Daniel não demorou muito pra perceber que havia algo de errado com Suri. Ele havia parado de chorar, uma pequena esperança passou por Daniel achando que a perna já estivesse melhorando, mas Suri tremia de um jeito muito preocupante. Ele não emitia nenhum som nem respondia quando Daniel o chamava, mas continuava acordado, os olhos se perdendo em pontos quaisquer. O coiote o sentou contra a parede e colocou a mão na sua testa.

―Tem algo de errado com ele? ―Uma menina de cabelo ruivo perguntou ao se aproximar, Daniel lembrava de tê-la visto falar com Suri.

―Ele tá muito doente.― Suri fervia de febre, daria pra fritar um ovo na sua testa. Os olhos que antes eram de um castanho quase dourado agora estavam escuros e sem brilho. Parecia estar com dor, mas não chorava, não reclamava, não fazia nada. ― Pirralho, já tive que te carregar até aqui, trate de me responder. ― O menino apenas encarava Daniel com os olhos cheios de lagrimas que não caiam.

A mente de Daniel começou a fazer mil e umas hipóteses paranoicas.

―Tem alguém vindo. ― Avisou uma mulher qualquer. O brutamonte se preparou para acertar o guarda com um pedaço de cano, Daniel nem o tinha visto pega-lo. Pegou Suri e o colocou de volta nas costas. Um guarda de aparência bem jovem apareceu no corredor, um carneiro que arregalou os olhos ao ver a cena. Antes que começasse a gritar, o projeto de gorila o acertou forte o suficiente para que desmaiasse.

Eles esconderam o corpo inconsciente do jovem num armário de limpeza e começaram a dar as costas e seguir seu caminho. Daniel esperou ficar um pouco pra trás e constatou feliz que o cordeiro tinha um belo revolver. Foi uma sensação ótima voltar a sentir o peso de uma arma perfeitamente escondida sob suas roupas, poderia pega-la de um jeito rápido mesmo segurando Suri. O coelho balbuciava coisas em francês, pelo jeito Suri pedia desculpa por algo enquanto lutava pra não dormir. Daniel o ajeitou e voltou a seguir o bando estranho.