BTS's Doctor Crush escrita por Cellis


Capítulo 9
O fim de um ciclo


Notas iniciais do capítulo

Annyeonghaseyo, queridos! Sim, eu estou aqui, nas notas iniciais (mas é por um motivo muito especial).
Vim aqui agradecer a vocês! Sério, o carinho que tenho recebido com essa história tem me deixado muuuito feliz e com ainda mais vontade de escrever. Vocês são demais ♥
PS: Nanat (minha noiva), me apaixonei mais ainda por você depois daquela recomendação. Menina, você só me arrasa ♥

Enfim, boa leitura.



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Foi então que, em um gesto automático, meu ex-namorado ladrão direcionou um olhar assustado na minha direção.

— Sun Hee.

Aquilo não era uma pergunta. Com sua voz quase aguda, ele deixava claro que ainda se lembrava de mim, a mulher de quem ele havia roubado todo um apartamento, e que estava surpreso em me reencontrar. Arregalando os olhos mais puxados do que o normal, ele ergueu as mãos, como se estivesse se defendendo de um assalto.

Como se eu fosse a assaltante ali.

— Sun Hee, eu posso explicar. — indagou, rapidamente. Mesmo que estivesse do outro lado da rua, eu podia ouvir sua voz com clareza. — Eu precisava do dinheiro. Tinha uma dívida muito grande e uns caras estavam atrás de...

Yah! — exclamei, o interrompendo. — Como você ainda tem a coragem de dizer o meu nome?

Durante toda a minha vida, desde o dia do meu nascimento até o atual momento, foram poucas as vezes em que eu havia ficado realmente com raiva. Na verdade, eu podia contá-las nos dedos. Não gostava desse sentimento e muito menos do modo inconsciente como ele me fazia agir. Porém, agora eu estava prestes a adicionar mais uma vez a minha lista.

Com a respiração acelerada, olhei ao meu redor, buscado algo onde que pudesse canalizar minha raiva — acabei por achar a solução perfeita próximo a uma lata de lixo. Ainda do outro lado da rua, Yong Joon me acompanhava com os olhos assustados, assistindo-me pegar do chão uma barra de ferro do tamanho do meu braço.

— O que diabos está acontecendo? — ouvi Yoongi perguntar.

Eu não sabia se ele estava falando comigo, mas também pouco me importava. Sim, meus chefes estavam ali, mas eu tinha feito uma promessa a mim mesma e não iria hesitar em cumpri-la.

— Calma. Vamos conversar. — dizia Yong Joon, enquanto eu atravessava a rua a passos lentos. — Sun Hee, nós temos uma bela história. Pense nela antes de partir para a agressão...

— E você pensou nela quando roubou tudo que havia no meu apartamento?! — retruquei, provavelmente vermelha de raiva. — Meus móveis, meu dinheiro, meu sonho! Por sua causa, eu tive que devolver o apartamento ao locatário! Você sabe o quanto eu batalhei para conquistar tudo aquilo?

— Eu sei, eu sei! — respondeu, dando alguns passos para trás, conforme eu me aproximava. — Desculpe, Sun Hee. Eu prometo que vou lhe devolver tudo, centavo por centavo.

Bufando, eu ri.

— Eu não quero nada de você. — confuso, ele me fitou. — Tenho certeza que posso reconquistar tudo sozinha, e muito mais.

— Então, o que eu posso fazer para que você me perdoe?

Se eu não estivesse cega de raiva, provavelmente acreditaria que ele estava sendo sincero. Porém, ao invés disso, fitei a barra cilíndrica em minha mão e, em seguida, o homem a minha frente.

— Eu quero que você se lembre de mim, Yong Joon. Principalmente desse momento. — respondi. — Para que pense muito mais do que duas vezes antes de fazer outra mulher de vítima.

Sem lhe dar tempo para responder, ergui a barra e coloquei toda minha força nela. Yong Joon, provavelmente acreditando que eu tentaria lhe acertar, cobriu o rosto com os braços.

Ele ficou bastante surpreso quando eu acertei o objeto no pára-brisa do carro, resultando em um enorme estrondo e em um vidro estilhaçado, que mesmo com a pancada continuou em seu devido lugar. Talvez, destruir um carro seria mais difícil do que eu imaginava — mas não havia problema, afinal, eu tinha tempo e vontade de sobra.

— O que você está fazendo?! — eu podia jurar que ele estava mais desesperado assim do que se eu estivesse lhe atacando. — Sun Hee!

Depois de mais cinco tentativas, o vidro finalmente se partiu em pedaços, que caíram para todos os lados. Enquanto ele gritava para que eu parasse, quase chorando, eu alternava as batidas entre os retrovisores, os outros vidros e o capô. Ele tentava se aproximar, porém, quando via o ferro em minhas mãos dava vários passos para trás. Jogou-se no chão, feito criança birrenta, e levou as mãos à cabeça.

Demorou algum tempo até que eu me sentisse cansada. Quando isso finalmente aconteceu, abaixei a barra, sem soltá-la, e encarei o carro destruído. Respirando de forma descompassada, eu me peguei perguntando o que diabos estava fazendo. Sentia-me satisfeita, confusa, assustada e com náusea de mim mesma, tudo ao mesmo tempo.

De repente, senti a barra fria sendo lentamente puxada da minha mão direita. Ao olhar para o lado, deparei-me com Yoongi, trazendo consigo um dos olhares mais calmos que eu já tinha visto na minha vida.

— Vamos embora.

Sua voz não denotava uma ordem, mas sim compreensão. Segurando gentilmente meu pulso, ele me conduziu ao seu lado até que atravessássemos a rua de volta. Todos os rapazes me fitavam, alguns confusos, outros com certo medo e alguns que eu não conseguia ler.

— Você não devia ter feito isso, Sun Hee! — com a voz chorosa, Yong Joon berrou atrás de nós.

Yah! — exclamou Namjoon, de volta. — Ameace ela de novo e você vai ter que lidar comigo.

— Com a gente! — Taehyung completou, por cima do meu ombro.

Eu queria agradecê-los, porém não conseguia emitir nenhum som. Talvez, estivesse em choque. Atrás de nós, Yong Joon também não sabia o que dizer, apenas fazia sons aleatórios enquanto rodeava seu carro, que fora de preciosa a destruído em menos de cinco minutos.

Em seguida, eu estava sendo acomodada em um dos bancos da van do grupo. Eu não sabia para onde estava sendo levada, mas também não tinha forças para tentar saber. Suspirei fundo e apoiei minha cabeça na janela coberta por um insulfilm extremamente escuro, sem coragem para encarar os sete rapazes ao meu redor.

***

— Ele fez o quê?!

Jin piscava rapidamente, um hábito seu que surgia quando ficava nervoso (e que não havia sido muito difícil de notar). Sentados em uma grande mesa redonda de madeira, nós oito — pois Gae Mae ligara dizendo que estava ocupado e que os meninos teriam que se virar sozinhos — bebíamos soju e comíamos carne, enquanto eu contava os últimos acontecimentos desastrosos da minha vida. Por sorte, eles conheciam um lugar que estava quase sempre vazio, onde a comida era boa e o dono deixava sempre uma mesa pronta para eles assim que ligassem, bem afastada do salão. Eles pareciam tranquilos e dispostos a me ouvir, então, mesmo que estivesse com um pouco de receio de simplesmente abrir minha vida pessoal daquele jeito, resolvi aproveitar a oportunidade para desabafar.

Aish... Você devia ter nos contado isso antes, doutora. — disse Hoseok, claramente irritado. — Assim, nós teríamos ido lá e...

— E nada. — o interrompi. — Eu precisava resolver isso sozinha, assim como sempre fiz. Mesmo que de um jeito não muito certo...

— Não acho que você esteja errada. — Yoongi, o encarregado de preparar os bifes, disse enquanto os virava, produzindo um cheiro delicioso. Sim, eu conseguia pensar em comida em qualquer momento da vida. — Foi um pouco radical, mas você teve os seus motivos.

Devo admitir que eu gostava da sua versão compreensível, pois ela era bem mais fácil de se lidar e também mais agradável do que a mal humorada que eu havia conhecido primeiro. Contudo, quando todos os outros balançaram a cabeça positivamente, concordando com ele, eu me senti na obrigação de me expressar.

— Pode até ser, mas, mesmo assim, eu os arrastei para essa situação maluca sem nem pedir permissão. — indaguei, encolhendo os ombros. — E se alguém tivesse descoberto quem vocês realmente são?

— Mas ninguém descobriu, certo? — retrucou Namjoon, positivo como sempre. — Nós estamos acostumados a nos disfarçar para passarmos despercebidos. Não precisa se preocupar conosco.

— Sim, eu imagino. — concordei. — Mas eu não sou assim, não gosto de violência. — pausei, deixando o silêncio se instaurar durante alguns segundos. — Vocês me perdoam?

Aigoo... — Taehyung bufou, porém, ao invés de irritado, ele parecia tentar me convencer de algo. — Deixa disso, noona.

Então, mais silêncio. Enquanto alguns simplesmente deram de ombros, outros estavam prontos para atacar a carne que Yoongi havia acabado de cortar.

Noona. — chamou-me Jungkook, antes de encher seu prato de carne. — Tem algo que a gente possa fazer para ajudá-la?

— Além de serem incrivelmente toleráveis e não me demitir? — respondi, com um sorriso amarelo. — Acho que não.

— Você procurou a polícia? — perguntou Jin, já de boca cheia.

Ye. — respondi, sem vontade. — Eles tomaram meu depoimento e me ajudaram com o boletim de ocorrência, mas... Só pelo olhar deles eu soube que, assim que eu lhes desse as costas, eles estariam mais ocupados em descobrir o quão idiota eu era do que em ir atrás do Yong Joon.

Aquela era a primeira vez que eu estava dizendo aquilo em voz alta. No dia em que fomos à delegacia, mesmo que Jung Soo não tivesse notado, eu podia ver nitidamente o que aqueles policiais estavam pensando: que tipo de pessoa dá o código de segurança do seu apartamento para alguém que conhece há apenas um ano?

Bem, eu. A dona sem tempo de um peixe que precisava ser alimentado. Não achei que teria problema pedir para que meu namorado o fizesse para mim, todavia, acabei falida no final das contas.

— Eles que são os idiotas. — Jungkook respondeu baixinho, enfiando um pedaço de carne enorme na boca.

Não hesitei em soltar uma fraca risada daquela cena.

— É assim que nós queremos vê-la, noona. — indagou Jimin, fitando-me com sua expressão fofa. — Sempre sorria assim, está bem?

Eu o obedeci, concordando e alargando meu sorriso.

— Está bem.

Então, eu os fitei, um por um. Mesmo com pouco tempo de convivência, eu já havia chego a conclusão que todos possuíam suas particularidades e diferenças, porém, tinham algo em comum: eram ótimas pessoas. Conseguiam superar até mesmo o meu instinto protetor (que não era nem um pouco pequeno), fazendo com que eu me perguntasse se deveria mesmo ser paga para cuidar deles.

— Obrigada. — eu disse, rompendo o silêncio e atraindo a atenção de todos. Calados, eles sabiam que eu estava agradecendo por exatamente tudo, desde o momento em que havíamos nos conhecido. Na tentativa de descontrair o clima, eu ri e balancei a cabeça, emendando em seguida: — O bife está com uma cara muito boa.

Ah, Suga-hyung é ótimo em cozinhar carne. — Hoseok, entendendo minha tentativa de mudar de assunto, emendou normalmente.

Por sorte, eu estava começando a me acostumar com o que eles chamavam de stage name. Nem todos tinham, mas o que tinham eram bem diferentes de seus nomes verdadeiros, o que não facilitava para a minha memória.

Yoongi sorriu, claramente orgulhoso de si mesmo, porém não disse nada sobre o elogio.

— Está pronto. — anunciou, sentando-se.

Como eu já esperava, em questão de segundos a carne estava sendo atacada. Pelo menos desta vez eles haviam se controlado e deixado uma parte generosa para mim. Sorrindo, eu peguei alguns pedaços e os coloquei em meu prato, deixando mais alguns para quem quisesse pegar mais. Sussurros de deleite iam surgindo conforme os pedaços iam desaparecendo dos pratos, o que me deixou curiosa. Surpreendi-me ao provar a carne.

— Está delicioso. — elogiei, mesmo que ainda estivesse de boca cheia.

Eles riram.

— Obrigado. — respondeu Yoongi com um pequeno sorriso, mesmo que ocupado demais com sua própria comida.

— Eu disse que ele era bom. — indagou Hoseok, orgulhoso (eu só não sabia se era de si próprio ou do amigo).

Noona... — eu já conhecia aquele tom de voz de Jungkook. Ele estava prestes a perguntar alguma coisa sobre a qual estava curioso. — Posso fazer uma pergunta?

Eu ri do modo como estava certa.

— Sim.

— Por que colocou o nome do seu peixe igual ao de um tipo de pimenta?

Todos os encararam, com suas testas franzidas. Eu estava tão acostumada com aquela pergunta que simplesmente dei de ombros.

— É o meu tempero favorito. — respondi, atraindo novamente os olhares para mim. — Cai bem em qualquer prato e, se usado na medida certa, até aqueles que não gostam de pimenta acabam apreciando o sabor do resultado final. É perfeito.

Jungkook riu.

— Você é uma noona estranha. — indagou. — Mas é legal.

Rindo do maknae, os outros voltaram suas respectivas atenções para a comida, e o resto da noite seguiu em meio a conversas aleatórias e risadas. Eu me sentia muito confortável com eles, diferente de quando nos conhecemos e achei que fossem me sequestrar, porém, o que realmente colocava um sorriso em meu rosto naquele momento era o fato de eu havia, finalmente, encerrado aquele ciclo da minha vida — e tinha certeza que estava prestes a começar outro muito melhor.

Na verdade, eu me sentia tão relaxada ao ponto de esquecer que não era exatamente tolerante a álcool.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Como sempre, críticas, sugestões, elogios e até comentários sobre o tempo são sempre bem vindos.
AH, UM DETALHE IMPORTANTE: Tem um motivo para a Sun Hee ser a Doctor Crush do BTS (assim, talvez role uns interesses)... Vocês acham que ela faz "o tipo" de alguém?
Joguei a bomba e corri.
Até :*