BTS's Doctor Crush escrita por Cellis


Capítulo 1
Além de roubada, sequestrada


Notas iniciais do capítulo

Olá, queridos :)
Bem, se você chegou até aqui, é provável que tenha lido os avisos da história, então, apenas aproveitem daqui pra frente :*



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Gostaria de começar explicando que eu, literalmente, não sou como a maioria das pessoas. Eu sei que nove a cada dez mulheres acha isso de si mesma, mas acredite em mim, eu posso provar. Tenho um exemplo básico para convencer uma mente principiante, que provavelmente acha que tudo que eu fiz nessas linhas foi enrolar: enquanto todas as meninas de aproximadamente dez anos aprendiam a cuidar da casa para serem ótimas futuras esposas (uma tradição de cidades do interior, como a que eu nasci), meu objetivo era ser dona de um restaurante. Assim, durante anos e sem meus pais saberem, eu vendia as refeições que cozinhava justamente para essas mini-esposas , que as serviam em casa como se elas mesmas tivessem preparado. Nunca me importei em não ter recebido o reconhecimento que merecia, apenas gostava do que fazia e, claro, do lucro que obtinha o fazendo.

Ainda não convencido da minha natureza estranha? Está bem, aqui vai o exemplo que será definitivo para que mude de ideia: a maioria das mulheres choraria se fosse enganada pelo namorado, que fez a limpa em seu apartamento e deixou para trás apenas Gochugaru, seu peixe de estimação.

Eu, não.

— Eu não acredito que ele levou o meu fogão industrial! — reclamei, pela enésima vez, enquanto saía da delegacia.

Ao meu lado, eu podia sentir minha amiga Jung Soo revirar os olhos.

Yah! O bastardo leva todos os seus móveis, eletrodomésticos e até mesmo o dinheiro que você tinha guardado em casa, e você está chateada pelo fogão? — ela exclamava e gesticulava, como sempre, exageradamente. — Você é inacreditável, Sun Hee-ah.

— E o que mais eu deveria fazer? Chorar, gritar com as paredes de um apartamento vazio que eu terei que devolver ao locador, pois agora estou quebrada? — perguntei, fitando Gochugaru, que nadava tranquilamente em seu pequeno aquário redondo, mais dourado do que nunca. Parando para pensar agora, por que eu não tinha deixado o aquário no carro? — Pelo menos ele deixou o Gochugaru.

Aigoo... — bufou, enquanto dava partida no carro. — Pelo menos você quis fazer a denúncia, isso sim.

— Claro que sim! Mesmo que eu tenha reagido desse modo, não deixaria aquele idiota sair impune dessa. — exclamei, ajeitando o aquário em meu colo. — E eu espero que a polícia o encontre, porque, se eu o encontrar primeiro... quebro aquele carro que ele tanto ama, todinho.

Durante um segundo, Jung Soo desviou os olhos da rua para mim.

— Você é estranha.

Eu estava revoltada, sim. Afinal, não é normal que um homem, seu namorado há quase um ano, roube tudo que é seu e depois simplesmente desapareça, e você não sinta nada. Naquele apartamento, naquela mobília, havia anos e anos das minhas economias, coisas as quais eu batalhei para conseguir, e tudo que havia sobrado era uma carta dele dizendo: "Desculpe, mas eu realmente precisava do dinheiro. Deixei o peixe porque sei o quanto gosta dele.". Ah, e eu achei que conhecia aquele golpista! A verdade é que estou tão sem reação, que se o encontrasse agora provavelmente lhe acertaria um soco sem ao menos perguntar o porquê de ter feito isso comigo.

Acho que a ficha está começando a cair agora: estou perdida.

— Bem, como eu sei que você iria se recusar até a morte a pedir ajuda aos seus pais, ficará lá em casa. — disse, interrompendo minha crise interior. — Não aceito não como resposta e também não quero que ofereça para dividirmos o aluguel, entendido?

— Eu não pensei em fazer isso... — sussurrei para mim mesma. Ainda bem que ela não ouvira. Com os ombros caídos, a fitei pelo canto dos olhos. — Komaweo, Jung Soo-ah.

Era incrível como ela me conhecia tão bem, mesmo que fossemos amigas desde a época do colégio. Park Jung Soo era minha amiga mais confiável, que estava sempre lá por mim (inclusive em momentos loucos da minha vida, como esse). Eu era extremamente grata a ela e ela sabia disso, mesmo que eu raramente expressasse isso em voz alta.

— Ah, Sun Hee... — suspirou fundo. — Mesmo com essa pose forte, decidida e de que bateria em uma gangue de moleques se precisasse, você sempre foi a mais ingênua de nós duas. — disse, fazendo-me erguer uma sobrancelha. — Você é estranha, mas é pura. E é isso que faz com que eu lhe ature até hoje.

Quase explodindo de rir ao dizer a última parte, lançou-me um coração. Sinceramente, eu só não ia lhe bater por motivos de: a partir daquele momento, eu era uma sem teto que necessitava da ajuda alheia, e isso incluía em não agredir minha amiga/modelo estilo capa de revista que estava me oferecendo um lugar para dormir — além de que, bater em um ser humano alto, magro, com os cabelos castanhos mais sedosos do mundo e as pernas mais invejáveis seria um pecado.

— Mas, falando sério... — iniciou, agora olhando-me cuidadosamente. — O quanto do seu dinheiro você mantinha guardado em casa?

— Tudo. — respondi, sem ao menos hesitar. Quando estava prestes a dar de ombros, percebi o que acabara de falar. — Omo, todo o meu dinheiro estava em casa!

— Espera, não vai me dizer que... — parou a frase no meio, tão chocada quanto eu.

— Eu estou oficialmente falida!

E então, enquanto eu berrava as palavras quase fazendo com que Jung Soo batesse o carro, percebi que aquela seria a hora perfeita para começar a chorar.

 

***

 

Hoje faz exatamente três dias que tornei-me a mais nova adulta falida da Coréia. A polícia não conseguira encontrar Yong Joon, o namorado ladrão, através de nenhum meio — telefone desligado, não apareceu em casa e nem mesmo seus pais sabem o seu paradeiro — e eu, sinceramente, desejo que onde quer que ele esteja, tenha uma baita dor de barriga. Depois de passar uma noite em claro fazendo contas, descobri que o salário que recebo do hospital (onde trabalho como nutricionista, cuidando da alimentação de pacientes fora do estado de risco) não daria para me sustentar em um apartamento igual ao meu e ainda tendo que comprar toda a mobília novamente, o que me levou a tomar a dolorosa decisão de realmente devolver o mesmo. Agora, meus planos de abrir meu restaurante foram jogados para o fim da lista e, no lugar dos mesmos, entraram as metas de achar um pequeno apartamento que tenha um aluguel que caiba no meu orçamento, comprar móveis de segunda mão e, o pior de todos: pedir um aumento.

Nesse exato momento, me encontro com os cotovelos apoiados na recepção do hospital, em meio ao intervalo entre as refeições dos pacientes, pensando em como conseguir tal façanha. Tudo bem, eu trabalhava ali há três anos e nem ao menos havia sido transferida para a área vermelha, onde ficavam os pacientes de risco, mas eu tinha que tentar driblar aquele monstro de quase dois metros de altura que nós chamamos de diretor geral. Eu merecia, na verdade, pelo tanto que ralava na cozinha, no contato com os pacientes (uma das melhores partes, na minha opinião) e, acima tudo, por todos os desaforos que já escutara sobre não ser uma "médica de verdade" — a maioria deles vindo do próprio diretor, um cirurgião geral carrancudo que não dava um bom dia sequer para a própria esposa, a chefe do departamento de ginecologia. Enfim, eu tinha que pensar e logo em um jeito. Apelar para o seu lado sentimental, talvez?

Não, o máximo de coração que aquele homem deve conhecer são os que ele já operou.

— Com licença. — uma voz com um tom de desespero, porém sussurrada, distraiu-me de meus pensamentos. A minha frente, um homem não muito alto (porém mais do que eu) e nem muito magro, de cabelos negros mal cortados e óculos de grau bem fundos, fitava-me um pouco encolhido. — Você é médica de quê?

Ele parecia apreensivo. Não como se sua vida dependesse de mim ou algo do tipo, mas como se fosse do tipo exagerado que achava que a de alguém provavelmente dependia naquele momento.

— Sou nutricionista. — respondi, sem saber como me referir a ele. Parecia mais velha, porém não muito. — Posso ajudá-lo?

Seus olhos brilharam, assim como sua testa suada.

— É exatamente de você que eu preciso. Por tudo que lhe é mais sagrado, me acompanhe, por favor. Não estou lhe sequestrando, mas realmente preciso da sua ajuda e que seja discreta. — ele dizia, atropelando as palavras ao ponto em que eu mal conseguia entendê-lo. Por que raios aquele homem estava tão nervoso e, principalmente, recorrendo a mim?

— Senhor, se for uma emergência, precisa vir comigo imediatamente e...

— É uma emergência, mas não comigo. — interrompeu-me. — Meus amigos estão passando mal... — completou, num sussurro.

— O que? — eu, oficialmente, não estava entendendo mais nada.

— Eles estão no estacionamento. Só me acompanhe, por favor, senhorita.

Eu não sabia por qual motivo, mas aquele homem me parecia sincero (ou pelo menos desesperado demais para mentir) e eu, como a ótima idiota que sou, resolvi acompanhá-lo depois de apenas alguns segundos de relutância. Gosto de pensar que é o meu instinto caridoso que me coloca nesse tipo de situação.

Ele me guiou até uma van, estacionada em uma área mais isolada do estacionamento. Preta, enorme e típica de sequestradores. Omma, onde eu estava me metendo?

— Por favor, não se assuste. — ele pediu, enquanto corria a porta da van.

Claro, porque dizer isso me deixaria extremamente tranquila.

E então, para a minha surpresa (ainda não sei se boa ou ruim), a porta se abriu e revelou um grupo de homens jogados em posições estranhas pelos bancos do veículo, usando máscaras hospitalares e gemendo o que pareciam reclamações, pelo menos ao julgar pelas caras de desgosto. Eram seis, sete?

— O que raios é isso?! — exclamei, recebendo em troca várias onomatopéias que, traduzindo, me mandavam calar a boca.

Sério, por algum motivo aquelas pessoas precisavam da minha ajuda, mas mesmo assim tinham a coragem de me mandarem ficar quieta?

Afinal, quem são eles?


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Não me deixem no escuro queridos, eu preciso saber o que vocês acham que está bom e o que pode melhorar, pois estou um pouco seguro.
Até a próxima :*