Like a back in black - Velhos companheiros escrita por Andrew Ferris


Capítulo 5
Aspirando uma noite tranquila


Notas iniciais do capítulo

Perdoe-me a demora, e aqui esta!!!



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Amy e Chris partem da casa de Tom no final da noite, arrumando mais alguns mantimentos pra viagem. Se pretendiam ser discretos andando juntos, além de viajar somente bem tarde ou bem cedo, os dois precisavam evitar se parecer com quem eles de fato eram, então Amy abriu mão dos vestidos para usar camisa social e calças largas - Ambos de Tom - enquanto Chris se veste com roupas extremamente apertadas com listras ou que fediam demais - Evidentemente pertencentes a Kurt - E assim a dupla segue sua viagem rumo a Nova Orleans, onde Dave Grohl fora passar uma temporada antes de gravar o próximo trabalho. Chris e Amy passam a noite agarrados, por mais que seus motivos fossem bem particulares. Chris sentia um senso de proteção assumir seu ser em relação à garota conforme os dias passam, enquanto Amy simplesmente queria esquecer por algum tempo que tinha namorado. Quando chegam no ponto final do trajeto do ônibus, os dois cobrem os rostos com seus capuzes e saem sem prestar atenção no motorista, que mantém o olhar atento nos dois. Amy puxa Chris carinhosamente para fora do veículo e juntos encontram um hotel para passar a noite. Um lugar escuro cuja placa apagada devia estar sem manutenção há algum tempo.
— Acho que aqui está bom - Afirmou Chris tomando a frente e assim se desvencilhando das mãos da jovem, que o observe entrar no hotel, segurando sua decepção com a reação do americano. No interior do hotel, Chris conversa com a dona do estabelecimento enquanto a inglesa caminha pelos estreitos corredores, observando as inúmeras fotos penduradas em um mural. Tempos distantes em que a senhora que os atende e outros idosos que cuidam do lugar eram jovens, abraçados à frente do lugar com sorriso otimistas ou esbanjando o movimento intenso do hotel. Chris repara a jovem observando o mural e se aproxima curioso, mostrando a chave do quarto.
— Infelizmente saí com pouco dinheiro da clínica, então consegui pagar apenas um quarto - Explicou Chris decepcionado consigo mesmo - Mas também, quem poderia dizer que eu sairia dali para procurar encrenca paí afora com uma completa desconhecida?
— Se eu fosse uma completa desconhecida, você não teria saído para procurar encrenca país afora - Ela evita o olhar de Chris antes de mudar de assunto - Como vai fazer para não ter de dormir com uma completa estranha? - A dupla entra no quarto trinta e nove, onde há um pequeno letreiro escrito "love" em letras roxas. Chris pega um cobertor em cima da cama e o coloca no chão sem olhar diretamente para a jovem.
— Simples - Comentou o americano com ironia, deitando-se no chão em cima de um imenso tapete e se cobrindo sem demora.
— Tem bastante espaço na cama - Provocou Amy se jogando sobre o colchão macio - Lençóis lavados hoje cedo.
— Fale sobre qualquer outra coisa ou fique quieta - Pediu Cornell virando-se para a parede.
— Ficou irritado? Enfim, acho que esse lugar deve ter uma história bacana. Se ficássemos por mais tempo poderíamos ouvir as histórias dessa gente.
— Não seria uma má ideia, mas não se esqueça que provavelmente estão te caçando.
— Tem esse detalhe. Meu pai deve ter pirado de vez - Imaginar a situação leva a garota ao riso em poucos instantes - Ainda mais depois de você trancar a enfermeira particular dele no meu quarto. Quem diria que Chris Cornell seria tão ousado?
— Quem me conhece.
— Seja menos antipático Chris. Não parece o mesmo cara descontraído na garagem cercado por amigos. Quer dizer, sei que ter reencontrado Kurt deve ter sido um choque e tanto, mas até você está exagerando. Tom parece ter se acostumado.
— Houve uma razão para eu ter ido para aquela clínica. Queria escrever um novo álbum, mas tudo que tenho são frases soltas e uma inglesa pegando no meu pé há uma semana - Reclamou Cornell encarando a jovem.
— Se não queria ter saído da clínica, por que saiu? - Chris não responde, preferindo cobrir o rosto a continuar a conversa, o que leva Amy a cobrir-se com o lençol sobre a cama e virar-se para o outro lado curiosa. Havia mais naquele comportamento do que ela imaginava, e cedo ou tarde Chris teria de revelar-se. A noite passa e perto dali corujas acompanham a lenta passagem da lua. Chris continua acordado, em partes por conta das questões que perturbam sua mente, mas em grande maioria graças ao chão duro e ao tapete tão duro quanto o piso. Convencido de que jamais conseguiria dormir, Chris veste uma blusa, se retira evitando qualquer tipo de som, então passeia pelos corredores do hotel. No andar térreo, o casal de donos do lugar, a recepcionista e o idoso que Cornell viu em fotos do mural na parede assistem a uma televisão abraçados, embora Chris pense que estejam dormindo há um bom tempo. Ele continua caminhando pelo lugar quando pensa ter escutado a si mesmo em algum dos quartos. Ele se dirige ao fundo do térreo e se depara com uma luz dr abajur acesa, uma porta entreaberta e um jovem de cabelos arrepiados como os seus outrora haviam sido, então percebe que o garoto ouve música sentado em sua cama com um potente fone de ouvido. A coincidência não era em vão, pois o garoto escutava Black Hole Sun, o maior sucesso de Chris com os Soundgarden. Cornell cobre a cabeça com a touca da blusa e senta-se no chão, acompanhando de ouvido a suave voz do menino cantando a música. Por impulso involuntário, quando percebe, Chris está cantando baixo junto à música.
— Black Hole Sun, Black Hole Sun, won't you come? Won't you come? - O vocalista olha a paisagem pela janela sem se levantar, observando uma coruja apoiada em um galho enquanto observa estática a bela lua cheia que se revela no céu nublado. Depois de pensar um pouco, Chris segue pelo corredor até encontrar um violão abandonado em cima de um sofá. Ele acende uma luz e observa o violão apreensivo e tentado a tocá-lo. Seus olhos correm pelo ambiente parando em um relógio de parede, onde marca dez para uma. Tarde. A menos que ele fechasse a porta que separa o quarto do restante do andar. Ao longo das paredes, fotos de diversos cantores famosos, bandas em seu alge e porções de CDs sobre mesas velhas onde, na falta de um pé, havia uma pilha de livros mantendo o móvel fixo no chão. Chris se senta no sofá velho, afina o instrumento de cordas, puxando suavemente cada uma delas antes de tocar algumas notas aleatórias. Ele cantarola como se fosse uma coruja, pensando na imagem que tinha visto, o que lhe mostra uma ideia em potencial. Trocando acordes com uma destreza impecável e acompanhando com frases sussurradas, Cornell começa a imaginar uma canção em sua mente.
— E a chuva cai, sem qualquer rota a mais. Você se pergunta se haverá uma rota, uma coruja olhando para a lua - De repente, a porta do quarto se abre e Chris para de tocar, surpreendido pela expressão surtada do jovem que antes escutava música em seus fones de ouvido.
— Eu sabia que tinha escutado uma voz familiar, mas isso - O jovem contém os impulsos, com os olhos arregalafos lacrimegando ao ver seu ídolo perante ele - Chris Cornell.
— Olá - Chris solta o violão ruborizado, então se levanta do sofá meio sem jeito - Sinto muito ter pego seu... quer dizer, o violão é seu?
— Sim é, mas pode pegar à vontade - O jovem começa a se aproximar do vocalista, revelando uma caneta em seus bolsos - Pode me dar um autógrafo? - Sem ideia do que fazer, Chris assina uma folha, que entrega ao jovem sem demora - Me chamo Janin Hontown.
— Prazer Janin.
— É impressão minha, ou você estava criando uma música?
— Estava criando algo, mas não sei se era uma música - Confessou Cornell um pouco confuso.
— Eu queria ser bom como você, mas não levo jeito para o violão - Declarou Janin coçando a cabeça com vergonha.
— Já tentou outro instrumento? - Perguntou Cornell interessado em ajudar o jovem.
— Já pensei em teclado, mas não tenho certeza.
— Só terá certeza se tentar. Tenho uma amiga que gostaria de saber disso - Comentou Cornell pensando com mais veemência em Amy do que gostaria de admitir.
— O que faz aqui? Soube que tinha sido internado.
— Eu me internei, que papo é esse de que fui internado?
— É o que saiu nos jornais - Hontowm mostra um jornal largado atrás de uma mesa, o que deixa Chris um pouco irritado.
— Mentirosos desgraçados. Estão dizendo que sofro de estresse pós-traumático? Eu nem sofri trauma pra começo de conversa.
— Você fugiu da clínica?
— Se eu me internei, como posso ter fugido? - Retrucou Chris incrédulo, sentando-se no chão conpletamente revoltado.
— Dizem que sequestraram uma paciente daquela clínica.
— Claro que dizem - Tentando esquecer daquele assunto, Chris tenta mudar de assunto - Você mora aqui?
— Não, vim visitar os donos do hotel, são meus avós - Explicou Janin tornando a coçar a cabeça.
— Vai ficar em pé mesmo?
— Posso?
— O hotel não é meu mas eu não pedi para sentar no chão - Rindo de nervosismo, Hontown se senta ao lado de Chris, olhando para o vocalista e tentando disfarçar em seguida. Cornell retira do bolso sua caderneta de anotações, verificando o que havia escrito antes de iniciar novas anotações.
— Está trabalhando em outro álbum?
— Essa é a ideia, mas está longe de se tornar verdade - Afirmou Chris olhando para as pilhas de discos ao seu redor - O que você costuma ouvir?
— Gosto bastante de Collective soul, Beatles, Queens of Stone age, Amy Winehouse - Chris revira os olhos, Hontown mal poderia imaginar que a britânica estava em um dos quartos de cima.
— Pelo que entendi, você gosta bastante de bandas britânicas.
— Tem um monte, mas gosto de muita coisa daqui também, como Mother Love Bone e Temple of the dog. Amo todos os seus projetos, principalmente o Audioslave - Por essa Chris não esperava - Sempre me perguntei qual sua música favorita com essa banda.
— Eu não tenho música favorita. Tem algumas que eu gosto menos, mas eu amo a maioria.
— Sério? Eu amo Show me how you live.
— Eu também amo Show me how you live - Comentou Cornell sorrindo para Janin.
— Eu não - Hontown vira o rosto, sem terminar o que iria falar.
— O que foi? Vamos, pode dizer.
— Não sei se é uma boa ideia - Declarou o jovem deixando o celular de canto.
— Só terá certeza se tentar - Voltou a dizer Cornell jogando uma mecha de cabelo para trás.
— Poderia fazer uma performance aqui? Se não for pedir demais - Chris se levanta e senta no sofá, lembrando das notas de algumas músicas - Você vai tocar? Sério?
— Claro - Janin fica boquiaberto, respirando fundo antes de se sentar na frente do sofá. Chris puxa algumas cordas antes de parar sem perder o ritmo - Agora é a bateria - O garoto ri antes de Chris voltar a tocar, então acompanha a cantoria deslumbrante do vocalista, que canta "Show me how you live" e "Like a stone" do Audioslave, então pensa em algumas ideias do Soundgarden, como "Black Hole Sun" e "Burden in my hands". Quando está terminando a última música, Amy puxa um pouco a porta, escutando as doces palavras do amigo com profunda apreciação, então se escora na porta, observando a janela onde agora há apenas os galhos de uma árvore e o brilho da lua por trás das nuvens.
— Genial, mas posso te pedir uma última coisa? - Perguntou Janin sem fôlego, cheio de lágrimas nos olhos.
— Claro que pode.
— Pode tocar Back to black, da Amy? Quer dizer, você conhece?
— Nunca ouvi, mas quando ouvir eu te falo - Chris solta o violão no sofá enquanto Hontown se segura para não abraçar Cornell, puxando a porta de correr quando sente um forte cheiro de cigarro e de repente um corpo cai aobre seus pés. Assustada, Amy se levanta recomposta quando se vê mirada pelo olhar estupefato do jovem Janin, que olha de Chris para Amy como se sua noite não pudesse ser melhor.


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Notas finais do capítulo

Janin é um bom menino, mas afinal de contas, o que será que Chris tem?



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