Pov. Jack

Meu corpo girava ao longo do redemoinho e meu estômago parecia querer expulsar tudo para fora.
Minha cabeça parecia querer explodir e tudo que eu conseguia fazer era me amaldiçoar por ter tocado naquilo.
De repente a sensação de queda passou e senti meu corpo cair no chão. Abri os olhos e avistei todos os meus amigos sentados no chão com as mãos na cabeça, todos menos Elsa.
Ela estava deitada no chão com os olhos fechados. Corri até ela e chamei seu nome tentando acorda-la.
— Meu Deus Elsa. - Merida gritou e se aproximou dela junto dos outros.
Abri o casaco dela e levantei levemente a cabeça dela tentando fazer ela respirar melhor.
Meu coração batia aceleradamente, porque ela não estava acordando?
A culpa é toda minha, eu não deveria tocar aquela coisa.
Me aproximei dela para sentir a sua pulsação no pescoço e nesse momento os olhos dela se abriram e me olharam. Só então pude perceber como estávamos próximos um do outro, se eu quisesse beija-la bastaria inclinar um pouco mais a cabeça e tocaria em seus lábios.
— O que você pensa que está fazendo Frost? - A voz de Elsa estava um pouco rouca e seus olhos levemente lacrimejados como se estivesse chorando mas não pude deixar de me alegrar em vê-la bem.
— Elsa! - Rapunzel e Merida gritaram ao mesmo tempo abraçando-a.
— Eu estou bem... Só um pouco enjoada. - Ela diz ainda me olhando feio. O que é que eu tinha feito? Só para que conste eu não estava tentando beija-la, pelo menos não nesse momento.
— Onde é que nós estamos? - Hiccup perguntou olhando ao redor cortando minha linha de pensamento.
Estávamos rodeados de árvores grandes que acabavam por tapar parte do sol dando ao lugar um ar sombrio.
— Em uma floresta claramente mas uma floresta de onde? Como é que aquele globo de neve trouxe-nos a esse lugar? - Rapunzel bombardeava perguntas e parecia estar um pouco nervosa. - Eu preciso estar em casa na hora certa.
— Acalmem-se, se um globo de neve trouxe-nos aqui outro globo de neve vai nos levar de volta a escola. Eu ainda tenho um dentro da minha mochila. - Hiccup explica caminhando até a sua mochila que estava no chão.
Antes que ele pudesse agarrar a mochila um grande pássaro passou voando e com suas garras apanhou a mochila e continuou seu voo.
Num momento todos estávamos paralisados olhando para o lugar onde antes a mochila estava e no outro estamos Correndo na mesma direção por onde o pássaro tinha ido.
Corremos durante um bom tempo mas não conseguimos continuar quando o pássaro voou para o topo de uma montanha.
Todos paramos ofegantes vendo nossa única maneira de sair dali indo para longe, como iremos sair daqui agora?
Hiccup parou por um instante com os olhos fechados e de repente o gato preto de olhos verdes que nos seguia correndo transformou-se num grande dragão. Não importa quantas vezes eu veja ele se transformar em dragão sempre irei me impressionar e pela reação das meninas eu sabia que elas pensavam o mesmo.
— Banguela vai atrás desse pássaro e traz a minha mochila de volta. - Hiccup falava com o banguela no mesmo tom com que falava com uma pessoa normal.
Banguela abriu a boca preguiçosamente e levantou voou indo atrás do grande pássaro.
— Não era mais fácil ter feito isso antes de nós termos corrido feito loucos? - Merida perguntou irritada com as mãos no joelho tentado recuperar o fôlego.
Hiccup corou envergonhado por saber que ela realmente tinha razão. Mas não disse nada, até porque ela e Meri não estavam de trocar muitas frases.
— Agora só nos resta esperar. - Elsa disse ajudando Rapunzel a se sentar, ela não parecia muito bem.
Antes que eu pudesse perguntar o que ela tinha ouvimos o som alto de um rugido.
Dois enormes animais estavam bem perto de nós. Eles tinham o corpo de um leão, a cabeça, o bico e as garras de um pássaro.
Os acontecimentos a seguir foram uma sucessão incrivelmente rápida de imagens.
Eu e Hic tentamos ir para perto das meninas mas um dos animais tapou nossa visão e nos fez recuar.
Ele abriu as enormes e pesadas asas se lançando contra Hiccup. Por apenas um segundo consegui empurrar Hic para longe nos tirando da mira do pássaro.
— Corram! - Gritamos para as meninas ao mesmo tempo em que nós próprios corríamos. Infelizmente os dois animais tinham ficado em posições que faziam que nós e as garotas corrêssemos em direções opostas, e estar nos separando fez com meu coração acelerasse de medo de que acontecesse alguma coisa com elas.
Um rugido do animal fez com que os meus pensamentos se distanciassem e eu me concentrasse em correr.
Dei um olhada para atrás e percebi que apesar de voar o animal era um bocado lento talvez porque um animal daquele peso não tivesse nascido para voar. Que animal era aquele afinal de contas?
— Um grifo. - Respondeu Hiccup e só agora me dou conta de que tinha pensado alto.
Minha cara de confusão fez Hic explicar melhor.
— Grifo é uma criatura lendária com cabeça e asas de águia e corpo de leão. Segundo a mitologia grega ele Fazia seu ninho e punha ovos de ouro. Se você prestasse mais atenção nas aulas talvez soubesse disso. - A constatação de Hic me fez revirar os olhos.
— Estamos sendo perseguidos por um animal que na prática nem deveria existir e mesmo assim você vai me dar bronca por dormir em algumas aulas? Dá para parar de ser nerd pelo menos agora? - Praticamente gritei para ele. Se estivéssemos em uma situação diferente eu com certeza gargalharia da fala do Hic mas é difícil gargalhar quando tem um animal enorme correndo para pegar você. Pouco a pouco senti minhas pernas cansarem e minha respiração tornar-se dificultosa, esse tal de grifo poderia ser lento mas era resistente e muito persistente. Tínhamos de nos livrar dele rápido, para podermos ajudar as meninas.
— Precisamos nos livrar desse animal. - Disse ao Hic.
— Não me diga?! - Ele esbanjava ironia enquanto saltava um tronco que se encontrava deitado no chão.
— Mas como lutar contra essa coisa? - Perguntei ignorando sua ironia, me preocuparia com isso se não morrêssemos nas garras desse bicho.
— Se pelo menos alguém aqui tivesse poderes de gelo...
A frase irônica de Hic fez com que eu me lembrasse dos meus poderes, eu era muito idiota.
Respirei fundo e rezei para que eles funcionassem direito.
Me virei em direção ao grifo e levantei minhas mãos como se pedindo para ele parar. Mentalizei a cena na minha cabeça e sorri imaginando o grifo deslizando pelo gelo.
No momento seguinte neve, gelo e vento pareciam irradiar de mim cobrindo todo o espaço. Mentalizei mais uma imagem e atingi o grifo com estacas de gelo sem parar.
Depois da quarta estaca ter o atingido o grifo desistiu da batalha e voou para longe ainda rugindo.
Me voltei para Hic que estava todo coberto de neve e compartilhamos um sorriso vitorioso antes de nos lembrarmos das meninas e corrermos para onde estávamos.
Enquanto corríamos tudo que eu podia fazer era rezar para que estivessem bem.

Pov. Elsa
Quando vi Hiccup e Jack correndo numa direção e nós correndo pela outra senti que não era o certo a se fazer. Se separar nunca era uma boa estratégia, mas não tive tempo de dizer nada antes de Meri agarrar meu braço e me puxar.
Corremos velozmente pela floresta enquanto nos esquivávamos de pedras, troncos e plantas que dificultavam o caminho.
Meus olhos estavam fixados na Rapunzel que não parecia estar nada bem. Eu sabia que ela estava doente, não sabia qual doença mas desde o dia em que fui a visitar no hospital eu soube que era algo sério.
Por isso minha maior preocupação no momento era ela desmaiar durante a corrida.
Por estar tão preocupada com ela acabei por me distrair do caminho o que resultou na minha queda.
Tanto eu quanto Merida rolamos por uma encosta cheia de espinhos, pedras e folhas e caímos num lago sujo.
Eu tinha conseguido amortecer minha queda por isso só tinha alguns aranhões no braço mas Merida tinha machucado o pé.
— Meri! - Gritei levantando-me de dentro da água e ajudando-a a fazer o mesmo.
Ela gemia de dor quando a coloquei sentada na borda do lago.
— Acho que acabei de deslocar o pé. - ela disse com lágrimas se formando nos olhos.
— Calma, nós vamos sair daqui logo e trataremos disto. - naquele momento aconteceu algo que não acontecia sempre: eu entrei em pânico.
Merida estava ferida, estávamos num lugar desconhecido e Rapuzel
Estava lá em cima correndo perigo por causa daquele grifo.
— Está doendo muito... -Merida murmurou cravando sem perceber suas unhas no meu pulso para tentar espantar a dor.
Não reclamei porque deixar ela apertar meu braço era a única coisa que eu podia fazer no momento e além do mais por estar usando luvas o estrago não seria tão feio.
— Eu sei Meri, mas teremos que voltar lá para cima. Nos separar agora não é uma boa ideia. - Expliquei com o coração martelando, eu precisava ir ajudar a Rapunzel e fazer minhas mãos pararem de tremer.
Respirei fundo 3 vezes controlando minha respiração acelerada e acalmando minha tremedeira e meu coração antes de me levantar e me aproximar da ruiva.
Me virei de costas para ela e me agachei.
— No três você tenta subir nas minhas costas, vou nos tirar daqui.
— Você não vai conseguir, sou muito pesada para você e subir uma encosta não é fácil. Me deixa aqui e vai ajudar a Rapunzel, depois vai procurar os meninos. -Ela respondeu com a voz baixa e rouca.
— Não me peça para abandonar uma amiga no meio de uma floresta estranha. Nós vamos sair daqui juntas agora ou vou ficar aqui com você. - Falei irritada antes de voltar a pedir. - No três você sobe. Um... Dois e ... t-três
Ela subiu e se agarrou no meu pescoço.
Respirei fundo e comecei a subir. O caminho era difícil e muitas vezes eu deslizava para baixo e acabava por machucar o pé da Meri mas com muito esforço e ajuda das árvores que se encontravam no caminho nós conseguimos subir.
Quando cheguei eu estava com as pernas cansadas e um pouco suada devido ao esforço mas o que me fez perder o fôlego depois de ter depositado Meri sentada ao lado de uma árvore foi a cena que eu vi a minha frente.
Uns passos a frente Rapunzel se encontrava em pé com as mãos todas abertas formando um tipo de barreira para impedir que o grifo seguisse em frente. Rapunzel estava brilhando... Literalmente.
Ela irradiava uma forte luz dourada que dificultava a visão tanto do grifo quanto a minha e a da Meri.
Aquele era o poder dela? Ela controlava luz?