Prologo.

Suspirei batendo palmas, eu realmente nunca gostei de canções de aniversário, além de elas não fazerem sentido nenhum para mim, a canção deixa o aniversariante sem nada o que fazer além de ficar parado recebendo a atenção de todos na sala.

O final da música veio e meus primos assopraram as velas que estavam em cima do bolo, outra tradição que eu não entendia, para que estragar o bolo com a saliva do aniversariante?

Suspirei de novo, geralmente eu não sou assim tão depressivo, mas as férias foram tão entediantes que o meu humor não poderia ficar mais baixo, primeiro foi o meu melhor amigo estar furioso comigo por sem querer apagar um jogo salvo dele, segundo foi que quase todos os meus amigos ou foram viajar ou estavam com namoradas.

Pelo menos eu tenho o delicioso brigadeiro de chocolate que só a minha vó sabe fazer, é um dos melhores que eu já comi, é a única coisa que me anima nessas festas, já que os adultos de um lado falam de coisas chatas e os meus primos e seus amigos do outro são pirralhos hiperativos que não sabem ficar quietos.

Eu realmente tenho que parar de suspirar e melhorar o meu humor.

O tempo foi passando em uma velocidade de lesma, sem nada para fazer, nada para ler, nada para passar o tempo e meu estomago estava começando a doer pela quantidade de chocolate que eu comi.

Fui para sala de estar onde a televisão estava ligada em uma partida de futebol, a partida era de dois times nacionais e teve alguns lances emocionantes, mas eu não consegui concentrar muito por minha dor de estomago aumentar.

Informei meus pais sobre a dor, minha tia que estava por perto deu um remédio para acidez, que eu tomei. Eu nunca fui alguém de tomar remédio para qualquer dor ou desconforto, mas dessa vez era demais.

Depois de tomar o remédio fui deitar em um quarto escuro para tentar acalmar o que estava acontecendo em meu corpo.

Mesmo com o remédio e a tentativa de descanso a minha dor não diminuiu, ao contrário ela aumentou.

Vendo como eu estava realmente mal, meu pais decidiram voltar para minha cidade natal e ver um médico.

Demorou uma hora de carro para voltar para casa por conta do transito e por ir devagar na estrada de barro para não piorar a minha condição.

Pegamos os meus documentos e fomos direto para o hospital da cidade onde uma médico (ginecologista) estava fazendo plantão, olhando para mim e ouvindo meus sintomas ele disse que era só uma virose enquanto minha mãe tentava convence-lo que era apendicite, fui colocado em uma maca para tomar soro na veia e mandado para casa.

Na mesma noite eu acordei tremendo, quente e com sede, na minha mente febril eu achei que se eu tomasse agua tudo o que eu estava sentindo iria passar, o único problema do meu plano é que eu não consegui abrir a porta que levava para cozinha por causa dos meus tremores.

Meus pais acordaram com o barulho que eu estava fazendo e me levaram para o hospital.

Vários exames foram feitos para descobrir que sim eu estava com apendicite e que era supurada (pense que o apêndice é um balão, enche-o até explodir, não preciso dizer com o que ele foi enchido né?).

Fui levado para a cirurgia, pedi para eles me apagarem pelo meu medo de sangue. Quando acordei eu já estava em um quarto e meu pai estava dormindo em uma cadeira por perto, fiquei contente pela cirurgia ter sido um sucesso e voltei a dormir.

Mais uma vez os dias foram passando lentamente, não tinha absolutamente nada para fazer no hospital, os parentes que visitavam só falavam com meus pais, meus amigos ainda estavam viajando, a única coisa que ajudava a passar o tempo era um mp3 que o meu melhor amigo me emprestou.

Minha condição foi piorando ao passar do tempo, minha imunidade ficou muito baixa, eu não conseguia comer nada sólido sem vomitar.

No sétimo dia depois da minha cirurgia eu refiz todos os exames.

No oitavo fui operado de novo.

No nono meu atestado de óbito foi escrito.