Suri não parava de se mexer. Ele ficava se sacudindo de baixo do braço de Daniel, apertava a barriga, tentava colocar a perna de um jeito que não doesse muito, não conseguia dormir a noite toda. E quando finalmente o sono vencia o pequeno, algum barulho vinha de fora da cela o acordando.

Começaram com barulhos de pessoas correndo e gritando ordens. Guardas, Daniel pensou. Quando estes finalmente se quietaram, veio a chuva e os trovões. Torrentes de agua caiam do céu, havia diversas goteiras na cela, que a deixava úmida. Raios iluminavam brevemente o ambiente, deixando que seus amistosos companheiros ficassem visíveis por alguns segundos. Tinha o ogro monstruoso que olhava Daniel como se ele fosse uma praga, um idoso que já não tinha quase nenhum pelo e duas criancinhas abraçadas a ele, tão forte que quase esmagavam o senhor.

Suri deu um pulinho quando ouviu o trovão, desistindo de tentar dormir. Ele se ergueu tentando deixar o rosto da mesma altura do de Daniel, mas era pequeno de mais até pra isso.

―Vamos pra casa ― Ele choramingou, ele tremia tanto...

―Nós vamos, nós vamos ― Daniel olhou a porta de metal velha da cela ―Só espera mais um pouco.