Família De Marttino - Unidos Pelo Amor(Degustação) escrita por moni


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Bem-vindos a Fabrizio e seu romance. Espero que gostem.
Obrigada por acompanharem a saga dos Filhos de Martino comigo.



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   Hannah

   Assim que ele me tranca no quarto como toda noite, eu deixo a cama apressada, acendo a lanterna que escondo sob o colchão e empurro com cuidado o baú de madeira antigo e descascado onde guardo minhas roupas desde os quinze anos quando cheguei aos Estados Unidos.

   Puxo com cuidado uma das folhas de madeira que cobrem o piso quase todo oco. Retiro o pacotinho e me sento no chão. Com a ajuda da lanterna eu conto as notas e moedas.

   Três anos juntando cada moeda que consegui para finalmente ter o dinheiro de voltar para Itália. Não posso mais ficar aqui. Não posso mais viver sob o domínio de Tio Oliver.

   Quando o terremoto matou meus pais e destruiu a cidade eu tinha quinze anos. Me lembro de não poder nem mesmo voltar a cidade para procurar nos escombros fotos ou qualquer recordação. Não existia mais ninguém. Estava sozinha. Sozinha e com medo. Tanto medo quanto todos os outros moradores de Ferrara que perderam tudo.

   O assistente social insistiu e me lembrei do irmão da minha mãe. Oliver Mitchell, quando penso que podia ter apenas calado e quem sabe tivesse tido outra vida, mas não. Eu achei que como irmão da minha mãe, ele seria capaz de me amar como uma filha.

   Minha mente viaja para o dia em que parti da Itália. Com saudade dos meus pais, com medo e muita esperança de uma nova vida em solo americano.

   Foi uma tolice enorme. A primeira decepção foi o Maine. Imaginava algo como Nova York, acabei nessa terra gelada, longínqua e estranha. Cercada por florestas de pinheiros e com um tio completamente desequilibrado.

   Meus únicos bons momentos são quando tio Oliver vai caçar, ele se embrenha na floresta e volto apenas dois dias depois. Não que alguma vez eu tenha tido coragem de desobedece-lo e ir além da porta trancada a chave. Mesmo assim, era bom poder ver televisão sem sua supervisão. Ouvir música e comer algo diferente de cozinho de carne de cervo.

   Fecho o pacote com o dinheiro e tampo o buraco com a madeira mais uma vez. Empurro o móvel e volto para cama. Meu passaporte está na gaveta da escrivaninha no quarto dele. Trancado com meus documentos.

   Não importa. Agora é só esperar que saia amanhã para caçar e então eu arrombo a gaveta, pego meus documentos e vou para o aeroporto. Não sei o que fazer quando chegar, não sei como viver, mas sei que aqui eu vou ser sempre uma prisioneira. Sou uma cidadã italiana e posso simplesmente voltar para casa.

   Tenho dezoito anos, posso ir onde quiser. Ele não é mais responsável por mim. Ninguém é.

   Me lembro dos meus pais, de todo o amor que tinham por mim. Alessio Constatini foi um bom homem, vivemos de modo simples, mamãe trabalhando em casa, cuidando de mim e papai trabalhando como maquinista na estação de trem, levando e trazendo pessoas da Bolonha. Ele era sempre muito divertido. Diferente da minha mãe. Valerie Mitchill Constatini era fechada, uma boa mãe, carinhosa e gentil, mas muito fechada e hoje eu sei por que. Foi criada aqui. Viveu sob as garras do meu avô como eu estou vivendo agora com tio Oliver.

   Meu pai veio em férias conhecer os Estados Unidos, se apaixonou por mamãe e ela foi embora com ele. Se amaram toda uma vida. A história mais bonita que conheço. Fecho meus olhos e sorriso sonhando que talvez um dia eu tenha a mesma sorte.

   Aquele dia começou todo confuso, perdemos a hora pela manhã e sair correndo para o colégio. Beijei meus pais, um beijo rápido e corri pelas ruas tranquilas sem saber que tudo a minha volta logo seria apenas ruina.

   Depois da aula fui estudar na casa de Berta, quando o primeiro tremor aconteceu estávamos terminando os exercícios. Levou uns segundos, trocamos um olhar assustado e depois, quando passou, sorrimos achando graça do vaso que balançou sobre a mesa de madeira escura.

   O telefone tocou em seguida, minha mãe me mandando correr para casa pois estava assustada e obedeci. Era perto do jantar, acenei para Berta do portão. Dois quarteirões, dois quarteirões para estar com eles e terminar sob escombros, não aconteceu. A terra tremeu sob meus pés no meio da rua, deixei meus livros caírem ao chão sem saber o que fazer.

   Assisti atordoada pedaços de paredes e telhados irem ao chão. Sem conseguir me mover, alguém que nunca vi o rosto me puxou para o meio da rua e levou um minuto, talvez menos, então era só poeira gritos e lamurias e eu correndo e correndo e então minha casa não existia mais.

   Desse minuto ao momento que entrei no avião para os Estados Unidos foi só silencio e dor a minha volta e gritos angustiados em minha mente.

   O primeiro corpo a sair dos escombros foi o do meu pai, na mesma noite, mamãe só foi retirada na tarde seguinte. Duas semanas perdida e sozinha e depois parti para um novo mundo com umas poucas peças de roupas doadas e nada além de esperança.

   Esperança que se perdeu logo quando cheguei. Tio Oliver acredita que sou sua propriedade. Que devo obediência cega a ele. Frequentei a escola a duras penas, com horários cronometrados, jamais fui a uma festa, a casa de um amigo, jamais tive liberdade para nada além de cozinhar, limpar a casa e obedece-lo.

   Faculdade foi um sonho perdido, mulheres não precisam disso. Ele põe comida na mesa, por que eu precisaria estudar mais do que já estudei?

   Essa é só a face leve dele. Tem os momentos psicóticos que ele acha que sai sem sua ordem, que falei com algum homem, que trouxe um estranho. Nesses momentos ele grita e me tranca, para o meu bem, por que sou fraca e o mundo lá fora vai me engolir.

   Sinto raiva, pena e medo. Tudo misturado e chega. Tenho que deixar esse lugar. Preciso de uma chance, preciso ficar longe de sua mão pesada e seu terror psicológico.

   Pego no sono em meio as minhas memórias. Acordo com a chave girando na porta pela manhã. Ele acha que vou fugir no meio da noite para uma festa imaginária ou os braços de algum aproveitador de garotas indefesas e tranca meu quarto todas as noites e me liberta pela manhã.

   Deixo a cama, tomo banho, me visto e vou preparar o café, pela janela eu o vejo juntando lenha. Vivemos afastados da cidade, num pequeno povoado quase dentro da floresta.

   ─Bom dia, tio Oliver. – Digo quando ele entra com a lenha e deixa ao lado da lareira.

   ─Vou caçar, saio em uma hora. Me prepare uns sanduiches.

   ─Sim senhor. – Coloco café em uma caneca e ofereço a ele. Tio Oliver é alto, tem uma barba grossa e braços fortes de quem trabalha pesado, queria que pudéssemos ser uma família, não aconteceu.

   ─Vou deixar mais lenha, volto no domingo pela manhã. Se alguém vier eu vou saber. Faço isso para o seu bem. Você é fraca demais, não sabe nada do mundo. Vai acabar enganada por aí. Sei bem o que os homens querem. Sei bem o que aconteceu com sua mãe, caiu na conversa de um vagabundo e fugiu com ele.

   ─Meu pai não era um vagabundo. Ele sempre amou e cuidou da mamãe.

   ─Estou vendo. Ela se meteu com ele e quem acabou com o problema? Eu, eu aqui que tive que ficar com você.

   ─Já tenho idade. Posso ir embora se quiser. – Escapa, não planejo, só deixo as palavras saírem e a mão pesada me acerta o rosto e a xicara de café voa pela cozinha e espalha o liquido por todos os lados.

   ─Ingrata! Ingrata como sua mãe. – Ele atira a própria xicara de café em direção a pia e termina de sujar toda a cozinha. Depois escuto suas passadas pesadas pela casa, quando volta a cozinha está com o rifle e a mochila. – Vou saber se alguém aparecer. Pare de chorar. Estou te dando educação. Estou fazendo o que seu pai não fez. Aquele italiano maldito, um fascista, como todos da sua raça.

   Engulo a raiva e o medo, encaro o assoalho de madeira sujo de café e agradeço ser a última vez. As lágrimas correm, um dia ele ainda me mata sem querer.

   ─Se acha muito esperta, mas o mundo destrói pessoas como você. Vai ser engolida lá fora.

   Só quando escuto a porta bater é que levo a mão ao rosto ardendo e ergo meus olhos. Espero imóvel um longo momento até ter certeza que se embrenhou no mato. Depois corro para o quarto recolher minhas coisas.

   Uma hora depois a batida ritmada na porta me acalma. Corro para janela. Jane está com seu namorado Tom.

   ─Ele já foi. – Meu coração acelera quando vejo Tom tirar uma ferramenta do bolso enquanto Jane olha em torno. Logo a porta range e os dois entram. – Rápido! – Aponto as escadas e subimos correndo. Tom arromba a gaveta e lá estão meus documentos e passaporte. Recolho tudo.

   Jane é minha vizinha, os pais são ótimos e sempre me incentivaram e cuidaram a distância, com medo de Tio Oliver como eu. Tom e Jane namoram há dois anos e quando pedi ajuda para fugir os dois logo aceitaram.

   ─Obrigada! – Abraço Jane quando finalmente tenho tudo que preciso.

   ─Vamos. A caminhonete do Tom está na estrada, ele vai te levar até o aeroporto.

   ─Jane... – Minhas lágrimas de gratidão correm quando a abraço. Ela chora comigo.

   ─Boa sorte. Vou ficar, se ele voltar vai logo me procurar, se não estiver aqui vai saber que ajudei. Ninguém pode saber que fomos nós. Sorte Hannah. Seja feliz.

   ─Vamos Hannah! – Tom toca meu braço e sem olhar para aquele velho mausoléu eu corro para a estrada. Tom dirige em alta velocidade até estarmos longe o bastante para parar de sentir tio Oliver em nosso encalço.

   ─Tem certeza, Hannah? Ainda podemos voltar.

   ─Não. Se voltar... a porta arrombada, a gaveta, sabe o que vai acontecer. Conhece ele. Já viu o que ele é capaz de fazer se eu o contrario.

   Tom e Jane já assistiram tio Oliver me arrastar para dentro de casa pelos cabelos uma manhã que voltou de surpresa e me viu conversando com eles em frente a casa.

   ─Tá. Eu só... sei lá, sozinha em outro país.

   ─Meu país. Minha terra. Meu povo.

   ─É verdade, me esqueço. O que vai fazer quando chegar?

   ─Procurar trabalho, pensei em procurar pelos vizinhos, pedir abrigo por uns dias.

   ─É a coisa mais estúpida que já vi alguém fazer. – Ele diz uns minutos depois e suspiro. É a única chance que tenho de fugir. Qualquer lugar nesse país ele me encontraria, mandaria a policia me caçar, além disso, sinto falta da minha terra.

   ─Tom, eu tenho que tentar, ele ainda me mata e ninguém se importa, ninguém tem coragem de enfrenta-lo.

   ─Ele tem um rifle e é maluco. – Tom se defende em nome de todos da região que sabem que não sou mais que uma prisioneira e nunca me ajudaram.

   Chegamos a Porthland no começo da tarde. Tom salta comigo. Levo uma pequena mochila, são as roupas que cheguei aqui com quinze anos. Nem isso ele comprou. Não estão rasgadas, ainda servem, não precisa de nada novo, era sempre isso.

   ─ Quer ir mesmo?

   ─ Obrigada. – Abraço Tom. – Agradece a Jane por mim. Quando eu conseguir eu telefono para você.

   ─Boa sorte. – Ele diz. Meu coração se aperta cheio de medo quando me afasto de Tom em direção ao balcão. Tenho medo de ir, medo de ficar, tenho medo de viver e medo de morrer. Medo é quem eu sou agora.

   Me afastar de Tom torna tudo real. Eu fugi. Preparei isso desde o dia que cheguei. Vendia os ovos das galinhas no quintal escondida. Pegava algumas notas esquecidas nos bolsos dele nas noites de bebedeira. Vendi a pulseira de ouro que usava no pulso quando minha vida acabou, Jane recolheu dinheiro de colegas de escola, Tom ajudou, levou três anos e finalmente tenho dinheiro para uma passagem.

   ─Quero a passagem mais barata que tiver para Bolonha, Itália. Voar hoje.

   ─Não temos voos para Bolonha. – Meu coração dispara.

   ─Itália, qualquer lugar da Itália hoje.

   ─Consigo um voo em duas horas com lugar, duas escalas e te deixa em Florença.

   ─Sim. – Pago a passagem, esperava que sobrasse algum dinheiro, mas não. É mais caro do que pensei e sobra uns poucos dólares que nem sei como trocar quando chegar e não quero pensar. Só quero partir.

   Mordo o canto dos lábios quando finalmente o avião levanta voo e estou partindo para longe de tio Oliver e o medo que sinto dele.

   Nunca estive em Florença. Em quatro semanas, quando fizer dezenove anos eu espero já ter conseguido uma vida. Trabalho e um lugar para viver.

   Durmo um pouco, o assento é apertado até para mim. Fica no corredor e toda vez que tento dormir alguém passa esbarrando em meu ombro.

   Salto assim que liberam a saída. Aspiro fundo quando piso em solo italiano e respiro o ar da minha terra.

   Sinto a esperança me tomar. Vai dar tudo certo. Um balconista me ajuda a trocar os poucos dólares e encontro um quarto para dormir. É meu último dinheiro, mas me sinto que tudo vai dar certo. Quando acordar vou procurar trabalho.

   Quando deixei minha terra eu tinha quinze anos, fiz dezesseis anos cinco semanas depois de chegar na casa do meu tio e pela primeira vez não teve bolo ou qualquer comemoração. Ele não demorou nada para mostrar quem era e onde eu tinha ido parar.

   Acordo com o sol. Deixo a pequena hospedagem com o coração cheio de ânimo. Eu caminho pelas ruas procurando placas, preencho fichas, na hora do almoço meus pés doem. Sinto fome, conto umas moedas. Um gelatto.

   Entro na loja perto da universidade, as mesas estão repletas de jovens falando alto e rindo. Uma mulher corre de um lado para outro para atender todos. Usa uma roupa engraçada em rosa forte com chapéu em forma de bolas de gelatto com cobertura de morango e chocolate.

   Fico olhando sua correria e penso que ela precisava de ajuda. Espero no balcão em silencio. Um rapaz esbarra em outro e derrama cobertura no balcão. Fico na ponta dos pés e vejo um pano na pia pelo lado de dentro. Uso para limpar o balcão.

   ─Obrigada, querida! – A mulher passa por mim com uma bandeja cheia de gelattos de refrigerante. No balcão três jovens reclamam da demora.

   Pego a bandeja das mãos da mulher.

   ─Que mesa? – Ela sorri.

   ─Nove, perto da calçada. – Eu levo a bandeja, deixo os pedidos e volto até ela. Outra bandeja está pronta. – Mesa quatro. – Ela diz sorrindo e lá estou eu ajudando. Quando finalmente tudo se acalma estou cansada, mas feliz. Ela me serve o maior galatto que já vi na vida. Meus olhos brilham de tanta fome.

   Saboreio a primeira colherada e me lembro da saudade que senti disso. Meus olhos marejam quando minha mente se inunda de boas recordações.

   ─Obrigada. – Ela para a minha frente do outro lado do balcão. – A minha colega de trabalho pediu demissão essa manhã e nem esperou achar outra pessoa. Giacomo vai ficar uma fera. Ele é o dono.

   ─Preciso de trabalho.

  ─Quantos anos tem. Parece tão menina. Estuda aqui?

  ─Não. Tenho dezenove anos, estou de volta a Itália, preciso de teto e emprego. Preciso hoje. Não tenho onde dormir nem essa noite. – Olho em direção a minha mochila no chão.

   ─Passe para dentro depois do sorvete. Vou te dar um uniforme. Explico ao Giacomo quando ele chegar. Não dê conversa aos estudantes, uns são ótimos, outros... bom, não ligue para o riso deles. No fundo eu acho esse uniforme uma piada mesmo, mas preciso do trabalho.

   ─Sério? Não ligo nada para o uniforme. Só quero mesmo um trabalho.

   ─Tem uma hospedaria na rua de trás, é barata, pode conseguir uma vaga. Vou pagar a semana adiantado. O que acha?

   ─Que a senhora é muito especial.

   Ela me entrega o uniforme, me visto num quartinho nos fundos e no resto do dia me acostumo com o uniforme e o trabalho.

   Não precisa ser muito inteligente para entender, servir as mesas, e dar troco. Nada demais. A cada mesa tem uma piada sobre a roupa, finjo não ouvir.

   O dono é um senhor de sessenta anos, calado e distante não faz objeções sobre a minha contratação quando vem fechar a loja no fim do dia.

   ─Hannah, não se meta com os clientes, é jovem demais para esse trabalho, mas Maria disse que precisa, então vou te dar uma oportunidade.

   ─Obrigada. Nem sei como agradecer, vou ser sua melhor funcionária. – Encaro Maria. – A segunda melhor. – Maria ri com gosto e fico corada.

   Uma cama limpa num quarto minúsculo. Melhor que passar a noite na praça como estava achando que aconteceria. Agora é só ser firme e tudo ficará bem.

   Uma semana trabalhando e já começo a sentir o peso das piadas e alguns olhares são realmente constrangedores. Alguns jovens são clientes fixos, vem todos os dias depois da aula se sentar nas mesas e rir do nosso trabalho enquanto saboreiam sorvetes e tomam cerveja na calçada.

   Sandro é o mais bonito e desejado entre todos, em uma semana eu já vi como o ambiente se transforma quando ele chega, as garotas se animam, os rapazes o seguem. Ele é o líder e atende-lo sempre me deixa nervosa.

   Com ele estão sempre duas garotas que não sei o nome. Elas fariam qualquer coisa por sua atenção. No fundo eu entendo. Ele tem um sorriso grande, olhos firmes, chega num carro esporte e tem qualquer coisa nele que realmente deixa claro que é alguém importante.

   Me lembra os filmes americanos que passava a tarde assistindo. O cara mais desejado da escola que se apaixona pela menina esquisita e enfrenta tudo para ficar com ela e não posso negar que as vezes me vejo no papel da garota esquisita.

   Enquanto preparo as taças com os gelattos para mesa de Sandro o riso deles me chama atenção. Quando ergo meus olhos estão todos a me encarar. Meu rosto cora. Desvio os olhos e derramo a massa gelada sobre o balcão. Eles cochicham mais alguma coisa e riem ainda mais.

   Com mãos tremulas eu caminho até a mesa. Deixo as taças e quando pretendia sair Sandro me segura o braço.

   ─Oi. Como se chama?

   ─Eu?

   ─Sim. Você. Qual seu nome?

   ─Hannah.

   ─É nova aqui, não é Hannah. Quantos anos tem?

   ─Dezoito, vou fazer dezenove em breve. Tenho que ir. – Deixo a mesa com pressa. O coração agitado. Ele falou comigo.

   ─Hannah, fica longe, vai acabar sem emprego. Sabe o que o senhor Giacomo acha disso. – Maria me alerta e apenas afirmo com um movimento de cabeça.


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Notas finais do capítulo

AManhã tem mais. Amo vocês
Beijossssssssssssssss