Respiro fundo antes de passar pela porta que tem como destino uma parte do Jardim.
Assim que passo fica encantada com a beleza do lugar, era um jardim extremamente bonito e muito grande já que cada um de nós estava treinando num lugar mas mesmo assim não conseguíamos ver uns aos outros.
Estava curiosa para saber quem seria meu mentor.
— Olá rainha nevasca. - A voz do homem da lua me faz parar de admirar a paisagem.
Fico surpresa por ele ser meu mentor, afinal ele era o rei de Clear.
—Rainha nevasca? - Pergunto estranhando o nome.
— Seu apelido de guerra. Todos os grandes nomes da história tiveram um apelido de guerra. - Ele explica sorrindo.
— Não sou um grande nome da história, nunca fiz nada heróico que mereça ser lembrado. - Essa é minha vez de explicar.
— Sim, mas você vai fazer. Todos vocês vão. - Ele se refere a nossa luta mas sei que mesmo que façamos algo incrível ninguém nunca saberá.
— Ninguém vai acreditar se eu contar que lutamos contra uma força maligna em outro mundo. -
— As pessoas perderam sua capacidade em acreditar além do que os olhos vêem. - Homem da lua lamenta e não consigo não achar graça no fato de que até um tempo atrás eu não acreditava nessas coisas.
— Venho de família cigana, um povo conhecido muitas vezes pelo fato de acreditarem em coisas mágicas, e conheço muitas histórias mas até um tempo eu era um bocado cética. Acreditar no que você não vê muitas vezes faz você correr o risco de se decepcionar com aquilo que não existe. - Aquela era minha opinião, e não se baseava apenas em magia. Servia para a maioria das coisas na minha vida.
Acreditar muito em algo sempre vai fazer você se decepcionar, incluindo acreditar muito nas pessoas.
— Mas esse não é o caso da magia, porque nós podemos ver a magia. Em cada pequeno ato da natureza, não é mágico a forma como o sol se põe e levanta, a forma como as estrelas brilham e a aurora boreal surge?
— Isso não é magia, tudo aquilo pode ser explicado com argumentos lógicos. E não há nada de lógico na magia. - Explico o óbvio.
— Magia não é irracional como acreditas. Durante anos os humanos inventam livros e filmes onde para usar magia basta movimentar as mãos ou usar uma varinha e dizer palavras a toa mas não se trata disso. A magia nos rodeia desde sempre, é como um cobertor e está em toda a parte. Durante os milênios foram nascendo pessoas compatíveis com magia e esses se chamam magos, tais como eu, e para usá-la é necessário saber abrir a porta. - O homem da lua explicava e eu estava impressionada com o que ele falava.
— Mas então como é que eu e os outros conseguimos abrir essa "porta" para usar os poderes? - Pergunto só agora me dando conta disso.
— A maioria dos humanos é compatível com a magia mas nenhum deles consegue abrir a porta porque a compatibilidade dos humanos é menor do que a de um dos habitantes de Clear. Na maioria das vezes a magia dos humanos acaba por ser muito fraca e não o suficiente para abrir a porta sozinho então eu abri a porta para vocês no dia do vosso nascimento e acabei por dar uma força na hora de escolher os vossos poderes.
— Como assim escolher nossos poderes? E se somos magos iguais a você porque não temos vários poderes iguais a você? - Pergunto cada vez mais curiosa com tudo aquilo.
— Porque a maioria das pessoas só consegue controlar um poder, usar os poderes é algo que cansa e exige parte do teu ser, por isso usar dois poderes ao mesmo tempo pode ser fatal. Nascer com a capacidade de usar vários poderes ao mesmo tempo é algo hereditário, que vem juntamente com a responsabilidade de ser da realeza. - Ele explica e o entendimento começa a surgir. Então queria dizer que só alguem da realeza como o homem da lua e Breu poderiam ter mais poderes. - Decide meio que modificar um pouco os vossos poderes afim de que viessem com poderes capazes de lutar, afinal se tivessem poderes de respirar em baixo de água por exemplo não seria de grande ajuda.
— Mas se é assim então como é que você será capaz de tirar meus poderes quando tudo isto acabar, quero dizer... É que eu não quero continuar com esses poderes depois que tudo isso terminar. - Pergunto receosa, eu não queria ficar com os poderes depois de tudo terminar, para que?
— Porque um dos meus poderes é conseguir chegar na essência das pessoas e logo, tomar ou dar algum dos meus poderes a eles. Mas não te precipites Rainha nevasca, as opiniões mudam e tenho a certeza que após essa aventura nunca mais serão as mesmas pessoas. Agora vamos começar com ataques defesas básicas, sem poderes panelas exercitar o corpo.
Respiro fundo e concordo mesmo que a contra gosto, essa vai ser uma longa semana.



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