Point Of View Emma

No outro dia, acordo de manhã com uma baita dor de cabeça, olho para o lado e vejo que Regina ainda está deitada ao meu lado. Faço um leve carinho em suas costas nuas e beijo sua nuca, antes de sussurrar seu nome ao pé do ouvido no intuito de acordá-la.

— Bom dia, amor – ela fala toda manhosa virando para mim

— Bom dia, coisa linda – respondo e dou-lhe um selinho suave – dormiu bem?

— Dormi como pedra, pena que não acordei tão bem assim – ela faz uma careta

— Ressaca? – pergunto e ela confirma ainda fazendo careta – acho que exageramos um pouco ontem a noite – sorrio e ela também

Nos levantamos e tomamos um banho gelado para tentar aliviar aquela tensão herdada pela noite de festa. Fomos até a sala de jantar, onde já existia algumas pessoas e somos recepcionadas com um grito caloroso dado pelo Henry.

— Oi garoto – o abraço – eu te amo, mas não grita tá?

— Mais uma para o grupo da ressaca, Henry – David caçoa

— Você diz isso porque está sendo medicado, não fosse isso teria bebido todas ontem – digo e me aproximo dele que estava estrategicamente perto da janela, evitei sentar ao seu lado

Nos reunimos na mesa, mas faltava duas pessoas, Ruby e Zelena. Começamos a especular entre linhas o que poderia ter acontecido, usando analogias para falar sacanagem, afinal o Henry estava conosco. Com exceção de David, Henry e Mary, parecia que todos havia exagerado um pouco mais na ingestão alcoólica.

— Não me lembro de ter ficado assim algum dia! – dona Elisa resmungou

— Acho que é porque a única coisa que você bebia em festa era suco – Kara diz sorrindo – au... Nada de sorrir – coloca sua mão na cabeça

— Mas olha quem fala... Está curtindo seu primeiro porre? – Alex fala por trás de seus óculos escuros

— Eu já bebi, sabia? – Kara parece ofendida – lembra do dia que tomei piña colada alcóolica?

— Não... O que lembro é que você pediu uma piña colada alcóolica e me entregou depois de um gole – Alex brinca e Kara responde dando língua, o que nos faz rir, principalmente o Henry

— Minha nossa! Hoje seria um ótimo dia para chuva e céu nublado – Ruby aparece resmungando sendo guiada por Zelena – porque tanto sol? Odeio sol, aqui é Portland, cadê a chuva? – resmunga novamente

— Oi tia Zel – Henry grita

— Oi meu amor – beija sua testa e serve um copo de água para Ruby – água em jejum vai te fazer bem, toma – ela entrega e a observa enquanto todos nós olhamos tudo sem dizer uma palavra, mas prendendo o riso

— Acho que o jogo saiu do zero a zero, certo David? – solto maliciosa

— Pela alegria e cuidado do técnico do nosso time... O placar foi bem favorável – David responde e olhamos para Zelena

— Se vocês querem saber, o jogo foi sensacional e bem duradouro – Zelena solta

— Ontem teve jogo madrinha? – Henry pergunta

— Teve um clássico – respondo olhando para Ruby que finge um sorriso

— Queria ter assistido – ele diz triste

— Esse jogo você não poderia assistir – Ruby fala rapidamente e Henry parece não entender – jogo violento, com muito entre e sai... E as jogadoras falaram palavras bem proibidas – fala maliciosa e Zelena da de ombros

— Foi jogo feminino? – volta a perguntar curioso

— Beeeem feminino, garoto – Ruby fala maliciosa

— OK, vamos mudar de assunto – minha mãe interrompe enquanto sorrimos – Que tal falarmos sobre o fato do David ter passado a noite inteira agarrando a cintura da Mary – ela dispara e Mary cora

— Não posso está próximo da minha namorada? – ele fala naturalmente

— Como é? – Regina fala eufórica e todos comemoramos a notícia – já não era sem tempo, hein?

— Zelena, esse seria um bom momento pra pedir Ruby em namoro, não acha? – Lily caçoa

— Bom, depois do tempo que esperei o certo seria ela me pedir – Zelena dá de ombros e todos olhamos para Ruby

— Bom, depois de todo aquele chamego com o cara da pista de dança... Você que tem que pedir – Ruby faz careta ao lembrar e nós rimos

— Bem, sobre o Rodrigo... Tem algo que preciso dizer – Zelena olha para mim e já não seguro mais o riso, ação que se propaga para Lily e nossa mãe – ele é gay

— Ele é o que? – Ruby pergunta sem reação e Zelena gargalha – mais um motivo para você pedir – cruza os braços como se esperasse algo

— Quer mesmo isso? – Zelena pergunta e Ruby confirma de cara feia – ontem, depois que te vi desnorteada e dizendo que estava completamente apaixonada por mim, enquanto parecia um cachorrinho molhado tremendo de frio... – debocha

— Ok, aceito – fala envergonhada – nenhuma palavra sobre isso – Alex parece se preparar para falar algo – que tal falarmos sobre o namoro de Kara e Mike? – Alex murcha na mesma hora

— Me tirem dessa, não estou namorando ninguém – ela olha para Regina como quem pede socorro

— Que tal falar sobre a quantidade de mulheres que o Killian beijou ontem? – Kara sorrir aliviada – não sabia que você era tão galinha

— Você não viu nada – observo

— Dona Miranda, o que vamos preparar para Emma no aniversário dela? – Killian dispara e me olha vitorioso

— Nada, vocês prometeram – falo assim que vejo minha mãe prestes a falar algo

— Mas filha – ela começa

— Sem mas... – interrompi – e você garoto... Como foi a festa dentro da casa? – pergunto a Henry, mudando de assunto

— Foi incrível madrinha, conheci uma garota – ele fala animado e nos faz sorrir

Perdemos mais algumas horas conversando enquanto tomávamos café. Alguns de nós comeram, outros não, mas com certeza todos se divertiram. Voltamos à nossas vidas e algumas coisas foram acontecendo. Um mês se passou desde o baile, Ruby e Zelena viviam como cão e gato, as vezes acho que só brigavam porque contavam com a reconciliação. David estava melhorando mais a cada dia, voltou para o trabalho contra vontade do Sidney, que adorou os momentos de posse da firma. David, assim que voltou, tomou algumas decisões para ter novamente as rédeas da situação, fez uma boa proposta para Aurora tornando-a sócia, ela por sua vez, voltou para firma trazendo consigo os seus clientes e o seu pessoal. Com a contribuição monetária e a equipe de Aurora, David pode tentar um acordo com o Glass para retira-lo da firma. A principio a proposta feita foi negada e a contraproposta foi um absurdo, mas ao que parece o Sidney estava inclinado a aceitar um meio termo. As meninas estavam eufóricas com a aproximação do dia da formatura, todas já haviam alugado os vestidos, depois de longas idas e vindas às lojas. A turma decidiu fazer um coquetel após a solenidade, para comemorar com amigos e família, algo mais simples e rápido para que cada aluno pudesse curtir do seu jeito depois. O tema escolhido para tal evento foi black and White, o que deixou as meninas ainda mais eufóricas. Apesar da empresa está indo de vento em polpa eu e Killian estávamos enfrentando um serio problema, queríamos nos inscrever para concorrer ao Prêmio de Tecnologia do Milênio, o maior prêmio para tecnologia atualmente existente, que celebra inovações que tenham um impacto favorável sobre a qualidade de vida e o bem estar ou sobre o desenvolvimento sustentável. Nosso problema? Tudo o que pensamos já existe ou descobrimos que alguém já estuda tal conceito. Não podemos concorrer nesses termos. Mas hoje não é dia de lembrar disso, fui trabalhar animada e recebendo as felicitações de Zelena e Killian que pareciam eufóricos. Assim que entro em minha sala vejo um vaso com flores e um cartão, acabo sorrindo por imaginar que Regina lembrou.

“Que seu sorriso se mantenha sincero a vida toda e que seu olhar nunca perca o brilho. Feliz aniversário, filha”

— Chegou bem cedo e coloquei aí – Zelena diz da porta da sala

— São lindas – sorrio de volta – Regina mandou algo? Ou deixou recado?

— Não, mas ainda é cedo Swan – Zelena diz sorrindo e sai

De antemão, ligo para minha mãe para agradecer as flores e também falo com Lily que estava ao seu lado. Após nosso papo, concluo alguns projetos que entregaríamos aos clientes e acabo respondendo algumas mensagens de felicitações ao longo do dia. Decido fazer uma pausa para almoço e ligo para Regina, precisava ouvir sua voz.

— Oi amor, desculpa não ter falado mais cedo com você – ela fala assim que atende

— Senti falta da sua mensagem de bom dia – digo sorrindo

— Achei que eu era a namorada dengosa – ela sorrir novamente – aqui está uma loucura, acho que nunca vi David tão irritado nessa firma, Glass vai fazer ele surtar, mas isso é assunto para outra hora... Me diz, como você está?

— Estou bem, ganhei algumas ligações e felicitações, minha mãe me deu rosas – falo animada

— Como assim? – ela parece surpresa – você e Killian conseguiram criar uma ideia e se inscrever naquele prêmio?

— Não, Mills – gargalho – você não mente bem

— Não entendi, porque isso? Perguntei por que falou de felicitações – fala aparentemente seria – se não foi isso... Porque te parabenizaram?

— Você esqueceu o que tem hoje? – começo a me desestabilizar

— Nossa, Emma! Bem lembrado, preciso desligar – ela avisa e me deixa sorrindo

— Regina? – Zelena diz entrando e me entregando mais flores

— Sim, acho que esqueceu do meu aniversario, mas tratei de lembra-la entre linhas – falo vitoriosa e ela sorrir

— São de quem? – aponta para as flores

“Hoje tem alguém mais velha, já sente dor nas articulações? Se quiser eu te digo como tratar o glaucoma... Não sei se sabe, mas sou um excelente medico! Parabéns Ems! Daquele que te perturba!”

— São do Robert, vou ligar para agradecer – falo sorrindo e ela sai novamente

Decido focar minha atenção em pesquisar algo que eu e Killian pudéssemos desenvolver, coloco o celular no vibratório, mas após alguns minutos, algo me incomoda, meu celular não para de vibrar.

“A cada seis minutos de sexo, queimamos no mínimo 21 calorias, sabia?! Estava pensando em perder pelo menos mil. Você me ajuda??”

“Amor, obrigada por me lembrar de hoje, não sei o que seria de mim sem você. Te amo”

“Só de pensar no que você consegue fazer com a sua boca no meu corpo, já fico excitada. Falta muito para o final de semana?”

Impossível não sorrir lendo aquelas mensagens, decido dar uma pausa e me dedicar à responder cada uma delas.

“Uau... Acha realmente que existe a mínima possibilidade de recusar essa proposta? Se quiser, podemos perder mais de mil.”

“Quanto ao fim de semana... Porque deixar para amanhã o que podemos fazer hoje? Ah, fico feliz que tenha lembrado... Lembrou e resolveu me atiçar?”

Não demora muito para que receba sua resposta.

“Lembrei sim, graças a você, quanto a nos ver... Hoje não amor, tô tão cansada, quando sair daqui só quero banho e cama. Ainda vou na Nolan Glass”

“Sair daí? Onde está?”

“Você me lembrou e esqueceu? Dando depoimento na delegacia... Ainda sobre o sequestro”

“Ah, foi disso que você lembrou? Ok, tenho que voltar ao trabalho”

“Não vai me fazer companhia até ser chamada?”

“Emma?”

“O que eu disse? Parece brava de repente...”

Decido não falar mais e volto para o trabalho. Não acredito que ela esqueceu do meu aniversario, ela conseguiu mudar meu humor e tirar minha paciência.

— Estou indo para casa, mas alguma coisa? – Zelena pergunta da porta no fim do expediente

— Não – falo seca

— O que houve com o bom humor? – ela caçoa

— Não enche Zel, não hoje – falo sem tirar os olhos do computador

— Hei, o que houve? Fala comigo – Zelena senta em minha frente e me encara

— Não queria festa, você sabe como detesto isso, mas ela precisava esquecer meu aniversario? – falo irritada – ela tinha um depoimento hoje, sobre o sequestro, um depoimento informal para esclarecimento, nos falaram que seria normal ate o julgamento... Tudo bem, mas nenhum parabéns? Custava colocar no celular um lembrete?

— Regina... – Zelena fala como se entendesse tudo – talvez foi o corre-corre do dia... Vai para casa e alivia a cabeça, liga para ela...

— Numa coisa você tem razão, vou para casa... – levanto e pego minhas coisas, deixando Zelena sozinha na sala

Chego no apartamento e tomo um banho demorado, fico sem saber se devo ou não ligar para Regina. Assim que acabo o banho abro um bom vinho, pego alguns petiscos no armário e vou para frente da TV. Começo a buscar algo para assistir, mas nada me interessa, então resolvo olhar o celular.

“Emma?”

“Vai me ignorar por muito tempo?”

“Ah Emma... Cansei!”

“Vou depor agora, quando chegar em casa eu te aviso!”

“Emma, cheguei em casa agora, vamos conversar?”

“Quando puder me liga”

Nossa, ela realmente tentou. Talvez Zelena tenha razão, ela esqueceu por causa do dia turbulento... Vou ser mais direta e falar que quero seus parabéns e que senti falta disso no dia de hoje.

“Podemos conversar!”

“Queria tanto está contigo... Estou usando só um salto enquanto penso em você.”

“Preciso te contar uma coisa, posso ligar? Quero te lembrar de algo que você deveria ter lembrado”

“E aí quando vem me ver? To aqui esperando você... Traz uma garrafa de vinho?”

“Você não me entendeu? Precisamos conversar AGORA!”

 Ela demora para responder e desisto de esperar, tomo o resto do vinho e deixo a garrafa no balcão, desligo a TV e decido dormir, mas antes de desligar as luzes, lembro de um bolinho que vi no armário. Abro e tiro da embalagem, colocando-o no balcão e posicionando uma velinha velha em cima.

— Acho que é isso... Parabéns para mim!

Apago a velinha e antes de comer o cupcake a campainha toca e vou atender.

— O que faz aqui? – pergunto assustada