Zohar escrita por AnneFanfic


Capítulo 24
Auxiliando o reencontro




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Quando a coincidência tem um motivo proposital.

 

 

Era quarta-feira e Sarah tinha resolvido terminantemente que aquele seria o dia que voltaria à loja de doces árabes que tinha visto por acaso na semana anterior, apenas para tirar a prova real que Zohar tanto queria.

Tinha se passado quase uma semana desde que tinha falado para Zohar que tinha possivelmente encontrado a mãe dela. Lembrou-se do desespero dela em querer voltar imediatamente para Londres, mas Sarah negou. As coisas não eram tão fáceis assim. Não tinha tanto dinheiro para a gasolina a ponto e poder ir e vir sempre que quisesse. Se tivesse trazido Zohar na segunda-feira, a garota ficaria aonde se só poderia voltar na sexta? Não tinha condições e nem tempo para leva-la de volta para casa e voltar outra vez para Londres. Aquilo podia esperar.

Tudo bem que para isso ela teve que fugir de Zohar, saindo de casa mais cedo do que o costume na segunda-feira para ela não inventar de querer ir também. Naquele mesmo dia até ligou para ela, mas ela estava muito chateada e não quis atender ao telefone. Sarah não se importou. Sabia que no fim tudo daria certo e todo aquele chilique era desnecessário.

 

—Valeu pela carona, Sarita.- Anna abriu a porta do carro e saltou para fora.

—Tchau, amiga. E por favor!  Fique nesse emprego pelo menos até juntar dinheiro suficiente para nossa viagem.

Anna riu com o comentário e revirou os olhos.

—É sério! Não faz nem três semanas que você começou a trabalhar. Você só precisa de três meses de salário pra gente conseguir realizar nosso sonho.

—Tá’ legal, pode deixar. Serei a melhor recepcionista que esse hotel já teve.- Anna disse exageradamente.

Depois que ela fechou a porta e se dirigiu à entrada do hotel, Sara fez a volta e saiu dali dando uma olhada rápida pelo retrovisor. Conseguiu ver fachada do hotel, o mesmo onde sua prima tinha trabalhado por anos como jardineira e onde agora sua melhor amiga trabalhava, e lembrou-se também que foi ali que toda a história de Zohar de fugir do casamento tinha começado.

—Ashh!- ela deu um tapinha no volante do carro. —Esse povo inventa tanta coisa, por que não inventaram uma máquina do tempo?! Queria tanto voltar no tempo só pra ver como tudo aconteceu...

 

Após rodar mais alguns quilômetros Sarah finalmente estacionou o carro e pulou para fora dele. Estava do outro lado da rua e quando pensou em atravessá-la para entrar na loja, percebeu que tinha um homem conversando com a mesma mulher que tinha visto na semana anterior. Quem seria ele?

Por uma fração de segundos pensou que fosse o pai de Zohar, mas lembrou-se rapidamente que ele tinha morrido na guerra. Sarah encostou-se no carro e cruzou os braços enquanto os observava e esperava ele se afastar da mulher, o que não demorou muito. E quando ele sumiu por uma das portas Sarah atravessou a rua sem se importar em olhar para os lados e entrou.

—Bom dia.- Sarah cumprimentou com seu inglês nativo, abrindo o sorriso e olhando diretamente para a mulher. —Você está chorando?

Sarah percebeu que ela se assustou com aquele comentário tão direto e abaixou a cabeça rapidamente.

—O que aconteceu?

—Nada.- ela respondeu com seu inglês carregado do sotaque e desviou o curso da conversa. —O que você gostaria de comprar? Esses doces aqui acabaram de sair do forno.- ela apontou para os doces recém colocados ali, evitando contato visual.

Mas Sarah não respondeu. Ficou encarando ela, tentando descobrir uma forma de saber se ela era mesmo a mãe de Zohar rapidamente e sair ali à tempo de chegar para a segunda aula da faculdade.

—É claro!- ela disse, revirando os olhos, dando-se conta de que era só perguntar.

—O que você quer? Nozes ou passas?

—Quero saber seu nome.- respondeu, fazendo a mulher erguer os olhos na direção dela.

Sarah sorriu e em seguida riu com o olhar estranho que ela lhe lançou com toda aquela conversa.

—Tá’ legal. Vou facilitar as coisas pra nós duas antes que seu marido esquisito apareça.- disse ela abaixando  o tom de voz. —Ai! Eu não devia ter dito que seu marido é esquisito...

—Ele não é meu marido.

Sarah suspirou aliviada.

—Verdade! Você é viúva.- riu. —Mas podia estar casada de novo... Mas olha, se ele te pedir em casamento, não aceite não.- disse, inclinando-se sobre o balcão e sussurrando. —Ele é esquisito mesmo. Eu te apresento uns caras legais, se você quiser.

Sarah viu que ela tinha dado alguns passos para trás e achou graça daquilo.

—Ah, esquece.- Sarah fez um balanço com as mãos sobre o balcão. —Seu nome. Qual é seu nome? Aisha?

Mas ela apenas encarou Sarah, assustada com todas aquelas informações.

—É? Seu nome é Aisha? Sim ou não? Eu não tenho o dia todo, responda logo...

—Quem é você?- ela perguntou, e Sarah abriu seu melhor sorriso.

—Eu sou a motorista da carruagem que levou sua filha para palácio encantado.

—O que?!

—Sua filha. A Zohar. Ela é sua filha? Seu nome é Aisha, não é? Você é a mãe da Zohar? Você é a cara dela, não tem como não ser.- disse sem parar para respirar. —Não. Não, não. Ela é a sua cara.- riu. —Sempre me confundo com isso.

E então a mulher levou as mãos ao rosto e começou a chorar. Logo o homem que Sarah considerava esquisito apareceu e falou alguma cosia em árabe. Ambos discutiram alguma coisa, mas  Aisha simplesmente saiu correndo para fora da loja.

—O que aconteceu?- ele deu um passo à frente e falou com Sarah.

—Eu só perguntei se tinha empadas de queijo nacho.- respondeu ela erguendo as mãos e andando para trás.

Ele resmungou alguma coisa em árabe, que Sarah não fez questão de pedir uma tradução, e assim que ela saiu da loja, virou à esquerda e tentou encontrar Aisha, o que não foi difícil já que ela estava sentada no meio fio, escondida atrás de um carro.

—Aí está você!- Sarah se sentou ao lado dela e ficou em silêncio, enquanto ela chorava. —Sua filha está bem. Ela está com a minha mãe.- ela resolveu falar depois de alguns minutos.

Aisha secou as últimas lágrimas que rolaram do seu rosto e olhou para Sarah.

—Você sabe onde minha filha está?

—Sei, e vim aqui te buscar.

—Me buscar?

—É. Minha mãe tem uma ONG. Você pode ficar lá com a ZohZoh.

—ZohZoh?

Sarah riu com o movimento que Aisha fez com as sobrancelhas.

—É. Eu chamo seu bebê assim porque é mais prático.- deu um sorriso de canto. —Vamos?- se levantou.

—O que?- Aisha se espantou com o que estava acontecendo. —Eu não posso ir assim. Eu nem sei quem você é.

—Não, não... Não agora.- riu. —Desculpa, eu preciso me controlar, mas eu não consigo parar de confundir as pessoas.- deu um tapa na própria testa, e percebeu que isso estava se tornando um hábito. —Não vamos pra lá agora. Eu mesma só vou pra lá na sexta-feira. Eu só me levantei porque eu já tenho que ir, mas perguntei se você vai querer ir ou não. Tipo, vamos? Sim ou não?- ela fez uma careta ao notar que sua linha de raciocínio e suas ações eram mesmo confusas, bem como as pessoas falavam e reclamavam.

—Bem, eu... Eu não sei, eu...- Aisha não conseguia pensar direito. —Como eu vou saber se você está mesmo falando a verdade?

—Bem, eu sei seu nome, o nome da sua filha e tal...- Sarah deu de ombros, achando que aquilo era suficiente. —Mas você pode falar com ela se quiser.- e teve a ideia de ligar para casa. –Só um minuto e ela já vai falar com você...

Sarah tirou o celular do bolso da calça e discou o número de casa. Esperou um minuto, enquanto ninguém atendia, e olhou de relance para a mulher à sua frente. Usava um véu da mesma forma que Zohar, pareciam ter a mesma altura, e tinha o tal sinal do lado da sobrancelha.

—Olá minha amiga favorita.- Sarah abriu o sorriso ao perceber que tinha sido a própria Zohar que tinha atendido o telefone. —Só um minutinho que sua doppelgänger está aqui querendo falar com você.

E no momento que Aisha pegou o celular e ouviu a voz da filha do outro lado da linha, não pode deixar de chorar novamente.

Mãe, você precisa vir pra cá...- Sarah conseguiu ouvir.


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