se levantar da grama fofa e passar a mão nos cabelos, sentiu algo estranho. 

 

Um helicóptero de controle remoto havia lhe atropelado e suas hélices haviam se emaranhado de tal forma que era simplesmente impossível retirar o brinquedo, por mais que a criança tentasse. 

 

— Menina estúpida, você vai quebrar meu helicóptero! 

 

— Então isso é seu? - respondeu a menina, visivelmente irritada e ainda tentando tirar o brinquedo, mas apenas conseguindo emaranhar ainda mais os cabelos no processo. 

 

— Não é assim! Você vai quebrar! - Gruinhiu o menino, puxando em outra direção. 

 

— Aaaaaai, você 'tá me machucando! - Mas o menino não estava prestando atenção. Seu precioso brinquedo estava cada vez mais emaranhado nos cabelos dela. 

 

Finalmente toda aquela comoção chamou a atenção de alguns adultos presentes. 

 

Com mais um puxão bem dado, o rapazote conseguiu tirar o brinquedo, porém, juntamente com ele, um grande chumaço de cabelos castanhos cor de chocolate. 

 

— MAAAAAANHÊÊÊ! - gritou a menina, caída no chão por causa da força aplicada pelo menino. E foi aí que Tenten percebeu que havia caído em cima de sua pipa, destruindo-a, fazendo com que seus olhos cor de avelã de enchesse de lágrimas prestes a serem derramadas. 

 

O riso alto fora proferido pelo garoto que ainda segurava o brinquedo cheio de fios da menina, como se fosse um troféu.

 

— Vai chorar, menina idiota? - provocou ele e Tenten não era menina de levar provocação pra casa. Num salto, levantou-se da grama e, com toda a sua força, acertou-lhe um soco bem dado na boca, arrancando no processo, um dente. 

 

Sangue jorrou da boca da criança, assim como um grito estrangulado chamando o tio. 

 

— VAI CHORAR, MANEZÃO? - proferiu a menina, com as mãozinhas na cintura. 

 

Era uma cena, no mínimo, dantesca. Tenten continuava de pé, irritadíssima com as mãos na cintura segurando os restos mortais da pipa e uma falha bem visível no comprimento dos cabelos na lateral esquerda. O menino, ainda sem nome para Tenten, estava sentado no chão, visivelmente em dor, com o helicóptero cheio de cabelo esquecido ao seu lado e sangue escorrendo pela boca e sujando sua camisa, assim como lágrimas escorrendo pelos olhos claros. 

 

— TENTEN/NEJI! - Uma dupla de adultos gritou, correndo em direção às crianças que se olhavam com todo o ódio que poderiam possuir naqueles corpinhos. 

 

E foi assim que o destino de Neji e Tenten fora selado, numa tarde quente de domingo. 

 

Tempos depois, Tenten olhava com aqueles olhos de cachorrinho abandonado na chuva para sua mãe. 

 

— Não adianta, Tenten. Você está de castigo ainda. - disse a mãe da morena. 

 

— Mas por que cargas d'água eu deveria ficar de castigo? - perguntou a menina, agora com um corte de cabelo novo, no estilo "Joãozinho". 

 

— Você ainda pergunta? Você arrancou um dente do Neji com um soco!

 

— Meh, era um dente de leite! E eu já não sofri o suficiente? Já se passou uma eternidade! Esse castigo está sendo pra sempre! - disse ela, apontando para a cabeça e seu mais novo penteado. 

 

— Deixa a menina, Anko. Ela precisa liberar o fogo da juventude! 

 

— Isso mesmo, mamãe. Escute o tio Gai. - repetiu a menina. Na verdade, Tenten sempre achou o "tio" esquisito, mas se aquilo ajudasse a ela participar do acampamento de férias do meio do ano, ela topava. 

 

— Eu prometo que irei passar o olho nela. Estaremos num acampamento, que mal poderia acontecer?

 

Anko simplesmente arqueou uma sobrancelha. Ela conhecia bem sua filha e talvez, só talvez, a menina tivesse puxado o gênio temperamental de alguém que ela não sabia quem era. Isso somado à presença do "tio" Gai e seu filho Lee fizeram com que sua "princesinha" se tornasse uma verdadeira tranca-rua, sempre com os joelhos esfolados, cabelos desgrenhados e dedões do pé faltando um pedaço. Mas ao ver o brilho nos olhos de sua menina, Anko não podia fazer nada a não ser suspirar fundo, entregar nas mãos do amigo a incumbência de passar o olho nela e, por via das dúvidas, acender uma vela pro anjo da guarda. Precaução nunca era demais. 

 

— Ok, ok. - respondeu ela e Tenten já dava mil pulinhos abraçada em Lee, que sorria de forma idêntica à Gai. "Deus amado, eles parecem clones", pensou Anko do amigo e seu filho, sentindo uma gota escorrer pela lateral da cabeça. 

 

Mas Tenten logo descobriu que nem tudo eram flores, já que, assim que chegaram no acampamento onde toda sua escola estava e logo armaram um campinho para um jogo rápido de futebol, fora presenteada com um belo carrinho, fazendo com que ela perdesse a bola e ainda ralasse o joelho. 

 

— Iih, foi mal, cara. - disse uma voz conhecida. 

 

— Eu não sou um menino! - grunhiu ela, se levantando e olhando nos olhos pálidos do menino. 

 

— Mas ta parecendo um com essas roupas, esse cabelo e jogando futebol! - reclamou ele. 

 

*PLAFT*

 

Neji nem soube de onde veio o tapa, mas sentiu o calor forte em sua bochecha direita. 

 

— O que tem de errado com bermuda e camiseta? Ein?! E em jogar futebol? Meninas são melhores que meninos em qualquer coisa! E esse cabelo ridículo é por sua causa e seu estúpido helicóptero! Seu...seu....banguela! - gritou Tenten, no auge da sua irritação. 

 

Era fato que já havia passado tempo demais para o menino recuperar o dente de leite perdido no soco, mas ele simplesmente não havia crescido ainda. Sorte que era apenas o pré-molar, fazendo assim Neji desenvolver sua marca registrada de sorrir apenas do lado contrário da falha. Ele não queria ter que explicar para todo mundo que havia perdido um dente numa briga com uma menina.

 

— ISSO NÃO VAI FICAR ASSIM! - gritou Neji para uma Tenten que já não estava mais perto dele. 

 

Dito e feito. Assim que Neji teve a oportunidade, se vingou. Claro que, aos oito anos, nenhuma criança realmente pensa nas consequências e, no refeitório, Neji simplesmente quebrou um prato na cabeça de Tenten. 

 

À primeira vista, fora acidental. Mas para uma pequena Tenten, nada acontecia por acaso e ela, definitivamente, iria dar a volta por cima ou ela não se chamava Tenten. 

 

Por isso, seguindo a mesma lógica de não medir as possíveis consequências, e se utilizando do fato que não poderia participar da competição de nado no lago por causa de três míseros pontos que teve que levar perto da raiz do cabelo causados pelo corte do "acidente", Tenten entrou na cabana que Neji dividia com Lee. 

 

Cuidadosamente, retirou o colchão e o arrastou para fora da construção e, utilizando-se de uma caixa de fósforos, ateou fogo na cama de Neji. 

 

Dois minutos depois o fogo estava completamente descontrolado e Tenten estava em pânico, mas feliz por ter levado para fora da construção. Logo a fumaça fora vista e as chamas, controladas. Mas Neji estava visivelmente irritado. 

 

Ignorando todos os adultos presentes, voou para cima da menina que já se arrependia do feito mas não podia deixar por menos a situação. Os dois rolaram barranco abaixo, entre socos, puxões de cabelo e pontapés e só pararam quando atingiram a margem do lago, caindo ambos nas águas geladas. 

 

You hit me once

I hit you back

You gave a kick

I gave a slap

You smashed a plate over my head

Then I set fire to our bed, oh

 

 

— Deixa eu ver se eu entendi direito - proferiu Anko, massageando as têmporas. - Você deu uns tapas no Neji e colocou fogo nas coisas dele e depois saiu rolando na poeira com ele? Fogo, Tenten?! 

 

— Mas mãe! Ele disse que eu era idiota! Riu do meu cabelo e disse que eu era um menino! Depois ele quebrou um prato na minha cabeça! Olha aqui, ó! - disse a menina, mostrando os pontos perto da cabeça. 

 

— Aí você simplesmente ateou fogo na cama dele?! O que eu faço com você, Tenten?! - reclamou Anko, irritada. 

 

Tenten sentiu os olhos encherem de lágrimas, mas ela não deixaria nenhuma rolar. Anko saiu do quarto, fechando a porta, visivelmente cansada. 

 

Do outro lado da rua, Hiashi andava de um lado para o outro, quase arrancando os cabelos. Ele havia pensado que a época em que ele se viu com três crianças pequenas e sozinho fora a pior época da sua vida, mas com os recentes acontecimentos, não sabia mais ao certo. Neji nunca fora uma criança complicada. 

 

— Você está de castigo, Neji. 

 

A criança simplesmente rolou os olhos e seguiu para seu quarto, se deitando na cama. Tempos depois, se viu tentado em observar a casa de sua vizinha/arque-inimiga, visto que um barulho esquisito vinha de lá. 

 

E não foi surpresa alguma ao ver Tenten sair de uma janela com uma mochila nas costas. Neji deu de ombros ao vê-la descer pela calha e pegar sua bicicleta abandonada na entrada da garagem e depois, sumir na rua. 

 

Horas depois fora despertado pelo seu tio. 

 

— Neji, Neji... Acorda. - disse o tio, balançando seu ombro. 

 

— Hm? - perguntou silente o menino, olhando para o tio, o horário no relógio do criado mudo e a figura da mãe de Tenten com lágrimas escorrendo pelo rosto. - O que houve?

 

— Você viu a Tenten? 

 

— Aaah, não. 

 

— Tem certeza, Neji? - perguntou Anko, preocupada. Ela já não segurava mais as lágrimas e seu corpo estava trêmulo. - Ela desapareceu. 

 

E finamente Neji entendeu a cena de mais cedo. Tenten havia fugido de casa

 

— Sinto muito. - respondeu ele e logo Anko assentiu, saindo do quarto com Hiashi, mas não pode deixar de ouvir a mulher chorar mais alto. Ela estava visivelmente preocupada com a menina. 

 

Dotado de um grande senso de responsabilidade, Neji vestiu uma jaqueta por cima do pijama mesmo e saiu pela janela. Ele não sabia bem o que estava fazendo, mas assim que sentiu os primeiros pingos de chuva, pedalou mais forte sua bicicleta na mesma direção que Tenten tomou anteriormente. 

 

Depois de algumas voltas, se viu encaminhando para o parque da cidade que, a essa hora e com aquele tempo, estaria fechado. Mas ele tinha uma intuição e ele caminharia para o encontro dela. 

 

Não demorou muito e encontrou a figura de Tenten, encolhida numa casa de árvore que havia por lá, se protegendo da chuva. 

 

— O que você 'tá fazendo aqui? - perguntou ele. 

 

— Eu que te pergunto. O que você 'tá fazendo aqui??? - reclamou ela. 

 

— Estúpida! Sua mãe 'tá te procurando. 

 

— 'Tá nada. Ela quer me devolver! Eu só facilitei as coisas pra ela. - Tenten murmurou, abraçando as pernas enquanto Neji olhava para ela de forma inquisitória. 

 

— Te... Devolver?

 

— É, idiota. Me devolver. Não seria a primeira vez! 

 

— Como assim?

 

— Eu sou adotada, seu babaca. 

 

— Eu também. - disse o menino, dando de ombros. 

 

— Como? Você é, tipo assim, a cara do tio Hiashi!

 

— É que meu pai de verdade era irmão do tio Hiashi. Eles eram gêmeos. 

 

— O que aconteceu? - perguntou ela, curiosa. 

 

— Ele morreu. Acidente de carro. 

 

— E sua mãe?

 

— Eu não me lembro dela - respondeu o menino, baixinho. 

 

Ambos compartilharam um silêncio. 

 

— Eu não sei quem são meus pais. - disse Tenten, secando uma lágrima. 

 

— Eu sei quem sua mãe é. - disse ele, sem olhar para ela, que levantou a cabeça anteriormente pousada nos joelhos. - Ela me acordou meia noite, chorando, pois a filha dela foi idiota o bastante em tentar fugir de casa. 

 

Eles compartilharam outro silêncio profundo, sendo quebrado por um espirro. 

 

— Vem, vamos pra casa. - disse ele, puxando o braço da menina. Desceram da árvore que se encontrava no mesmo parque que haviam se conhecido, meses atrás. 

 

Voltaram para casa no mesmo silêncio, sendo quebrado por alguns espirros. 

 

Quando chegaram, Tenten fora recepcionada por uma Anko desesperada que já estava conversando com um policial. Ela não sabia o que fazia primeiro: se abraçava, beijava ou dava uns tapas na criança.

 

— Por favor, nunca mais faça isso com sua mãe! - disse ela, chorosa. Tenten desviou os olhos. 

 

— Você não sabia mais o que fazer comigo, então eu só te ajudei a me devolver. - disse ela, dando de ombros. Mas fora prontamente apertada nos braços da mulher mais velha e ela tinha plena certeza que possivelmente havia quebrado alguma costela. 

 

— Nunca, em hipótese alguma, fale isso novamente. Sequer pense nisso novamente! Eu sou sua mãe, eu te amo e eu nunca, ouviu bem, NUNCA irei te "devolver". - disse Anko, num misto de choro, riso, abraço e tortura. 


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Notas finais do capítulo

E ai, o que acharam? A música inspiradora é "Kiss with a Fist", da Florence + the Machine. Sempre achei essa música a cara dos dois. Essa fic será dividida em três partes e talvez, um epílogo. O que acharam dessa primeira parte, com eles se conhecendo? Aguardo feedbacks! Beijocas!



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