Another Me escrita por warick


Capítulo 7
Capitulo 06 – Então é natal.


Notas iniciais do capítulo

Desculpe a demora, tive preguiça.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/746892/chapter/7

Me sentei na beirada da clareira e observei Malcon fazendo o mesmo ritual que eu tinha feito, a quantidade de fumaça que saiu dele era muito menor, que eu acho que é logico, já que ele faz esse ritual periodicamente.

A presença que eu senti durante o meu ritual quase passou despercebida por mim, mesmo procurando ativamente durante o ritual do Malcon eu mal senti algo. Isso pode ser duas coisas, que o que nos ajuda a fazer o ritual é bom em se esconder ou eu sou muito ruim em sentir magia... ou os dois, é claro.

Depois de o ritual dele terminar eu me levantei esperando nós voltarmos para casa, só para o Malcon me dar um sinal para me sentar de novo, pisquei confuso esperando uma explicação, mas ele simplesmente sorriu para mim.

Ele pegou os 10 cristais que ele usou no ritual e depois pegou os 10 que eu usei e foi para um canto da clareira onde tinha um círculo que eu não tinha percebido até então. Malcon depositou os 20 cristais no meio do círculo e se ajoelhou fora dele, depois de recitar algo o círculo brilhou e os cristais foram engolidos pela terra.

— O que foi isso? – perguntei quando ele se aproximou de mim.

— Ofereci os cristais para Gaia, a mãe terra.

— Por que?

— O que mais eu deveria fazer com eles? Não é nada bom utilizar os cristais para o mesmo ritual e a magia que está dentro dele é totalmente impura, e eles soltam impurezas depois de algum tempo, principalmente os que nós compramos, já que eles são cristais artificiais feitos pelos no-maj. Oferecendo eles para Gaia nos ajuda em nos livrando dos cristais e ajuda a ela a repor a magia usada pelos bruxos do mundo.

— Então a magia pode ser totalmente usada e acabar um dia?

— Não, enquanto existir seres vivos no planeta vai existir magia, o problema é que os bruxos usam magia ambiente para fazer as proteções magicas fazendo com que eles fossem considerados os ‘donos’ dessa magia e Gaia só pode pegar magia que não pertence a ninguém e magia que é oferecido a ela.

— E o que ela faz com essa magia?

— Faz ela ficar completamente pura e coloca ela nas linhas Ley.

— Não foi o que acabamos de fazer? Purificando a magia?

— Não, o que acabamos de fazer foi purificar os nossos corpos de magia estrangeira, é como um filtro de agua, a agua sai pura por um lado e todas as impurezas saem por outro o que Gaia faz é pegar a agua com impurezas e transformar tudo em agua. Essa não foi uma analogia muito boa...

— Sim, eu entendo. – falei tentando escapar de mais uma explicação complexa que eu provavelmente não vou entender nada.

Malcon olhou para mim e balançou a cabeça.

— Pronto para voltar?

— Sim.

E assim deixamos a clareira para trás.

— Como você se sente hoje? – perguntou Malcon no café da manhã.

— Me sinto bem, eu acho. – respondi. – Eu consigo sentir toda a magia da casa mais facilmente, eu ainda não testei entrar em modo sábio.

— Modo sábio? Não tem outra coisa melhor para chamar?

— Só porque você não entendeu a referência não quer dizer que ela não foi boa. – falei sorrido.

— Provavelmente porque ela não existe ainda.

— Lançou em 2005 eu acho, é difícil lembrar a data certa.

— Preparado para o natal?

— Quem vai vir esse ano?

— Catherine vai vir e o Manuel vai trazer a família para visitar.

— Manuel? – perguntei.

— Manuel Pasquali, aquele que fez você se interessar por runas. – comentou Malcon com uma sobrancelha levantada.

— Ei! É fácil se esquecer de coisas quando 17 anos de memorias de sua vida passada são forçadas na sua mente.

— Você está ficando velho então, já se esquecendo das coisas.

— É sério que vamos por esse caminho? – perguntei incrédulo. – Quem foi que quase se esqueceu de desligar o fogão ontem antes de irmos para a clareira do ritual?

— Eu deixei o fogão ligado? – perguntou preocupado.

— Não, mas poderia. E quem Manuel vai trazer?

— A mulher e a filha, pensando bem ela deve ter a tua idade.

Olhei incrédulo para ele.

— É sério que vamos de novo para esse tópico? Eu já disse que eu estou bem sem ter amigos da minha idade, eles são um bando de ranhentos que me acham um anormal por eu não ser ranhento como eles, eu sou bullinado na escola de um jeito que eu achei que só existia em filmes americanos, não que eles consigam alguma coisa com os xingamentos, que o que eles me chamam me faz querer rir.

— Não exagere. – falou Malcon revirando os olhos.

— Se fosse uma real criança que era tratada como eu era na escola ela provavelmente choraria.

Malcon continuou não acreditando no que eu estava dizendo.

— Um dia meu irmão me explicou uma coisa que ficou na minha mente por um bom tempo: Quando nós somos bebes nós não temos noção de si mesmo, tudo que nós fazemos é reação a algo externo, quando vamos crescendo a noção de individuo vai crescendo, com isso nós preferimos ficar no colo de uma pessoa do que no de outra tem ações que preferimos fazer, mas não temos noção que existimos em uma sociedade...”

“... tudo gira em torno de nós e o que faz nos sentirmos bem, fazemos tudo para ganhar atenção, tudo para sermos elogiados pelos adultos, ... Nessa idade nós não compreendemos que outros tem sentimentos como nós porque nós não sentimos então eles não devem existir, quando crescemos mais nós vamos notando que outros tem sentimentos assim ganhando noção de sociedade, é claro que cada pessoa cresce de uma maneira diferente e de vez em quando ganha a noção só quando é adulto.”

— E qual é a lição de moral disso? – perguntou Malcon.

— Crianças podem ser os seres mais inocentes do mundo como podem ser um dos mais maléficos.

— Pare de reclamar e vá para a escola direito.

— Você sabe que eu tenho conhecimento o suficiente para ir para uma universidade, certo?

— Sim, mas não temos nenhum comprovante disso e não queremos chamar a atenção para uma criança gênio só para ela desaparecer por 9 meses por ano quando você completar 11 anos.

— Podemos fingir que eu tenho uma doença e faço aula a distância.

Malcon olhou para mim entediado.

Suspirei.

— Ok, continuo indo para a prisão dos ranhentos.

— Agora que acabamos essa discussão, que tal irmos ver o resultado do ritual?

Eu concordei, passamos a maior parte da manhã e da tarde testando os meus poderes.

Acabou que eu conseguia encontrar meu núcleo em menos de 1 minuto e conseguia fazer a técnica ter reforço passivo (modo sábio 2º estágio) por 4 horas sem precisar parar, eu ainda tenho que fazer os dois enquanto parado na posição de lótus, mas parece que falta pouco para eu conseguir conectar com meu núcleo magico instantaneamente, minha manipulação elemental melhorou e Malcon finalmente me ensinou o truque de telecinese, que é somente encobrir o que você quer levantar com uma pequena camada de magia condensada.

As 18 horas paramos tudo para preparar a ceia que ia ser as 22, o Malcon ia preparar, eu só ajudar em algumas partes e entre elas eu assistia tv ou lia algo.

— Eles já devem estar chegando. – falou Malcon as 21h.

— Provavelmente. – falei.

Nós esperamos por eles assistindo um especial de natal que estava passando.

— Esqueci de perguntar ontem o porquê de ter 10 cristais no ritual, já que pelo que eu vi eu nem usei 1 deles completamente.

— O número de cristais que tem no ritual tem que ser um número forte magicamente, por isso tem que ser 3, 7 ou um múltiplo deles. Os cristais que ficam mais perto do centro do ritual são para puxar as impurezas da pessoa que está fazendo o ritual enquanto os mais distantes é para que as impurezas da magia ambiente que também é purificada não interfira com a purificação do bruxo realizando o ritual.

— Então esse ritual também purifica o ambiente? Pode ser usado dentro de uma construção para purificar ela? – perguntei pensando na casa de Sirius Black, que limpar ela de toda magia negra que tem nela seria muito bom para o dono.

— Precisa de uma oferenda muito maior e mudar um pouco como o ritual é feito, mas não é muito trabalhoso modificar um ritual tão simples como esse, embora o ritual vai drenar mais a pessoa pela maior área de efeito do ritual.

— Então se quisermos limpar a casa dos Black de magia negra precisaríamos do que?

— Depende se ela está em cima de uma linha ley, de quem está realizando o ritual, que se for um Black é mais fácil, se for o Chefe da casa Black será mais fácil ainda pois a magia da família iria ajudar a limpeza e depende de quantas pessoas tiverem fazendo o ritual. Ah, e também depende do quão poluído de magia negra o lugar está.

— Magia da família?

— É, depois de ...

A campainha soou.

— Parece que nossos convidados chegaram.

— Vamos recebe-los? – perguntei.

— Sim, você tem que se comportar e tratar eles bem.

— Desde que a garota não me irrite.

Malcon bufou.

— Você pode ter a mente de alguém com 18 anos, mas se comporta como um pirralho.

— Eu tenho 7 anos, eu me comporto como eu quiser.

Balançando a cabeça Malcon se levantou do sofá e foi abrir o portão e eu o segui.

No portão de nossa casa estavam 3 pessoas, um homem alto, cabelos castanhos e uma barbicha um tanto esquisita, esse era Manuel Pasquali, um português professor de Runas antigas, uma mulher um pouco mais baixa que o homem, cabelos negros e olhos verdes, a mulher de Manuel e uma garota de uns 8 anos, idêntica a mãe, que deveria ser a filha deles.

— Boa noite, sejam bem-vindos. – falou Malcon abrindo o portão.

— Muito obrigado pelo convite. – falou Manuel. – Essas são minha mulher Anicia e minha filha Marcia.

— Fico feliz em conhece-las. – respondeu Malcon. – Meu nome é Malcon Grant e esse é o meu filho Alex.

— Olá. – falei acenando.

— Que tal entrarmos? – perguntou Malcon.

— Sim, é claro.

Voltamos para dentro e nos sentamos na sala, Malcon e Manuel contaram a história de como eles se conheceram.

Malcon contou que quando ele se formou em Hogwarts ele sentiu que o que ele tinha aprendido ali não era o suficiente e então quis viajar pelo mundo para aprender mais magias, por querer fazer tudo por si mesmo ele trabalhou algum tempo na Floreios e Borrões para ganhar dinheiro e poder ler alguns livros menos conhecidos. Depois de juntar dinheiro suficiente ele saiu pelo mundo.

França foi o primeiro pais que ele foi, ele passou duas semanas em uma pousada com um bar, em um dia ele brigou com um cara no bar que estava dando problema para as garçonetes e o nocauteou, quando os aurores chegaram para averiguar o que tinha acontecido descobriram que era um fugitivo que tinha uma pequena recompensa.

Vendo que ele tinha ganhou a mesma quantia de dinheiro na recompensa e trabalhando durante 6 meses na livraria ele decidiu que iria tentar ser um caçador de recompensas quando precisasse de dinheiro.

Alguns anos depois, tendo já passado por vários países ele foi parar em Portugal para dar uma passada na escola Santo Antônio, uma escola dita ser uma das melhores em estudo de runas.

Algum tempo antes de Malcon chegar a Portugal, Manuel estava estudando runas em uma ruina na Espanha, por muito azar o grupo que Manuel estava foi atacado por alguns bruxos por esses acharem que a ruina tinha algo de valor, Manuel mesmo sendo um estudioso não descuidou de seu treinamento de combate e conseguiu fugir. Por estar assustado pelo ataque ele aparatou onde ele achou que era mais seguro ir: a escola Santo Antônio e assim encontrando Malcon.

Depois de levar o ferido Manuel para enfermaria da escola e de conversarem Malcon decidiu ajudar Manuel na vingança, chamando alguns contatos que Malcon conseguiu no tempo que passou como caçador de recompensas juntou um pequeno grupo para caçar os bruxos que por coincidência tinham recompensas.

E assim eles passaram alguns meses juntos e ficaram amigos até que Malcon viu que estava passando tempo demais sem aprender nada e se tocou que tinha que continuar a viagem.

Pouco depois de terminarem a história Tia Catherine chegou e todos nós fomos aproveitar a ceia. Os Pasquali tinha trazido duas garrafas de vinho e uma de suco de uva. Mesmo sendo um pouco antissocial eu tenho que admitir que a ceia foi bem divertida até que os adultos ficaram bêbados e eu e a Marcia ficamos de fora da ‘alegria’ deles.

— Quer sair daqui? – perguntei para ela.

Ela acenou com a cabeça.

Discretamente saímos da cozinha e fomos para a biblioteca no primeiro andar.

— E então... o que quer fazer? – perguntei.

— Não sei, o que tem para fazer?

— Estamos em uma biblioteca, então ler talvez? – brinquei.

A resposta dela foi me encarar.

— OK, entendi. O que você gostaria de fazer então?

— Não sei, assistir TV?

— Temos que passar pelos adultos para chegar na TV.

— Algum jogo?

— No armário embaixo da TV.

Ela voltou a me encarar.

— Podemos ver a minha pesquisa de runas se quiser?

— Você gosta de runas? – perguntou ela surpresa.

— Sim, desde que seu pai passou aqui da última vez eu me empolguei em runas, não vejo a hora de o Malcon me deixar encantar algo.

— Você sabe que isso tem que ser feito cuidadosamente certo?

— Sim eu sei, você sabe sobre o assunto?

— O meu avô é um encantador profissional e tem uma loja que vende o que ele faz. É uma coisa que corre pela família, minha mãe também gosta de criar objetos mágicos, ela disse que é uma das coisas que a fez se apaixonar pelo meu pai.

— Que legal! Então você já deve ter feito alguma coisa certo?

— Eles só me ensinam coisas básicas. – falou ela fazendo beiço. – Eles disseram que eu tenho que primeiro aprender a usar magia para depois aprender isso.

— Então você ainda não sabe usar magia?

Ela ficou ofendida com a questão.

— É claro que não, eu ainda não tenho 11 anos para ir para escola.

Pisquei sem entender por um momento, só depois eu me lembrei que eu era uma exceção à regra, que não era normal alguém ser treinado em magia antes dos 11 anos

Vendo que eu fiquei confuso por um tempo ela pareceu ficar curiosa.

— Você sabe usar magia? – perguntou ela se aproximando de mim.

— Ah... não? – respondi.

Ela mais uma vez me encarou, mas dessa vez com uma sobrancelha levantada.

Eu fiquei irritado.

“Maldita seja você e sua sobrancelha levantada que eu não sei fazer” gritei nos confins de minha mente.

— Me mostra. – ordenou ela.

Descemos para o térreo e fomos para o dojo sem os adultos nos verem, eu ainda estava proibido de usar fogo dentro de casa.

No dojo (que foi encantado por Malcon para nunca pegar fogo, e que se fogo pegar em qualquer objeto a magia do dojo vai apagar o fogo) eu demonstrei um pouco de magia elementar que eu aprendi com Malcon, nós conversamos sobre a magia elementar por um tempo, depois fomos para como eu aprendi a usar magia e dali para o meu treinamento, ficamos uma boa parte da noite conversando.

Chegou a uma hora em que os barulhos que os bêbados faziam parou, vendo isso como um aviso para voltar para casa, vendo os adultos quase caindo de bêbados na sala de jantar nós fomos para o primeiro andar.

Mostrei para ela onde o quarto de hospedes no qual ela ia ficar estava e fui para o meu quarto dormir.

No momento no qual eu botei minha cabeça no travesseiro eu notei que pela primeira vez nessa vida eu consegui manter uma boa conversa com alguém da minha idade sem pensar que a outra pessoa era um pirralho remelento.

Esse tinha sido um dia realmente bom.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eu ja tinha escrito esse capitulo faz tempo, e eu nao tinha me tocado que ele iria ser postado perto do natal



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Another Me" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.