Zohar escrita por AnneFanfic


Capítulo 27
Fazendo uma escolha




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Quando (quase) tarde demais, a decisão foi tomada.

 

 

Taehyung ajeitou um pouco a bagunça que tinha se formado em cima da pia do banheiro e assim que julgou que tudo estava no seu devido lugar, se olhou no espelho e terminou de ajeitar o cabelo. O creme que tinha passado no rosto já tinha sido absorvido pela pele e notando esse fato ele se aproximou do espelho mais uma vez para se certificar de que não tinha nenhuma espinha querendo aparecer ali. Em seguida ele olhou o relógio de relance e ao dar-se conta de que a reunião que iria acontecer na sala estava quase começando, apagou a luz e saiu dali rapidamente.

Ele foi um dos últimos a chegar, mas como o manager não estava ali ainda ele relaxou e decidiu sentar-se no chão, ao lado de Jimin.

—Convenhamos que... eu tenho os melhores conselhos. Sempre.- disse Jin, desembrulhando uma bala e jogando-a para dentro da boca. —Eu sou o mais velho. Minha sabedoria é mais elevada.- ele se levantou para jogar o embrulho no lixo e voltou para o seu lugar no sofá.

Taehyung riu com aquilo, ainda meio perdido no contexto da conversa, mas olhando para o pessoal que estava ali viu Yoongi erguer os olhos do celular e olhar para Jin por alguns segundos, voltando a olhar para o celular logo em seguida.

—Olha, você sabe que...- Jungkook fez um movimento com a cabeça. —Não. Dessa vez eu não vou perder meu tempo com isso. Eu vou tomar um copo d’água que eu ganho mais.

—Pega pra mim também.- Taehyung pediu, erguendo a mão para chamar a atenção dele.

Ele seguiu JK com o olhar, enquanto ele desaparecia pela porta, e por essa mesma porta ele viu Hoseok entrar, com cara de apavorado.

—Gente, gente, gente.- ele chamou a atenção de todos, parado no meio da sala com as mãos erguidas pra frente. —Vocês já olharam o calendário?

Taehyung negou com um aceno de cabeça e olhou em volta para ver a reação dos que estavam ali presentes.

—É aniversário de alguém?- Yoongi perguntou, olhando em volta.

—Não!- Hoseok fez uma cara de descontentamento. —Não é isso. Gente, faltam exatos treze dias pra Billboard!- e dito isso ele olhou para cada um para ver a reação deles e ficou satisfeito com a cara de surpresa que todos fizeram. Em seguida foi até o sofá e se jogou no lugar que antes estava ocupado por JK. —Meu coração já tá’ começando a bater em ritmo acelerado.

—Treze dias pra gente ver de perto nossos cantores favoritos!- Taehyung se animou. —Não vejo a hora de esse dia chegar!- ele tirou o celular do bolso da calça e verificou o calendário por conta própria.

—Então isso significa que temos exatos treze dias pra aperfeiçoar nosso inglês?- Yoongi olhou para o rosto de cada um ali, e como se o pensamento de todos tivesse se cruzado, todos olharam para Namjoon.

Ele ergueu os olhos da tela do celular ao perceber que vários pares de olhos estavam sobre ele, e olhou para todos os rostos ali presentes. Em seguida deu um sorriso de canto e voltou a olhar para o celular.

—Eu não me comprometo a nada. 

—A gente já sabe que você é o líder e nosso porta-voz em assuntos internacionais...- Hoseok disse, fazendo Jimin rir. —...Mas que tal umas aulinhas básicas? How much is this? Please? Thank you?

Namjoon balançou a cabeça mais uma vez, achando graça, e logo se pronunciou:

—Ok.- ele largou o celular no sofá e cruzo as pernas. —Começando agora, peguem os seus celulares e procurem aí: duolingo.

Duolingo?- JK apareceu na porta da sala. —Não, não. Eu indico Babel pra vocês.- e caminhou até Taehyung, entregando uma garrafinha de água.

—Valeu.- Taehyung agradeceu abrindo o sorriso, mas JK se sentou ao lado dele e no processo sussurrou:

—Você sabe que não é de graça, né?

Taehyung olhou sério para ele.

—Vai ficar contabilizando todos os favores que eu peço?

JK deu de ombros e voltou a participar da conversa que não tinha parado.

—A gente podia arrumar duplas pra praticar o inglês.

Todos acharam a ideia interessante e motivamos por Hoeseok começaram a fazer bagunça, conversando em inglês um com o outro enquanto o manager não chegava.

Quando deu por si, Taehyung se viu pensando no dia que conheceu Zohar e como seu inglês ainda tinha sido suficiente pra conseguir se comunicar com ela. E enquanto relembrava o que tinha acontecido um pensamento veio à mente.

“Se tivesse um jeito de entrar em contato com ela...”, refletiu, fixando seus olhos sobre o tapete.

Por mais que no fundo tivesse curiosidade de saber como ela estava, e isso desde o dia que voltou para a Coréia, sempre acabava excluindo qualquer possibilidade de ir de fato procurá-la. Inúmeras eram as razões: as broncas e advertências do seu manager, a agenda lotada, a falta de tempo até mesmo para a família... Até então isso tinha funcionado, mas no dia em que viu a reportagem sobre o ataque químico na Síria, há um mês, alguma coisa tinha mudado dentro dele. Aquela ideia começou a ocupar seus pensamentos com mais frequência e logo começou a criar raízes.

Ele passou a analisar as reais possibilidades. Como poderia encontrar ela? Ela estava em Londres, tinham se conhecido em um hotel... Uma possiblidade seria conseguir o número do hotel e tentar falar com a jardineira que cedeu o apartamento. Ela poderia passar o número da ONG. O único problema era que teria um pouco de trabalho para procurar pelo hotel, já que não fazia a menor ideia de como era o nome do mesmo. Lembrava-se apenas da fachada, mas o nome que com certeza estava escrito ali, ele não lembrava.

Pensou em perguntar para Namjoon, mas com certeza ele iria saber que estava tramando alguma coisa. Teria que procurar na internet pelos hotéis próximos do aeroporto e olhar a fachada deles um por um. Quanto tempo isso levaria? Sabia que o hotel não era muito longe do aeroporto, mas quantos hotéis ficavam no entorno?

De repente o manager e outros membros da equipe entraram na sala e se acomodaram para dar inicio à reunião. Mas Taehyung não conseguiu desviar o foco de Londres.

Ele esperava que ela ainda estivesse na ONG, então tudo o que ele teria que fazer, caso a ideia do hotel não desse certo, era procurar pela ONG. Mas qual era o nome? Ele não tinha a menor ideia também. Sabia que era de apoio às mulheres, mas nada mais tinha sido dito a respeito disso enquanto esteve lá. Se procurasse por “ong de apoio às mulheres” e as inúmeras variações, quantas apareceriam? Poderia filtrá-las: Ficavam mais ou menos setenta quilômetros ao norte de Londres. Mas ainda assim, teria que tentar uma por uma...

Ele soltou um longo suspiro. Onde arrumaria tempo para ficar sozinho e ligar para todas elas?

—Tá’ tudo bem?- JK sussurrou para ele, ao perceber que ele não parava de olhar para o nada.

Taehyung balançou a cabeça ainda seguindo o fluxo dos seus pensamentos, sem prestar atenção ao que estava acontecendo. Então olhou para Sejin, que estava logo à sua frente, e sentiu um arrepio só de pensar no que aconteceria se ele desconfiasse que estava pensando em procurar por Zohar. Aquilo o irritou profundamente. Por mais que soubesse que aquilo eram os “ossos do ofício”, o preço que tinha que pagar pela vida que tinha escolhido, muitas vezes sentia-se sufocado com tantas restrições.

Ele olhou para cada um ali enquanto a conversa estava em andamento e alguma coisa que surgiu de dentro de si o fez decidir que não. Não deixaria ninguém colocar a mão naquilo. Por algum motivo que ele não conseguia entender e muito menos explicar, caso alguém pedisse uma explicação, aquela coisa toda tinha um peso enorme de importância pra ele. Não que ele se sentisse um herói ou qualquer coisa do tipo. Também não estufaria o peito para dizer de boca cheia o que tinha feito, mas ele sabia que o que tinha feito era muito significativo. Ele tinha consciência disso, mas mais que qualquer pensamento próprio, tinha sido o olhar dela pedindo ajuda e agradecendo por tudo o que tinha feito que o fazia ter certeza de que aquilo tinha mudado a vida dela. E como começou perceber, aos poucos, a sua também.

Ele balançou a cabeça afirmativamente, concordando com alguém da equipe que disse que o show em Manila no dia anterior tinha sido um sucesso, e decidiu que iria dar um jeito de encontrar Zohar. Tudo o que teria que fazer era continuar a dar o melhor de si naquilo que fazia, cuidar ao máximo para que ninguém descobrisse o que estava tentando fazer, e tudo estaria bem. Nada mudaria.


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