Like a back in black - Velhos companheiros escrita por Andrew Ferris


Capítulo 4
Velho grupo, novas visões


Notas iniciais do capítulo

Como prometido,eis aqui mais um capítulo pra vocês!!! Espero que gostem!!!



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Depois de todo o alvoroço inicial, Chris está sentado em um sofá da garagem de Tom, com Amy deitada ao seu lado. Tom o encara sentado no braço da poltrona à frente do sofá, o trio ao redor de diversas guitarras e instrumentos de sopro.
— Já teve tempo pra assimilar - Declarou Kurt entrando impaciente na garagem, vestindo um pijama rosa listrado e uma touca com formato de unicórnio - Não sabia que existiam coisas assim hoje em dia.
— Cala a boca, Kurt - Implorou Cornell irritado - Eu ainda não entendi merda nenhuma e não vou assimilar merda alguma.
— Vou explicar depois que sua amiga sexy acordar - Exclamou Kurt enchendo a boca com chicletes de vários sabores.
— Não enche. Você já a estressou o bastante por um dia.
— Sexy e selvagem - Completou Cobain ignorando o tom de censura do amigo - Eu não tenho culpa dela ter surtado. Se eu estivesse errado, quem estaria deitado sob efeito de calmante seria eu e não ela.
— Eu não consigo nem tocar em você - Confessou Chris com a cabeça abaixada.
— Tudo isso por ter visto o braço fantasma da América? Andei potente apesar de estar envelhecendo.
— Pare de se gabar - Pediu Tom inconformado - Até minha vó tem um braço maior que o seu - Kurt morre de rir enquanto Chris continua mais apreensivo a cada instante. Se contorcendo no sofá, Amy boceja e abre os olhos aos poucos, sem tirar os olhos de Cornell.
— Eu tive um sonho estranho - Chris olha de Tom para Kurt - Sonhei que estávamos na casa do seu amigo e Kurt Cobain apareceu vivo do nada, e ainda ficou pelado na sala dele. Curioso como parecia - Ela levanta a cabeça e encontra Kurt atrás de Chris, o que a leva a surtar - REAL.
— Se acalma gatinha - Pediu Cobain erguendo um copo com chá gelado - Senta aí e vamos conversar como pessoas civilizadas que somos.
— Alguém faz esse babaca calar a boca senão eu vou calar.
— Vem aqui que ambos podemos nos calar - Amy perde a paciência e, puxando as almofadas do sofá, joga uma a uma em Kurt, que apenas desvia e sorri em tom de deboche enquanto Chris tenta segurá-la no sofá - Você está quase derrubando meu chá, vadia cega.
— Kurt, já chega - Repetiu Tom impaciente - Amy, você também - Infelizmente a discussão continuou, então ele teve uma ideia. Com os três imersos na briga, Tom conectou uma de suas guitarras no amplificador, colocou ambos no volume máximo e soltou um acorde aleatório que assustou seus visitantes. Kurt pulou do chão igual a um macaco e, largando o chá e a embalagem de chicletes, caiu no chão com as mãos no peito. Amy escorregou do sofá e caiu no chão e Chris apenas sorriu disfarçadamente e moveu os lábios sem dizer nada que pudesse ser escutado, mas Tom consegue ler seus lábios sem dificuldades.
— Obrigado - Quando os quatro estão de volta ao seu estado normal, Kurt no sofá sem provocar ninguém, comendo salgadinhos com molho, Tom observando sua fome incessante, Chris analisando a bela garagem modificada de Tom e Amy olhando de um para o outro como se pensasse o que poderia fazer para escapar daquela situação complicada.
— Vai explicar pra eles como eu "voltei dos mortos"? - Perguntou Kurt com a boca cheia de salgadinhos.
— Você já explicou - Respondeu Tom dando de braços.
— Mas não contou exatamente o que EU fiz - Tom balança a cabeça aceitando o argumento, então se dirigiu à Amy e Chris.
— Nosso amigo aqui passou os primeiros anos após o suicídio em pequenos vilarejos da Europa, tanto que surgiram matérias na época de pessoas que juravam ter visto Kurt Cobain. A moda era acusá-lo de ter forjado o próprio suicídio. Outros diziam que o fantasma do Grunge queria conhecer o mundo.
— Essa última parte é meia verdade - Brincou Cobain jogando um salgadinho na boca.
— E eu o defendi. Disse que todos estávamos muito surpresos e afetados de diferentes modos pela morte dele - Lembrou Chris com indignação.
— Ele preferiu passar esse tempo em lugares longínquos onde seria mais difícil alguém reconhecê-lo para depois voltar a frequentar lugares aleatórios pelo mundo. Inclusive chegou a lançar alguns EP's de pouco sucesso, cada um em um país diferente.
— Acredita que bateram em mim me acusando de plagiador de Kurt Cobain? - Revelou Kurt revoltado - Tudo bem que eu estava com uma puta barba e algumas roupas escocesas ridículas, mas ne acusar de plágio é ridículo.
— Por fim ele soube da nossa parceria e ouviu os álbuns do Audioslave.
— Sinceramente, foi a melhor merda que qualquer um de vocês fez depois que eu morri. "Morri" - Ele riu como se assistisse um filme de comédia.
— A melhor coisa que fizemos foi não ter te homenageado em algum álbum - Declarou Chris com um senso de revolta evidente - Eu cheguei a conversar com seus antigos parceiros, chegamos a montar um material, mas nada saiu do papel depois que uma ex sua veio reclamar. Disse que queríamos crescer às suas custas.
— E pensar que por causa dessa vagabunda o Foo Fighters existe - Observou Cobain pensativo - Que mundo engraçado.
— Depois que ela veio até nós eu me perguntei o que você teria achado daquele álbum - Confessou Cornell jogando uma mecha de cabelo para trás.
— Só por curiosidade, qual teria sido o nome da banda? - Rescue Kurt in the C.D.?
— Seria o nome do álbum - Brincou Chris, levando todos a rir entusiasmados, menos Amy, que se sentia um pouco deslocada.
— Isso me lembra os velhos tempos - Declarou Tom com um tom nostaugico - Deveríamos fazer como antes, sair para beber e zoar com a galera. Brincar de estrelas do rock na garagem dos pais e paparicar as garotas dos bares para velhos.
— Vocês são estranhos - Afirmou Amy tentando entrar na conversa.
— Você que não é da geração pura - Esclareceu Cobain agindo feito bêbado.
— Podemos aproveitar que estamos aqui e brincar um pouco - Sugeriu Tom mostrando a garagem - Agora eu sou o pai com a garagem.
— Eu fico com a guitarra - Gritou Kurt igual a uma criança.
— Você? A guitarra é minha, senhor Cobain - Lembrou Tom tomando o instrumento das mãos do amigo.
— Eu fico com a guitarra solo.
— Eu nunca pensei que viveria para ver Kurt Cobain dizer que quer uma segunda guitarra - Falou Amy arrastando o sofá para a frente do palco improvisado da garagem.
— Essa garota é genial - Afirmou Tom ajustando a afinação das cordas.
— Então eu fico com o baixo, seus porras - Kurt puxa um baixo branco para si e o conecta em um segundo amplificador - Agora falta um baterista. Vamos ligar pro Dave, ele vai ter um treco quando escutar a minha voz - Afirmou Cobain rindo com diversão. Ele toca uma nota no baixo, então aumenta o volume do instrumento para se igualar à guitarra de Tom.
— Baixo alto? - Questionou Chris com um sorriso desconfiado.
— Eu sou Kurt Cobain, meu instrumento não pode ficar abaixo do de vocês. E você fica quieto que com três álbuns eu fui convidado para ser modelo de revista pornô.
— Eles te chamaram confundindo seu braço com as baquetas do Dave? - Retrucou Chris em tom de desafio.
— Não me compara com um baterista. Todos eles tem dois braços, isso é injusto.
— Bateristas são como aquelas criaturas mitológicas de vários braços - Declarou Tom apontando para um retrato de um deus indiano em uma das paredes da garagem.
— Hecatonquiros - Afirmou Amy com esperteza - Meu namorado que gosta de estudar essas coisas.
— Certo, já temos um tema para a música e dois instrumentistas de qualidade, falta um baterista.
— E eu fico sobrando? - Perguntou Chris colocando uma faixa preta que cobre metade de seu cabelo.
— Falava de você mesmo, todo mundo sabe que Tom é aspirante - Chris sobe no palco e analisa a bateria de Tom.
— Onde estão as baquetas?
— Abaixo do Surdo - Avisou Tom apontando para o tambor extra atrás da bateria. Chris pega um par de baquetas e se senta no banco do instrumento.
— Vamos ver se ainda lembro de alguma coisa.
— Nem precisa. Todos conhecem o Iron Maiden - Lembrou Kurt puxando uma corda do baixo - Já começei - Tom solta uma série de soms destrinchados que deixa Kurt com uma expressão confusa - Que porra foi essa?
— Eu faço essas coisas nas minhas outras bandas.
— Essa banda parece sua?
— Na verdade todos vocês tem perfil de cabeças de banda - Constatou Amy sentando-se no sofá.
— O que pensa que está fazendo?
— Sentando?
— Está numa garagem cheia de instrumentos e vai ficar olhando? Você deve saber tocar alguma coisa.
— Um pouco de teclado.
— Não sei como encaixar isso, mas já é um começo - Amy sobe no palco e liga o teclado, esticando os dedos antes de verificar o microfone à sua frente.
— Vamos ver o que sai dessa bagunça. Pelo menos encontrei um nome pra banda - Afirmou Kurt arqueando as sobrancelhas.
— Qual?
— Tom e os três vocalistas - Sem demora, Kurt solta uma nota no baixo e Tom solta seu acompanhamento na guitarra. Amy solta algumas notas no teclado, os três caras se entreolham, então uma cacofonia de rock se instala na garagem.
— Melhor que isso, só Chris poderia fazer, sozinho ou em conjunto, esse cara sabe como te satisfazer - Cantou Kurt com uma seriedade assustadora - Na bateria, não seria diferente, já sei como esse cara conseguiu trabalhar com tanta gente. Quantos braços, esse cara é indecente, parece meu maninho do Nirvana, que era nada inteligente. Soube que os dois quase lançaram um álbum, seriam os dois sozinhos se passando por uma banda? Chamariam Eddiezinho para um dueto ou fariam uma transa egoísta? Não aprendem comigo, o rei do compartilhamento. Meus amigos são geniais, travam uma dúzia de titanomaquias, são hecatonquiros em decadência, em breve pré-Afrodite indecente - Ele pausa sem mais nada a dizer - Amy e Chris, passo a bola pra vocês - Tom diminui o ritmo da guitarra enquanto Kurt toca dezenas de vezes em seu baixo antes do protagonismo passar para a inglesa e seu teclado, que soltam leves notas em melodia com sua voz.
— Hecatonquiros são homens brutais, eu diria que Kurt é muito mais. Eu disse várias vezes que homens não prestam e ele seria um motivo para eu virar lésbica mesmo - Tom dá uma risada abafada pela banda, então se concentra novamente e volta a tocar - Tom e Chris são músicos em potencial, além de caras incríveis que me abrigaram nesse estado pouco natural. Estou deixando esse velhinho rebelde de um jeito sem igual. Queria poder dizer que está sendo ruim passar tanto tempo com Chris, mas ele me convenceu mesmo sendo um chato de se ler - Chris sorri sem graça enquanto se concentra na bateria, abaixando a batida antes de começar a cantar.
— Me senti perdido, em um buraco escondido, pensei estar morto quando reencontrei meu amigo perdido. Meu mundo virou do avesso e continuo sem palavras, mas Amy as encontra sem dificuldade, hecatonquiro é um ser brutal que me afeta todos os dias, sou eu injetando coca e largando a seringa na pia - Após alguns compassos, Kurt grita bem alto e tenta solar no baixo, seguido por Tom, que mantém um ritmo calmo antes de colocar diversas notas em seu solo. Chris inventa qualquer coisa pouco estudada e Amy completa com algumas notas distanciadas antes da música ser encerrada.
— Meu braço arrepiou - Revelou Kurt entusiasmado - Realmente me lembrou dos velhos tempos.
— Meus braços doem - Exclamou Chris esticando o corpo ao sair da bateria.
— Sabem, isso me deu vontade de rever os outros. Eddie, Dave, preciso rever todo mundo.
— Nem fodendo, Kurt - Ordenou Tom largando a guitarra em cima do amplificador - Você veio até mim e isso é uma coisa. Chegar neles e dizer que está vivo não será a mesma coisa.
— Para de encher meu saco. Você nem faz parte da velha guarda - Reclamou Cobain guardando o baixo onde havia encontrado.
— Eu concordo com Tom - Afirmou Chris se aproximando da dupla - Se você se arriscar assim, todos vão saber que você está vivo e a mídia vai pirar.
— Eu não quero a mídia no meu pé, só quero rever meus amigos - Declarou Kurt demonstrando seu lado mais sentimental.
— E se vocês se reencontrassem em um lugar menos urbano, como uma floresta ou uma fazenda? - Sugeriu Amy se solidarizando com a causa.
— Sabia que essa vadia era mais esperta que o normal.
— Como é? - Amy desfere um tapa na face de Cobain, que fica com o rosto marcado enquanto Chris a segura longe do vocalista.
— Acho que Dave vai ficar um pouco puto - Comentou Tom com ar pensativo.
— Então eu fico aqui até vocês conseguirem arrumar o encontro.
— Eu não posso simplesmente fazer isso. Se eu saio de casa para ver Chris vai sair uma matéria perguntando se o retorno do Audioslave está próximo. Imagina se sairmos juntos com frequência?
— Eu e ele iremos - Afirmou Amy tomando a frente do grupo - Se sairmos bem cedo ou bem tarde, com poucas pessoas na rua, quase não chamaremos atenção.
— Então está decidido. Chris e Amy irão conversar com Dave.
— Quando o encontrarem, digam que eu esperava mais dele - Pediu Kurt em tom de desafio.


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Notas finais do capítulo

Kurt ficou com uns parafusos a menos, ou será que sempre foi assim? Como será a recepção de Dave à notícia sobre seu amigo?



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