The Heart Wants What It Wants escrita por Woodsday


Capítulo 1
The heart wants what it wants.




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Eu encaro a chuva através da gigantesca janela de vidro. Tudo neste lugar grita dinheiro e frieza. Há uma série de textos e livros de auto-ajuda por aí, tantos conselhos de como superar, seguir em frente, esquecer... Parece o mais difícil, quero dizer, como se esquece?

Como se esquece o toque macio e atrevido? Como se esquece o sabor dos lábios e os olhos que brilham com confiança e paixão? Como esquecer o sorriso ora contido e ora espontâneo e aberto?

Talvez se eu descesse para o bar encontrasse agora um belo par de pernas sedutoras que me fariam esquecer por alguns minutos, mas eu sei, eu sei, logo eu estaria procurando pelos cabelos ruivos, pelas sardas e a voz macia, pelo tom divertido e suave. 

Eu estaria procurando-a.

Em um impulso atiro o copo de uísque contra uma parede, ele se parte em mil pedaços e o liquido escorre pela parede. Parece poético pensar que me sinto como aquele copo, quebrado, vazio, meu liquido escorreu para fora de mim e não posso junta-lo novamente.

Estou uma sujeira, não sei quanto tempo faz que não me alimento ou quanto tempo faz que não durmo. Só sonho com ela, só penso nela.

O meu travesseiro ainda tem seu perfume, minha camisa também. Eu a visto agora, na vã esperança de trazê-la para mais perto.

Mas não adianta, não ajuda, já estou fedendo e perdendo seu perfume assim como a perdi. 

O apartamento está vazio agora, ela não está aqui. Julguei-a tão espaçosa por querer um espaço em minha vida e agora, abriria mão de tudo para tê-la aqui outra vez. Mas não vi, fui cego e tolo, fui egoísta demais comigo e com ela. Não a vi, não olhei-a verdadeiramente e agora a perdi.

Achei que podia, que conseguiria, mas não consigo.

Não posso viver sem Renesmee, sem seu corpo, seu sorriso e sua atenção. Meus dedos já não correm pelos meus cabelos, os fios estão sujos e desorganizados, talvez faça mais de dois dias que não tomo um banho. Não sei, tem tempo que não vejo a luz do dia.

Me tranquei neste prédio e só saiu ao anoitecer, quando o sol se foi e não tenho que olhar para seu brilho. Nada pode brilhar, me sinto ridículo e patético. Eu poderia ser poeta, eu diria. Renesmee riria se me ouvisse dizendo estas coisas. 

Renesmee me fez um maldito poeta patético. Estou sofrendo de amor, jamais pensei que isto aconteceria. 

Eu a quero. Quero-a de volta, decido. Olho para fora e penso que agora ela pode estar nos braços de Jacob Black, o índio maldito que acha que a tem nas mãos. Ele não tem, não a conhece. Acha que Renesmee é só uma garota jovem de cidade pequena, mas ela não é.

É linda, forte e adulta. É uma mulher decidida e sensual e eu a amo.

Sim, eu realmente a amo. Pena ter notado isso tão tarde. 

Busco meu celular em meio a sujeira das embalagens de comida. Há dezenas de ligações perdidas mas ignoro todas, encontro o número que quero. A única que aceitaria me ajudar, apesar de correr o risco de ter seu ódio neste momento.

Sei que também não poderia lidar com esta dor. Jamais tive um pai e uma mãe em minha vida, parece tolice dizer que assumi como meus os pais da mulher que amo.

Mas o fiz, os amo igualmente como amaria meus pais. Infância difícil, pessoa carente, acho que é possível entender. 

Ela atende no segundo toque.

— Não entendo porquê está me ligando, Alexander. — Alexander.

Sim, ela está com raiva. Sua voz suave está dura e sei que também está magoada. Por minhas burradas, por meu desaparecimento, por meu descaso com minha família. Perco a conta de quantas falhas cometi com aqueles que me amam.

— Bella. Preciso de ajuda. Fiz uma grande merda, eu sei. Me perdoe, mas eu a amo. Por favor. — Digo tudo de uma vez só, na esperança que ela ouça antes de desligar na minha cara.

— Não sei. — Bella titubeia e sei que é mentira, ela sabe, ela sempre soube. Mas quer me ver admitir, implorar. Não me importo, imploro a ela que é como uma mãe e imploro a Nessie, que tem todo o meu coração.

Não sou mais aquele homem, não resta dignidade mais em mim, só preciso dela, eu a quero em meus braços.

— Amo a Nessie. Não sei o que vou fazer sem ela em minha vida. Por favor, me ajude Bella. Mãe. 

— Garoto insolente. — Ela resmunga com a voz embargada e sei que está emocionada. Também estou. Levei muito tempo para admitir e para aceitar. Quando me adotaram em seus corações, quando mesmo Volturi, me tornei um Cullen aos dezoito anos eu os rejeitei. Não quis de modo algum. Era ainda mais tolo e não sabia o que amar e ser amado.

Bella e Edward me mostraram esse amor. Eram doces, gentis e firmes quando eu precisava e eu realmente precisei. Não faltou apoio quando Renesmee e eu desenvolvemos um sentimento um pelo outro.

Mas recusei-me. Tive medo. Eu já estava apaixonado mas não queria abrir mão da família recém conquistada. Se tivesse conversado com eles, talvez tudo fosse diferente. Eu já tinha vinte e seis anos enquanto Renesmee ainda tinha dezoito. Uma garota recém saída das fraldas, foi o que eu disse.

Que erro o meu. De garotinha Renesmee não tinha nada. Era como uma cobrinha peçonhenta e sensual, me envolveu em seu encanto e nunca mais pude sair.

Não quero também, quero-a para mim, tê-la, amá-la e protegê-la.

— Quero me casar com ela. — A constatação era assombrosa até para mim. 

Eu, Alexander Volturi queria me casar. Com uma mulher só, uma única mulher. Ah, se Demetri pudesse ver isto, estaria rindo da minha cara. E eu deixaria. Porque é a verdade. Quero me casar com ela. Amo-a e a quero para toda a vida.

— Certo, mas saiba que eu mesma irei castrá-lo se magoa-la novamente Alec. E como sua mãe, saiba que eu o farei. 

Estremeço, porque sei que é verdade. Para uma química isso não é muito difícil.

Bella encerra a chamada com instruções claras para que eu fosse para a cabana na pequena cidade de Forks. É o lugar mais romântico que conheço e não é estranho para mim. Pertenceu a vovó Esme e Carlisle e depois de Bella e Edward, agora seria nossa vez. É a uma hora daqui, tempo suficiente para que ela também levasse Renesmee até lá. Ela ligou para vovó Esme, a pequena e sábia mulher iria resolver todos os demais detalhes.

Eu estava ansioso. Tomei banho e me arrumei de forma que não fazia a tempos, realmente, eu estava sujo.

Jamais ninguém saberia o quão perto estou da fossa por causa daquela mulher vil e ruiva. Surgiu como um fogo devorador e destruiu tudo o que eu era.

Mas não me importo. 

Um sorriso surge em meus lábios enquanto encaro-me no espelho. Deixo meus cabelos bagunçados, como sei que ela gosta. Passo o perfume que ela me deu e tento me tornar o mais bonito para ela.

Sempre fui bonito, não é um segredo. Sou um homem atraente. Mas nesse momento sinto-me com quinze anos, esperando a garota para o baile de inverno.

É surpreendente o que uma mulher pode fazer com um homem. 

Sim, o que Renesmee pode fazer comigo. Quando entro em meu carro, as flores que comprei há um dia ainda estão vivas. Estava relutante, orgulhoso. Como sou idiota. 

Pensei que podia superá-la. Como se faz isso? Não dá.

É o que constato quando ela chega a cabana. As flores estão em minha mão e ela também está mal. Meu coração dói, quero puxa-la para mim, abraçar seu pequeno corpo e prometer que jamais vou magoa-la novamente, quero garantir a ela que seu amor me mudou, transformou-me. Eu a amo profundamente, como não poderia?

Vovó Esme me deu seu anel de casamento, o anel que usou com seu falecido marido Carlisle Cullen, é lindo e delicado, mas tem presença. É como minha ruiva.

Eu estou ajoelhado em sua frente, ela me olha com as sobrancelhas arqueadas, os olhos faiscando de raiva. 

— Casa comigo? — Questiono sem mais nem menos, porque a conheço. Vai dizer não. Será errado manipula-la? Porque sei que vai sentir culpa logo depois.

— Não. — Como sei que faria.

Eu suspiro, entregando as flores para ela, ainda ajoelhado. Renesmee as pega por instinto, logo em seguida as joga no sofá. Mas não vai, não se vira e não pisca.

É um bom sinal. Ela me ama, sei que ama.

Eu abro um sorriso com o pensamento. — Amo você. — Eu digo e ela está surpresa. Nunca disse em voz alta, um ano inteiro juntos e jamais dei nada a ela. Como pude? Ela merece o mundo, vou dá-lo a ela. Tudo o que puder para fazê-la feliz. — Amo como nunca amei ninguém. Jamais tive amor em minha vida antes de conhecê-la. Me mostrou o amor verdadeiro de uma mulher, o amor verdadeiro de uma família. Jamais me senti um Cullen até você vir para esta casa, mostrar-me que era querido. Abriu meus olhos, para o amor, para a vida. Mudou-me minha ruiva e eu a amo profundamente. Por favor, me perdoe, não tenho condições de ter uma vida sem você. Não quero. Preciso de você. 

— Não sou seu bote salva-vidas, Alec. — Ela ainda está dura. 

Eu me levanto.

— É minha salva-vidas sexy. — Sorrio divertido e ela cora. Sei que está se lembrando do mesmo episódio que eu. Temos muitas memórias juntos. — Não quero nada além do seu amor. Queria ter visto antes, mas fui burro, admito. Faço o que quiser, mas me deixe amá-la, deixe-me mostrar o quanto a amo.

Ela solta o ar e me encara intensamente. Os olhos verdes estão presos no meu, por fim, uma lágrima solitária escapa e eu a colho antes que caia. Não a quero chorando, por nada.

— Sim. — Sussurra mas escuto. Escuto e amo o som da palavra. — Sim! — Diz com veemência e alegria. — Seu idiota! — Recebo um soco no peito, mas em seguida ela está sobre mim, os lábios aos meus novamente e eu a aperto contra meu corpo. Ela está onde deveria. Onde vai sempre estar. Em meus braços, em meu lado.

— Eu te amo. — Digo com liberdade. Sem medo e vergonha. — Eu te amo. — É bom poder declarar meu amor por ela.

— Eu te amo mais. — É sua resposta apaixonada.

E estou no céu. Ela é minha.

Minha ruiva, minha pequena, minha noiva. Jamais estive tão feliz. 


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