Mais que uma escolha escrita por nanacfabreti


Capítulo 16
Felizes para sempre?




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Enquanto meus vizinhos discutiam suas teorias para o que acabava de acontecer, eu tentava falar com Alex. Liguei para ele mais uma vez e nada. Apoiei o telefone entre meus ombros e meu pescoço e segurei o papel impresso, afim de encontrar uma mensagem subliminar, algo que me desse propriedade para dizer àquele monte de gente que parecia ver em mim algo especial.

 Ainda ouvia o toque das chamadas, quando me virei para entrar em casa , nesse mesmo instante, um carro escuro estacionou atrás do meu.

Ele abriu a porta e desceu, todos, sem exceção, acompanhavam cada mínimo movimento seu. Ele se abaixou, recolheu um dos cartões e em menos de um minuto, Alex estava do meu lado. Os olhos aflitos e os cabelos bagunçados. Colocou as mãos na cintura e fez uma meia careta, assim que olhou  tudo a nossa volta.

—Programei isso antes...quando eu achava que você iria em frente com  seu casamento. —Ele coçou a nuca. —Esqueci de cancelar , quando eles me avisaram, o circo já estava armado.

Fechei os meus olhos ao reparar que meus pais eram também espectadores de todo aquele show. Entre os múrmuros, já dava para imaginar à que conclusão meus vizinhos tinham chegado, afinal, morávamos em uma cidade pequenas, mas todos ali sabiam somar dois mais dois, de forma que o motivo real do meu não casamento começava a ser desvendado.

Sem ter muito mais o quê fazer, já que não dava para simplesmente sair gritando uma mentira para toda a cidade, tudo o que me restava era dar explicações, não a Monte Real, mas às únicas pessoas a quem eu efetivamente devia satisfações.  Meus pais.

  Respirei fundo e internamente pedi a ajuda de Deus. De volta a Alex, seu desconcerto se fazia visível, ele percebera que era o centro das atenções e, olhava para meus vizinhos, como um animal do zoológico olha para os visitantes.

—Anda, vamos acabar de uma vez por todas com essas mentiras. —Segurei em sua mão e caminhei até a entrada da minha casa.

—Maria Cecília... —Minha mãe começou, sem tirar os olhos de Alex. —O que está acontecendo?

 Fechei os olhos e puxei o portão para entrar, Alex me acompanhava sem dizer uma palavra sequer.

—Pai...mãe...eu vou tentar explicar.

                                              *********************

 Era estranho ver Alex sentado no sofá da minha casa,  ele escolheu justamente a poltrona , a mesma que era a preferida do Marcus.

—Está me dizendo que no dia daquele casamento você e ele... —Minha mãe se sentou depois de me ouvir contar, como a minha história com Alex começara.

 —Eu me encantei pela Maria Cecília. —Alex olhou para o meu pai que permanecia atônito diante de todas aquelas revelações.

 —Isso significa que desde então vocês vêm tendo um caso? —Ela se levantou e ficou bem perto de mim, dei um passo para trás temendo sua próxima reação.

 — Claro que não mãe...eu estava solteira na época, lembra?

 —Maria Cecília...que vergonha! O que esse rapaz deve ter pensado de você? —Ela fechou as mãos e depois as passou pelos cabelos. Em seus olhos, eu via que ela queria mesmo era estar me esganando.

 — Fomos a trabalho, isso não podia ter acontecido —meu pai lamentou com os olhos baixos.

Alex se levantou e colocou-se ao meu lado, ali ele começava a entender como as coisas funcionavam na minha vida.

— Nós nos apaixonamos e não vejo nada de absurdo nisso, posso garantir que nunca fiz mau juízo da Maria Cecília.

—Se apaixonaram...? — Ela riu usando um tom de escárnio. — E onde o Marcus entra nisso? Estavam de casamento marcado, Maria Cecília.

 —Quando ele voltou, eu me senti culpada e acabei, mesmo sem estar querendo...

 —Ela me dispensou, na verdade —Alex me interrompeu ,voltando seus olhos verdes para mim.

 —Fiquei com o Marcus, só que nunca consegui esquecê-lo —reafirmei para ele.

—Nossa que história linda! —Ela rosnou. —Só que pra uma novela, um filme. Na vida real, essas coisas envolvem os sentimentos de outras pessoas...Deus! coitado do Marcus.

—Exato! Eu passei cinco anos da minha vida sofrendo pelo Alex, sufocando meu sentimento por ele e respeitando meu namorado, meu noivo... —Estalei os meus lábios. — Só que quando por acaso, nós nos encontramos naquela feira em São Paulo, eu vi que não adiantava, eu estava enganando a mim mesma quando achava que podia esquecê-lo.

 Ela parou como se tivesse levado um choque.

— Então se encontraram nessa feira, a semanas do seu casamento e resolveram relembrar o passado? — Minha mãe estava irada. — Não foi assim que a eduquei, Maria Cecília.

—Engraçado, há dias veio me dar um sermão, me disse que se o fim do meu noivado tivesse alguma coisa a ver com uma pulada de cerca do Marcus, que eu deveria relevar...perdoar. —Posicionei-me firme em sua frente. —Agora porque fui eu, aponta o dedo na minha cara como se eu tivesse cometido um crime.

—É diferente Maria Cecília, os homens...essa é a natureza deles, agora uma mulher tem que se dar ao respeito, do contrário, acontece exatamente como está acontecendo com você. —Ela começou a chorar. —Vai ficar mal falada na cidade e quando esse playboyzinho se cansar de você, vai perceber a besteira que fez em perder uma pessoa como o Marcus.

— Stela, não fale assim com a Lia! Está exagerando —meu pai interveio.

 Ela continuou andando de um lado para o outro da sala, transtornada.

—Com todo o respeito, mas a senhora não me conhece, eu não estou querendo uma aventura com a filha de vocês. —Alex colocou seu braço em torno da minha cintura e aquilo foi capaz de me acalmar um pouco. —Eu a amo e a quero em minha vida para sempre.

 —Ah não! Aí já é um pouco de mais — meu pai balançou as mãos —,nem pense em fazer um pedido de casamento.

—Que casamento pai? Eu não quero ouvir essa palavra tão cedo, não ao menos pra mim.

—Bom, o estrago foi feito...ainda bem que o Marcus está viajando, ele não merecia passar por mais essa humilhação. —Ela secou o rosto com as mãos. —Não sei como eu e seu pai vamos encarar toda Monte Real.

 —Eu estou pouco me lixando pra o que as pessoas dessa cidade estão pensando ou dizendo... E quer saber? Eles deveriam me agradecer, vão ter assunto por um bom tempo! —Caminhei até a escada. —Vem Alex, vou pegar umas roupas e então seguimos para a sua casa.

 Meus pais permaneceram em silêncio, estavam digerindo tanta coisa e era compreensível, eu fizera um bom trabalho quando ocultei meu romance, afinal, nem eles desconfiaram de nada.

 —Eu me casaria com a Maria Cecília, se ela quisesse —Alex ainda comentou antes de me seguir.

 No meu quarto, que ainda permanecia do mesmo jeito, impessoal e cheio de caixas por conta da minha mudança não realizada, Alex sentou-se em minha cama enquanto eu revirava meu guarda-roupas.

—Viu Alex...deu pra entender meus motivos? —Encarei-o enquanto decidia entre duas blusas.

 —Ainda bem que eu vim. —Ele se levantou e beijou meu ombro.—Imagine ter que explicar tudo isso sozinha...

 Voltei a pensar no helicóptero e no quanto uma coisa daquelas era loucura, comecei a rir nervosa por causa de um pensamento que eu acabava de ter.

— Imaginou a minha cara, se hoje eu estivesse lá, pronta pra casar e me deparasse com esse negócio? —Dei um tapinha leve no braço do Alex. — Acho que eu entraria em colapso.

 —Maria Cecília, eu avisei que não pensava em facilitar as coisas pra você.

 —Por fim, acho que não me casaria mesmo. —Peguei o cartão que havia guardado no bolso da calça e o li novamente. — E agora, passado o choque...Tenho que confessar,  eu achei lindo o que está escrito aqui, e amei a chuva de pétalas. Sinto-me aliviada por ter sido você.

 Alex ficou com cara de bobo, depois disso me beijou.

 E foi assim que eu passei da encantadora filha dos donos da única floricultura da cidade, para a vadia que partiu o coração do adorável pediatra de Monte Real.

Quinze dias depois e o assunto ainda ecoava pelos quatro cantos da cidade, por onde quer que eu fosse todos cochichavam e a apontavam para mim. Eu ainda não tinha criado coragem de ir até a minha “ex futura casa”, mas sabia que precisava começar a devolução dos presentes, afinal , eu já tinha recebido algumas cobranças.

 O Marcus ainda estava viajando, ao que me constava ele, decidira aproveitar aquela que seria nossa viagem de lua de mel, num resort luxuoso em Jericoacoara.

 Quanto aos seus pais, esses sim, todas as vezes que me encontravam, pareciam querer me fuzilar, nunca me disseram nada, mas nem precisavam , o desprezo com que me olhavam já era o bastante.

 Eu por minha vez, rezava todos os para não ficar doente tão cedo, afinal ,não gostaria de ser atendida pelo Dr.Demetri, eu temia receber uma dose a mais de remédio ou  ser vítima de algum “erro médico”.

 —Pense na minha proposta. Você vai gostar da Argentina e também, dá tempo das coisas voltarem ao normal. —Alex tentava me persuadir enquanto distribuía beijos por meu pescoço.

 —Sabe que agora...com as coisas colocadas dessa forma, eu acho que vou aceitar. —decidi vendo que meus quinze minutos de fama, estavam demorando muito a passar.

 —Se não gostar de lá, voltamos. Okay?

 — Tudo bem Alex...eu só vou organizar umas coisas e então nós vamos...

                                    ******************

 Deixei a Lucia e a Gabi encarregadas das devoluções dos presentes, arrumei as minhas malas e no dia da minha viagem meus pais me abraçaram, sem rancor e sem mágoas, no fim, apesar de todo o drama, eles entenderam a minha situação, e também, que algumas coisas simplesmente têm de acontecer.

 —Vou sentir tantas saudades... —Lucia não me soltava.

 —Gente, a Argentina é aqui do lado...Eu vou estar de volta, em breve —argumentei sentindo uma ponta de emoção. Aquela seria a segunda vez na minha vida que eu ficaria longe de Monte Real.

 —Vou te ligar todos os dias, quero fotos, muitas fotos! —Gabi tentava não chorar. — Veja se começa a usar a porcaria do facebook, assim a distância fica mais curta — ela resmungou fechando a porta do taxi para mim.

 —Vou tentar inserir a tecnologia na vida dessa garota... —Alex, que ainda estava do lado de fora do carro me provocou.

 —Não que eu devesse , mas vou confiar em você... —Meu pai apertou a mão dele.

—Eu ainda vou conquistar vocês. — Ele encarou minha mãe que esse mantinha séria — Os dois. —Alex se inclinou e beijou o rosto dela.

 —Vamos ver...vamos ver.... —Minha mãe resmungou antes do taxi partir.

 Divida ou fracionada em tatos sentimentos diferentes, respirei fundo, deixando que meu corpo relaxasse.

 —Pronto para viver seu final feliz? —Descansei minha cabeça nos ombros de Alex.

 —Eu sempre estive Maria Cecília...

                           ************ 3 anos depois...***********

—É incrível como essa cidade não muda, todo esse tempo sem colocar os meus pés aqui e veja...Tudo continua igual — reclamei com a Gabi, enquanto notava que algumas pessoas cochichavam sobre mim. —Todos ainda se lembram do que eu fiz...

—Ah, mas você é muito metida —ela franziu a testa—, só porque agora é uma cosmopolita, quer desmerecer a boa e velha Monte Real.

 Balancei a cabeça e comecei a rir, com as mãos me abanei incomodada com o calor atípico daquele último dia de maio.

Eu não podia ter escolhido ocasião melhor para voltar à minha cidade natal, um casamento. Marina havia me mandado o convite pelo correio, eu estava no México e quando retornei para a Argentina, deparei-me com a surpresa. Eu não deixaria de ir, de forma alguma, sem contar que eu seria uma das madrinhas, uma responsabilidade e tanto.

 —Por que será que o vestido ficou melhor em vocês? —Emily veio até nos com a mão na barriga, usávamos o mesmo modelo estilo anos sessenta, estampado e na altura dos joelhos, só que para ela, que estava grávida de seis meses, a roupa teve de passar por algumas alterações.

—Não reclame, você está linda! —elogiei quando ela fez uma pose. —E a Carol? Não a vi ainda...

 —Ela já deve estar chegando, a Michele está impossível e agora nossa amiga chega sempre atrasada nos compromissos.

 Emily baixou as sobrancelhas ao ouvir o relato da Gabi.

 — Que animador... —ela sussurrou. —Vou descansar as pernas, vejo vocês no altar. —sorriu delicada.

 —Agora só falta você e eu... —Brinquei já fazendo uma careta.—O quê foi? — Estranhei a expressão que a Gabi exibia no rosto. Ela baixou a cabeça e colocou os cabelos atrás da orelha.

 —Não olhe agora, mas á sua direita...veja quem chegou —Ela sussurrou e eu já imaginava a quem ela se referia.

 Disfarçadamente, por cima dos meus ombros, inclinei a cabeça e pude vê-lo, trinta e seis meses depois. Marcus.

 Meu coração disparou, o que me pareceu perfeitamente normal. Embora nossa história não tivesse terminado de um jeito legal, vivemos muitos bons momentos juntos.

Marcus fora um grande amigo, meu primeiro amor, meu noivo e quase marido. Nossa! Era muita coisa para não significar mais nada e, revê-lo depois de tanto tempo me impactou de um jeito bom e nostálgico.

 Ele estava mais forte e os cabelos bem baixos, o rosto não tinha mudado, seu olhar cálido e até inocente permanecia o mesmo, ele era transparente, aquele tipo de pessoa com alma boa. De terno claro, segurava em seu colo uma garotinha ruiva, com cerca de uns dois anos de idade; ao seu lado uma jovem mulher, que certamente não devia ter mais de trinta anos, muito bonita , alta e  dona de cabelos avermelhados como os da garotinha.

 Os três riam de alguma gracinha feita pela menina, e quando se viraram para pousar ao fotógrafo, pude notar que a mulher estava grávida, a barriga se mostrava bem protuberante em seu vestido azul claro.

 Sorri por ver que Marcus estava construindo a família dos seus sonhos e ele parecia muito feliz.

—Podia ser você. —Gabi se colocou em minha frente de modo que pude vê-los melhor.

 —É... Podia mesmo... —Respirei fundo e depois soltei o ar devagar vendo a forma carinhosa com que ele conversava com a ruiva.

 —Se arrepende? Eu digo...Hoje, depois de tudo o que viveu, se pudesse voltar no tempo, exatamente no momento em que estava naquele táxi passeando por Santo Valle —Gabi me encarou —,para quem seria aquela carta de dispensa? Marcus ou Alex.

  Eu nunca tinha parado para fazer essa análise, minha vida havia mudado tanto, e eu tinha passado por tantas coisas naqueles três últimos anos, que enquanto o via caminhando em minha direção, a pergunta de Gabi ecoou em meus pensamentos.

 Arrependimento. Essa era uma palavra que eu costumava evitar, só que a forma com que eu me sentia  ao vê-lo sorrir, em lembrar de como seus beijos eram bons e pensar que seus abraços eram meu paraíso particular...Sim, eu podia dizer que havia me arrependido.

  —Maria Cecília, não sabe como foi difícil pegar esses docinhos para você. —Alex entregou-me um guardanapo com meia dúzia de brigadeiros enrolados nele. —Tem duas moças tomando conta da mesa, elas não deixam ninguém chegar perto, parecem dois pitbulls.

 —Tá vendo Gabi...Isso responde a sua pergunta? —indaguei minha amiga enquanto me pendurava no pescoço de Alex.

 —Que pergunta? —Ele ficou curioso.

  Não respondi, apenas o fitei pensando em como eu era sortuda.

—Se olham da mesma maneira com que se olhavam naquele dia em que fui buscá-la no posto de Santo Valle —Gabi sorriu — ,perdidamente apaixonados...

—Viu? —Alex mordiscou minha bochecha. —Até a Gabi percebeu que eu estava apaixonado.

— Pois é... —coloquei um doce em sua boca — Eu também estava.

—Olha, vocês são fofos, apaixonados, lindos e tudo mais...só que deixem as declarações pra depois, a cerimonia já vai começar —Ela nos acelerou assim que as outras madrinhas começaram a se posicionar.

                                         *************************

—Vem Lia! —Marina gritou, apontando-me o buquê de rosas vermelhas. —Quem sabe dá sorte...

—Essa eu passo! — Fui me sentar longe daquele bando de mulheres loucas, que se empurravam, como se aquele ritual fosse mesmo garantia de um futuro casamento.

 Tirando a mim e as mulheres casadas da cidade, todas as pessoas do sexo feminino, até mesmo as crianças, saltavam sob as ameaças que Marina fazia. Ela fingia que ia jogar  o buquê e depois desistia. As cenas eram divertidas, e a Gabi estava no meio, fazendo graça, seus pulos eram os mais altos e talvez por isso fora em suas mãos que as flores foram parar.

 Todas avançaram sobre ela tentando arrancar o arranjo de suas mãos, e eu ria sozinha, Alex tinha ido buscar uma bebida.

 Em pensamentos agradecia a Deus por não estar naquele meio, foi então que senti algo cair sobre meu colo.

—Sabia que você não ia disputar o buquê. —Alex colocou uma cadeira na frente de onde estava a minha e passou a me olhar, enquanto eu observava um pequeno arranjo de orquídeas brancas sobre meu vestido.

 —Roubando a decoração? — Balanceia a cabeça encantada com seu romantismo.

 Alex estreitou os olhos e segurou o queixo, estava me analisando.

—Casamentos...Por fim esse evento tem um significado especial pra nós dois, não é?

 Respirei fundo.

  —Nos apaixonamos no da sua irmã e estamos juntos porque desisti do meu. —Sussurrei em seu ouvido. —Acho que eles têm mesmo um significado especial.

  Alex pegou as orquídeas da minha mão e começou a olhar para elas como se buscasse enxergar algo mais.

— Fui eu que fiz esse arranjo...Acha que está bom?

 Franzi a testa, aquela conversa começava a ficar estranha.

 —Como assim, você quem fez? —Peguei as benditas flores de volta sem tirar os olhos dele.

Alex passou as mãos pelo rosto como se estivesse impaciente.

 —Ai, Maria Cecília! Depois que eu digo que você é difícil... —Ele apontou para a fita que envolvia as flores.

 Um par de alianças estava preso por um laço prateado, de um jeito tão discreto, que se ele não me mostrasse, eu não as veria mesmo. Senti meus olhos queimando enquanto as soltava.

 Seus olhos brilhavam e suas mãos tremiam, Alex estava mesmo nervoso, e eu me segurando para não chorar.

 —Eu não posso deixar nosso livro ficar sem esse capítulo... —Ele sorriu e pude ver o quanto ele estava emocionado.

 —Alex...eu

—Eu sei —ele me interrompeu —, me contou sobre como se sentiu com aquele vestido de noiva, sobre como esse nunca foi seu sonho, mas podemos nos casar em Vegas. O que acha?

  Peguei as alianças que ele segurava e sem maiores cerimonias coloquei a minha no meu dedo e depois fiz o mesmo com a dele.

 —Ah...que alivio, isso é um sim ,não é?

 —Há pouco a Gabi me perguntou se eu me arrependia de alguma coisa que fiz e você chegou bem na hora que eu ia responder. —Respirei fundo sentindo o calor das lágrimas escorrendo por meu rosto.

 — E então...?

 —Então, que minha resposta para ela seria sim...Eu me arrependo de ter fugido de você, de não ter começado a ser feliz antes, porque  você me descobriu, me revelou a essa Maria Cecília —bati as mãos contra meu peito —  ,que só existe graças a você.

 — E eu a amo —Alex afirmou com sua voz grave, antes de me beijar.

 —Não sabe como eu adoro ouvir isso... —Repousei a cabeça em seu ombro e pude ver que Emily, Gabi, Marina, meus pais e a Lúcia estavam nos observando de longe.

 Sorri para eles, no fim, todos já sabiam o que Alex estava planejando. Antes de voltar a encará-lo, ainda avistei o Marcus e sua esposa, eles também nos observavam e ambos ergueram as taças que seguravam, sorriram e depois saíram dali.

 Assim , num fim de uma tarde de outono, na cidade que me viu nascer e crescer em todos os sentidos , diante das pessoas mais importantes da minha vida, eu entendi o recado que o universo  vinha me dando...Todas as coisas têm um tempo certo para acontecer, todas as histórias têm sua beleza e por maior que seja a bagunça , por mais difícil que sejam algumas escolhas, tudo vale a pena quando se busca por um final feliz.


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