BTS's Doctor Crush escrita por Cellis


Capítulo 11
Quem nunca?




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Gostaria de começar dizendo que a sensação térmica era parecida com a temperatura de um fogão a lenha dentro do inferno. Sério, estava fazendo muito calor mesmo, o que tornava a missão de sair de casa bem arrumada basicamente impossível. Coloquei uma blusa branca de manga curta e malha fina para dentro do short jeans cintura alta, prendi meu cabelo em um rabo de cavalo médio e calcei um All Star vermelho. Para evitar que a dor de cabeça voltasse a atacar pelo resto do dia, resolvi que seria melhor (além de já ter tomado uma aspirina) usar meu óculos de grau, o qual eu sempre ignorava a existência por sempre me incomodar conforme o colocava em meu rosto, redondo e de hastes pretas. Como eu disse, não estava exatamente arrumada, mas era o máximo que o calor e o resquício de ressaca haviam me deixado fazer.

Agora, enquanto o táxi parava em frente ao belo prédio da Big Hit — porque eu havia ficado em dúvida se conseguiria carregar aquela cesta abarrotada de comida em um ônibus — eu agradecia ao motorista e lhe pagava. Antes de descer do carro, tirei de dentro da bolsa o crachá que Sejin me dera ao me contratar, agradecendo aos céus por ele ter previsto que um dia eu precisaria transitar pelo prédio da empresa, porque eu, como a pessoa super precavida que sou, não havia nem cogitado a ideia. Conforme ele me dissera, precisei mostrar o crachá na recepção, e a recepcionista, uma moça que deveria ter a minha idade e era muito fofa, liberou a minha entrada e informou em que sala eles estariam ensaiando.

Demorou um pouco para que eu os encontrasse. A instalação era enorme, repleta de salas e de pessoas apressadas, mas que, para a minha sorte, estavam dispostas a me ajudar. Quando finalmente encontrei a sala, parei em frente a porta, um pouco envergonhada por estar atrapalhando o ensaio deles.

E então eu me lembrei que ter vergonha não era exatamente uma característica da minha pessoa.

Bati na porta a primeira, segunda e a terceira vez, mas ninguém pareceu me ouvir. Quando decidi que eu mesma abriria passagem para mim, descobri o motivo de ninguém ter escutado as batidas: dentro da sala enorme e exageradamente branca, eles dançavam ao som de uma música animada, cuja a batida era envolvente. Eu não conseguia entender a letra muito bem, mas era algo que falava sobre estar ligado para sempre pelo DNA — me parecia muito boa também.

Quando me dei conta que estava assistindo uma performance deles pela primeira vez, não tive coragem de interromper. Fechando cuidadosamente a porta atrás de mim, evitando ao máximo fazer barulho, eu comecei a observá-los como artistas pela primeira vez. Devo admitir: unindo as particularidades de cada um, eles formavam um ótimo grupo. Hoseok chamava bastante atenção pelo modo como dançava (convivendo com ele e seus movimentos estranhos/exagerados diariamente, eu jamais poderia imaginar que dançasse tão bem), assim como Jungkook. Jimin, além de também dançar muito bem, possuía uma voz aguda que combinava com sua personalidade fofa e de bônus era um belo contraste com a voz grave de Taehyung. Namjoon e Yoongi eram, cada um de seu jeito, ótimos rappers e, por fim, Jin simplesmente arrasava — sério, se ele apenas ficasse parado no meio de todos, sem mover um único músculo, sua presença já seria notável.

Agora, o motivo pelo qual o Bangtan Boys fazia tanto sucesso estava bem ali na minha frente, como mágica.

De repente, eu me peguei esboçando um pequeno sorriso, realmente prestando atenção nos movimentos e nas vozes deles. Acabei tão envolvida, que não percebi quando a música acabou e Taehyung notou a minha presença.

Noona! Há quanto tempo está aí?! — exclamou, caminhando rapidamente até mim com um sorriso no rosto. Quando ele sorria assim, eu o achava parecido com uma criança travessa. Mas do jeito fofo, então não me interpretem mal. — Você realmente veio.

Por causa do quase berro que Taehyung dera, acabou sendo impossível os outros membros não me notarem também. Contrariando as minhas expectativas de que fossem se render ao cansaço e se jogarem no chão, eles caminharam até mim com pontos de interrogações em suas testas.

 — Claro que ela veio. — respondeu Jimin, que fora mais rápido do que eu. Mesmo com a respiração descompassada, ele também sorria. — Fui eu quem pediu.

Então, todos o fitaram acusadoramente.

— Você fez o quê? — indagou Namjoon, também cansado. Na verdade, ele parecia que estava prestes a ter um ataque cardíaco.

Aniyo! — interrompi, já sabendo o que se passava na cabeça deles. — Eu me ofereci para trazer um almoço para vocês, pois senti que precisava lhes agradecer de algum jeito. Foi ideia minha, o Jimin só disse que gostaria que eu viesse.

Sobrancelhas foram erguidas para o menino e, em seguida, as mesmas pareceram que deixariam o assunto de lado. Quando ninguém estava mais olhando, Jimin soltou a respiração e ergueu o dedão para mim, rindo de alívio.

— Você não precisava nos agradecer, Sun Hee. —disse Hoseok, sendo contrariado pelo próprio olhar, que a cada dois segundos revezava entre mim e a cesta em minhas mãos. — Foi divertido, apesar de tudo.

Eu encarei suas faces suadas e, em seguida, dei de ombros, tentando ao máximo esconder minha expressão divertida.

— Então, já que não precisava, acho que vou levar toda essa comida de volta e...

Aniyo! — exclamaram, juntos.

Em meio a várias interjeições e tentativas de concertar a fala de Hoseok, Jin foi o que mais se destacou: dando um passo à frente, ele tomou a cesta dos meus braços do jeito mais delicado que conseguiu (e que ainda assim não fora exatamente delicado). Eu teria reclamado, se não estivesse extremamente agradecida por ele ter aliviado todo aquele peso.

Aigoo... Hobi não sabe o que diz! — falou, rapidamente afastando-se de mim e recebendo uma expressão ofendida de Hoseok. — Nós estamos muito agradecidos pela refeição, Sun Hee. Na verdade, já está na hora do almoço, não é mesmo?

Já que ele havia feito uma pergunta generalizada, todos os membros concordaram, balançando prontamente suas cabeças.

— Verdade! — exclamou Jungkook, animado. O suor em sua testa já estava praticamente seco. — Vamos para o refeitório, noona.

De repente, eu me peguei me perguntando quando tinha passado a gostar de ser chamada de noona. Achava engraçado o modo como os três mais  novos pronunciavam a palavra, cada um do seu próprio jeito. Além disso, eu havia notado que toda aquela formalidade do "doutora" estava sumindo, e isso me deixava contente.

Tão contente que eu não percebi que estava sendo praticamente arrastada pelos corredores do prédio.

— Espera, gente. — eu tive que repetir algumas vezes até ser notada. — Eu fiz comida para sete pessoas.

— Quer dizer que você cozinhou isso tudo, veio até aqui carregando esse peso e não estava planejando ficar? — perguntou Yoongi, incrédulo. Em seguida, quando eu balancei minha cabeça positivamente, ele riu, com o rosto vermelho pelo esforço físico de antes. — Você realmente é uma pessoa incomum.

Sem argumentos, eu acabei ficando calada e com os pés fincados no chão, sem saber o que fazer. Eles me encaravam, parecendo que estavam lidando com uma criança desconfiada.

— Olha, pelo esforço que o Jin-hyung está fazendo para carregar essa cesta, parece que tem comida suficiente para todos nós ali dentro. — disse Namjoon, arrancando risadas dos outros.

Com exceção de Jin, que ergueu as sobrancelhas para ele.

— Sabe, eu lembro de uma época em que você me respeitava, Namjoon. — disse, frisando o nome do rapaz. Ele era ainda mais engraçado quando estava ressentido. — Que vocês me respeitavam.
Enquanto os dois caminhavam mais à frente, Namjoon tentando se redimir e Jin virando a cara para ele, os outros iam atrás, rindo. Por fim, acabei dando-me por vencida e os seguindo, mesmo que ainda não acreditasse que a comida daria para todo mundo confortavelmente — afinal, mesmo que fosse muita, a mesma acabaria não resistindo à fome daquele time.

O refeitório era enorme, porém, estava praticamente vazio. Em uma das longas mesas com aqueles bancos compridos embutidos, dois meninos (que pareciam bem mais novos do que eu) almoçavam e não perceberam nossa chegada, porém, em outra, um grupo de rapazes aparentemente mais velhos do que a dupla logo notou a nossa presença. Primeiro, seus olhares admirados se direcionaram para os sete rapazes ao meu redor e, depois de cumprimentá-los com um aceno de cabeça, todos os olhos caíram sobre mim. Depois de alguns segundos me encarando, eu já estava prestes a perguntar o que diabos eles estavam olhando, mas Taehyung acabou sendo mais rápido do que eu.

— Vamos nos sentar mais no fundo. — disse, subitamente se colocando ao meu lado, consequentemente me assustando.

Os outros apenas concordaram e seguiram em silêncio, vez ou outra trocando olhares com os curiosos que ficaram para trás.

— O que foi isso? — perguntei quando nos sentamos na mesa mais afastada de todas.

— Ah, nada demais. — respondeu Hoseok. Nota: ele era péssimo em disfarçar. Percebendo que eu havia notado essa sua característica, ele emendou: — É que, como ainda não temos nenhum girlgroup, os trainees não estão acostumados a verem garotas andando por aí.

Concordando com a cabeça enquanto tirava as vasilhas de dentro da cesta, eu fingi que tinha entendido o que ele dissera.

— Especialmente uma como você, noona. — disse Jungkook, pegando da minha mão o prato com carne.

Agora ele tinha capturado a minha atenção. Enruguei a testa, sem entender.

— Como assim uma como eu?

— Bonita. — Yoongi respondeu naturalmente, enquanto se servia com um pouco de arroz.

Pega de surpresa, eu o encarei — o que não adiantou de nada, já que ele estava concentrado demais em escolher o que comeria. Ao meu lado, Jungkook apenas balançou a cabeça positivamente, servindo-se de um bife suculento. Eu não sabia se ria, ficava vermelha ou os dois, por isso, agradeci aos céus (pela segunda vez naquele dia) por ninguém estar prestando atenção em mim.

Porém, o silêncio que veio a seguir, conforme cada um focava tranquilamente em seus próprios pratos, me deixou curiosa: aquela realmente era uma opinião unânime? Durante o tempo em que passei com eles, pude perceber que eram raras as vezes em que todos concordavam com algo, mas, como ninguém havia discordado de Yoongi naquele momento, eu me coloquei a pensar mais no que acabara de acontecer do que na comida extremamente cheirosa em meu prato.

Droga, eu estava dando atenção demais a isso. O grupo de ídolos mais popular do país me achava bonita... E daí, certo? Eu era uma profissional de qualidade, e profissionais de qualidade não dão ataques de fangirl.

— Por que está comendo tão pouco, Sun Hee? — indagou Jin, adicionando mais comida em seu prato recém esvaziado, enquanto eu havia acabado de chegar na metade do meu. — Comeu menos que o Jiminie até agora.

Fitei o meu prato e, em seguida, o de Jimin. Quando percebeu que eu estava olhando, o loiro abaixou a cabeça, enfiando uma generosa quantidade de arroz na boca e fingindo não ter ouvido seu nome ser mencionado. Realmente não havia muita comida em seu prato e, ao perceber isso, cruzei meu olhar com Namjoon, que já me encarava.

Nós dois estávamos pensando na mesma coisa.

— O calor me deixa sem fome. — respondi, dando de ombros. Ao fitar Namjoon novamente, ele balançou a cabeça discretamente, agradecendo por eu não ter falado nada.

Eu jamais teria falado alguma coisa, porém, isso não significava que eu não pretendia fazer nada. Enquanto eu chegava a conclusão de que daria mais atenção a Jimin, pelo menos por enquanto, os outros membros terminaram seus pratos em meio a conversas descontraídas. Nenhum comentário desconcertante foi feito novamente, o que permitiu com que eu entrasse no clima agradável com eles e conseguisse comer uma quantidade de comida agradável (ou seja, muito).

Por fim, os meninos afastavam seus pratos para o centro da mesa e faziam algo parecido com se espreguiçarem. Desculpem-me, mas às vezes eles faziam certos movimentos/barulhos que eu simplesmente não conseguia entender e, consequentemente, descrever.

Aigoo... Você realmente cozinha muito bem! — disse Jin, apoiando um braço sobre a mesa e acariciando a própria barriga com a mão livre. — Cheguei a ficar com saudades do Eat Jin.

— Com saudades do quê? — perguntei, sem saber sobre o que ele estava falando.

Encarou-me durante um segundos e, em seguida, provavelmente se lembrou de que eu não era fã deles.

— Eu costumava fazer uns vídeos comentando sobre o que estava comendo, basicamente.

Concordei com a cabeça, interessada. Se eu lembrasse, pesquisaria sobre quando chegasse em casa.

Noona. — chamou-me Taehyung, quando eu estava prestes a dizer algo a Jin. — Você bem que poderia virar ARMY, não acha? Seria legal e, ainda por cima, entenderia com facilidade nossas piadas.

Eu o encarei e, em seguida, fitei os três mais velhos do outro lado da mesa, que balançavam a cabeça em desgosto. O curioso era que Taehyung parecia realmente acreditar que eu poderia simplesmente virar uma fã e, enquanto sua inocência provocava aqueles acenos negativos de cabeça, eu achava engraçado.

Ah, enquanto isso, Jimin e Jungkook pareciam entusiasmados demais com sua própria conversa e Namjoon curvava o pescoço para fitar a tela de seu celular. Nenhum dos três haviam prestado atenção no que o rapaz dissera.

Eu sorri, observando a expectativa com que ele me olhava.

— Eu vou pensar sobre isso, está bem? — respondi, fazendo-o exibir o sorriso quadrado e balançar a cabeça.

— Sun Hee! — exclamou Namjoon, assustando não só a mim, como a todos os presentes (no refeitório inteiro).

Ele não costumava ser da parte do grupo que estava sempre berrando, por isso, me preocupei.

— Aconteceu alguma coisa? — perguntei, já esperando pela bomba.

Ele riu, percebendo o escândalo que tinha feito.

— Não, desculpa. É que acabei de ter uma ideia que acho que é muito boa. Isso se você concordar, claro. — respondeu, entusiasmado. Em silêncio, todos o encaravam, quase tão confusos quanto eu.

— Desenvolva.

Ao receber o meu sinal verde, ele se ajeitou no banco.

— Nós fomos convidados para participar de um show de variedades,  cujo a gravação é amanhã. — iniciou. Eu apenas concordei, já que aquela parte eu já sabia. — Eles possuem um quadro de culinária famoso, onde os membros dos grupos disputam entre si para saber quem é o melhor cozinheiro.

— Ah, e no final os dois apresentadores e mais dois chefs escolhem, não é? — indagou Jungkook, embarcando na animação do líder.

— Sim. — respondeu, aumentando seu entusiasmo quando percebeu que alguém estava o acompanhando. — O problema é que os dois chefs brigaram e, por isso, se recusaram a continuar participando do quadro. Como foi em cima da hora, a produção do programa ligou para o manager hyung e avisou que haveria uma mudança no roteiro.

— E...? — indaguei, esperando que ele finalmente chegasse ao ponto em que queria.

E que nós não vamos poder participar do quadro mais esperado do programa. A menos que... — pausou. Fitou-me e, em seguida, sorriu. — A gente consiga achar uma pessoa que entenda de culinária e que seja perfeita para ser a nossa jurada.

Em meio a um coro de "Aaaaaah!", tive a impressão de que eu era a única que havia se perdido no meio da história. Quando todos me encararam, encontrei meu caminho rapidamente.

— Você quer que eu seja jurada?! — exclamei, no mesmo tom de voz que Namjoon havia usado para assustar os que estavam presentes no recinto. — Em um programa de televisão?!

— Sim. E, bem, sim. — respondeu, sem perceber que não deveria fazer piadas com o meu espanto. Com o queixo caído, eu os fitei, um por um. Com expectativa no olhar, eles me encaravam de volta. — E então, o que acha?

Aparecer em rede nacional (possivelmente internacional) para julgar um dos grupos mais famosos do país?

Quem nunca?


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Espero que tenham gostado (de preferência, bastante kkkkk).
Vamos interagir!
Até ♥