Like a back in black - Velhos companheiros escrita por Andrew Ferris


Capítulo 9
Identificando caminhos diferentes


Notas iniciais do capítulo

Dose dupla pra vocês!!!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/746717/chapter/9

— Escritório de investigação particular, boa noite - Declarou Fergus Goestenberg ao atender o telefone, coçando sua careca pontuada com fios grisalhos ao final da cabeça.
— Boa noite Fergus, é a Erika - Revelou a jovem camareira da clínica, o que faz o detetive ter um sobressalto na cadeira.
— Olá Erika, senhorita Lambert - Corrigiu o investigador um pouco sem jeito.
— Erika está bom - Esclareceu a jovem aos risos.
— Certo. Em que posso ajudá-la a essa hora?
— Uma amiga de um amigo sumiu repentinamente. Pode nos ajudar a encontrá-la?
— Depende, seu amigo consegue me pagar um valor interessante?
— Acho que sim, ele ganha razoavelmente em seu emprego - Respondeu Erika com modéstia, apesar dela não saber ao certo o nível de fama de Cornell.
— Então façamos o seguinte, farei um desconto por conta da nossa amizade e você começa a enrolar no telefone me contando o que sabe para que eu possa iniciar meu trabalho, que tal?
Chris anda de um lado para o outro, preocupando-se com o horário e com a estação que fica mais vazia a cada minuto, o que era bom pela necessidade de discrição, mas ruim por indicar que a estação fecharia a qualquer momento. E se a camareira não tivesse sequer entrado no trem? Onde estaria Amy àquela hora? Janin estaria chocado com o sumiço repentino dele e da inglesa? E o mais importante, será que Amy estava segura? Chris duvidava profundamente disso, mas preferia encarar os pisos azulados da estação para evitar pensamentos negativos. De ruim bastava a briga com Vicky e a péssima revelação de que a desconfiança a levara a traí-lo em um momento de fraqueza. Para Cornell era demais, mas ele pretendia aguentar firme. As boas memórias dos últimos, a descoberta de que Kurt estava vivo, tudo que passou com a amiga, essas coisas serviam como alicerce para impedi-lo de surtar de vez. As horas passam e Chris se encontra sentado de pernas abertas e braços cruzados em um banco da estação, cochilando devido à falta de descanso da noite anterior. Ele estava muito bem naquele banco, sonhando com mundos perfeitos onde ele não briga com Vicky e consegue continuar os belos dias com Amy. Apesar de tudo, da alegria e dos sorrisos, ele tem plena consciência da falsidade naquelas imagens, levando-o a um sofrimento desnecessário.
— Chris?
— Mais cinco minutos Amy - Pediu Cornell bocejando de cansaço.
— Chris - Repetiu a voz feminina, levando o cantor a despertar revoltado.
— Que foi? - Cornell dá de cara com Erika, que enrubesce um pouco por estar tão próxima dele, mas a situação se encerra tão logo Chris a cria, arrastando-se para o lado, permitindo que a jovem respire e tenha espaço de sobra - Me desculpe.
— Não dormiu direito - Afirmou a jovem como se aquilo já tivesse acontecido diversas vezes.
— Nem um pouco. Como sabe?
— Bem, talvez porque eu tenha o costume de reagir assim quando estou com sono e me acordem sem mais nem menos - Ela retira uma caixa da bolsa e a entrega para Chris, que segura o conteúdo sem entender nada.
— O que é isso?
— Meu pedido de desculpas pela demora. Imaginei que estivesse me esperando há muito tempo, então comprei um lanche simples. Fiquei com um e você pode comer o outro lá fora - A dupla caminha até o lado externo da estação, onde se sentam no banco de uma praça em frente à entrada e ela espera Chris provar o sanduíche com uma fome previsível.
— Isso está muito bom - Comentou Chris depois de três mordidas proveitosas.
— Achei que fosse gostar. No fim das contas, alguns de vocês não ficam frescurentos depois de atingir o topo do mundo.
— Topo? - Chris ri sarcasticamente antes de tomar um gole de refrigerante para recuperar o fôlego - Atualmente eatou bem perto do fundo do poço no fim do mundo - A jovem ri sem jeito, olhando de um lado para o outro procurando evitar o olhar do vocalista.
— Não foi o que quis dizer, queria dizer que você não parece um babaca. Parece um cara legal.
— Isso por que você achou um saco de cocaína no meu quarto - Recordou Cornell com nostalgia.
— Então todos que usam drogas não prestam? - Questionou a jovem com seriedade.
— É uma conclusão popular, mas vejo que posso facilmente te excluir dessa lista.
— Obrigada - Chris morde outro pedaço do sanduíche, aproveitando-se do fato de Erika evitar seu olhar para observar aquele belo rosto pardo preenchido com uma pinta no canto da boca, combinando em excesso com os cabelos escuros e pouco encaracolados da jovem, dando-lhe um caráter misterioso e simpático ao mesmo tempo, enquanto o sorriso trás um ar de bondade incomum a Cornell. Ele se demora em seus olhos quando percebe que ela estava reparando a cena toda.
— O que foi?
— Estava pensando.
— Acho que você e a garota se tornaram bons amigos desde que deixaram a clínica - Comentou Erika mudando de assunto sem mais nem menos.
— Não o suficiente, pois não sei se ela simplesmente foi embora por vontade própria ou se de fato alguém a levou - Declarou Cornell com um forte senso de preocupação.
— Então eu vim para acalmá-lo de certo modo. Meu amigo disse que Amy não foi levada à força, mas também não saiu por livre e espontânea vontade - Chris encara Erika confuso.
— Qual a lógica disso?
— A informação que ele possui é de que ela não saiu sozinha do hotel, mas parece não ter saído muito contente, já que os homens que a acompanharam estavam armados.
— Armados? Chama isso de calmaria?
— Eu disse que seria de certo modo - Lembrou Erika tentando se justificar - Ele acha que Amy será levada para uma clínica psiquiátrica, onde em teoria poderia sair apenas com permissão, mas parece que esses caras estão evitando chamar atenção.
— Foi o pai dela - Afirmou Chris deixando o refrigerante de lado - Tenho certeza.
— Não vamos tirar conclusões precipitadas.
— Eu vou tirar a Amy de lá nem que eu tenha de assumir o lugar dela.
— Se acalme - Gritou Erika com impaciência - Amy vai ficar bem. Se ela saiu daqui por bem pode se virar por enquanto. Meu amigo disse que ficará de olho e que qualquer vai me telefonar.
— O que faço enquanto isso?
— Não sei, tente pensar em qualquer merda que não seja ela - Chris pensa angustiado, esfregando o rosto e os cabelos como se custasse a pensar, então uma ideia lhe vêm à tona com tudo. Depois de largar o sanduíche em cima do banco, Cornell pega seu telefone e digita alguns números.
— Alô? Com quem falo? Sim, sou eu, o Chris. Queria saber se a Vicky passou aí ou disse se passaria - Os dois escutam constrangidos a quantidade de palavreados soltos no telefone, até a linha ficar muda e Chris simplesmente aproximar-se do vocal e responder - Obrigado.
— O que foi isso? - Perguntou a jovem admirada com a conversa cheia de extremos completamente opostos.
— Sogro, possivelmente ou futuramente ex-sogro. Disse que está cansado do meu comportamento infantil e que Vicky não está indo pra lá, o que significa que ela vai levar as crianças para algum lugar longe da família - Ele se levanta do bando tentando controlar o impulso de bater em qualquer coisa à sua frente quando lembra de que não se encontrava sozinho naquela praça.
— Sinto muito Erika, não queria enche-la com meus problemas pessoais.
— Tudo bem, é bom conhecer alguém que vive de verdade, ao contrário de mim. Sabe, eu meio que moro naquela clínica.
— Eu percebi naquele dia - Afirmou Cornell se recordando da jovem de pijama com uma expressão sonolenta e incrédula - Mas ainda não entendi por que me deixou sair dali com Amy.
— Ela iria encontrar uma forma de fugir de um jeito ou de outro - Observou Erika com uma expressão de obviedade - E ela encontrou. Você.
— Por que eu?
— Por que você se sentiu atraído pelo que ela é, por conta de compartilharem das mesmas dores, causadas por diferentes obstáculos.
— Não sabia que você prestava tanta atenção em mim.
— Só quando quero - Ela pensa em guardar a frase seguinte para si, mas não consegue conter o impulso - E normalmente eu sempre quero.
— Achei que não gostasse das minhas músicas - Afirmou Cornell recordando-se dos dias na clínica.
— Não conhecia, mas uma noite resolvi dar uma chance ao seu trabalho.
— E o que achou?
— Acho que você exprime muito bem como eu me sinto a maior parte do tempo. Sozinha, como se cada passo fosse em vão ou em direção a um vácuo contínuo, um vazio sem fim. A solidão que você coloca nas letras me abala roda vez que escuto, principalmente em I'm the highway e em Shadow on the sun. Outras que você tem com o Soundgarden também me tocam, mas é difícil pra mim engolir o som.
— Eu te entendo - Comentou Cornell terminando seu sanduíche - Também tinha dificuldade de escutar bandas punk.
— Mas ainda assim, eu diria que seu trabalho fez eu me aproximar da pessoa por trás de você.
— Por isso disse que minha doença está além do pó?
— Também, mas antes de te conhecer eu imaginava as coisas que você devia fazer e sabia que você estava além de tudo isso. Você é mais do que isso, e minha teoria se comprovou quando ouvi suas músicas.
— Fico agradecido.
— Então, já que sua mulher meio ex não está na casa dos parentes, não temos nada relevante sobre a localização de Amy e a estação está fechada. O que sugere que façamos?
Em seu escritório, Fergus sorri com esperteza ao relacionar em um quadro como poderia lucrar livremente com pequenas palavras amargas espalhadas pelos recentes clientes adquiridos. Ele pega a lista de chamada e telefona para Mitchell Winehouse, que devia ter acabado de chegar do trabalho de acordo com sua agenda.
— Goestenberg? Novidades? Aconteceu alguma coisa?
— Acho que ajudaram sua filha a escapar dos seus seguranças particulares - Exprimiu Fergus com uma lábia acima de qualquer suspeita.
— Isso não é possível, ela é uma garota burra e sozinha, como pode ter recebido ajuda?
— Se ela não saiu sozinha da clínica, uma amizade poderia ter vindo a calhar em um momento delicado como esse.
— Entendo. Obrigado por ligar Goestenberg, você fez mais do que devia. Se quiser, posso lhe pagar a mais para me informar quando obtiver mais novidades dessa natureza.
— Sem dúvidas senhor, será um prazer estreitarmos essa relação - Declarou Fergus com um sorriso vitorioso.
— Ligarei para aqueles incompetentes e vou tirar essa história a limpo.
— Senhor Winehouse, não seria mais seguro para o senhor se eu cuidasse dessa situação pessoalmente?
— Sem dúvidas - Mitchel separa alguns documentos para passar as informações corretas - Como não posso desperdiçar meu tempo indo para a América, você será meus olhos por essa bandas. Garanta que Amy seja internada e não saia mais até eu conseguir pisar nesse país, entendeu?
— Plenamente, senhor Winehouse.
— Excelente. Bom poder trabalhar com um sujeito confiável. Anote os dados.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Like a back in black - Velhos companheiros" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.